sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Lembranças de uma novela cheia de amor

Por Wesley Vieira
Cá estou eu de novo, nesse saboroso Melão, fazendo mais uma participação a convite do Melão-Chefe, o amigo Vítor. Resolvi falar de uma das muitas novelas que marcaram a minha infância. Será que alguém adivinha a novela em questão?

Lembra da Genuína Miranda, mais conhecida como Genu? "Vem chegando, minha gente, que já tá ficando quente... Compra madame, na minha barraca, panela bem útil e bem mais barata..." E de sua filha, a Mercedes, uma moça pobre e ambiciosa? Provavelmente a memória vai te trair em relação a essas personagens, mas se eu falar sobre a translumbrante e fofa Kika Jordão, com certeza você vai se lembrar de “Lua Cheia de Amor”, novela das 19h, exibida pela Rede Globo entre dezembro de 1990 e julho de 1991 com exatos 191 capítulos.

Escrita por Ricardo Linhares, Ana Maria Moretshon e Maria Carmem Barbosa, “Lua Cheia de Amor” era uma reedição bem disfarçada de outro antigo sucesso da emissora, “Dona Xepa”, exibida em 1977, escrita por Gilberto Braga, que nessa versão atuou como supervisor nos primeiros capítulos. A novela apostava numa inédita parceria entre Globo em co-produção com a Radio Television Espanhola e a RTSI da Suíça.

A Dona Xepa que era feirante na história original, virou Dona Genu, interpretada por Marília Pêra, uma mulher que perdeu sua loja por conta dos desatinos do marido viciado em mesas de jogos. Muito honesta e batalhadora, Genu pegou a mercadoria que restou da loja e foi para rua vender panelas e outros objetos. Virou “a dona da muamba”, tal como exemplificado na divertida música-tema de abertura, “La Miranda” cantada magnificamente por Rita Lee.

Genu é uma daquelas heroínas de novela bem simplória, quase sem instrução, mas muito sábia e generosa. Filha de mãe espanhola com pai brasileiro, ela foi muito maltratada pela vida e sem o apoio do marido, criou os dois filhos sozinha. Seu sonho é reencontrar Diego, que volta após 15 anos de sumiço sob a alcunha de Esteban Garcia. Mulherengo e amoral, Diego se envolve com várias mulheres deixando Genu cada vez mais desiludida com seu retorno. Seu filho, Rodrigo (Roberto Battaglin) namora a jovem Flávia (Renata Lavíola) e se sente na obrigação de casar com ela após a morte do sogro. No entanto, ele conhece a rica empresária Rutinha (Sylvia Bandeira) e desiste do casamento.

Mercedes (Isabela Garcia), a filha caçula, tem um pouco de vergonha do jeito pobre da mãe e a esnoba. Romântica na medida certa, seu sonho é encontrar um bom partido, mas como os corações são bastante insensatos, ela se apaixona por Augusto (Mauricio Mattar) e o rejeita por achar que ele é apenas um pobre motorista de táxi que foi morar na mesma vila onde ela vive. Mas ledo engano. O rapaz idealista e independente é herdeiro de uma das maiores agências de publicidade do Brasil. Filho de Conrado (Claudio Cavalcanti) e da sofisticada Laís (Suzana Vieira), ele não liga para o dinheiro da família e seu sonho é montar o próprio negócio tendo suas idéias revolucionárias como característica.

