Mostrando postagens com marcador Teledramaturgia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Teledramaturgia. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Alô, capixabas! Melão está chegando por aí...


Queridos, essa semana vou participar de um evento muito bacana em Vitória, que vai abrir o FECIM- Festival de Cinema Independente de Muqui. Fui convidado para ser mediador de uma mesa muito especial sobre telenovela, que contará com os experts Mauro Alencar e Lucia Abreu.
E é claro que vou levar alguns exemplares do melão para uma mini tarde de autógrafos. Terei muito prazer em autografar livros e trocar um dedinho de prosa com quem estiver por lá!
Segue abaixo a programação do evento! Imperdível!



PROGRAMAÇÃO:

18 de Julho de 2013
Cine-metrópolis – Universidade Federal do Espírito Santo

GENTE EM CENA apresenta: “Teledramaturgia Brasileira – Balanços, perspectivas e a relação com as histórias do povo”.

Às 15h00 – Exibição do filme “A Arte de interpretar – A saga da novela Roque Santeiro” – Documentário de Lúcia Abreu. Duração: 85 minutos.

Às 16h30 - Participação de: Mesa de bate-papo “Teledramaturgia brasileira – balanços, perspectivas e a relação com as histórias do povo”. Mauro Alencar (TV Globo), Lúcia Abreu e mediação de Vitor de Oliveira.

Obs: O FECIM oferecerá certificados de participação para todos os estudantes cadastrados. Participação gratuita, sujeito a lotação.

APRESENTAÇÃO OFICIAL DO FESTIVAL DE MUQUI:

Às 18h00 – Mesa de bate-papo inaugural do Festival de Cinema de Muqui 2013: “Imagem, sensibilidade, produção e interiorização do cinema no Espírito Santo”. Participação de: Erly Vieira Jr., Sáskia Sá, Diego Scarparo e mediação de Léo Alves.

19h00 – Apresentação do clipe oficial da 2ª edição do FECIM e apresentação da temática, por Jussan Silva e Silva.

Abertura para entrevistas e trocas de conhecimento.
____________

GENTE EM CENA - Como e por que a novela está cada vez mais próxima da realidade?


Este projeto tem como principal objetivo a análise do processo de produção do gênero “telenovela” para verificação de como essa construção retrata os recortes de atividades e acontecimentos cotidianos por meio da narrativa ficcional.

MESA TELENOVELA:
            No intuito de proporcionar maior abrangência do tema da telenovela no Brasil o FECIM propõe a mesa de bate-papo “Telenovela – Representações do povo, balanços e perspectivas” em parceria com o projeto “Gente em cena”. O foco da mesa é a discussão em torno da representatividade do povo na tela/identificação, bem como abordagem e reflexão em torno dos grandes sucessos que já despontaram na área, envolvendo o público de forma efetiva, com desdobramentos na vida das pessoas e no cotidiano.



PARTICIPANTES:
Convidados:

Lúcia Abreu
Lúcia Abreu é jornalista, produtora, roteirista e diretora. Trabalhou na Europa e no Brasil, onde atuou na TV Globo, passando por programas como Fantástico, Jornal Nacional, Globo Repórter, TV Pirata dentre outros programas e novelas.  Seu último trabalho é o documentário “A Arte de Interpretar – A saga da novela Roque Santeiro”.

Mauro Alencar
Mauro Alencar é mestre e doutor em Teledramaturgia Brasileira e Latino-Americana pela USP, autor dos livros “A Hollywood Brasileira – Panorama  da Telenovela no  Brasil” e das adaptações para romances das novelas Selva de Pedra, O Bem- Amado, Pecado Capital, Roque Santeiro e Vale Tudo. É considerado por jornais, rádios e revistas como um dos maiores especialistas sobre telenovelas no mundo.
Mediador convidado:

Vitor de Oliveira
Vitor de Oliveira é professor, escritor, roteirista e dramaturgo, formado em Letras pela UFRJ. Criador do blog “Eu prefiro melão”, um dos pioneiros a publicar textos de conteúdo próprio voltado para o universo da teledramaturgia, que deu origem ao seu primeiro livro “Eu prefiro melão – melhores momentos de um blog televisivo”. Foi colaborador da nova versão da novela “O astro” (2011) da TV Globo, premiada com o “Emmy Internacional”. 


