segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Em 2012, o melão preferiu...



2012: O ANO DAS EMPREGUETES!





Empregadas domésticas protagonistas de novelas não são propriamente uma novidade em nossa teledramaturgia, afinal ainda nos anos 60, nossa querida Rosamaria Murtinho já protagonizava uma novela, “A moça que veio de longe”, na pele de uma empregada. Nos anos 70, além da clássica babá Nice (Susana Vieira) em “Anjo Mau”, o autor Mário Prata dedicou uma novela inteiramente a elas chamada “Sem lenço, sem documento”.

Porém, nunca elas brilharam tanto e em todos os horários como em 2012. Em um determinado momento, as quatro novelas globais apresentavam, simultaneamente, empregadas domésticas como heroínas: Camila Pitanga em “Lado a Lado”, na pele de Isabel, empregada de Madame Besançon (Beatriz Segall); as empreguetes propriamente ditas em “Cheias de Charme”; a sombria Nina (Debora Falabella), em “Avenida Brasil”, que se infiltrou como empregada na mansão de sua algoz, Carminha (Adriana Esteves); e “Gabriela”, que tinha a personagem-título, vivida por Juliana Paes, moça faceira que servia ao seu patrão Nacib (Humberto Martins) algo mais que iguarias e quitutes. Por isso, melão, ao apresentar sua retrospectiva do ano, não podia deixar passar esse curioso fato despercebido. Sem mais delongas, vamos às atrações que o melão preferiu em 2012?

Ø  CHEIAS DE CHARME: FRESCOR E DIVERSÃO NO HORÁRIO DAS SETE.


 Já escrevi tanto sobre essa novela durante todo o ano que qualquer coisa que diga ficaria redundante. De longe, foi minha novela favorita do ano. “Cheias de Charme” trouxe de volta ao horário das sete uma grande comédia digna dos grandes clássicos oitentistas de Silvio de Abreu e Cassiano Gabus Mendes, mas ao mesmo tempo trouxe frescor, novidade e originalidade ao contar a saga das três empregadas domésticas que viraram cantoras. Sobretudo, nos fez de novo torcer e admirar as heroínas em uma época em que as vilãs são a grande sensação das novelas. Não que Claudia Abreu não tenha brilhado intensamente: sua Chayene já se tornou um personagem épico. Mas as três mocinhas vividas por Leandra Leal, Taís Araújo e Isabelle Drummond não ficaram devendo nada. Além disso, revelou um novo e promissor talento: Titina Medeiros. Além delas, muitos foram os destaques do elenco e as qualidades da novela como um todo. Só me resta desejar vida longa à dupla Filipe Miguez e Izabel de Oliveira.


Ø  AVENIDA BRASIL: A NOVELA QUE FEZ O BRASIL PARAR



Se “Cheias de Charme” trouxe a diversão de volta para o horário das sete, o que dizer do furacão “Avenida Brasil”? A novela trouxe de volta a catarse coletiva promovida por grandes novelas que se podem contar nos dedos. Há muito tempo o Brasil não parava, vibrava, torcia, se emocionava e assistia tão atentamente a uma trama. Mais uma vez, João Emanuel Carneiro mexeu com as estruturas do folhetim e fez o público voltar a discutir novela na rua. Adriana Esteves, em atuação arrasadora, fez de sua Carminha uma personagem inesquecível e entrou definitivamente para o rol das grandes atrizes desse país. E além da “empreguete” Nina (Debora Falabella, defendendo com garra sua heroína), as outras duas empregadas da Mansão do Divino, Zezé (Cacau Protássio) e Janaína (Claudia Missura) também brilharam intensamente (não disse que 2012 foi o ano das empreguetes?). Direção genial, elenco em estado de graça e cenas sempre na mais alta tensão garantiram o sucesso estrondoso da novela. O #OiOiOi dificilmente será esquecido e “Avenida Brasil” já faz parte da galeria das grandes telenovelas.

