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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

TEMAS E TRILHAS – ADRIANA CALCANHOTTO:




Desde o início dos anos 90, Adriana Calcanhotto, um dos principais nomes de nossa MPB, tem sido uma das presenças mais frequentes nas trilhas de nossas novelas, principalmente embalando grandes romances de personagens inesquecíveis como Raí e Babalu de “Quatro por quatro”. Para essa tarefa convoquei mais uma vez o queridão Eddy Fernandes, presença frequente neste blog e editor-chefe da Sucursal Manaus do melão. Além de seu já conhecido talento como roteirista e ensaísta televisivo, Eddy também é um grande fã da cantora. Por isso, escolhemos cada um 5 canções na voz de Adriana Calcanhotto. Seguem nossas preferidas:



AS PREFERIDAS DO EDDY:



“MENTIRAS” em Renascer (1993):


Tema da controversa personagem interpretada por Adriana Esteves, a canção tornou-se marcante para mim graças aos versos “Eu vou escrever no seu muro / E violentar o seu rosto / Eu quero roubar no seu jogo / Eu já arranhei os seus discos / Que é pra ver se você volta / Que é pra ver se você olha, pra mim” .... A letra, vingativa e passional, talvez não tenha muito a ver com a trajetória de Mariana, mas sem dúvida, virou um ícone da novela.

“METADE” em Quatro por Quatro (1994):

Uma Adriana ainda mais melodiosa embalando um dos casais mais famosos da dramaturgia com uma das letras mais dilacerantes de que se têm notícia. A canção, executada a exaustão na novela, servia de moldura para as idas e vindas de Raí (Marcello Novaes) e Babalu (Letícia Spiller). Ainda que eu ache que ela não tem nada a ver com os personagens, devo admitir que serviu como uma luva, adicionando uma dose extra de emoção as cenas, principalmente aquelas em que os sentimentos da dupla vinham à tona, evidenciando a paixão que entre tapas e beijos, eles tentavam disfarçar.



“VAMBORA” em Torre de Babel (1998):



Guardo algumas recordações dessa que foi a primeira novela das oito que eu pude acompanhar com algum discernimento. As personagens, Rafaela (Christiane Torloni) e Leila (Sílvia Pfeifer), um casal, foram duramente rejeitadas pelo público, mas curiosamente tinham a minha estima. Com o passar dos anos, assistindo vídeos no Youtube e lendo a respeito da trama, pude perceber o quão grandiosas eram as duas. Não sei até que ponto a canção serviu de moldura para a história delas nem se foi executada como devia, mas vai habitar sempre o meu imaginário graças a sua letra irresistivelmente angustiante.

“MULHER SEM RAZÃO” em A Favorita (2008):

É simplesmente uma das minhas músicas preferidas do repertório recente da Adriana. Na novela, serviu de tema na primeira fase, para uma Donatela (Cláudia Raia) ainda autoritária e de temperamento explosivo. A relação com Zé Bob (Carmo Dalla Vecchia) ganhava contornos ainda mais lascivos quando os versos entravam em cena. Lamento apenas que tenha sido tão pouco executada.

“CANÇÃO DE NOVELA” em Passione (2010):

Gravada especialmente para integrar a trilha da novela de Sílvio de Abreu, me parecia perfeita para o perfil apaixonado de Melina (Mayana Moura), que fazia de tudo para conquistar o amigo de infância, Mauro (Rodrigo Lombardi). Com desenrolar da novela, no entanto, a personagem adquiriu outras características que a distanciaram daquela feição inicial fazendo com que a música perdesse o sentido.


