quarta-feira, 30 de março de 2011

MELÃO EXPRESS – RAPIDINHAS, MAS SABOROSAS – ED. 14



Ø  “VAMP” E “CIRANDA DE PEDRA” ATERRISAM NO MELÃO



“Ti Ti Ti” já se foi e deixou saudades. Mas a vida segue. E as novas novelas homenageadas no melão através de seu banner são “Vamp” e “Ciranda de Pedra”. A saga dos hilariantes vampiros estará de volta às telinhas a partir do mês de abril no “Viva”. E a adaptação de 2008 para o romance de Lygia Fagundes Telles também passa a figurar no banner do melão por um motivo simples: seu autor, Alcides Nogueira, o querido Tide, como vocês sabem, é muso vitalício deste blog. Portanto, homenageá-lo nunca é demais.

Quanto a “Vamp”, mal posso esperar para rever este maravilhoso besteirol de Antônio Calmon que marcou toda uma geração, na qual me incluo. Lógico que o melão vai voltar a falar de “Vamp” durante todo o período de sua exibição, mas de cara destaco as adoráveis famílias do Capitão Jonas (Reginaldo Faria) e Carmem Maura (Joana Fomm), os clipes da sensualíssima Natasha (Claudia Ohana) e os perversos e engraçadíssimos vampiros, liderados por Vlad (Ney Latorraca). Que bom será rever o casal Matoso (muito amor por Otavio Augusto e Patricia Travassos). É Vamp...

ØGLEE: PURO NOVELÃO



Com um certo atraso, decidi dar uma conferida em “Glee”, série juvenil musical mais comentada da atualidade. Tenho a dizer que a atração faz jus totalmente ao sucesso que vem obtendo. Claro que tem lá seus defeitinhos, como o excesso de bullying sofrido pelos alunos e o fato do perfil psicológico dos personagens mudarem constantemente para satisfazer as necessidades da trama. Fora isso, a série é uma delícia. Personagens carismáticos, musicais de primeiríssima qualidade, com o que há de melhor (e de pior também) do universo pop de ontem e de hoje e atores-cantores talentosíssimos, com destaque absoluto para Lea Michele, a protagonista Rachel, uma verdadeira força da natureza. 

Mas arrisco dizer que o que faz o sucesso de “Glee” realmente são os traços folhetinescos que permeiam todos os episódios. A exemplo de outras séries como “Desperate Housewives”, “Grey’s anatomy” e “Brothers and Sisters”, “Glee” é um novelão dos bons, com tudo o que o gênero tem de melhor: mulher fingindo gravidez pra prender o marido, jovem escondendo a gravidez para se manter popular, gay com dificuldades de aceitação, megera que faz de tudo para derrotar professor idealista.... enfim, e apesar do uso de tantos expedientes surrados, “Glee” ainda tem o mérito de não ser previsível e surpreender sempre. E o melhor: com muita emoção. Mesmo não sendo daqueles que choram por qualquer coisa, confesso que algumas cenas já me arrancaram lágrimas. Recomendo a atração, mas prepare os lencinhos de papel.


Ø  A BUSCA PELA FAMA EM DUAS NOVELAS DE GILBERTO BRAGA



   Já virou clichê dizer que “Vale Tudo” continua atualíssima, que a corrupção continua a mesma e que os políticos ainda exploram a miséria do povo. No entanto, uma mudança drástica comportamental se mostra bem evidente com essa reprise: a busca pela fama. Em “Vale Tudo”, acompanhamos a trajetória de Aldeíde Candeias (Lilia Cabral) para obter sucesso. O problema é que a moça não possui nenhum talento artístico para tal: não canta, não atua, não toca nenhum instrumento, não tem o dom da comunicação, enfim, ser famosa era algo praticamente inviável para aqueles tempos. E os personagens da novela discutem sobre esse desejo de Aldeíde e acham estranho como alguém que não sabe fazer nada pode querer ser famosa, já que fama e sucesso devem ser consequência de algum mérito artístico e profissional. Já em “Insensato Coração”, Natalie Lamour não passa pelo mesmo problema. A exemplo de sua “tia” Aldeíde, a moça não possui predicado artístico algum e só carrega no currículo uma participação em um reality-show. Com isso, vive de posar nua e de participações em eventos. Ao contrário de “Vale Tudo”, não há dilema ético algum envolvendo o desejo da personagem. Taí uma mudança significativa nessas duas décadas: antes a fama era consequência, agora é um objetivo, muitas vezes efêmero e desprovido de qualquer mérito.