LANÇAMENTO OFICIAL DO FESTIVAL DE MUQUI (ES):
Como forma de apresentação do Festival de Muqui na capital do Espírito Santo, os coordenadores propõem a discussão do cinema no interior do Estado, refletindo sobre o potencial criativo e imagético presente na tradição e nas expressões do povo capixaba na mesa "Imagem, sensibilidade e interiorização do cinema no Espírito Santo".

PARTICIPANTES:



Sáskia Sá
Sáskia Sá é mestre em Educação pela UFES, Cine Educadora com prática em educação de nível superior e oficinas de realização em roteiro, direção e produção, além de formação cineclubista.

Erly Vieira Jr.
Erly Vieira Jr é cineasta e escritor. Doutor em Comunicação e Cultura pela UFRJ, é professor do Departamento de Comunicação Social da Ufes. Escreveu e dirigiu nove curtas-metragens. Produz e apresenta o programa Outra Escuta, na Universitária FM.

Diego Scarparo
Diego Scarparo é graduado em Artes Visuais - UFES e atua na área de marketing e produção cultural desde 2004. Já participou de produções nacionais como Rio De Jano - HyBrazil Filmes e Viagem Capixaba - TV Cultura. Assina direção d filmes como "Sangue & Rosa" - Petrobras Cultural, O Que Bererico Vai Pensar? - SECULT, O Canarinho Mudo - SECULT.
Mediador convidado:

Léo Alves
Léo Alves é graduando em Jornalismo pela UFOP (MG), escritor, roteirista, cineasta e coordenador de projetos culturais no Espírito Santo. É autor de livros, documentários e filmes de ficção. Atualmente coordena o FECIM, Festival de TV e Cinema de Muqui (ES).

 __________


Esperamos vocês! Até mais...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Teledramaturgia atual: crise de criatividade ou motivação comercial?



Vitor Santos de Oliveira - A.R

Já em pleno século XXI, as novelas continuam sendo nosso principal produto de exportação e maior entretenimento da população. Mesmo com o advento de novas mídias e a chegada de novas gerações, ela permanece reinando absoluta em nossos lares e ainda é o programa mais assistido de nossa TV, ainda que venha perdendo, gradativamente, boa parte de seu público. Por isso mesmo a pergunta: até quando? Será que a novela, ao lado do futebol e da música, sempre terá lugar cativo no coração dos brasileiros?



Acredito que sim, mas sinceramente, o alerta vermelho já foi acionado. Sem dúvida, há algo de podre no reino da Dinamarca. Tá certo que reclamar de novela também é um dos esportes favoritos do brasileiro, mas é impossível quando nos lembramos de novelas do passado como “Vale Tudo” ou “O casarão”, com textos tão primorosos, situações que fugiam do clichê e, principalmente, com uma trama totalmente imprevisível, para vermos que há um abismo qualitativo separando as produções de outrora das produções de hoje.