AS PREFERIDAS DO VITOR:


“NAQUELA ESTAÇÃO” em Rainha da Sucata (1990):


Foi a primeira canção interpretada por Adriana que ouvi em uma novela e até hoje minha favorita. Era tema da ingênua e problemática Mariana (Renata Sorrah) de “Rainha da Sucata” e lembro que tinha 13 anos na época, mas botava a música pra tocar sem parar em minha vitrolinha. E até hoje ouço a canção, que fala de uma partida e da solidão e esperança de quem fica, composta por Caetano Veloso, que continua muito inspiradora pra mim a ponto de gerar uma sinopse. Quem sabe um dia ela não se torna o tema de abertura de uma novela de Vitor de Oliveira? (risos)


“TRÊS” em Ciranda de Pedra (2008):



Um fato curioso é que a canção é tema de Letícia (Paola Oliveira) e já no primeiro capítulo, apresenta a personagem em uma cena linda durante uma partida de tênis, mas a primeira vez em que toca na novela mostra Otávia (Ariela Massoti) patinando. E é exatamente essa imagem que ficou em minha memória e, até pela simbologia de seu título, acho que a canção combina muito mais com a relação das três irmãs protagonistas da trama de Alcides Nogueira. Embora não seja uma canção dos anos 50, combina muito bem com a atmosfera delicada da novela.

“MALDITO RÁDIO” em Cheias de Charme (2012):

Em meio a canções popularescas da trilha sonora pra lá de kitsch, a canção faz um excelente contraponto sendo o tema de Inácio (Ricardo Tozzi) ao relembrar Rosário (Leandra Leal), seu grande amor perdido para a fama e o sucesso. Como de costume, Calcanhotto nos brinda com uma interpretação sensível e emocionante.


“DEVOLVA-ME” em Laços de Família (2000):

Adriana trouxe de volta às paradas de sucesso esse hit da Jovem Guarda que serviu como uma luva pra embalar o fim do romance da mimada Clara (Regiane Alves) com o romântico Fred (Luigi Barricelli) em “Laços de Família”. Aqui o bom rapaz já estava desencantado por sua esposa e se encantando cada vez mais pela vizinha Capitu (Giovana Antonelli). Claro que a música tocou sem parar na novela e foi uma das canções mais executadas daquele ano.


“GATINHA MANHOSA” em Passione (2010):


Aqui sobre a alcunha de Adriana Partimpim, espécie de alterego infantil, Calcanhotto resgatou outra pérola dos tempos da Jovem Guarda que na novela serviu pra embalar o romance pueril de Sinval (Kayky Brito) e Fátima (Bianca Bin), que era apaixonada pelo irmão do rapaz, Danilo (Cauã Reymond). Desiludida com a rejeição de Danilo, Fátima acaba caindo nos braços de Sinval e a romântica balada, antigo sucesso de Erasmo Carlos, revisitada por Léo Jaime nos anos 80, serviu pra embalar o romance do casal, aqui na voz de “Partimpim”.


Claro que ainda tem muita música de Adriana Calcanhotto que poderia estar nesse Top 10. Por isso, melão quer saber: quais são suas preferidas?

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TEMAS E TRILHAS – MARIA BETHÂNIA






sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Roteirista convidado: Eddy Fernandes, um talento promissor!


 A cada blogueiro convidado, esse melão fica ainda mais orgulhoso de poder contar com tantos talentos nessa seção. Muitíssimo jovem, mas com um texto já super maduro, Eddy Fernandes, ou meu “sobrinho” como carinhosamente chamo, me chamou a atenção desde seu primeiro texto que li. Dono de um humor inteligente e perspicaz, esse jovem e promissor talento de Manaus, já saca tudo de roteiro. Mordaz e irônico, mas ao mesmo tempo simpático e gentil, além de um ser humano adorável do primeiro time dos queridões, Eddy possui sensibilidade, conhecimento e um talento nato para a escrita. Com certeza, irá trilhar um caminho brilhante. Tudo isso que falei a respeito dele se comprova na cena a seguir, de uma comédia romântica (sua especialidade, mas também arrasa no drama) em que nosso querido Eddy mostra todo seu potencial. Guardem bem esse nome: um dia ouviremoa falar muito dele e vou ficar feliz por ter publicado um texto de sua autoria. Orgulho do titio...rs! Com a palavra... Eddy!

