quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Temas e Trilhas: Gal Costa

                                                                                                                                                                     


Foto: Thomas Baccaro

O melão inaugura uma nova seção: meus 10 temas favoritos em novelas e séries de algum cantor, cantora ou grupo. Na estreia, uma grande estrela e aniversariante da semana: Gal Costa, uma verdadeira recordista de sucessos em novelas. Confesso que sou muito fã dessa cantora. Gal é a favorita do meu pai e Bethânia, de minha mãe. Cresci ouvindo as duas. Passei minha infância em volta aos seus LP's. E como são os temas de Gal em novela são muitos, foi difícil chegar a apenas 10. O critério, claro, é sempre afetivo: canções de novelas que gosto ou que me marcaram de alguma forma. Vamos a elas.
                                                                                                                                                                 

 10) SOLIDÃO (Tom Jobim / Alcides Fernandes) – novela “O DONO DO MUNDO” (1991)

Impossível não se lembrar das desventuras de Márcia (Malu Mader), arrasada, caminhando pelas ruas após ter sua vida destruída pelo médico Felipe Barreto (Antonio Fagundes) e não ligar a cena à bela canção de Jobim. Marcia fora enganada pelo vilão e enquanto sofria ao som da canção planejava vingança e tentava esquecer seu algoz no folhetim de Gilberto Braga. Lembro de Malu Mader andando pela rua desolada, quase sendo atropelada por um carro ao som dessa canção. Gal nos oferece uma interpretação doce, triste na medida, sensível. Vale sempre a pena ouvir de novo.


                                                                              
                                                                                                                                                                   
9) FORÇA ESTRANHA (Caetano Veloso) – novela “OS GIGANTES” (1979)


Não vi nada além do último capítulo e algumas cenas avulsas dessa novela de Lauro Cesar Muniz. Mas de posse da informação que esse era o tema de Paloma (Dina Sfat), não fica difícil imaginar o poder da interpretação da atriz aliada à sensível interpretação da cantora. Aliás, nada mais adequado, já que tanto Gal quanto Dina são duas forças da natureza. Tomara que um dia consiga conferir alguma cena da novela em que isso aconteça. Um clássico!





                                                                                                                                                                     
8) NADA MAIS (Stevie Wonder – VS. Ronaldo Bastos) – novela “CORPO A CORPO” (1984/85)

O ano era de 84. Debora Duarte e Antonio Fagundes se divorciavam na novela de Gilberto Braga. Na vida real, meus pais também, portanto me identificava totalmente com o sentimento de Selton Mello, que vivia o filho do casal. O tema era de Tereza (Gloria Menezes), pomo da discórdia do casal e me recordo remotamente de algumas cenas com essa bela versão do disco “Profana”. Mas a lembrança mais forte mesmo é que foi o tema da separação na minha própria casa e de ouvir essa canção incontáveis vezes na sala de casa quando meu pai colocava o LP no moderno 3 em 1 (risos!). Detalhe: meu pai sempre foi COM-PLE-TA-MEN-TE apaixonado por Gal e ama essa música que, de fato, foi emblemática naquele momento e perdura até hoje em minha memória.

                                                                                                                                                                        


7) ALGUÉM ME DISSE (Evaldo Gouveia / Jair Amorim) – novela “TIETA” (1989/90)


No início, impliquei um pouco com essa música na novela de Aguinaldo Silva, pois amava o tema anterior do casal Elisa e Timóteo (Tássia Camargo e Paulo Betti), “Eu e você”, na voz de José Augusto. Mas, não sei se, pela canção tocar tanto na novela, ou se pela perfeita junção de arranjo, voz e adequação à trama, hoje é uma das minhas preferidas da maravilhosa trilha sonora de “Tieta”. Até hoje quando a música toca no rádio, me vem imediatamente à memória os encontros e desencontros desse casal, que fez o maior sucesso na época. Sem contar que, tudo de “Tieta” é inesquecível pra mim. Inevitável: “Alguém me disse”, na voz de Gal também me transporta imediatamente para as dunas do Agreste.


                                                                                                                                                                    
6) FUTUROS AMANTES (Chico Buarque) – novela “HISTÓRIA DE AMOR” (1995)

A canção é indiscutivelmente deslumbrante. Na voz de Gal e no arranjo inspiradíssimo de Jacques Morelembaum do disco “Mina d’água do meu canto” é de fazer chorar. E como harmonizou perfeitamente com o bonito romance de Carlos e Helena (José Mayer e Regina Duarte) em “História de Amor”, delícia de novela de Manoel Carlos. O texto sempre inspirado do autor aliado às belíssimas paisagens do Rio e Gal, aqui doce, serena, entregue à paixão, em estado de graça. Até hoje me arrepio. Como é bonita essa gravação...