Ø  TELEDRAMATURGIA EFERVESCENTE

Telespectador assíduo sabe que os meses de março e abril são os meses em que as emissoras lançam as novidades de programação do ano. Mas este ano, coincidentemente, são muitos os lançamentos em teledramaturgia para os mais variados gostos. Já tivemos as estreias de “Morde & assopra” e “Rebelde”, tramas de Walcyr Carrasco e Margareth Boury, respectivamente. Em abril, mais duas estreias em diferentes emissoras: “Amor e Revolução”, de Tiago Santiago, no SBT; e “Cordel Encantado”, da dupla Duca Rachid e Thelma Guedes, na Globo, cuja qualidade estética das chamadas  salta aos olhos e já desperta muita curiosidade por parte do público. E em maio, nova trama da Record, “Vidas em Jogo”, de Cristiane Fridman”. O mercado de roteiristas também agradece por essa efervescência. E não para por aí: atualmente no ar, quatro reprises de novelas no SBT, o tradicional “Vale a pena ver de novo” na Globo e o abençoado canal Viva com três novelas no ar, uma minissérie, mais “Malhação” e com intenções de abrir novos horários em breve. Finalmente a telenovela parece estar tendo o valor que merece. E ainda há quem aposte no fim do gênero...


Ø  EU BLOGO, TU BLOGAS, ELES BLOGAM...

Blogosfera em ebulição. Quando eu lancei o melão no passado, conhecia uns pouquíssimos bons blogs especializados no gênero, como por exemplo, o “No mundo dos famosos”, de Jeferson Balbino, que caminha para o seu quarto ano, além dos tradicionais “Mofo TV” e “Memória da TV”, dedicados em resgatar vídeos e reportagens de outras épocas. Felizmente, a cada dia pipocam novos veículos dedicados a falar de televisão e de teledramaturgia em especial. Fazer um blog é simples, mas mantê-lo com qualidade e com fidelidade de público é que são outros quinhentos. Por isso, a bolsa de apostas no melão deposita suas fichas em dois deles, por conhecer muito bem seus criadores e atestar sua qualidade: o Zappiando, de Paulinho Diniz, antigo conhecido daqui; e o recém-criado “Agora é que são eles”, mantido por cinco rapazes ávidos por teledramaturgia. Não especificamente dentro do assunto, mas também muito bem-vindo é o “Histórias de Tatu”. Totalmente repaginado por seu criador, Walter Azevedo, o blog agora tem um convidado por dia com um texto novinho, sempre recém-saído do forno. Recomendo a visita. E ainda tem o “E eu não sei?” do Wesley Vieira, o “EnTHulho Musical” do Thiago Henrick, o “SuperCult”, do Fábio Leonardo, o “Tá Fun”, do Eddy Fernandes, o "Roteirizando", da Evana Ribeiro... Boas opções não faltam. Esses jovens têm muito a dizer e o texto deles é garantia de diversão e cultura. Muitos blogueiros “oficiais” deveriam aprender com essa turma...



Ø  CONFIRAM MINHA NOVA ENTREVISTA!!!


Falando em novos blogs, há o recém-criado "Posso contar contigo", de Isaac Abda, pra quem eu cedi uma entrevista mais que especial. Espero que gostem.
http://possocontarcontigo.blogspot.com/2011/03/eu-tambem-adooooooooooro-melao.html 



Abraços em todos e até mais!

sábado, 19 de março de 2011

Blogueiro convidado: Raphael Scire e o "gran finale" de "Ti Ti Ti"


Como vocês sabem, esta semana fui convidado pelo blog "Zappiando" para escrever sobre "Ti Ti Ti". Mas o melão não poderia ficar desguarnecido. Por isso, Raphael Scire foi novamente convocado para fazer um balanço final da novela. Abaixo, links para outros textos sobre "Ti Ti Ti". 



A novela das Marias

Por Raphael Scire



Cá estou eu de novo a falar de “Ti ti ti”, versão 2010/2011, que certamente já entrou para o meu rol das melhores novelas. Parece que foi ontem quando, em junho de 2009, entrevistei a autora e ela me disse que faria o remake de duas tramas de Cassiano Gabus Mendes.