EDDY FERNANDES APRESENTA “MORTA VIVA”

"A cena abaixo foi escrita há alguns meses por mim e é parte de uma sinopse que desenvolvo há pouco mais de dois anos. A história chama-se "Morta Viva" e trata-se de uma comédia dramática. O título, à primeira vista, um tanto esdrúxulo (rs), traduz completamente a história central, que está na figura de uma mulher que precisa forjar a própria morte para se proteger. A sequência que vocês lerão, no entanto, não é protagonizada pela nossa heroína e sim por Chico, o (anti?) herói. 35 anos, pai solteiro de três filhos, que é abandonado pela esposa ambiciosa logo no começo da narrativa. Especialmente para o Melão, um dos momentos-chave da história, o confronto do mocinho com sua ex". 

CENA 1/ telhado/ ambiente. Exterior/ Noite.

As meninas empurram Maria, fazendo algazarra. Ela, muito contrariada, ainda tenta segurar a porta, mas as garotas são mais rápidas e trancam por fora. Caio entra em quadro, de costas, assoprando a mão, para ver se está com mau hálito. Maria cutuca o ombro dele, impaciente.
MARIA                 — Vamo logo com isso!
Caio se volta, assustado.
CAIO                    — Mas já?
MARIA                 — Não foi pra isso que a gente veio?
E espicha os lábios. Caio recua.
CAIO                    — Espera.
MARIA                 — Já sei. Vai pôr uma bala de menta na boca.
CAIO                    — Eu não! (T) Devia?
MARIA                 — Peraí, deixa eu ver...
Maria chega perto, faz sinal para Caio tossir, ele obedece. Ela determina:
MARIA                 — Até que não. (tom) As meninas que disseram que você tinha um esgoto aí dentro...
CAIO                    — Isso é conversa da Tininha porque eu não quis enfrentar aquele aparelho.
MARIA                 — Se tiver problema, eu tiro. O meu é móvel.
CAIO                    — (bobo) Em você, fica lind... quer dizer, legal.
MARIA                 — Então, tá. Abre a boca aí.
CAIO                    — Vai ser de boca aberta?
MARIA                 — É como a gente vê no cinema.
CAIO                    — (inseguro) Eu preciso te contar uma coisa.
MARIA                 — Nunca beijou antes?
CAIO                    — Eu não sabia que era transparente.
MARIA                 — Tá suando mais que o meu pai em ônibus da Central. Eu deduzi. (T) Tá com medo?
CAIO                    — Um pouco. Eu sei que você não queria me beijar.
MARIA                 — Eu vim em busca do Jefferson, mas nem tudo é perfeito.
CAIO                    — Assim, como se fosse um favor, eu também não quero.
MARIA                 — E eu vou contar o quê, pra elas lá fora?
CAIO                    — Não precisa contar. Quer apostar quanto que elas tão ouvindo?
Corta rápido para o corredor: as meninas amontoadas na porta, de repente, retrocedem. Corte de volta para o telhado. Maria e Caio lado a lado, de costas para a câmera, recortados contra a lua. Imagem linda. Silêncio constrangedor entre eles. Caio tira um pacote de bala do bolso. Oferece.
CAIO                    — Tem de laranja e tutti-frutti.
MARIA                 — (pegando) Tutti-frutti.
CAIO                    — (mascando) Cê já quer sair?
MARIA                 — (faz que não) Tá bom aqui. Batendo um ventinho...
CAIO                    — (aponta pro céu) Aquela estrela ali, ó. Chama cassiopéia.
MARIA                 — (no deboche) Cê jura? Esse filme eu também vi.
CAIO                    — (irritado) Mas será que eu não dou uma dentro!?
MARIA                 — Desculpa, eu que tô sendo grossa. Implicância minha, vai ver a boca do Jefferson nem é lá essas coisas.
CAIO                    — Isso eu te garanto.
MARIA                 — (provoca) Já beijou ele, por acaso?
CAIO                    — Não. Mas tô com muita vontade de beijar você.
MARIA                 — E o que te leva a crer que isso vai acontecer? A aposta?
CAIO                    — A aposta eu já entreguei pra Deus. Mas tem essa sinergia...
MARIA                 — Eu topo.
CAIO                    — (engole em seco) Oi?
MARIA                 — Não precisa gastar saliva, muito menos texto decorado de filme B de ficção científica... eu topo.
CAIO                    — E não vai sair falando mal de mim se eu te decepcionar?
MARIA                 — (beija os dedos) Não.
E eles vão se aproximando, devagarzinho... de repente, Maria se ergue.
CAIO                    — Que foi?
MARIA                 — O aparelho. Eu não quero te machucar. (pede) Vira pra lá.
Caio fica de costas. Maria tira o aparelho, não sabe onde pôr, enfia no bolso. Chega nele.
MARIA                 — Onde é que a gente parou?
Caio olha para ela, sorrindo. Trêmulo, toca no rosto, deslizando lentamente pelos cabelos. Uma espécie de carícia, muito tímida. Maria sorri, meio bobinha. A sonoplastia sublinha e já podemos ouvir o piano de Leoni. No que as bocas se juntam, no beijo casto, mas avassalador, entra o refrão: “Noite e dia se completam, no nosso amor e ódio eterno...”. E nisso, a câmera vai se afastando, se afastando...