Ø  JOSÉ WILKER E LAURA CARDOSO: EXCELENTES MOTIVOS PRA SE FICAR ACORDADO



O remake de “Gabriela”, escrito por Walcyr Carrasco, rendeu bons índices para o horário das onze e garantiu a diversão de muita gente que ficou acordada até tarde para assistir à novela. Mas dois nomes em especial brilharam intensamente: Laura Cardoso e José Wilker. Além de colocarem seus bordões na boca do povo em 2012, também brilharam intensamente nas cenas em que protagonizaram. Laura, como a hipócrita e moralista Dorotéia, conseguia transmitir toda a antipatia da personagem, causando asco, mas também divertindo muito o público. Já Wilker conseguiu dar dimensão humana a seu dificílimo personagem, Coronel Jesúino, sobretudo nas cenas do seu julgamento pela morte da esposa Sinhazinha (Maitê Proença), em que ele tinha que transmitir, ao mesmo tempo, a dureza e a rudeza do homem daquela época, mas também amor e saudade pela mulher que amava. A expressão de Wilker, contida, a cara fechada, mas os olhos marejados, cheios de amor e saudade: um trabalho de gênio, digno de grandes atores. Em um ano de grandes e brilhantes atuações, Wilker foi o ator do ano, na humilde opinião deste melão.


Ø  LADO A LADO: O BOM E VELHO FOLHETIM


Lado a Lado”, da dupla João Ximenes Braga e Claudia Lage, pode não ter o ritmo alucinante de “Avenida Brasil”, nem o humor hilariante e o frescor de “Cheias de Charme”, mas também vale a muito a pena ser assistida: é um novelão, e dos bons! Reconstituição de época perfeita de um período pouquíssimo explorado em nossa teledramaturgia, direção de arte primorosa, texto saboroso e elenco afiado fazem da novela uma grande atração no horário das seis.

Ø  BRADO DE QUALIDADE


Em se tratando de séries, também foi produzido um verdadeiro biscoito fino em 2012: “Brado Retumbante”, de Euclydes Marinho, um thriller político de primeira que não deixou nada a dever aos similares americanos, mas com a cara e o jeito do Brasil. O dia-a-dia do presidente, com seus problemas pessoais e familiares no melhor estilo “The west Wing”. Texto primoroso e direção bem cuidada, com ótimas atuações de Mariana Lima e Maria Fernanda Cândido. Destaque, é claro, para Domingos Montaigner, que desponta como um dos grandes galãs da atualidade.


Ø  O SHOW DE FAFY


Depois de Maysa, Dalva de Oliveira e Herivelto Martins, mais uma grande artista ganhou uma caprichada biografia em uma microssérie na Rede Globo: a grande Dercy Gonçalves, que pela pena de Maria Adelaide Amaral, teve sua emocionante trajetória passada a limpo. Reconstituição de arte primorosa e personagem muito bem defendida por Heloísa Perissê na fase jovem da comediante e Fafy Siqueira, que deu um verdadeiro show na pele da Dercy que todos nós conhecemos. A fusão das imagens com a própria Dercy e as cenas de Fafy comprovaram o primoroso trabalho da atriz.


Ø  TERAPIA DAS BOAS


Em tempos de interatividade, alta movimentação e narrativas de videoclipe, Selton Melo e a equipe de roteiristas liderada por Jaqueline Vargas conseguiram uma verdadeira proeza: prender a atenção do público apenas pela palavra, já que as cenas de “Sessão de Terapia” eram focadas apenas nos diálogos de Théo (ZéCarlos Machado) com seus pacientes, quase sem nenhuma ação. Com um elenco excelente, quem assistiu à versão brasileira do seriado israelense “Be Tipul” não se arrependeu.

Ø  A VOLTA DOS (BONS) MUSICAIS

A "deusa" Rosana: uma das presenças mais frequentes no programa
ü  Como se não bastasse nos presentear durante todo o ano com novelas e minisséries que fizeram parte de nossa história, o Canal Viva marcou mais um golaço em 2012 ao reprisar alguns programas do “Globo de Ouro”. Numa época em que o cenário musical brasileiro não se resumia apenas aos poucos e popularescos estilos, o programa era uma deliciosa salada musical que ia desde grandes nomes da MPB como Gal Costa, Rita Lee e Gilberto Gil, passando por expoentes do nosso rock Brasil como Paralamas do Sucesso, Titãs e Legião Urbana, até os grandes vendedores de discos da época como Wando, Rosana e Fábio Junior. E a reprise do programa fez o maior sucesso, também em grande parte graças ao visual anos 80, hoje exóticos e inacreditáveis, causando riso e espanto na plateia mais jovem. Além de causar grande comoção no twitter, ainda influenciou a programação da tevê aberta, fazendo com que o TV Xuxa produzisse programas temáticos dos anos 80 e 90 e o Caldeirão do Huck fizesse sua própria edição do “Globo de Ouro”. Ainda há um grande acervo do programa ainda não exibido. Esperamos que o Canal Viva continue nos brindando com essas pérolas em 2013.