Sem saber a verdade sobre Augusto, Mercedes, ambiciosa ao extremo, se envolve por interesse com Douglas (Rodolfo Bottino), o enteado da tresloucada nova rica Kika Jordão, interpretada magistralmente por Arlete Salles, que queria a qualquer custo ser uma colunável como a sua ídola, a socialite Laís Souto Maia. Ao som de “Alpinista social” do então desconhecido Lenine, Kika aprontava das suas e tinha como intuito impressionar Laís. Uma de suas investidas aconteceu durante o noivado de Douglas e Mercedes, quando Kika mandou preparar strogonoff de lagosta – “Feito com muita lagosta mesmo!” – e viu todos os convidados terem dor barriga por causa da sabotagem que sua filha preparou pra se vingar do noivo, por quem era apaixonada. A festa de casamento também foi outro vexame que deixou Kika de cabelo em pé. Com um vestido cafona estilizado de Carmem Miranda, ela viu tudo ruir após refrear os ânimos de um casal briguento e acabou caindo sobre a mesa do bolo. É claro que todos os fotógrafos presentes registraram o acontecimento e publicaram notas inclementes nas colunas sociais do dia seguinte. E lá se foi o sonho de ser a mais chique da sociedade...
Mercedes, totalmente apaixonada por Augusto, resolve se render ao amor no dia de seu casamento com Douglas. Porém, Augusto, achando que ela descobriu a verdade sobre sua origem, resolve lhe dizer muitos desaforos e escurraçá-la de sua vida. Arrasada com a revelação, ela tenta convencê-lo de que não sabia de nada, mas já é tarde demais... Como novela com casal unido não tem graça, Mercedes opta por levar o casamento adiante e se casa com Douglas.

Aliás, os desencontros entre Augusto e Mercedes eram pontuados pela linda “Heal the pain” do astro George Michael. As trilhas sonoras eram recheadas de grandes sucessos dos anos 90 como "Só Você Vai Me Fazer Feliz (Can't Help Falling In Love)" do Julio Iglesias; "Luz da Lua (Prendi La Luna)" na voz da espanhola Ana Belén; "You Gotta Love Someone" do britânico Elton John; I'm Free" do The Soup Dragons e a velha boyband New Kids On the Block com “Let´s try again”. Lembro perfeitamente das inúmeras vezes que a propaganda da trilha internacional era veiculada e meu desejo era ter o disco da novela. Foram preciso 10 anos para conseguir o tão sonhado disco, ou melhor, o cd com as ótimas músicas.

Mas “Lua Cheia de Amor” também tinha outros personagens interessantes como a recalcada Emília (Bete Mendes), a “boca de aranha” que teve um caso com Diego e vivia às turras com a vizinha Genu. Wagner (Mário Gomes) era o vilão da história e sua meta era roubar a agência de publicidade de Conrado. Além disso, ele vivia infernizando a vida da esposa Isabela (Drica Moraes), a filha cleptomaníaca de Laís e apaixonada por Lourenço (Felipe Martins).

Ao final, Diego se envolve numa rocambolesca trama e todos pensam que ele morreu num acidente após perder dinheiro que trouxe da Suíça. No entanto, ele reaparece na Espanha como crupiê de um cassino, enquanto Genu refaz sua vida ao lado do dedicado Túlio (Geraldo Del Rey).

Depois de muito vai e volta, Mercedes e Augusto resolvem dar uma chance ao amor que ambos sentem. Já a translumbrada Kika consegue entrar de vez para o hall das colunáveis socialites ao lado de Laís, sua mais nova amiga de infância.

Assim, sob a luz da lua cheia de amor, casais selavam suas uniões com muitos beijos e todos foram felizes para sempre...

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

"Insensato Coração" é a novela mais aguardada pelos leitores do melão!


Com mais da metade dos votos, (53%), a novela "Insensato Coração", de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, é a campeã de apostas para 2011.

O segundo lugar ficou com "Rebelde", de Margareth Boury, que começou tímida, na lanterna e teve ume reação súbita, somando 25% dos votos.

Completando o pódio, "Fina Estampa", de Aguinaldo Silva, mesmo com previsão de estreia para o segundo semestre, já aguça a curiosidade de 21% de nossos leitores.

Confira as demais colocações:

4° lugar - CORDEL ENCANTADO, de Duca Rachid e Thelma Guedes - 15%
5° lugar - AMOR E REVOLUÇÃO, de Tiago Santiago - 12%
6º lugar - VIDAS EM JOGO, de Cristiane Fridman - 5%
7° lugar - MORDE E ASSOPRA, de Walcyr Carrasco - 4%
8º lugar - CORAÇÕES FERIDOS, de Íris Abravanel - 1%

Obrigado pela participação de todos!
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Queridos, o melão passará por uma manutenção em seus moderníssimos computadores. Retornaremos em breve com nossa programação normal. See you...