                                                                                                                                                                    

5) E DAÍ (Miguel Gustavo) – novela “CIRANDA DE PEDRA” (2008)

Quando comprei o CD “Todas as coisas e eu”, confesso que outras faixas me chamaram mais a atenção. Mas logo que assisti ao clipe de apresentação da “Ciranda de Pedra”, me arrebatei. De fato, é uma canção perfeita para a trama de Laura (Ana Paula Arósio) que, reprimida pelo marido, ainda mantinha o pensamento e o coração livres. A sequência da personagem no carro passando por um túnel de São Paulo, feliz, com a sensação de liberdade, é bonita de mais e um dos grandes momentos da novela de Alcides Nogueira que, assim como a canção, conta a história de um amor que nenhuma repressão ou proibição pode matar.


                                                                                                                                                                    

4) BABY (Caetano Veloso) – minissérie “ANOS REBELDES” (1992)

A ficção se misturava com os acontecimentos históricos nessa antológica minissérie de Gilberto Braga. João Alfredo (Cássio Gabus Mendes) presenteia Maria Lúcia (Malu Mader) com o disco de uma nova cantora chamada Gal Costa. Juntos ouvem “Baby” e reafirmam seu amor. É verdade que Caetano compôs a música para a mana Bethânia cantar, mas essa versão de 68 de Gal é definitiva e muito representativa da época. Muitos anos e muitas interpretações de Gal depois, essa permanece como uma das minhas favoritas. Continuo me identificando.




                                                                                                                                                                          
3) SÓ LOUCO (Dorival Caymmi) – novela “O CASARÃO” (1976)

Sim, a canção também foi tema do amor de D. Pedro e Domitila (Marcos Pasquim e Luana Piovani) na minissérie “O quinto dos infernos”. Mas vai ser definitivamente lembrada como tema de abertura dessa novela cultuada por muitos que a assistiram e que suscita curiosidade de quem não a assistiu. Impressionante como Caymmi conseguia sintetizar tanto sentimento, colocar tanta intensidade com tão poucas palavras. “O casarão” falava de um amor que nem o tempo foi capaz de apagar e a canção traduz perfeitamente essa loucura, inerente apenas aos que amam demais, no caso, João Maciel e Carolina, interpretados pelos inesquecíveis Paulo Gracindo e Yara Cortes. E, lógico, um dos maiores clássicos da carreira da cantora.


                                                                                                                                                                      

2) MODINHA PARA GABRIELA - (Dorival Caymmi) – novela “GABRIELA” (1975)

Quando lembramos de Sonia Braga na pele da fogosa protagonista da novela, a voz de Gal nos vem imediatamente à memória. Aliás, a própria fora convidada para viver Gabriela antes de Sonia Braga. Uma das mais famosas gravações da cantora e mais uma pérola de Dorival Caymmi, que compôs especialmente para a trama das dez. Gal, através de sua interpretação, encarna a própria Gabriela: sensual e brejeira. Inevitável: Gabriela nos remete a Sonia, mas também nos remete a Gal. Caiu como uma luva para a abertura da novela de Walter George Durst, baseada na obra de Jorge Amado.




                                                                                                                                                                      
1) BRASIL (Cazuza / George Israel / Nilo Romero) – novela “VALE TUDO” (1988/89)

Emblemática é pouco! Mais do que o tema de abertura de uma das mais célebres novelas de todos os tempos, essa canção pode figurar em qualquer lista de grandes temas de novelas. O poderoso arranjo, aliado à poesia corrosiva de Cazuza e o vigor da interpretação de Gal, fizeram de “Brasil” o clássico dos clássicos dos temas de novela da cantora. Quem assistiu à novela de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Basséres não tem como não se lembrar da canção e imediatamente remetê-la à famosa banana que Marco Aurélio (Reginaldo Faria) deu para o Brasil, a Odete Roitmann (Beatriz Segall) sendo morta por Leila (Cássia Kiss) e ao embate de Raquel (Regina Duarte) e Maria de Fátima (Glória Pires). Sei não, mas fica difícil imaginar um grande clássico como “Vale Tudo” sem essa canção como tema. E, lógico, na voz e no poder de Gal.
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E vocês, meus queridos? Quais são seus temas de novelas favoritos na voz de Gal? Compartilhem suas lembranças!

                                                                                                                                                                     

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Melão Express – Rapidinhas, mas saborosas – Ed 10


Ø  AGUINALDO É CARIOCA, MEIRRRMÃO!