FIM

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Blogueiro convidado: Eddy Fernandes fala de “Separação?!”




sábado, 25 de setembro de 2010

Blogueiro convidado: Eddy Fernandes fala de “Separação?!”

                                                                                                                                                                 
 Muitíssimo jovem, mas com talento para a escrita digno de veterano, o queridíssimo Eddy Fernandes, diretamente de Manaus, nos deu a honra de ser o novo blogueiro convidado do melão. A julgar pelos textos televisivos que já li do moço, posso assegurar que ele vai longe! Quando seu nome figurar nos créditos de alguma abertura de novela, tomara que todos se lembrem de que ele escreveu por aqui um dia...
Além disso, ele também possui um blog engraçadíssimo, Tá Fun, que fala das dores e delícias de seu cotidiano, bem como relata as agruras da vida moderna com um humor inteligentíssimo, repleto de ironia e sarcasmo na dose exata. Não deixem de visitar!
Mas, como por aqui o assunto é teledramaturgia, Eddy nos brindou com um texto sobre a excelente Separação?!” escrito momentos após ir ao ar o último episódio da primeira temporada da série. Olha só que chique! Uma informação importante: para postar um texto por aqui, o blogueiro convidado não precisa absolutamente ter a mesma opinião do dono deste melão, mas nesse caso posso dizer que concordo em gênero, número e grau com tudo o que o texto diz e assino embaixo. Fala aê, Eddy!