A novela acabou e deixou um sentimento de orfandade em quem gosta de uma boa trama. A história de Maria Adelaide Amaral permitiu-se. Permitiu-se a ousadia e a vanguarda, ao mostrar tão abertamente não uma, mas duas relações homossexuais em pleno horário das sete. Permitiu-se a diversão, sem tornar exagerado o tom da comédia. Permitiu-se a nostalgia e o saudosismo, ao fazer inúmeras referências a outras tramas, fossem elas de Cassiano Gabus Mendes ou não.

Um elenco cuja maior característica foi a afinidade, uma direção que primou pela alegria e um texto, bem, o texto é de um primor único. Tudo casou bem, do figurino à cenografia. Marília Carneiro, que trabalho! Fazer moda numa novela que fala sobre moda não é coisa pouca e só mesmo quem entende do riscado poderia fazer um trabalho como este. Marília tirou de letra, como já era esperado. Eu me lembro da empolgação da figurinista quando a entrevistei, na festa de lançamento de “Dalva e Herivelto, uma canção de amor”, produção para a qual também assinou o figurino.

Não posso deixar de destacar o trabalho de Regina Braga. As cenas que tinham o texto mais sofisticado da trama eram com ela, justamente nos momentos em que a lucidez faltava à sua personagem. Impossível não se emocionar. Quando Cecília encontra sua irmã, Julia, o público ganhou de presente um show de atuação. Junto a Nicette Bruno, comoveu e deu credibilidade ao drama de Cecília.

Falar que Murilo Benício teve o melhor papel de sua carreira seria chover no molhado, a crítica e o público já se encarregaram de o fazer. Mas ele merece todo o reconhecimento por seu Ari/Victor Valentim. Alexandre Borges não fez feio, mas Benício levou a melhor. Ah, seu Tatá, conhecido também por Luiz Gustavo, que outrora dera vida a Ari/Victor voltou com tudo. E pediu para ficar.
  
Por último, permito-me aqui dizer que essa foi a novela das Marias. Primeiro a autora, Maria Adelaide Amaral, para cujo talento a gente tem mais é que fazer referência e agradecer ajoelhado e de pés juntos por esse brinde à teledramaturgia. Se antes eu já era fã dela, agora fiquei mais ainda. Depois por outras três Marias que arrasaram na interpretação. Malu Mader, que é Maria de Lourdes, fez uma Suzana que não conseguia esconder o riso nas cenas cômicas e por isso me conquistou – na verdade, Malu poderia fazer qualquer papel que me conquistaria da mesma maneira.  Claudia Raia, que vem a ser Maria Claudia, fez a diversão de todos e de tudo com sua tresloucada, politicamente incorreta e por isso apaixonante Jaqueline Maldonado. Minha vontade era colocar a Jaqueline num potinho e guardar para sempre. Embora Mayana Neiva tenha se destacado, para mim, a grande revelação da novela foi Maria Helena Chira, que fez de sua Camila uma patricinha no tom exato. E tem também a Maria de Médicis, diretora da equipe de Jorge Fernando, que não é Maria, mas é cheio de graça e foi essencial para esse sucesso.

Esse “Ti ti ti”, certamente, merece um remake do remake (ok, isso é hipérbole minha). Já deixa saudades. O último bloco foi a cereja do bolo no último capítulo. Claudia Raia, definitivamente, viveu um de seus melhores momentos na televisão. O discurso final de Jaqueline foi emocionante. Uma novela como essa só poderia acabar desse jeito: em clima 
de festa. Parabéns, Maria Adelaide, e obrigado por oito meses de alegria.
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Leia também:

Meu texto para o Zappiando: "Ti Ti Ti ontem e hoje" -> http://zappiando.wordpress.com/2011/03/18/ti-ti-ti-ontem-e-hoje/


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quarta-feira, 16 de março de 2011

Blogueiro convidado: Paulo Ricardo Diniz celebra Manoel Carlos


Pra quem não se lembra, o moço em questão já foi assunto aqui no melão quando criou o documentário “Fábrica de Ilusões: décadas de telenovelas – do Realismo ao Fantástico” (relembre clicando aqui), um caprichadíssimo trabalho de final de curso. Paulo Ricardo Diniz agora retorna para relembrar a trajetória de seu autor favorito, que fez aniversário essa semana: Manoel Carlos. Desde os tempos de ator na Tupi até suas famosas Helenas, os principais passos da carreira de Maneco estão no texto de Paulinho, que recém criou o blog “Zappiando” e já faz o maior sucesso. Aliás, estamos fazendo um crossover. Ele publica aqui e eu publico lá um texto sobre “Ti Ti Ti”. Em breve, disponível em http://zappiando.wordpress.com/! Obrigado por mais essa contribuição, querido, e parabéns ao nosso querido Manoel Carlos.