Mesmo com uma semana de atraso, não posso deixar de registrar aqui o evento maravilhoso que aconteceu no último dia 21, no Retiro dos Artistas: Aguinaldo Silva recebendo o título de Cidadão Carioca. A classe artística compareceu em peso: autores como Bosco Brasil, Ana Maria Moretsohn, Tiago Santiago e Maria Elisa Berredo;  atores  como Osmar Prado (que leu lindamente o discurso de Aguinaldo), Carmem Verônica, Iris Bruzzi, Licurgo Spinola, Kadu Moliterno, Othon Bastos, Fátima Freire, Juliana Alves, entre muitos outros, bem como as eternas estrelas das novelas de Aguinaldo como Renata Sorrah, Lilia Cabral, Rosane Goffman, Tânia Alves e Betty Faria. Falando em Betty, entrei com ela de braços dados no evento. Sempre exuberante, carismática e esbanjando simpatia. Tive o prazer de privar de sua companhia durante a cerimônia. Confesso que jamais vou esquecer esses momentos ao lado de minha diva maior. Conversamos sobre vida, carreira e vou seguir à risca seus conselhos. Grande Betty. Fiquei tão bestificado que nem uma foto lembrei de tirar! Sou uma anta! Coincidência ou não, quando Betty foi cumprimentar Aguinaldo, a banda que tocava no evento, “DNA”, entoava os versos de “Tieta”, de Luiz Caldas. Qualquer noveleiro adoraria assistir a essa cena. Durante a solenidade, Susana Vieira fez um discurso e foi muito elegante ao citar outras atrizes presentes, dizendo que qualquer uma delas poderia estar ali em seu lugar, já que Aguinaldo presenteou a todas com papeis maravilhosos e inesquecíveis. Maria Elisa Berredo, Stepan Necessian e Jackeline Barroso também discursaram para um Aguinaldo visivelmente emocionado com as lembranças de sua gloriosa trajetória pela Cidade Maravilhosa. Os pupilos de Aguinaldo, meus queridos amigos, escolhidos através da Master Class, para escrever com ele sua próxima novela, também estavam lá. Enfim, foi uma noite memorável para todos. E Aguinaldo agora pode encher a boca e repetir: sou carioca, meirrmão, qualé?”. Parabéns, querido! Jackeline, show de bola! Queremos mais surpresas como essa! E muitos beijos para Betty Faria, que fez de minha noite, um momento inesquecível!

 

Ø      Ainda bem que o Canal Viva está gradativamente abandonando seu perfil de emissora destinada ao público classe “C” feminino e está cada vez mais se tornando um espaço onde podemos revere grandes e moemoráveis sucessos.  Por enquanto, as sessões nostalgia são majoritariamente de programas dos anos 90. Mas com a estreia de “Vale Tudo” para o próximo dia 04, nossas esperanças de que o baú de maravilhas televisivas seja aberto de vez, aumentam cada vez mais. Começo a acreditar que temos memória sim, e que a telenovela não é um gênero tão descartável quanto sempre se pensou. Quando uma obra de dramaturgia é boa, vale a pena ver de novo em qualquer época, seja filme ou até mesmo novela. Que o Viva continue bombando cada vez mais!

Ø  E HOJE NÃO PERCAM A ESTREIA D’A ESTREIA’

E para terminar, uma excelente notícia. Meu amigo mais que querido e colega hiper-talentoso, Eduardo Secco (Duh para os íntimos), faz hoje sua estreia como roteirista, ao lado de Raphael Paiva, com a minissérie... “A estreia”, que vai estar disponível no canal Casablanca. Quem quiser conferir, só acessar: www.canalcasablanca.com.br



O talento do rapaz já conheço de longe. Que bom que agora todos vão poder comprovar.

A mini é focada em jovens que acreditavam em um imediato ingresso no mercado de trabalho, logo que se formassem. Mas não é o que acontece. Estão a um ano na procura por emprego e até agora, nem sombra. É quando Celo e Mônica se reencontram. Ambos estudaram juntos no ensino infantil e fundamental. Não se cruzaram durante a faculdade, embora tenham se formado no mesmo ano e na mesma instituição. Papo vai, papo vem, ambos chegam a uma conclusão absurda, de que ainda se sentem universitários devido ao fato de não terem tido um baile de formatura (a universidade cancelou a realização do mesmo como punição por um trote violento). Eles batalham pelo baile de formatura e conseguem realiza-lo. Mas como nada muda após a festa, Celo e Mônica precisam rever seu conceitos outra vez. É quando chegam a conclusão de que, se são capazes de promoveram uma festa como aquela, também estão aptos a produzirem oportunidades de trabalho, a construírem um negócio próprio. Eles cansam de ver a vida passar em vão e partem pra luta,
batalhando pelo projeto de uma casa de artes que abasteceria o circuito cultural de Curitiba. Em suma, é isso. Celo e Mônica mobilizam antigos amigos em prol do projeto. E enquanto esta trama se desenvolve, rola muito romance, azaração, traição, intriga... A minissérie possui também discussões mais relevantes (não muito aprofundadas por conta de sua pequena duração), tais quais os conflitos entre pais e filhos e homossexualidade.