Antes que me chamem de saudosista, não pretendo levantar essa bandeira. Não acho que um “Vale Tudo” funcionaria nos dias de hoje. Esta e outras novelas antológicas como “Roque Santeiro”, Pecado Capital”, “Guerra dos Sexos”, “Saramandaia”, “Pantanal”, “Tieta”, “Beto Rockfeller”, “O bem amado”, entre outras, deram certo, exatamente por terem sido revolucionárias em seu tempo, por romperem com a “cartilha” estabelecida e, assim, conquistarem um avanço na linguagem televisiva. Mocinhas sem caráter, heróis sem ética ou protagonistas cinqüentões jogando torta na cara um do outro foram na completa contramão da fórmula manjada do folhetim e conquistaram público e crítica, claro que, por um bom texto e boas atuações, mas também pela ousadia e inovação. O público não é bobo e não agüenta mais assistir à mesma novela. Os ganchos que funcionavam ontem já não funcionam hoje. É preciso se reinventar sempre. Se não houvesse transgressão, até hoje estaríamos assistindo a Glória Magadan. E é esse o problema das novelas atuais: as emissoras, com medo do fracasso e da falta de retorno financeiro, não apostam em renovação, tampouco permitem que os autores, já calejados, ousem em alguma coisa. Por isso, nossas novelas estacionaram e há muito não temos uma trama realmente memorável que marcasse época na TV. Qual foi mesmo o último grande sucesso? As últimas novelas memoráveis talvez datem dos anos 80. E não estou falando do antigo horário das dez, que a Globo utilizava para novas experimentações. As novelas realmente revolucionárias e memoráveis habitavam os horários ditos “comerciais”, como foram os casos de Beto Rockfeller", que trouxe a modernidade e a coloquialidade, "Pantanal", que pegou emprestada a linguagem cinematográfica e imprimiu um ritmo único em sua narrativa. No horário das sete, tivemos "Que rei sou eu?" e "Guerra dos Sexos", que inovaram ao seu modo: a primeira por ser uma crítica mordaz e bem humorada, além de trazer a época para o horário das sete; e a segunda pela anarquia total, que ia desde a atores se dirigindo diretamente para a câmera, até citações e alusões a clássicos do cinema. Enfim, uma novela que transitava na corda bamba e soube ser genial. “Bebê a Bordo”, de Carlos Lombardi, também surpreendeu pelo ritmo ágil, texto anárquico e debochado e não deixa de ser um marco.

Mais exemplos: "Roque Santeiro", que universalizou o regionalismo, fazendo de sua Asa Branca, metáfora e metonímia de um Brasil debochado e corrupto. Fugiu totalmente à fórmula do folhetim ao apresentar um trio de protagonistas de caráter mais que duvidoso. Inovou e foi sucesso. Isso sem contar "Saramandaia", que inaugurou o realismo fantástico; "Irmãos Coragem", que trouxe o gênero aventura para o folhetim; "Tieta", que mostrava a relação incestuosa entre tia e sobrinho na maior leveza.

Não sei se entendem onde quero chegar, mas nenhuma dessas tramas que citei tinha uma proposta experimental. Elas inovaram e venceram por elas mesmas, mas acho que não teriam lugar nos dias de hoje, já que tudo o que foge à cartilha do folhetim e dos arquétipos já consagrados, não vem tendo lugar nas emissoras.
Ou seja, a televisão vem produzindo as mesmas novelas há anos. Têm audiência, rendem lucro, etc. e tal, mas não inovam uma linha e com isso, saturam o gênero. Os autores de hoje são quase os mesmos de outrora, mas o público é outro e está ávido por novidade. A TV não está perdendo audiência para a Internet, mas para sua própria falta de ousadia.

Portanto, ainda que a novela seja um produto que representa grande parte da fatia comercial de uma emissora, é preciso abrir os olhos e ver que precisamos inovar. “Os mutantes” da Record, ainda que gere alguma controvérsia, ganha o público pelo inusitado. Ao invés de mocinhas sofredoras e tramas folhetinescas, o público se diverte com as lutas diárias entre mutantes do bem e do mal. De uma forma ou de outra, amada ou odiada, não passa incólume. Na mesma Record, “Vidas Opostas” também apostou na criatividade e na ousadia ao trazer para seu horário nobre a favela mais realista de nossa TV. A Globo, em contrapartida, apostou em “A Favorita” que, se não inovou na estrutura, inovou na narrativa, ao embaralhar a cabeça do público ao não revelar de cara quem era a heroína. Quem sabe se esses três últimos casos não representem uma (tímida) reação do inusitado? Acertando ou errando, precisamos muito dele. Se o inusitado tivesse mais espaço e as emissoras deixassem o medo de lado e permitissem que os autores apostassem na ousadia, o gênero se reinventaria e a novela estaria a salvo. Pelo menos pelos próximos anos...

(Texto escrito em 28/08/2008 e publicado no site da AR - Associação dos Roteiristas : http://www.artv.art.br/informateca/escritos/televisao/teledrama.htm )

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Entrevista: Nilson Xavier – enciclopédia televisiva.