Manoel Carlos: uma história de amor para com a Teledramaturgia



Ator, diretor, produtor, roteirista, autor... Ao longo de sua vida e sua história, Manoel Carlos carrega uma lista extensa de trabalhos, muitos destes memoráveis. Hoje, consagrado autor de novelas, Maneco é sempre lembrado por suas Helenas – nome com que batiza suas protagonistas – e através delas e de tantas outras personagens, ele mostra como sabe retratar a alma feminina. Mas, bem antes disso, a sua própria história inicia praticamente junta com a da Televisão Brasileira.

Maneco estreou, como ator, na TV Tupi de São Paulo, meses depois da inauguração da emissora, no programa Teatro das segundas-feiras. Mas, foi entre 1955 e 1963, que ele começou a exercitar a sua vocação de escritor. Em Grande Teatro Tupi, atuava ao lado de Fernanda Montenegro, Natália Thimberg, Sérgio Brito e Ítalo Rossi, além de escrever alguns episódios.

Posteriormente, Manoel Carlos atuou como produtor, diretor e roteirista, estando à frente de programas de diferentes gêneros, como musicais, dramaturgia e variedades, entre eles: O Fino da Bossa, A Família Trapo, Hebe Camargo, Essa Noite se Improvisa, todos na Rede Record, nos anos 60. Na TV Excelsior, ele também dirigiu os musicais Brasil 60, 61, 62 e 63.
Sua estreia na Rede Globo foi em 1972, na direção do Fantástico. A oportunidade de escrever sua primeira novela se deu em 1978, com Maria Maria, baseada no romance Maria Dusá, de Lindolfo Rocha. Sua adaptação foi estrelada por Nívea Maria, como as Marias do título.

No mesmo ano, ele fez outra adaptação, A Sucessora, do romance de Carolina Nabuco. A protagonista em questão era Susana Vieira, que vivia a humilde Marina, a mulher que vivia assombrada pelo quadro-retrato da víuva de seu marido.

Em 1981, Maneco escreveu sua primeira novela de seu próprio roteiro, Baila Comigo. Nesta, surgiu a sua primeira Helena, vivida (brilhantemente, segundo quem viu) por Lilia Lemmertz. A novela trazia como conflito principal a separação e posterior encontro dos gêmeos João Vitor e Quinzinho, interpretados por Tony Ramos.

Tony Ramos em papel duplo em "Baila Comigo" (1981)

No ano seguinte, embalou em mais uma novela original - como seria as seguintes – Sol de Verão. A história era boa, porém, um lamentável acontecimento de bastidores interferiu na ficção. A morte do ator protagonista Jardel Filho. Maneco ficou abalado e não conseguiu terminar a novela. Depois disso se afastou da emissora.

Longe da Globo, ele chegou a escrever novelas e minisséries para a Rede Manchete, Bandeirantes, e até para outros países, como Colômbia, Peru e Estados Unidos.

Sua volta a Globo se deu em 1991, no horário das seis, com Felicidade, trazendo Maitê Proença como a protagonista Helena. Daí em diante, em todas as suas outras novelas daria este nome à heroína.

Em 1995, também no horário das seis, Regina Duarte viveria a primeira de suas três Helenas, em História de Amor.  Aqui abro um parêntese para fazer uma observação. História de Amor, Felicidade e Baila Comigo tinham Helenas de classe média. Viviam em casas simples, andavam de carro velho, não tinham empregadas... enfim, eram “povão”.
De Por Amor em diante, as Helenas enriqueceram financeiramente.

Regina Duarte e José Mayer em "História de amor" (1995)

Prosseguindo. Em 1997, Regina Duarte fez a sua segunda Helena, em Por Amor, agora em horário nobre. Nesta novela, ela dividia a cena com sua filha Gabriela Duarte, que também era sua filha na ficção, a mimada Maria Eduarda. Eduarda foi odiada pelo público no início. Na época criaram o site “Eu Odeio a Maria Eduarda”. A história era a da mãe que trocava seu bebê vivo pelo filho morto da filha, por amor a ela, já que por complicações, ela não poderia mais engravidar. A meu ver, esta é uma das melhores novelas do autor. Um bom folhetim, tudo bem amarrado, sem barrigas e com cenas e diálogos ótimos, além de uma direção perfeita de Ricardo Waddington. Barracos atrás de barracos, mas sem perder o charme.