Serão onze capítulos, disponibilizados a partir do dia 27, às 22h, no site www.canalcasablanca.com.br  O site vai contar não só com os capítulos, mas também com making of e ferramentas de interatividade, como o Twitter e o Orkut.

Duh, meu querido, merda pra todos vocês e que sua “estreia” aconteça com o pé direito! Você é um exemplo de talento, criatividade, gentileza e amizade à toda prova. Merece tudo de melhor! 

E quem quiser conferir uma entrevista exclusiva de nosso queridão, segue o link para o blog "SuperCult", de Fábio Leonardo:
http://supercult01.blogspot.com/2010/09/entrevista-com-eduardo-secco-autor-de.html

Abraços e até a próxima edição!
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P.S: Quem não chora, não mama! Como eu reclamei que não tinha nenhum registro de meu encontro com a Betty, recebi de Raphael Viana, que produziu um video do evento e meus queridos amigos José Marques Neto e Nilson Xavier capturaram as imagens pra mim. Eis o vídeo e o registro. Obrigado, amigos!
http://www.youtube.com/user/RVVIANNA#p/a/u/2/gu_H5wyfiA8


                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           

sábado, 25 de setembro de 2010

Blogueiro convidado: Eddy Fernandes fala de “Separação?!”

                                                                                                                                                                 
 Muitíssimo jovem, mas com talento para a escrita digno de veterano, o queridíssimo Eddy Fernandes, diretamente de Manaus, nos deu a honra de ser o novo blogueiro convidado do melão. A julgar pelos textos televisivos que já li do moço, posso assegurar que ele vai longe! Quando seu nome figurar nos créditos de alguma abertura de novela, tomara que todos se lembrem de que ele escreveu por aqui um dia...
Além disso, ele também possui um blog engraçadíssimo, Tá Fun, que fala das dores e delícias de seu cotidiano, bem como relata as agruras da vida moderna com um humor inteligentíssimo, repleto de ironia e sarcasmo na dose exata. Não deixem de visitar!
Mas, como por aqui o assunto é teledramaturgia, Eddy nos brindou com um texto sobre a excelente Separação?!” escrito momentos após ir ao ar o último episódio da primeira temporada da série. Olha só que chique! Uma informação importante: para postar um texto por aqui, o blogueiro convidado não precisa absolutamente ter a mesma opinião do dono deste melão, mas nesse caso posso dizer que concordo em gênero, número e grau com tudo o que o texto diz e assino embaixo. Fala aê, Eddy!