Ellen Oléria, vencedora da 1ª edição do "The Voice Brasil"
ü  Outra grata surpresa no cenário musical de nossa tevê em 2012 foi o “The Voice Brasil”, que a exemplo do “Globo de Ouro”, também causou rebuliço nas redes sociais. O grande diferencial do programa foi valorizar o talento e a voz ao invés de ficar perdendo tempo com tipos bizarros e pretensamente engraçados. Vida longa para o “The Voice”, que prova que o público está ávido por novidade e por boa música e não quer apenas canções sertanejas “universitárias” vazias de sentido e cheias de vogais e onomatopeias.

Ø  “DOCE DE MÃE”: IGUARIA SABOROSA PARA O PÚBLICO


E já às portas do novo ano, o público foi brindado com um presentão: o telefilme “Doce de mãe”, de Jorge Furtado, estrelado por Fernanda Montenegro e um ótimo elenco. Sensível, comovente e muito divertido, o filme agradou em cheio e  mostrou uma Fernanda Montenegro com a corda toda na pele da adorável Dona Picuxa, um papel em que ela pode, mais uma vez, dar um verdadeiro show, mostrando todas as suas potencialidades cômicas e dramáticas, mostrando por que é uma das atrizes mais respeitadas do mundo. Fica a torcida para que “Doce de mãe” se transforme em uma série em 2013 e que a emissora aposte cada vez mais nesse formato de telefilme.

Ø  PEDRA AMETISTA BRILHANDO COMO NUNCA!

E pra fechar a retrospectiva com chave de ouro, não posso deixar de mencionar a vitória de “O astro” no Emmy Internacional como melhor novela de 2011. Viva a pedra ametista que continua a brilhar mundo afora!


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Agora, o melão quer saber? O que vocês preferiram em 2012?

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5 comentários:

Ivan disse...

“The Voice”, que prova que o público está ávido por novidade e por boa música e não quer apenas canções sertanejas “universitárias” vazias de sentido e cheias de vogais e onomatopeias.

LACROU!
parabéns Vituxo!

JOSÉ EDUARDO disse...

De fato, "Avenida Brasil" tornou-se um clássico da teledramaturgia brasileira. Em um tempo em que muitos acreditavam na decadência do gênero, a história de João Emanuel Carneiro conseguiu fazer o brasileiro mudar sua rotina em prol dos capítulos eletrizantes dessa trama que, não encontrando um termo único para descrevê-la, prefiro chamá-la de "breathtaking". Vi pessoas correndo na rua, se aglomerando em bares, com olhos vidrados nos telões montados para assistirem ao desfecho de "Carminha" e "Nina". Vida longa para João Emanuel Carneiro! Viva ao melhor autor da nossa geração!

Rafael Barbosa dos Santos disse...

Boa, realmente foi o que houve de melhor na Tv esse ano. Avenida Brasil e Cheias de Charme foram incríveis, dois novelões dos bons. Amei me divertir com empreguetes, Chayene e cia. E vibrei com a saga de Carminha e Nina em na eletrizante e Avenida Brasil. o The Voice Brasil foi um presente para os monótonos domingos. Enfim, foi um ano bom na TV, e espero que o ano que vem seja melhor ainda.
Abraço, feliz ano novo.

Sérgio Santos disse...

Avenida Brasil e Cheias de Charme dominaram o ano, assim como o The Voice. Dercy de Verdade e O Brado Retumbante foram grandes microsséries. E ainda tivemos o excelente Doce de Mãe pra fechar o ano. E, claro, O Astro ganhando um merecido Emmy! Feliz ano novo, Vitor! abçs

Manuhh disse...

Ótimo post. Cheias de charme <33333

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