Em 2000, ele escreveu Laços de Família, com Vera Fischer como a protagonista da vez. Novela com audiência e boa repercussão. Desta vez, Helena abre mão de seu namorado, para a filha, Camila – vivida por Carolina Dieckmann. Camila, assim como Eduarda, também foi uma personagem odiada. No caso, a atriz também não colaborava. Porém, o público se compadeceu com a doença da menina e torceu por ela no final.

Em 2001, Manoel Carlos escreveu sua primeira minissérie na Globo, Presença de Anita, baseada no livro de Mário Donato. Esta minissérie revelou os atores Leonardo Miggiorin e Mel Lisboa - esta no ponto certo no papel principal.

Com Mulheres Apaixonadas, em 2003, Maneco começou a mudar o rumo de suas histórias, passando a escrever o que ele chama de “crônicas do cotidiano”. Neste trabalho em questão, ele trouxe o retrato de diferentes mulheres, em diferentes situações da vida. Mas, como enredo principal, tinha a professora Helena, vivida por Christiane Torloni. Uma mulher que, insatisfeita com o marasmo do casamento com o músico Téo (Tony Ramos), resolve se separar e ir em busca de sua felicidade. Até que reencontra o seu amor de juventude, o médico César (José Mayer).

Três anos depois, Regina Duarte encarna a sua terceira Helena, uma médica obstetra, em Páginas da Vida.  A médica faz o parto dos gêmeos, Clara e Francisco. A mãe, Nanda (Fernanda Vasconcellos), morre após dar a luz. A avó não quer saber da menina, portadora de Síndrome de Down. Helena, então, resolve adotar a criança, mas diz a todos que ela morreu. Cinco anos depois, o pai dos gêmeos, Léo (Thiago Rodrigues) reaparece e descobre que sua filha também está viva, tentando assim reaver a guarda da menina.

No início de 2009, o autor conta em sua segunda minissérie a história da cantora Maysa Mattarazzo, em Maysa – Quando Fala o Coração, dirigida pelo filho da cantora, o diretor Jayme Monjardim.

No mesmo ano, o autor escreve mais uma novela, desta vez com uma protagonista mais jovem dos que as anteriores. Viver a Vida, estrelada por Taís Araújo. Nesta novela, Helena foi ficou um pouco ofuscada pela coprotagonista, a também modelo, Luciana (Alinne Moraes). Luciana sofre um acidente e fica tetraplégica. Cada passo de sua recuperação e seu triângulo amoroso entre os gêmeos Jorge e Miguel, vividos por Mateus Solano, tiveram mais destaque do que a história de Helena. Porém, de certa forma a personagem de Taís mantinha o posto de protagonista, já que todos os núcleos, ou a maioria deles, giravam em torno dela.

Julia Lemmertz, representando a mãe, Lilian e demais Helenas.

E para quem pensava que o autor estaria “pendurando as chuteiras”, ele já mandou um recado. Em 2014 escreverá uma nova novela, e Lília Cabral será a sua última Helena. A torcida é que ele feche com ‘chave de ouro’.

Mas, independente de suas Helenas, várias outras personagens dele merecem destaque. A Tereza, em Viver a Vida, e a Sheila, em História de Amor, vividas por Lilia Cabral; a Branca de Suzana Vieira, e a Laura de Viviane Pasmanter, em Por Amor; a Capitu de Giovanna Antonelli, em Laços de Família; e a Raquel de Irene Ravache, que era praticamente uma Helena, em Sol de Verão.

Por toda esta história, Maneco merece ser sempre enaltecido e homenageado, pela sua contribuição à construção da Televisão Brasileira e pela sua “história de amor” para com a Teledramaturgia.

Nesse dia 14 de março, ele completou 78 anos de idade.