E NO FIM, NEM HOUVE SEPARAÇÃO
Por Eddy Fernandes

Acaba de ir ao ar o último episódio da série “Separação?!”, escrita pelo casal Fernanda Young e Alexandre Machado. E devo confessar que estou me sentindo um pouco órfão. Nos últimos cinco meses, eu me deliciei com as peripécias do casal Karin (Débora Bloch) e Agnaldo (Vladimir Brichta), que (sobre) viviam num verdadeiro cabo de guerra. Como sugere o título, a série trata da separação iminente do casal. Evidentemente, toda a trama é conduzida com humor, mas um olhar mais apurado, podia perceber um pezinho no drama. À primeira vista, “Separação” poderia soar como uma mera reedição de “Os Normais”, sucesso da dupla que partiu em 2003 deixando muitos fãs, saudades enormes e alguns filhotes (dois longas-metragens), mas desde o primeiro episódio, a série mostrou buscar um caminho diferente daquele percorrido por Rui e Vani. Enquanto em “Os Normais”, os protagonistas funcionavam como uma espécie de metáfora de vários casais, “Separação?!” se concentrava em apenas um tipo de casal – os casais em crise – que após um longo período juntos, começam a se sentir infelizes, e a se questionar se vale à pena insistir no relacionamento ou não. A premissa interessantíssima foi muito bem desenvolvida pela dupla de autores, que usou de muita comédia nonsense e altas doses de escatologia para escrever o roteiro.
Logo a princípio, fomos apresentados aos ótimos coadjuvantes da série, que conferiram ao texto toda uma graça extra, e definitivamente, sem eles, “Separação?!” não seria a mesma! Do núcleo de Agnaldo, ficamos conhecendo o peruano De La Vega (criação inspiradíssima de Kiko Mascarenhas), sempre disposto a arrasar com o dia do protagonista; e a sua chefe quase-esquizofrênica Anete (da talentosíssima Rita Elmor), que acabou se revelando um poço de patologias, indo da loucura à ninfomania de um episódio para o outro. No núcleo de Karin, fomos apresentados à hilariante Cinira (da genial Cristina Mutarelli), chefe da “mocinha”, que com seus conselhos absurdos a respeito de relacionamentos, foi levando, aos poucos, o ódio de Karin por Agnaldo à níveis quase estratosféricos! E, por fim, o núcleo neutro, o casal de amigos felizes, Gilda (Cláudia Ventura) e Delgado (Marcelo Várzea), que sempre eram involuntariamente metidos nas discussões de Karin e Agnaldo, e serviam como uma espécie de contraponto às implicâncias dos protagonistas.
Diante deste panorama, os autores construíram uma divertida história, que foi se desenrolando ao longo da temporada, e envolvendo este que vos fala. Aos poucos, criou-se a expectativa “Afinal, Karin e Agnaldo vão mesmo se separar?”. Se a princípio, a separação era quase dada como certa – visto que a convivência entre os dois havia se tornado algo, por assim dizer, insuportável – com o tempo, criou-se uma incógnita, pois Karin e Agnaldo começaram a demonstrar que lá no fundo (e bota fundo nisso...) ainda sentiam algo um pelo outro. Agora, daí a chamar esse “algo” de amor, já seria um exagero... E no meio disso tudo, o espaço para excelentes piadas, recheadas de anarquia, sempre mantendo o espírito da série. Como, por exemplo, o divertidíssimo episódio que sacaneou com as cafoníssimas letras traduzidas, quando Karin e Agnaldo protagonizaram um hilariante clipe (quase) romântico ao som da chicletíssima “Wants To Be The First To Say Goodbye”, de Gladys Knight; à medida que o tempo foi passando, as referências à cultura pop foram aumentando; Como esquecer de Karin, literalmente enlouquecendo, no engarrafamento ao som de “Bete Balanço”? E a sequência em que Anete relata a sua transa com Agnaldo em seu microblog na Internet? Ou ainda: Karin perguntando à Cinira, no primeiro episódio, se ela a seguia no Twitter? Ainda houve espaço para tiradas inesquecíveis, como os trocadilhos dos últimos episódios, a respeito dos advogados contratados, respectivamente, por Karin e Agnaldo para uma possível entrada no processo de divórcio: “Costa Aquino Pinto” e “Paula Vadinho”.
Assim foi “Separação?!”, que procurou brincar com todos os clichês das histórias românticas, subvertendo-os. E mostrando que ainda é possível cativar e repercutir, com um texto de humor inteligente, sem precisar se render a esse público preguiçoso da TV aberta atual, que espera a piada vir mastigadinha. Evidentemente, nem tudo foram flores. Houve um excesso de escatologia como, por exemplo, os constantes acidentes com Agnaldo, explorados quase que à exaustão e também as incorreções com as crianças, sempre no limite entre o ideal e o exagero. Mas aí é que está a grande graça da série. “Separação” acabou adquirindo, com o tempo, um ar de cartoon, mandando a verossimilhança às favas, construindo uma narrativa por onde transitavam malucos neurastênicos, todos muito bem azeitados dentro da proposta nonsense do seriado. E era disso que a TV aberta estava precisando. Um show onde brilhasse o politicamente incorreto, e que “Separação?!” volte no ano que vem, para continuar alegrando as nossas noites de sexta-feira.
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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Séries de Tribunal que vão além do veredito do júri.

                                                                                                                                                                    
Não curto muito assistir a séries pela TV e ficar esperando semanas, meses pelo final da temporada. Prefiro assistir em DVD no meu próprio ritmo. Foi assim com “Sex and The City”, por exemplo, minha favorita de todos os tempos. Minhas últimas aventuras nesse universo foram, coincidentemente, duas séries de tribunal. Tirando o fato dos protagonistas serem advogados, as duas não tem mais nada em comum: uma é bem água com açúcar, leve, divertida, engraçada; a outra mistura drama, thriller e deixa o espectador atônito a cada acontecimento. São “Ally Mc Beal” e “Damages”, respectivamente.