                                                                                                                                                                   
            


"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina". A frase de Cora Coralina me parece adequada para apresentar o novo entrevistado do melão: Nilson Xavier, criador do site “Teledramaturgia” e autor do “Almanaque da Telenovela Brasileira”, dois veículos que são verdadeiras fontes de conhecimento pra todo mundo que ama novelas e afins.
Noveleiro desde pequeno, Nilson anotava em um caderno todas as informações referentes a cada novela no ar. Anos mais tarde, tornou-se analista de sistemas e uniu o agradável ao útil e criou o site “Teledramaturgia”, que contém informações sobre todas, eu disse TODAS as produções teledramatúrgicas de nossa tevê desde os primórdios. Quer saber quem fez parte do elenco de “O sheik de Agadir”? Ou quer conhecer curiosidades sobre a minissérie “Quem ama não mata”? Seja o que for o que você deseja saber, está tudo no site, que atualmente passa por um processo de modernização em seu layout. Realmente um luxo!  Aos poucos, o trabalho hercúleo e importante de Nilson começou a ser reconhecido em várias instâncias e hoje em dia é muito mais do que um mero guia de consulta para telemaníacos. Além de ser procurado por vários estudantes e pesquisadores do gênero, o site também serviu de base para várias publicações importantes, dentre as quais, o projeto Memória Globo. Não satisfeito, Nilson também publicou o “Almanaque da telenovela”, que além de informativo, traz várias curiosidades sobre inúmeras novelas e séries. Feliz de nossa teledramaturgia que pode contar com pessoas como Nilson, que preservam com tanto capricho e carinho a sua memória, trabalho que deveria ser feito pelas instâncias institucionais, pois já está mais do que na hora de reconhecerem que a telenovela está para o Brasil assim como o cinema está para os States.

“Eu prefiro melão” orgulhosamente apresenta: Nilson Xavier!


            Eu prefiro melão - Quais são suas primeiras lembranças televisivas?
Nilson Xavier - Lembro, muito remotamente, de cenas da novela O Semideus (1974): de Tarcísio Meira de cabelos crespos e um casacão escuro, da personagem de Mirian Pires, uma mulher meio enlouquecida. Depois lembro de Fogo Sobre Terra, principalmente do último capítulo, pois me marcou muito a cena em que Nara, personagem de Neuza Amaral, é tragada pelas águas da represa pois se negava a deixar a sua casa. Na seqüência veio Escalada, e já lembro de mais coisas.

Eu prefiro melão - Você tinha a real noção do enorme sucesso e repercussão quando decidiu criar o site Teledramaturgia? Imaginou que ele se tornaria referência, fonte de consulta para estudiosos, acadêmicos e amantes do gênero? Sei que você já respondeu isso milhões de vezes, mas como tudo começou?
Nilson Xavier - Nunca imaginei, juro! E devo tudo isso ao meu amigo Hugo Pitada, que na época mantinha o site “Gilberto Braga On-Line” que me serviu de referência e foi a base para meu site. Na verdade, minha primeira intenção foi migrar para a rede as minhas anotações de mais de 20 anos. Somado a isso, fiz um bom trabalho de pesquisa com a bibliografia que tinha em mãos na época (1999/2000). Claro que o livro de Ismael Fernandes (“Memória da Telenovela Brasileira”) foi minha principal fonte. Mas o site foi crescendo, crescendo, num trabalho incansável.  “De formiguinha” mesmo! E, aos poucos, tornou-se o que é hoje: uma base de dados, com mais de 900 títulos catalogados, de produções teledramatúrgicas nacionais.

Eu prefiro melão - Do site você partiu para o Almanaque da Telenovela. Como surgiu a ideia do livro?


Nilson Xavier - Em 2004 a Ediouro lançou o “Almanaque dos Anos 80”, livro que gostei muito, pela identificação com a época retratada. Então imaginei que seria bastante interessante um livro nos mesmos moldes (tópicos de curiosidades e fartamente ilustrado), mas apenas com informações sobre o universo novelístico. A maioria das curiosidades sobre novelas eu já tinha, através do site. Bastava compilar de uma forma diferente (por temas), colher mais pesquisa, juntar material ilustrativo e pronto! O livro não poderia ser igual ao site, pois não faria sentido publicar algo que já se encontra na Internet. Então eu diria que o livro complementa o site: tem informações que existem no livro mas não existem no site, e vice-versa.