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Série Memória Afetiva – 10 (ou mais) vilãs memoráveis - anos 80


O primeiro post afetivo do ano do melão só poderia mesmo ser dedicado a elas. Caricatas ou realistas, cômicas ou dramáticas, elas fazem a graça de qualquer novela e muitas vezes são a razão de ser das mesmas. Sempre interpretadas por atrizes superlativas, elas exercem fascínio incomum no público e quase sempre ficam em nossa memória afetiva. São tantas e tão marcantes que o post teve que ser dividido por décadas. Como a memória afetiva deste melão que vos fala se inicia na década de 80, vamos começar nosso desfile com as malévolas oitentistas. Vamos a elas:

PARTE 1 – ANOS 80

10) FEDORA ABDALLA (Cristina Pereira), de “Sassaricando” (1987)


Impossível ouvir “Fata Morgana” sem se lembrar da pérfida e sensual Fedora Abdalla, genial composição da ótima Cristina Pereira, que bem que merece voltar aos grandes papéis dos anos 80. Fedora era engraçadíssima: uma perua apaixonada pelo bandido trapalhão Leozinho (Diogo Vilela) e que infernizou o quanto pode a vida do pai, interpretado por Paulo Autran. Fedora fazia e desfazia e não hesitava em expulsar as pessoas de sua casa com o famoso bordão carregado nos “erres”: rá, ré, ri, ró, rua. Mesmo com tanta vilania, Fefê mereceu um final feliz nas areias do deserto ao lado de seu amado Leozinho. Sem dúvida, uma personagem deliciosa.

9) FERNANDA (Christiane Torloni), de “Selva de Pedra” (1986)


La Torloni não tinha uma missão fácil pela frente: dar vida a uma vilã que fora eternizada pela excelente Dina Sfat nos anos 70. Mas a atriz não só deu conta do recado como é considerada por muitos como o principal destaque do remake da célebre novela de Janete Clair. Dois momentos marcantes foram quando ela se casou vestida de preto, chocando a todos e nas sequências em que sequestrou a mocinha Simone (Fernanda Torres) e fez misérias com ela no cativeiro. Fernanda é daquelas vilãs bem malvadas, com aquele quê de loucura, mas extremamente charmosas, bem ao estilo de Torloni. Um momento off-villania, mas também bastante lembrado é o seu sensual banho de piscina com a personagem de Beth Goulart ao som de “Perigo”, de Zizi Possi: uma leve insinuação gay que não foi pra frente na novela, mas que ficou na memória geral.

8) RENATA DUMONT (Tereza Rachel), de “Louco Amor” (1983)


Em minhas remotas lembranças dessa novela, confesso que morria de medo de Renata. Sempre ouvia comentários na sala de casa sobre o quanto ela era má e naquela época ainda não distinguia atriz de personagem. Resultado: cresci com medinho da Tereza Rachel. Recentemente, pude conferir alguns capítulos e comprovar que a impressão que tinha era inteiramente verdadeira. Já no primeiro capítulo, a chique embaixatriz fez de tudo para separar a enteada Patricia (Bruna Lombardi) do filho da empregada Luis Carlos (Fabio Jr). A sequência em que ela é desmascarada por Isolda (Nicete Bruno) em plena festa é memorável: Renata, na verdade, chamava-se Agetilde e fora a responsável pela morte do patriarca da família Dumont. E ironicamente era a verdadeira mãe de Luis Carlos, a quem tanto humilhou durante a novela. Um trabalho magistral de Tereza Rachel, uma das atrizes que mais brilhantemente interpreta vilãs.


 7) ANDRÉA (Natália do Vale), de “Cambalacho” (1986)


Perigosa! Até hoje o refrão da música do grupo “Syndicatto” remete a essa bela assassina. Muitos consideram o melhor papel de Natalia do Vale. De fato, a atriz esbanjou beleza, charme, talento e maldade pura, na pele da alpinista social que dá o golpe no milionário Antero (Mario Lago), tramando sua morte e se tornando rica. Apaixonada pelo cunhado Rogério (Claudio Marzo), marido de sua irmã Amanda (Susana Vieira), Andréa fez de tudo para separar o casal, além de infernizar a vida da protagonista Naná (Fernanda Montenegro), adorável cambalacheira, filha do empresário assassinado. Andréa não escapou de pagar pelo seus crimes na prisão, mas garantiu lugar no rol das preferidas do melão.