E NO FIM, NEM HOUVE SEPARAÇÃO
Por Eddy Fernandes

Acaba de ir ao ar o último episódio da série “Separação?!”, escrita pelo casal Fernanda Young e Alexandre Machado. E devo confessar que estou me sentindo um pouco órfão. Nos últimos cinco meses, eu me deliciei com as peripécias do casal Karin (Débora Bloch) e Agnaldo (Vladimir Brichta), que (sobre) viviam num verdadeiro cabo de guerra. Como sugere o título, a série trata da separação iminente do casal. Evidentemente, toda a trama é conduzida com humor, mas um olhar mais apurado, podia perceber um pezinho no drama. À primeira vista, “Separação” poderia soar como uma mera reedição de “Os Normais”, sucesso da dupla que partiu em 2003 deixando muitos fãs, saudades enormes e alguns filhotes (dois longas-metragens), mas desde o primeiro episódio, a série mostrou buscar um caminho diferente daquele percorrido por Rui e Vani. Enquanto em “Os Normais”, os protagonistas funcionavam como uma espécie de metáfora de vários casais, “Separação?!” se concentrava em apenas um tipo de casal – os casais em crise – que após um longo período juntos, começam a se sentir infelizes, e a se questionar se vale à pena insistir no relacionamento ou não. A premissa interessantíssima foi muito bem desenvolvida pela dupla de autores, que usou de muita comédia nonsense e altas doses de escatologia para escrever o roteiro.
Logo a princípio, fomos apresentados aos ótimos coadjuvantes da série, que conferiram ao texto toda uma graça extra, e definitivamente, sem eles, “Separação?!” não seria a mesma! Do núcleo de Agnaldo, ficamos conhecendo o peruano De La Vega (criação inspiradíssima de Kiko Mascarenhas), sempre disposto a arrasar com o dia do protagonista; e a sua chefe quase-esquizofrênica Anete (da talentosíssima Rita Elmor), que acabou se revelando um poço de patologias, indo da loucura à ninfomania de um episódio para o outro. No núcleo de Karin, fomos apresentados à hilariante Cinira (da genial Cristina Mutarelli), chefe da “mocinha”, que com seus conselhos absurdos a respeito de relacionamentos, foi levando, aos poucos, o ódio de Karin por Agnaldo à níveis quase estratosféricos! E, por fim, o núcleo neutro, o casal de amigos felizes, Gilda (Cláudia Ventura) e Delgado (Marcelo Várzea), que sempre eram involuntariamente metidos nas discussões de Karin e Agnaldo, e serviam como uma espécie de contraponto às implicâncias dos protagonistas.
Diante deste panorama, os autores construíram uma divertida história, que foi se desenrolando ao longo da temporada, e envolvendo este que vos fala. Aos poucos, criou-se a expectativa “Afinal, Karin e Agnaldo vão mesmo se separar?”. Se a princípio, a separação era quase dada como certa – visto que a convivência entre os dois havia se tornado algo, por assim dizer, insuportável – com o tempo, criou-se uma incógnita, pois Karin e Agnaldo começaram a demonstrar que lá no fundo (e bota fundo nisso...) ainda sentiam algo um pelo outro. Agora, daí a chamar esse “algo” de amor, já seria um exagero... E no meio disso tudo, o espaço para excelentes piadas, recheadas de anarquia, sempre mantendo o espírito da série. Como, por exemplo, o divertidíssimo episódio que sacaneou com as cafoníssimas letras traduzidas, quando Karin e Agnaldo protagonizaram um hilariante clipe (quase) romântico ao som da chicletíssima “Wants To Be The First To Say Goodbye”, de Gladys Knight; à medida que o tempo foi passando, as referências à cultura pop foram aumentando; Como esquecer de Karin, literalmente enlouquecendo, no engarrafamento ao som de “Bete Balanço”? E a sequência em que Anete relata a sua transa com Agnaldo em seu microblog na Internet? Ou ainda: Karin perguntando à Cinira, no primeiro episódio, se ela a seguia no Twitter? Ainda houve espaço para tiradas inesquecíveis, como os trocadilhos dos últimos episódios, a respeito dos advogados contratados, respectivamente, por Karin e Agnaldo para uma possível entrada no processo de divórcio: “Costa Aquino Pinto” e “Paula Vadinho”.
Assim foi “Separação?!”, que procurou brincar com todos os clichês das histórias românticas, subvertendo-os. E mostrando que ainda é possível cativar e repercutir, com um texto de humor inteligente, sem precisar se render a esse público preguiçoso da TV aberta atual, que espera a piada vir mastigadinha. Evidentemente, nem tudo foram flores. Houve um excesso de escatologia como, por exemplo, os constantes acidentes com Agnaldo, explorados quase que à exaustão e também as incorreções com as crianças, sempre no limite entre o ideal e o exagero. Mas aí é que está a grande graça da série. “Separação” acabou adquirindo, com o tempo, um ar de cartoon, mandando a verossimilhança às favas, construindo uma narrativa por onde transitavam malucos neurastênicos, todos muito bem azeitados dentro da proposta nonsense do seriado. E era disso que a TV aberta estava precisando. Um show onde brilhasse o politicamente incorreto, e que “Separação?!” volte no ano que vem, para continuar alegrando as nossas noites de sexta-feira.
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