Eu prefiro melão - Você acha que a novela ainda é considerada pela elite cultural como gênero descartável e de segunda linha? Ou o preconceito já diminuiu?
Nilson Xavier - Acho que o preconceito tenha diminuído um pouco de vinte anos para cá, por tanto que se “bateu nesta tecla”! Mas convenhamos que as produções atuais não têm ajudado para melhorar este cenário. Como bem disse o novelista Lauro César Muniz numa entrevista, hoje em dia se nivela por baixo, e a qualidade fica aquém do esperado.

Eu prefiro melão - A que você atribui o sucesso permanente da telenovela em nosso país? Qual a relação do brasileiro com o gênero?
Nilson Xavier - A telenovela é quase uma “instituição nacional”. Muitos a comparam com o futebol e o Carnaval na preferência popular. E eu concordo. E isso se deve ao fato de as emissoras terem criado no brasileiro médio o hábito de ficar ligado na TV diariamente, em horário nobre, através de uma boa história seriada. Somado a isso, ótimos profissionais em excelentes produções.


Eu prefiro melão - Que novelas e autores você considera emblemáticos e primordiais para a história da nossa TV?
Nilson Xavier - Ah, são tantos! Tantos exemplos de novelas marcantes, que ficaram no subconsciente coletivo. Todos – inclusive quem não é fã do gênero - já ouviram falar de O Bem Amado, Roque Santeiro, Vale Tudo, Dancin´Days, Pecado Capital, Selva de Pedra, Irmãos Coragem (foto), Mulheres de Areia, Beto Rockfeller. E neste histórico, os nomes de Janete Clair, Dias Gomes, Ivani Ribeiro, Gilberto Braga, Benedito Ruy Barbosa, Lauro César Muniz, Manoel Carlos e tantos outros serão sempre lembrados!


Eu prefiro melão - De que forma você analisa o atual panorama da produção teledramatúrgica?  Você ainda assiste a novelas com o mesmo entusiasmo do passado? Falta a criatividade e ousadia de outros tempos?
Nilson Xavier  - Acho que o que falta é o público aceitar o novo, o moderno... ou até o revolucionário. Muita coisa mudou de 30 anos para cá. A sociedade, como um todo, por conta dos avanços tecnológicos. Mas - e conseqüentemente - o público de televisão aberta também mudou. Está menos exigente, menos aberto às novidades e menos tolerante às mudanças. Enquanto isso, a classe formadora de opinião está cada vez mais deixando de lado a TV aberta. E isso se reflete nas ótimas produções de teledramaturgia vistas hoje na TV a cabo, e até mesmo na Internet, onde, me parece, é menos nocivo arriscar-se e criar mais.

Eu prefiro melão - Classificação indicativa é uma forma de censura?
Nilson Xavier - Acho que enquanto funcionar como um “alerta” aos pais, não é censura e não atrapalha. Mas a partir do momento que extrapola, faz-se necessário revisar as regras do que “pode ou não pode”. Na minha opinião, a classificação indicativa não deveria podar horários, por exemplo. Acho que cabe aos pais, baseados na classificação indicativa, permitirem ou não o programa a seus filhos. Acho que classificação indicativa é censura quando limita a criatividade por causa de uma grade de programação.

Eu prefiro melão - Em tempos de novas mídias como internet e TV digital, para onde caminha a teledramaturgia?
Nilson Xavier - Acho que a teledramaturgia não deve ignorar as novas mídias. Pelo contrário, deve fazer uso delas, senão, vai ficar para trás, com certeza. Como a Internet é um “mundo sem fim, sem fronteiras”, aumenta-se a possibilidade de novos dramaturgos, novas cabeças pensantes, novas tendências e possibilidades que a TV aberta não consegue abraçar. E isso já está acontecendo. E , apesar destes tempos modernos, continua valendo uma das máximas do showbiz: se estabelece quem tem competência!

Nilson prefere...