6) JULIANA (Marília Pêra), de “O primo Basílio” (1988)

 A personagem criada por Eça de Queiros já era meio caminho andado. A adaptação brilhante de Gilberto Braga completava o percurso de sucesso. Mas de nada adiantaria se não fosse interpretada por uma atriz menos do que genial. Marilia Pera agarrou a oportunidade e fez misérias na pele de ressentida e ambiciosa empregada de Luisa (Giulia Gam), que descobria a traição da patroa e fazia de sua vida um inferno. As cenas em que Juliana obriga Luisa a realizar os serviços domésticos em seu lugar foram o ponto alto da minissérie, assim como o momento da revelação de que ela era detentora das cartas que provavam a romance de Luisa, com o primo Basilio (Marcos Paulo). Juliana era detestável, mas também patética, digna de pena. Impossível não ler o romance e imaginar outro rosto, que não o de Marília, para a desafortunada personagem. Um deleite para ler, ver e rever sempre.

5) JOANA FLORES (Yara Amaral) de “Fera Radical” (1988)

Dois anos antes, Yara Amaral já tinha brilhado intensamente como a hipócrita Dona Celeste, da minissérie “Anos Dourados”, cabendo aqui uma menção honrosa à personagem. Apesar de ter feito da vida da filha Lurdinha (Malu Mader) um inferno, ao final, Dona Celeste se revelou mais uma vítima dos acontecimentos e dos códigos de conduta da sociedade da época do que uma vilã propriamente dita.
Em “Fera Radical”, ela também fez da vida de Malu Mader um inferno, sendo a grande responsável pelo assassinato dos pais da heroína Claudia, que voltava anos depois jurando vingança. Pouco tempo depois, Yara morreria em pleno réveillon na tragédia do Bateau Mouche, portanto, Joana Flores ficou como a lembrança mais forte que tive dela: uma atriz fantástica, cuja interpretação era cheia de nuances, perfeita nos pequenos gestos e nas pequenas expressões, mas também fantástica e explosiva nos momentos de fúria. O acerto de contas da “fera radical” com a megera é memorável e Yara nunca esteve menos que perfeita nessa novela. Saudades imensas!

4) CAROLINA (Lucélia Santos), de “Guerra dos Sexos” (1983)


Carolina era a candura em pessoa: uma flor de criatura. Doce, gentil, humilde, bonitinha, mas muito, muito ordinária. Uma verdadeira loba em pele de cordeiro, a vilã enganou os personagens da novela durante muito tempo e seduziu grande parte do elenco masculino, inclusive o adorável cafajeste Filipe, em ótima interpretação cômica de Tarcísio Meira. O mote da novela era a batalha entre os sexos, mas Carolina só era a favor dela mesma e aprontou poucas e boas com Charlô (Fernanda Montenegro), Roberta (Gloria Menezes) e grande parte do elenco feminino. Um desafio à altura de uma atriz cheia de recursos como Lucélia Santos.

3) RAINHA VALENTINE (Tereza Rachel), de “Que rei sou eu?” (1989)

 Antes de mais nada, uma das gargalhadas mais gostosas de toda a história da teledramaturgia. Mais um tipo terrível interpretado por Tereza Rachel. Valentine era superlativa, operística, insanamente cruel e engraçada. Com ares de Maria Antonieta, mas muito esperta, sempre levava vantagem em tudo. Seu ponto fraco era a paixonite pelo bobo da corte Corcoran (Stenio Garcia) e as cenas de romance entre os dois eram hilárias. Tereza Rachel, nessa memorável novela de Cassiano Gabus Mendes, foi da comédia ao drama, da leveza à intensidade com a mesma maestria. Seu melencólico e solitário final ao som de “How can I go on”, nas vozes de Freddie Mercury e Montserrah Caballé, é de arrepiar. A melancolia e a derrota da rainha destronada era latente apenas no olhar da atriz que aqui não foi menos que genial.