Ok. “Ally Mc Beal” não é novidade pra ninguém, já que se trata de uma série exibida no século passado. Sempre me falavam dela, flertávamos de vez em quando, mas nunca engatamos, de fato, um namoro. Só agora, depois de assistir a três temporadas de uma tacada só, foi que, finalmente, me deixei seduzir. A princípio, parece mais uma daquelas séries “mulherzinha”, cuja mocinha, desafortunada no amor, busca por um príncipe encantado. Na verdade, é isso mesmo! Mas não é apenas isso. A série tem aquele “mel” que nos atrai e nos faz querer assistir mais e mais a cada próximo episódio. E isso se deve em grande parte ao excelente elenco e personagens muito bem delineados. Ninguém ali é exemplo de perfeição. São todos excêntricos, as situações são totalmente suigeneris e o que parece soar como politicamente correto, na verdade, é o total oposto: o machista que orgulha de ser machista, a vagaba que adora ser vagaba, a megera que rosna e processa meio mundo, o tarado por papadas e por aí vai... Todos ali convivendo em perfeita harmonia. Possui um tipo de humor bastante peculiar, em que algumas metáforas são representadas literalmente, lembrando de leve “Armação Ilimitada” e, embora seja uma comédia, a história não se esquiva do drama. No fim das contas, é uma grande ode à amizade. Além da protagonista, a gracinha Calista Flockhart, de “Brothers and Sisters”, o elenco conta com a lindinha Courtney Thorne-Smith, (a Allison de “Melrose”, lembram?), Lucy Liu, muitíssimo à vontade em comédia e Peter Mc Nicholl, como John Cage, o melhor personagem da série: o adorável esquisito chefe do escritírio, que tem como algumas excentricidades o fato do nariz apitar quando fica nervoso, praticar ginástica olímpica no banheiro e possuir uma rã de estimação. As causas defendidas por esses advogados são as mais bizarras possíveis, mas tudo não passa de pretexto para discutirem suas questões pessoais. Quem ainda não conferiu, vale muito a pena um flerte. Mas um aviso: você tem grandes chances de ser conquistado.




Já “Damages” é uma das séries mais aclamadas e premiadas da atualidade. Inicialmente só teria três temporadas, mas o Canal DirecTv já anunciou que vai produzir mais duas. Ótima notícia! Na série, nada é o que parece e a ordem é não confiar em ninguém. Quando a jovem advogada Helen (Rose Byrne) adentrou o escritório de advocacia da temível Patty Hewes (Glenn Close) não poderia imaginar que sua vida iria sofrer uma reviravolta tão radical. O que, no início, nos parece um “O diabo veste Prada” dramático, vai se transformando num thriller eletrizante, cheio de suspenses, viradas, novos elementos a cada cena. Esse último fator acaba sendo um limitador para novos espectadores, pois se não assistirmos desde o início, vamos ficar sem entender muita coisa. O texto é absolutamente perfeito. Quando o espectador pensa que já está descobrindo tudo, algo inesperado acontece e complica ainda mais a trama, muitíssimo bem urdida. Poucas vezes vi algo tão bem feito e bem pensado. O mote central parece ser sempre a luta de Patty e Helen contra milionários poderosos, mas na verdade, trata-se de um novelão dos bons, com direito a vinganças, conflitos, mortes, paixões e grandes cenas. O elenco todo é excelente, mas confesso que não teria a menor graça se a terrível Patty Hewes não fosse interpretada por Glenn Close. Aliás, o que dizer de Glenn Close? Premiadíssima por seu papel na série (alguém consegue explicar por que Gwyneth Paltrow e Reese Whiterspoon já ganharam um Oscar e Glenn Close, não?), a atriz faz misérias apenas com o olhar, com a expressão. Há atores bons, há atores excepcionais e há gênios. Glenn Close, sem dúvida, se encaixa na terceira categoria. Patty Hewes vai da contenção à fúria, da ternura ao ódio, do poder à fragilidade com uma facilidade impressionante. Só mesmo uma atriz com tantos e tão maravilhosos recursos para segurar o papel e hipnotizar o público. Enfim, mesmo se “Damages” não tivesse as inegáveis qualidades que possui, já valeria a pena simplesmente pelo fato do privilégio de vermos Glenn Close interpretando. Já devorei duas temporadas e aguardo ansiosamente pela terceira.
                                                                                                                                                                                   
Enquanto isso, estou órfão de séries. Alguém me sugere alguma?
                                                                                                                                                                     

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Blogueiro convidado: Aladim Miguel fala sobre encontro de divas no CCBB

                                                                                                           
Queridos, o melão está tão chique que já ganhou até um repórter! Como não pude comparecer ao maravilhoso evento no CCBB sobre a história das telenovelas, convoquei o querido amigo Aladim Miguel, criador do incrível Arquivo Lucélia Santos , site caprichadíssimo em fotos e informações, totalmente dedicado à carreira da atriz. Além de “luceólogo”, Aladim é noveleiro de carteirinha, fã e entendedor profundo de teledramaturgia. Portanto, não poderia estar melhor representado. Aladim foi de uma gentileza imensa em relatar tudo o que presenciou no encontro. É com você, amigo!
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“A História das Telenovelas” no CCBB

por Aladim Miguel



A noite do dia 31 de Agosto de 2010 foi especial para os amantes da boa telenovela brasileira, o encontro de duas divas da nossa teledramaturgia – Nathália Timberg e Sonia Braga - foi um prato cheio para quem gosta de conhecer mais da história de uma época de ouro da nossa televisão brasileira. O evento “A História da Telenovela”, idealizado pelo Profº Hermes Frederico, lotou o Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil (RJ), com um bate papo leve e divertido e com direito a várias imagens clássicas das participações das convidadas em momentos antológicos da telenovela brasileira no telão.


