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quarta-feira, 11 de julho de 2012

Cheias de Charme transcende ao sucesso e vira fenômeno.



As "empreguetes" Cida (Isabelle Drummond), Rosário (Leandra Leal) e Penha (Taís Araújo) conquistaram  o público

Dia desses entrei em uma dessas lanchonetes fast food aqui perto de casa. Estava na hora da exibição de “Cheias de Charme” bem no momento de um show das Empreguetes. Fiquei surpreso com o que aconteceu ali: as máquinas simplesmente pararam! Hamburgeres deixaram de serem grelhados por um momento, atendentes paralisaram seus serviços no caixa e clientes simplesmente ignoraram o cardápio. Todos, inclusive eu, ficaram parados diante da tevê até o número musical chegar ao fim. E isso, claro, acompanhado de comentários de todos, que procuravam eleger sua empreguete favorita. Não tive dúvidas: estava diante de um fenômeno, não só de audiência, mas de popularidade e repercussão (embora pareça a mesma coisa, nem sempre esses três elementos caminham juntos). Mas a que se deve esse fenômeno?

A verdade é que ninguém sabe ao certo o que faz de uma novela um sucesso. Se tivesse uma fórmula pronta, tudo seria mais fácil (e também mais monótono). Embora não haja uma resposta exata para essa questão, podemos enumerar alguns fatores que contribuem pra isso. O primeiro deles é que “Cheias de Charme” não é uma novela acomodada, no sentido de utilizar clichês e soluções fáceis. É uma novela que parece ter sido pensada há muito tempo pelos autores, por isso todas as tramas caminham bem, dialogam entre si e progridem juntas. Podemos citar também o texto inspiradíssimo, cheio de referências pop e linguagem afiada e antenada com as gírias e jargões da atualidade. Os autores não economizam trama e já promoveram vários momentos catárticos para delírio do espectador, como o primeiro show das Empreguetes, a saída de Cida (Isabelle Drummond) da casa dos Sarmentos e, essa semana, o triunfo de Elano (Humberto Carrão) sobre Conrado (Jonatas Faro). Há também uma identidade visual que a torna única, uma direção ágil e um elenco afiadíssimo, que parece se divertir tanto quanto os espectadores.
Na primeira semana da novela, publiquei um texto que dizia que “Cheias de Charme” trazia o frescor da novidade e não estava errado. Claro que as três empreguetes e Chayene (Claudia Abreu) são os grandes destaques. Mas a novela tem dado a oportunidade de muita gente brilhar, como a estreante Titina Medeiros, que tem feito o Brasil gargalhar com a hilária e sem noção Socorro; e Lygia (Malu Galli), a “patroete” do bem, que enfrenta uma crise familiar, profissional e de saúde. Assim como uma orquestra afinada, a novela dá a oportunidade de todos os instrumentos musicais, no caso os personagens, se sobressaírem e terem seu momento durante o concerto. Isso faz com que a peteca não caia nunca e faça o espectador ficar sempre empolgado com alguma trama em evidência, enquanto outras tramas “descansam”.

Apesar desse “frescor”, é inegável que a novela também nos remete às grandes e memoráveis comédias dos anos oitenta, sobretudo as de Sílvio de Abreu e Cassiano Gabus Mendes. Há tempos venho refletindo sobre isso e é sempre temeroso fazer comparações, mas depois do capítulo de ontem, no qual Elano desmascarou o esquema dos Sarmentos, arrisco a dizer que “Cheias de Charme” é minha novela das sete favorita desde “Cambalacho” (1986), de Sílvio de Abreu. E mais ainda: as duas novelas são da mesma família.

 Tina Pepper (Regina Casé) e Chayene (Claudia Abreu): fenômenos de popularidade

“Cambalacho” também teve uma personagem popularíssima ligada ao meio musical, cujo hit transcendeu aos capítulos da novela. Quem viveu os anos 80 não esquece os versos de “Você me incendeia”, megahit da espalhafatosa Tina Pepper (Regina Casé) que, a exemplo de Chayene, não valia nada, mas caiu nas graças do público e chegou a participar do “Cassino do Chacrinha”, o programa de auditório mais popular daquela época. E a exemplo de “Cambalacho”, cuja temática central era, através do humor, discutir honestidade, ética e o tal “jeitinho brasileiro” para vencer na vida, “Cheias de Charme” também se aproximou dessa temática e marcou mais um golaço. Num tempo em que as vilãs são cheias de frases de efeito, se tornando mais populares que as mocinhas, a discussão do capítulo de hoje em torno do assunto foi sensacional, sem ser chata, didática ou careta. No melhor estilo a la "Vale Tudo",  fomos brindados com atuações irrepreensíveis de Humberto Carrão, Leopoldo Pacheco, Taís Araújo, Tato Gabus e Alexandra Richter. 

Cena do sensacional embate entre Elano (Humberto Carrão) e Conrado (Jonatas Faro): ética e honestidade em jogo
A novela já era o máximo na comédia. Hoje, os autores mostraram que também são feras em dar aos personagens a dimensão humana necessária para arrasarem nas cenas dramáticas. E a sequência final do tão esperado beijo de Cida e Elano fechou o capítulo com chave de ouro, dando aquele gostinho de “quero mais”. Por essas e outras, essa novela é um pacote completo. Mais do que um sucesso que apenas garante bons índices de audiência e faturamento para a emissora, "Cheias de Charme" tem tudo para entrar pra galeria das grandes novelas e se tornar memorável! Vida longa para Filipe Miguez, Izabel de Oliveira e toda a equipe de roteiristas, que injetaram um fôlego invejável no horário das sete, sabendo reunir o melhor do passado, com inspiradas referências do presente e vislumbrando um promissor futuro para nossa teledramaturgia.

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