2) PERPÉTUA (Joana Fomm), de “Tieta” (1989)

Adorável urubu. Bem no íntimo, a eterna viúva do Major Cupertino é minha favorita. O que dizer dessa divertidíssima criação de Aguinaldo Silva em que sua intérprete Joana Fomm fez o que quis? Outra especialista em vilãs (aqui vai uma menção honrosa para Yolanda Pratini, de “Dancing Days”, que mesmo sendo dos 70’s vale a lembrança), Joana Fomm começou carregando mais para o lado do drama, do rancor, do ressentimento que sentia pela sua irmã Tieta (Betty Faria). Mas aos poucos, Perpétua foi ganhando ares mais divertidos, até virar uma vilã das mais caricatas e adoráveis de todos os tempos. A avarenta e maldosa Perpétua dava um show a cada aparição, seja se fingindo de boazinha para a irmã, seja humilhando as fiéis escudeiras Cinira e Amorzinho (Rosane Goffman e Lilia Cabral). Poucas vilãs foram tão longe quanto Perpétua, chegando ao ponto de empurrar o filho para os braços da própria irmã por dinheiro. Além disso, ela se fingia de santa e virtuosa, mas na verdade, a tribufú era libidinosa e bizarra ao guardar o órgão sexual do próprio marido em uma misteriosa caixa branca. Perto disso, o segredo do Gerson (Marcelo Antony) de “Passione” é brincadeira de criança, né? Por essas e outras, Perpétua até hoje é lembrada como uma das maiores vilãs de todos os tempos e com muita justiça. Inesquecível!

1) MARIA DE FÁTIMA (Glória Pires) e ODETE ROITMAN (Beatriz Segall), de “Vale Tudo” (1988)

 Empate técnico. Não deu pra decidir entre as duas que, afinal se revelaram durante a trama mais parecidas do que nunca. Odete (Beatriz Segall) até hoje é o símbolo de uma burguesia corrupta e inescrupulosa, que demonstra desprezo pelo Brasil, mas que construiu sua riqueza às custas da exploração do país. As verdades ditas por Odete são inquietantes e é impossível não se identificar com elas, pelo menos um pouquinho. Odete foi uma criação genial de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Basséres, sobretudo, porque foi uma personagem extremamente humana. Todas as suas vilanias estavam longe de serem gratuitas e eram justificadas pela preocupação que tinha com os filhos. O calcanhar de Aquiles era o fraco que ela tinha por garotões. O resultado é uma personagem poderosa, implacável, mas extremamente deliciosa de se assistir. Seu assassinato, até hoje, foi o que mais mobilizou o país e, mais de 20 anos depois, volta a fazer sucesso na reprise do Viva. Mesmo que Beatriz Segall tenha feito outros ótimos personagens, Odete sempre será seu carro-chefe. Definitiva!

Enquanto isso, Maria de Fátima é o símbolo da determinação. Disposta a vencer na vida e se tornar rica, a moça não media consequências para realizar seus objetivos, como por exemplo, colocar a própria mãe na rua, destruir o romance dela, trair a amiga Solange e até vender o próprio filho. Tudo isso parece terrível, mas mesmo assim Fátima era extremamente humana. Suas vilanias nunca foram motivadas por vingança ou questões pessoais, mas puramente para alcançar seus objetivos. Em sua moral (ou falta dela), Fátima se preocupava com a mãe, sofria cada vez que cometia uma maldade contra ela e achava que poderia consertar depois. E o trabalho de Glória Pires foi magistral. Sem qualquer ranço de caricatura ou exagero, ela sabia compôr duas Fátimas diferentes: a boazinha diante de todos e a pragmática e ambiciosa em suas cenas com o amante César (Carlos Alberto Ricceli). Vai ser difícil surgir uma alpinista social mais interessante e tão perfeitamente construída como esta. Antológica.