Agradeço imensamente o espaço cedido por meu querido amigo Vitor Santos e o convite para escrever aqui no seu bem-sucedido Melão. E principalmente, por de certa forma prestar uma homenagem a este ícone da Teledramaturgia e meu autor preferido, Manoel Carlos, o Maneco. É por essas e por outras, que “Eu Prefiro Melão”!
Paulo Ricardo Diniz

Com informações do livro “Autores – Histórias da Teledramaturgia”
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quinta-feira, 10 de março de 2011

ARMANDO EU VOU, ARMANDO COM VOCÊ...


25 ANOS DE CAMBALACHO



O termo “parece que foi ontem” já está mais lugar comum do que o próprio termo “lugar comum”. Mas o que dizer quando não há nada melhor do que “parece que foi ontem” para traduzir o que sentimos a respeito de uma novela que foi tão emblemática na sua vida e permaneceu em seu imaginário por tanto tempo que realmente 25 anos parecem ter passado como um flash? Esse jubileu de prata de “Cambalacho” só vem provar que, quando uma telenovela é realmente boa, ela entra para o panteão e também se torna memorável como qualquer outra manifestação artística.
Eu tinha apenas 9 anos quando foi exibido o primeiro capítulo da novela no dia 10 de março de 1986. E o mais incrível é que tenho lembranças nítidas de grande parte desse folhetim de Sílvio de Abreu. “Cambalacho” já foi até cotada para ser novela das oito, mas foi no horário das sete que ela ajudou a consolidar o estilo do autor, responsável pelas mais hilariantes comédias de nossa teledramaturgia.


VOCÊ SABE O QUE É CAMBALACHO?

 Essa era a pergunta já lançada no teaser da novela, que ajudou a popularizar o termo, usado até hoje para designar trambique, mutreta, armação, maracutaia. Com um pé na chanchada, outro nos clássicos de Hollywood, influências constantes de Sílvio de Abreu, “Cambalacho” era uma novela movimentada, divertida e visualmente diferenciada, sobretudo pelos letreiros luminosos que apareciam para mostrar passagens de tempo, onomatopeias e até mesmo comentários sobre a trama. O alto astral permanente da novela é marca registrada da feliz parceria de Sílvio com a direção de Jorge Fernando.

A trama girava em torno de Naná, em mais uma interpretação antológica de Fernanda Montenegro, uma trambiqueira de bom coração que sobrevivia de pequenos golpes, ao lado do fiel escudeiro Jejê (Gianfrancesco Guarnieri em tão boa parceria com Fernandona quanto Paulo Autran). Para aliviar sua culpa, Naná adotava crianças que recolhia na rua, enquanto sua única filha verdadeira Daniela estudava no exterior.

Mal sabia Naná que ela seria apontada como suposta herdeira do milionário Antero (Mario Lago), que descobrira recentemente que ela era sua filha desaparecida. No entanto, para tomar posse do que tem direito, Naná precisa enfrentar Andréa (Natália do Vale), viúva de Antero que planejou  morte do marido durante um passeio de lancha para ficar com toda a sua fortuna.



Antero tinha outro filho, o bailarino Tiago (Edson Celulari), que acaba se envolvendo com a mecânica Ana Machadão (Debora Bloch em excelente momento), que vinha a ser filha de Jejê! Ah, as coincidências do folhetim... O inusitado romance do bailarino com a mecânica rendeu ótimos momentos, principalmente a partir da chegada de Daniela (Louise Cardoso), suposta filha de Naná, que veio completar o triângulo amoroso e também tentar se apropriar da fortuna de Antero. Mais tarde, descobrimos que se tratava de uma impostora. A verdadeira Daniela, vivida por Cristina Pereira, acabou aparecendo no último capítulo da novela.


VOCÊ ME INCENDEIA...


“Cambalacho” também é lembrada pela galeria de personagens inesquecíveis. Além dos já citados, a novela também contava a história de Albertina Pimenta, ou Tina Pepper, inesquecível personagem de Regina Casé.  Sempre com o bordão “odeio pobreza” na ponta da língua, Tina vivia inconformada com sua condição social e fazia de tudo para subir na vida. Fã inveterada de Tina Turner, viu a oportunidade de se lançar como cantora. O problema é que a moça era pra lá de desafinada. Com isso, entra em ação sua mãe, Lili Bolero, verdadeiro show da excelente e saudosa Consuelo Leandro. Cantora fracassada, Lili vivia frustrada e culpava Angela Maria, que a vencera em um concurso de calouros, por sua carreira não ter decolado. Com isso, Tina só dublava enquanto Lili era quem cantava de verdade (anos mais tarde, Sílvio utilizou desse mesmo expediente em “Torre de Babel”, em que Johnny Percebe, interpretado por Oscar Magrini, fingia que cantava e era dublado por seu irmão, Boneca, vivido por Ernani Moraes).