Nathália Timberg, O Direito de Nascer e a Força das Telenovelas:



O evento começou ás 18: 30 com a entrada da atriz Nathália Timberg - uma de nossas maiores Damas do Teatro – que se surpreendeu ao se deparar com a platéia lotada e comentou “Vocês gostam mesmo de novelas hein!”. A atriz começou a contar suas curiosidades sobre as novelas a partir de sua estréia no gênero em “O Desconhecido” (1964) - novela produzida pela TV Rio e exibida em São Paulo pela TV Record - nesta novela ela criou um grande vinculo de amizade com Nelson Rodrigues que era responsável pela autoria da novela. Depois ela comentou o seu maior sucesso na TV: a irmã Maria Helena do clássico “O Direito de Nascer”, da TV Tupi em 1964, que segundo palavras dela “quase me canonizou” disse rindo e levando a platéia às gargalhadas, lembrou que parava multidões só com um simples aceno e do fenômeno que compareceu à festa de encerramento aqui no Ginásio do Maracanãzinho em 1965. Depois da apresentação de um vídeo histórico sobre este evento, Nathália lembrou sua estreia na TV Globo em 1967 com “A Rainha Louca”, em que fez a protagonista, ao lado de Rubens de Falco, de quem lembrou vários bons momentos de parceria nesta trama. Em um momento bastante delicado do bate papo Nathália criticou os jovens atores e a linguagem das telenovelas atuais: “Precisam cuidar um pouco mais da linguagem das telenovelas brasileiras atuais. A nossa língua é muito maltratada. Cada vez mais o povo fala muito mal o português e os autores, com essa história de retratar a realidade da vida, estão esquecendo-se de fazer bons textos também”. Sobre seu contato com a grande Ivani Ribeiro, relembrou dois trabalhos marcantes na TV Excelsior: “O Terceiro Pecado” (1968) e “Dez Vidas” (1969/70), essa última com direito a exibição de uma cena pequena da novela. Também lembrou de uma época em que os atores de teatro tinham grande preconceito em atuar em telenovelas e relutavam muito em aceitar os convites, lembrou com carinho de duas produções que foram encabeçadas por ídolos do teatro: as primeiras versões de “A Muralha” ( TV Excelsior - 1968/69), de Ivani Ribeiro – com quem havia feito grande sucesso em “O Terceiro Pecado” (TV Excelsior -1968), trama mais conhecida por nós através do seu remake na TV Globo com o nome de “O Sexo dos Anjos” (1989/90) – e “Sangue do meu Sangue” de Vicente Sesso (TV Excelsior em 1969/70). Marcada por grandes vilãs, Nathália teve sua porção romântica exibida no telão com uma cena de “Escalada” (de Lauro César Muniz – TV Globo - 1975), onde representou uma professora que se apaixona por um rapaz mais jovem interpretado por Ney Latorraca. Para finalizar o bate papo foi debatida a parceira da atriz com o autor Gilberto Braga em “O Dono do Mundo” (TV Globo – 1990/92), onde ela arrasou na pele da soberba Constância Eugênia, e em “Força de Um Desejo” (1999/2000 - esta em co-autoria de Gilberto com Alcides Nogueira), onde voltou a dar um show de interpretação como a pérfida Idalina e comentou sobre sua volta ás obras do autor em “Insensato Coração”, título provisório de sua próxima novela das 8 para a TV Globo em parceria com Ricardo Linhares, em que ela fará uma personagem rica e do bem como a Celina de “Vale Tudo” (1988/89). Sob aplausos, agradeceu ao público e deu passagem a outra diva: Sonia Braga, que foi sua filha na novela “Força de um Desejo”.


Sonia Braga relembra 35 anos de “Gabriela’



A entrada esfuziante da não menos esfuziante Sonia Braga foi marcada por sua já famosa dança do véu que faz a alegria dos fotógrafos. Sonia, linda e em forma, no alto de seus 60 anos, já conquistou a plateia na entrada com muitos aplausos. Ela começou seu bate-papo lembrando sua sofrida trajetória de vida, desde a morte de seu pai quando ela tinha 9 anos, quando sua família perdeu tudo até sua primeira oportunidade na TV no programa infantil “Jardim Encantado” a convite do novelista Vicente Sesso. Depois de ser recepcionista e de ter sido secretária em um Buffet, ela ainda tentou ser modelo, muito influenciada por seu irmão Hélio, presente na plateia. Sonia não passou nos testes, mas ganhou uma forcinha do cantor Ronnie Von, que a contratou para seu programa de TV. Sobre teatro ela comentou que não gosta de fazer e que a única experiência que teve foi no clássico musical “Hair”, em que aparecia nua. A atriz parabenizou os atores que gostam e que conseguem fazer TV, cinema e teatro ao mesmo tempo, pois ela não tem esta disposição toda. Foi exibida no telão uma cena da estreia de Sonia na TV Globo em “Irmãos Coragem” (1970/71), de Janete Clair, onde ela comentou que já fez sua estreia usando uma peruca e sendo a rival da índia Potira, da grande Lúcia Alves. Sonia lembrou sua parceira com Janete em mais duas novelas: “Selva de Pedra” (1972/73) e “Fogo Sobre Terra” (1974/75), onde ressaltou a alegria do elenco nas gravações e de sua grande satisfação ao contracenar com a falecida atriz Dina Sfat. Um dos momentos mais curiosos foi a de sua contratação para ser a Gabriela (TV Globo – 1975), novela que a tornaria musa nacional e internacional, principalmente em Portugal, onde era recebida em carro aberto com o comércio fechado, ela comentou que se sentia uma rainha e que isso jamais se repetiu ao longo de sua carreira. Sonia conta que o diretor Daniel Filho tinha visto seu desempenho no Caso Especial “Caminhos do Coração”, de Domingos de Oliveira (TV Globo – 1974), em que ela aparecia super bronzeada - segundo ela, fruto de um tórrido romance que viveu na vida real em Paraty - no episódio “Sonia, a hippie” e a indicou para o temido diretor Walter Avancini que, segundo ela, era um doce de pessoa e só exigia o mínimo dos atores: pontualidade e seu texto decorado na ponta da língua. Foi uma surpresa quando o diretor a chamou para uma conversa e a revelou que ela seria “A” Gabriela na novela homônima de Walter George Durst (TV Globo – 1975), mas que tudo deveria ficar em segredo até uma coletiva com a imprensa onde ela seria apresentada ao escritor responsável pela obra, o baiano Jorge Amado, que arrancou risos dos jornalistas ao responder a pergunta: Porque o senhor escolheu a Sonia Braga para ser a Gabriela? E ele respondeu “Ora, porque somos amantes!”. Depois de narrar este episódio engraçado o telão exibiu outro clássico da teledramaturgia “Dancin’ Days” (TV Globo – 1978/79), onde ela lançou moda e arrasou nas pistas de dança ao lado de Paulete, que foi seu coreógrafo. Sonia contou que não se sentia preparada para viver uma personagem com uma carga dramática tão grande e com uma idade acima da sua na época. Ela conta que fez o teste com as atrizes Lídia Brondi e Glória Pires, que acabou ficando com o papel de sua filha Marisa. Sobre a sua saída das telenovelas em “Chega Mais” (TV Globo – 1980), Sonia comenta, rindo, que a mídia colocou a culpa pelo fracasso da novela no seu corte de cabelo. Falou que é muito desagradável quando um trabalho é rejeitado pelo público e que os atores ficam em uma situação muito constrangedora, mas que também lembra com carinho da forte ligação dela com os atores Renata Sorrah e Tony Ramos durante a exibição. No final do bate papo, Sonia falou: “Eu estou muito emocionada em rever tudo o que fiz na televisão e olhar várias pessoas queridas que já se foram e eu ainda aqui, viva, contando essa história”. A diva ainda deu um selinho no professor Hermes Frederico e saiu bastante aplaudida por todos os presentes, que ainda tiveram a chance de tirar muitas fotos e pegar autógrafos com a simpaticíssima atriz. Detalhe: para os que estão com saudades de Sonia Braga, ela estará de volta à TV Globo na série “As Cariocas”, ao lado de Antônio Fagundes e Regina Duarte, com direção de Daniel Filho, prevista para estrear em outubro deste ano. Na série, seus personagens terão os nomes de Júlia, Cacá e Malu em uma homenagem a seus clássicos personagens em “Dancin’ Days” e “Malu Mulher” no caso de Regina.

Fotos: Agência News.
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Obrigadíssimo, Aladim querido. Aposto que os leitores do melão estão se sentindo presentes no evento como eu estou sentindo. O melão agradece a luxuosa colaboração!


A diva Sonia Braga e o querido Aladim: amigos de infância...rs!
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