MENÇÕES HONROSAS:

ü  Santinha Rivoredo (Eva Todor), de “Sétimo Sentido” (1982)
ü  Tia Fausta (Joana Fomm), de Bambolê (1987)
ü  Donana (Geórgia Gomide), de Hipertensão (1986)
ü  Gláucia (Bia Seidl), de “A gata comeu” (1985)
ü  Lúcia Gouveia (Joana Fomm), de “Corpo a Corpo” (1985)
ü  Chica Newman (Fernanda Montenegro), de “Brilhante” (1981)
ü  Paula (Cissa Guimarães) de “Direito de amar” (1987)
ü  Frau Herta (Norma Blum), de “Ciranda de Pedra” (1981)
ü  Catarina (Marieta Severo), de “Vereda Tropical” (1984)

Esqueci de alguma? Quem foi terrivelmente injustiçada pelo melão? E das citadas, quais suas favoritas? Agora é com vocês!


sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Melão Express – Rapidinhas, mas saborosas – Ed. 13


Ø  VETERANOS COM VIDA PRÓPRIA


Justiça seja feita. Um dos pontos altos de “Passione” é o ótimo desempenho do elenco veterano. Talento dos atores à parte, Sílvio de Abreu está de parabéns, não apenas pela escalação, mas por dar a eles papéis dignos e à altura de seus talentos. Não fazem apenas papéis de pais, tios e avós preocupados com os problemas dos personagens mais jovens como na maioria das novelas. Eles têm seus próprios dilemas, seus próprios dramas e suas tramas são as mais interessantes da novela. Que prazer ver o pentágono amoroso formado por Cleide Yáconis (destaque absoluto como a safadinha Dona Brígida), Leonardo Villar, Elias Gleiser, Aracy Balabanian e Emiliano Queiroz. Genial a ideia de um casal à beira dos 90 se divorciar e começar vida nova. E nem preciso dizer o quão fantásticos são esses atores, né? Que roteirista não sonha em escrever pra eles? Quando “Passione” terminar, eles, com certeza, serão lembrados entre os aspectos positivos da novela.

Ø  ZAPEANDO PELA TV FECHADA

ü  Sempre fui fã do “Saia Justa” e acompanhei suas diferentes formações e gostava muito da formação anterior que, pra mim, era a mais plural e a que mais fazia jus ao título do programa. As divergências entre Maitê Proença e Marcia Tiburi, por exemplo, era, pra mim, um aspecto positivo e ajudava a apimentar a atração. Tenho acompanhado a atual temporada e sinto que ainda não decolou. Não que Christine Fernandes e Teté Ribeiro não sejam boas, mas ainda estão sérias demais, muito travadas. Falta alguém descontraído como Betty Lago para dar mais leveza ao debate. A ideia das participações masculinas também é ótima, mas os homens, que poderiam dar essa graça que falta às novas saias, também estão levando a sério demais os debates. Talvez seja questão de entrosamento. Vamos aguardar.

ü  Tudo bem que era uma reprise de uma temporada exibida há algum tempo, mas nada justifica o Canal Liv interromper na metade a exibição da quarta temporada de “Project Runway” subitamente e sem justificativa alguma. Tremenda falta de respeito com os assinantes, pra não dizer, bagunça.

ü  Nunca fui aficcionado pelo programa de “Oprah Winfrey”. Sei lá, aquele fanatismo da plateia que aplaude o entrevistado e as tiradas da apresentadora a cada dez segundos sempre me irritaram um pouco. Mas qual não foi minha (agradável) surpresa, dia desses, zapeando de madrugada, quando parei na entrevista que J.K Rowling, criadora da série “Harry Potter” (confesso, também nunca li os livros ou assisti aos filmes) concedeu à apresentadora. Longe da histeria da plateia, na suíte de um hotel na Escócia, mais do que uma entrevista, foi um bate-papo franco, denso e, por que não dizer, emocionante. Oprah soube conduzir com a competência de sempre a entrevista e a entrevistada tinha uma bela história de vida pra contar. No final, o que se viu foi uma relação especular de duas mulheres muito parecidas, que vieram de baixo e que construíram fama e fortuna com seu talento incomum. E foi impossível não deixar que a emoção aflorasse por parte das duas. Era o último programa de Oprah e, em determinado momento, a entrevistada inverteu os papéis e perguntou a Oprah como ela se sentia em fechar um ciclo e Oprah respondeu com maior franqueza. A admiração mútua ficou evidente. Um bate-papo pra lá de memorável e inspirador.