Lili era apaixonada por Jejê e grande rival de Naná, mas também flertava com Tio Biju (Emiliano Queiroz), pacato costureiro que criou, com dificuldade, três sobrinhos: Atos (Flávio Galvão), Portos (Mauricio Mattar) e Aramis (Paulo Cesar Grande), por quem Tina era apaixonada. Uma das sequências mais engraçadas que me recordo da novela foi quando Tina roubou o livro “Os segredos da salamandra”, e fez um feitiço para que Aramis se apaixonasse por ela. Para isso, ela tinha que ferver uma cueca dele e beber o líquido depois. Tudo certo, se ela não tivesse pegado a cueca errada. Portos acabou encantado pela moça. No final, Tina alcança o estrelado usando sua própria voz. Quem não se lembra dos versos de seu megahit “você me incendeia / seu corpo serpenteia / e me deixa louca / com água na boca”, cantado por ela incessantemente durante a novela? Lili acabou desfazendo o mal entendido com Angela Maria, que fez uma participação da novela, e terminou como cantora de uma churrascaria chamada “Traseiro de Boi”.


PERIGOSA...



Voltando à trama principal, Naná precisava enfrentar a terrível Andréa. Linda e diabólica, a vilã foi um dos melhores papeis de Natalia do Vale. Apaixononada pelo cunhado Rogério (Claudio Marzo), Andréa fazia de tudo para tirá-lo de sua irmã, Amanda (Susana Vieira). É impossível ouvir a canção “Perigosa”, da banda Syndicatto, sem se lembrar de Andréa e suas armações. Falando em trilha sonora, a internacional era aquela coletânea de sucessos do momento, mas a nacional era personalíssima. As músicas foram criadas especialmente para os personagens. Por isso, apesar do tema de abertura ter sido muito marcante, talvez a que tenha ficado mais presente em meu imaginário é “Armando eu vou”, na voz de Cida Moreira, que era tocada sempre quando Naná aprontava mais um de seus cambalachos.

Além dos atores já citados, Rosamaria Murtinho, Roberto Bonfim, Joana Fomm, Marcos Frota, Andréa Avancini, Duse Nacaratti, Maria Helena Pader, Fabio Sabag, Cristine Nazareth, Leina Krespi, Osvaldo Loureiro e Luiz Fernando Guimarães (impagável como um nobre farsante) completavam o ótimo elenco.



Ao escrever esse texto e relembrar toda essa estória deliciosa, começo a perceber o porquê da novela fazer 25 anos e eu ter a impressão de que não faz tanto tempo assim. É que “Cambalacho” foi tão marcante, me divertiu tanto como espectador e me inspirou tanto como roteirista que, na verdade, ela nunca saiu do meu imaginário. Naná, Jejê, Ana Machadão, Tio Biju, Andréa, Lili e Tina Pepper permanecem no meu rol de personagens inesquecíveis. Essa é emblemática de verdade!
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quinta-feira, 3 de março de 2011

Melão no SuperCult

Pois é, meus queridos, depois de tantas entrevistas realizadas aqui no melão, chegou a minha vez de entrar na berlinda. Convidado pelo queridão Fábio Leonardo Brito, que já foi blogueiro convidado por aqui, cedi uma entrevista ao seu excelente blog, o "SuperCult". Aproveitem e dêem uma olhada no conteúdo do blog, que é ótimo. Fábio fala com competência e assertividade sobre qualquer assunto, desde política a pornochanchada. Uma maravilha! Obrigado pelo espaço e pelo convite, Fábio!

Segue o link para minha entrevista. Espero que gostem:
http://supercult01.blogspot.com/2011/03/supercult-entrevista-o-sr-melao-vitor.html

Ah, aproveitando o ensejo, segue o link para uma entrevista minha publicada aqui no ano passado, em que fui entrevistado pelos próprios leitores do blog. Recordar é viver:
http://euprefiromelao.blogspot.com/2010/07/o-melao-entrevista-o-criador-do-melao.html

Abraços a todos e continuem preferindo melão! E sucesso para o SuperCult!

Prefira também: