Hoje está de volta às telinhas um avassalador sucesso: “Mulheres de Areia”, remake da lendária Ivani Ribeiro, que a Rede Globo exibiu originalmente em 1993. Para relembrar os principais momentos da carreira da autora, o melão convocou um de seus maiores fãs. Ivan Gomes abre seu baú de lembranças e divide conosco os momentos favoritos da obra da autora. Além de nos proporcionar um texto ricamente informativo sobre a trajetória televisiva de Ivani, ele também nos brinda com sua emoção em falar de novelas que lhe são tão preciosas. O melão orgulhosamente estende o tapete vermelho para uma de nossas mais criativas e cativantes novelistas: Ivani Ribeiro.
Ivani Ribeiro: Artesã de emoções
por Ivan Gomes
É com muita alegria e emoção que escrevo sobre minha autora favorita de todos os tempos: Ivani Ribeiro. Sempre me identifiquei com suas histórias leves , simples mas envolventes.
Meu primeiro contato com o trabalho de Ivani foi em sua estreia na TV Globo com FINAL FELIZ (1982). Nesta novela, eu conheci os tipos e perfis de personagens que a autora sabia tão bem criar e manipular como, por exemplo, o casal que se antipatiza no início da história, mas se descobre perdidamente apaixonado, recorrente em várias tramas suas.
Ivani foi a autora que mais escreveu novelas para televisão. Estudando sua obra e lendo suas sinopses, me deparei com várias histórias que gostaria de ter visto e que minha idade não permitiu, como por exemplo OS FANTOCHES (TV Excelsior, 1967) e AS BRUXAS (TV Tupi, 1970). Ivani também foi pioneira, ao abrasileirar as primeiras telenovelas diárias da televisão brasileira, alterando finais de originais importados. Nota-se também, analisando seu trabalho, a imensa variedade de temas. Ivani sabia como ninguém manipular seus típicos personagens e arquétipos em tramas diferentes entre si, o que não deixava no telespectador a sensação de estar sempre vendo a mesma novela.
Na TV Globo, apenas FINAL FELIZ, foi uma novela inédita. Graças ao resgate, com nova roupagem de tramas antigas suas, pude conhecer histórias como CAMOMILA E BEM ME QUER (Tv Tupi, 1972) que virou AMOR COM AMOR SE PAGA (1984) e deixou pro memorial de grandes personagens da dramaturgia brasileira o avarento NONÔ CORREIA vivido por Ary Fontoura e até hoje sinônimo de pão-durismo.
Em 1985, estreia A GATA COMEU (remake de A BARBA AZUL da TV Tupi de 1974), a minha novela do coração! Me apaixonei e sofri junto com a Jô Penteado (magnificamente interpretada por Christiane Torloni) na sua luta, desesperada e maluca para conquistar o Professor Fábio (Nuno Leal Maia); odiei a vilã Glaucia (muito bem interpretada por Bia Seidl), ria com Tetê e Gugu (Marilu Bueno e Cláudio Correa e Castro) torcia pelos casais Baby e Zé Mário (Mayara Magri e Elcio Romar) e Lenita e Edson (Deborah Evelyn e José Mayer) e ansiava por ver descobertas as mentiras do Seu Oscar (Luiz Carlos Arutim). Foram muitos os personagens marcantes dessa novela, que se tornou cultuada por toda uma geração.
Mais simples e ingênuas foram as novelas seguintes: HIPERTENSÃO, de 1986 e O SEXO DOS ANJOS (1989), também baseadas em antigos sucessos seus: NOSSA FILHA GABRIELA (TV Tupi, 1971) e O TERCEIRO PECADO (TV Excelsior, 1968), respectivamente.