Ø  AINDA SOBRE OS MELHORES, SEGUNDO O MELÃO



Meus queridos leitores citaram outros ótimos destaques que não fizeram parte de minha seleção e eu tenho que fazer justiça a eles. Como pude me esquecer dos excelentes “Dalva e Herivelto”, “Separação!?” e “A cura”? A minissérie foi pura emoção e nos brindou com uma das cenas mais emocionantes do ano: a morte de Dalva. Texto perfeito e interpretação magistral de Adriana Esteves. Já a série cômica trouxe de volta um humor semelhante ao de “Os Normais”, mas com uma linha dramática mais definida. Debora Bloch e Vladimir Brichta estiveram ótimos, mas os coadjuvantes não ficaram atrás, com destaque para Rita Elmor, Cristina Mutarelli e Kiko Mascarenhas. O texto de Fernanda Young e Alexandre Machado tem a capacidade de me fazer rir alto. Por fim, “A cura” que, apesar de não ser meu gênero preferido, nos apresentou um excelente e instigante thriller com identidade própria e gostinho de pão de queijo. Por isso, mesmo que tardiamente, incluo as três atrações no rol das preferidas do melão em 2010.

Ø  AINDA SOBRE “TI TI TI”

Sim, apesar da maioria esmagadora dos leitores concordarem com a eleição de “Ti Ti Ti” como a melhor novela do ano, a escolha não deixou de gerar alguma polêmica. Mas o mais curioso foi constatar que os detratores de “Ti Ti Ti” levam a novela mais a sério do que os admiradores, inclusive decretando a morte do gênero a partir da novela. Menos, meus queridos. Não acho que “Ti Ti Ti” tenha a pretensão de ser tão emblemática assim. Pelo contrário, o que a faz ser deliciosa é o fato de ser leve, descompromissada, uma grande farra e uma belíssima homenagem, não só à obra de Cassiano Gabus Mendes, como à teledramaturgia em geral, com suas inúmeras citações e intertextualidade a cada capítulo (e as referências não se limitam apenas aos 80’s como disseram alguns). O que mais me encanta na novela é que ela demonstra fôlego mesmo na reta final e está longe de ser uma novela escrita no automático. Os autores se preocupam em incrementar e surpreender a cada capítulo.  O que foi Stephanie (Sophie Charlotte) bancando a Esther Williams à beira da piscina e depois revivendo Marilyn Monroe em seu clássico número de “Os homens preferem as loiras” em que interpreta “Diamonds are a girl’s Best friend”? Tudo bem, grande parte do público pode não ter identificado as citações, mas e daí? Por isso vai se nivelar por baixo? Quem não conhece os filmes se divertiu do mesmo jeito, sem prejuízo para o entendimento da trama. É esse o caminho. Nunca subestimar o público. E o capítulo de sábado foi especial para telemaníacos... Que delícia a Elisângela interpretar no videokê seu antigo sucesso como cantora, “Pertinho de você”? Que homenagem bonita a ela...

E falando em homenagem, meu twitter e meu e-mail encheram de mensagens após a aparição de Divina Magda (Vera Zimmerman) em que Clotilde explica que Dom Lázaro (Lima Duarte em “Meu bem meu mal”), morreu entalado com um pedaço de melão? Mesmo muuuito que indiretamente, esse singelo melão que vos fala não pode deixar de sentir lisonjeado e homenageado, embora saiba que todas as honras e homenagens (como o próprio título desse blog) devem ser dadas inteiramente a Cassiano Gabus Mendes. De qualquer forma, adorei, Adelaide, obrigado! Confesso que esse melão ficou uma melancia, de tão enrubescido...hahaha!

Ø  PORTANTO, MEUS QUERIDOS... O MELÃO É POP!


Impossível não lembrar de Tancinha (Claudia Raia), em “Sassaricando” exibindo sensualmente a fruta na feira ao gritos de “Me olha os melão!!!”. Ainda que seja de Sílvio de Abreu, fica a dica para a equipe da novela para mais uma brincadeirinha metalinguística.


Por fim, agradeço ao meu queridíssimo amigo-irmão, Ivan Gomes, pela singela e belíssima homenagem logo no início do ano. Sim, querido, você prefere melão e o melão prefere você! Essa foto tem mais valor pra mim do que você pode imaginar. Um presentão!


Ø  ENQUETE NO AR
E aproveitem para votar na próxima enquete. Quais as novelas que você aguarda com mais ansiedade em 2011? Beijos, abraços e até a próxima!
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