A decada de 90 mostra que a ingenuidade das tramas de Ivani era só aparente: MULHERES DE AREIA em 1993 , remake da novela homônima da Tupi de 1973 mixada com a trama de O ESPANTALHO de 1977, da TV Record, trouxe personagens fortes e cenas mais ousadas também, e que hoje nem podem não ao ar devido à Classificação Indicativa, como a cena em que o mau caráter, Vírgilio (Raul Cortez), assombrado pelos ataques do Espantalho, pede a Clarita (Susana Vieira) o mate para que ele possa se livrar desse tormento. Vamos conferir nessa reprise.

Com mais uma grande e inesquecível atuação de Christiane Torloni, ao lado de Antonio Fagundes, Guilherme Fontes, Laura Cardoso, Claudio Cavalcanti e Lucinha Lins, está ultima responsável por uma das mais tocantes cenas de nossa dramaturgia, quando Estela ‘’sente’’ a morte de Dinah e Dr. Alberto recebe um telefonema confirmando o fato. Impossível não se emocionar.
Falecida no ano de 1995, Ivani ainda deixou o argumento de uma novela, que foi ao ar em 1996 com o nome de QUEM É VOCÊ, porém mal desenvolvida em seu início, conseguindo algum interesse, apenas quando o autor Lauro Cesar Muniz, assumiu o texto até então escrita por Solange Castro Neves.
Fica até hoje a saudade de tramas que emocionavam, divertiam, nos faziam torcer, sabiamente criadas pelo coração, pela criatividade e pelas mãos da artesã das emoções, histórias que até hoje povoam a minha imaginação e com certeza a de muita gente que como eu, teve o privilegio de poder acompanhar algumas, de seu vasto arsenal de histórias. À Ivani Ribeiro, todo meu respeito e meus aplausos!
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Ivan Gomes é DJ, pesquisador musical, blogueiro e um dos noveleiros mais apaixonados e com o maior nível de conhecimento que conheço.
Leia também outro texto de Ivan publicado aqui no melão:
Blogueiro convidado: Ivan Gomes fala de "Guerra dos Sexos"
E mais Ivan no melão:
A Urca de “A gata comeu”.
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Ivan sempre nos brindando com textos carregados de emoção!
ResponderExcluirIvani também fez parte da minha infância e adolescência. Tenho um carinho especial por Hipertensão. Vamos ver como é acompanhar uma novela dela tanto tempo depois.
Ivan,tu acertasse em cheio.nossa ivani,grades novelas,grande autora.Domingo ainda comentei com minha amiga que é escritora sobre ivani.beijos
ResponderExcluirUma pena Ivani não estar mais entre nós!
ResponderExcluirQue venha Mulheres de Areia!
Adorei o texto do Ivan.
Emotivo como já constatou o Pepe!
Abraço queridões
A coisa que mais me encanta na Ivani é a simplicidade. Os story-lines das novelas dela não truncam a cabeça do telespectador. Muito pelo contrário. Envolvem, atraem e cativam. Ótimo texto, Ivan!
ResponderExcluirÉ isso ai meu garoto! É Ivan. Assim como vc eu tbm levo as histórias da Ivani no coração. Quando vi a primeira chamada de MULHERES DE AREIA meu coração bateu mais forte e a primeira pessoa que pensei foi em vc. A Ivani é nossa mestra e foi assistindo suas novelas desde FINAl FELIZ que tive o incentivo em escrever. Gde abraço e apareça hein!!! Agora que to em São Paulo quem some é vc. Hahahahahahaha.
ResponderExcluirPOR. MARCELO RISSATO
Ivani Ribeiro conseguia mesclar tão bem as várias fórmulas da teledramaturgia, que suas histórias são sempre atemporais e apaixonantes. Todas as novelas de Ivani são sempre lembradas com muito carinho pelo público. Bato cabeça para ela rsrs.
ResponderExcluirE mais um apaixonado texto do queridão Ivan, ainda mais quando se trata da mestra Ivani.
Ivani emociona. Minha mãe lembra de "Quem é você" hehehe
ResponderExcluir@cascudeando
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