Novela favorita: Elas por Elas (memória afetiva) / Roque    Santeiro (melhor novela que já acompanhei)
Minissérie: Os Maias (digno de filme hollywoodiano)
Autor: Ivani Ribeiro e Cassiano Gabus Mendes
Ator: Lima Duarte e Tony Ramos
Atriz: Eva Wilma (foto) e Dina Sfat
Cena marcante: a morte de Juliana (Marília Pêra) na minissérie O Primo Basílio
Tema de novela inesquecível:  Melo do Piripipi” (Gretchen), tema de Mário Fofoca (Luiz Gustavo) em Elas por Elas.

Eu prefiro melão - Obrigadíssimo pela gentileza, querido! E não canso de repetir. Você realizou um trabalho que o Ministério da Cultura deveria desenvolver, afinal preserva a memória cultural de nosso país. Vida longa para o Teledramaturgia!
Nilson Xavier - Obrigado! ;)

                                                                                                      

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O Melão entrevista o criador do Melão: Vitor!


Por Wesley Vieira


Vitor e Melão. Ou Melão e Vitor? Tanto faz a ordem, afinal ambos se tornaram únicos e especiais. Na verdade, acredito que eles se confundem. E tudo começou há exatamente um ano, no dia 16 de julho de 2009, quando entrava no ciberespaço o “Eu Prefiro Melão”, mais um blog sobre televisão. Ops... mais um blog não! Trata-se de “O” blog, que em menos de um ano já coleciona vários admiradores, fãs, seguidores e muito, mas muito prestígio. Além da escrita primorosa, os leitores do Melão sentem o amor pela teledramaturgia que Vitor passa em seus textos. Em tudo há dedicação e muita cumplicidade. A razão disso tudo é simples: Vitor ama o que faz e só por isso tudo, podemos dizer que o Melão “bomba” por conta do talento desse incrível amigo. Quem conhece Vitor sabe o que estou falando. Muito trabalho, correria e perseverança, afinal quem acredita sempre alcança e ele alcançou! (Mistério!) “É muita luta, meu amô” – brinca ele fazendo alusão à Lígia (Betty Faria) na novela Água Viva (1980). Outro fator importante foi a credibilidade que o blog conseguiu desde a entrevista do nosso querido padrinho Alcides Nogueira, o Tide. Depois disso, o “ibope” foi às alturas e todos agora preferem Melão: Renatinha, Vivian, Duca, Thelma, Aguinaldo e mais alguns que vêm por aí... Pensando em homenagear o aniversário do blog, eu, Wesley, juntei alguns amigos QUERIDÕES (Daniel Pepe, Duh, Dog, Thiago, Walter Cerqueira e seu xará Azevedo, Eddy, Alladin, Ivan, Carlos e a participação especial de Tide) e elaboramos uma entrevista com o intuito de conhecer a alma do criador do Melão. Como colaborador do blog, tomei a liberdade de fazer essa homenagem e convido todos a viajarem por esse universo maravilhoso que é o Melão. Ou seria o universo do Vitor? Ah, tanto faz, afinal ambos se confundem... Divirtam-se!


Como começou o seu sonho de ser autor de novelas? (Ivan)
Ivan, meu amigo, acho que você é um dos que acompanham mais de perto esse sonho, mas ele vem de looonge. Acho que esse sonho existe desde que me conheço por gente. Sou telespectador precoce e as novelas sempre me fascinaram. Minha criação foi diante da TV e desde que aprendi a ler e escrever, criava histórias. Minhas primas sempre dizem que eu acabava com todos os cadernos da casa. Sempre escrevi o que chamava de novelas retratando o universo familiar, escolar, do bairro em que morava. Todos viravam personagens de minhas histórias. Dava nomes artísticos para eles com seus respectivos personagens. Loucura total! Depois todos liam e até encenavam às vezes... rs! Tenho vários desses cadernos guardados. Morro de vergonha, mas também tenho um carinho muito grande por eles, pois são verdadeiros diários, documentos de acontecimentos da minha vida. Muito tempo mais tarde, quando comecei a ler a respeito e a fazer cursos, percebi que o que eu escrevia e chamava de novelas com mais de 100 capítulos era muito parecido com o que chamamos de escaleta, que é a descrição das cenas sem os diálogos. Logicamente que procurei somar técnica a essa minha vocação natural com os diversos cursos que fiz.

Vítor, o que efetivamente te levou a criar o blog "Eu prefiro Melão", e, claro, o porque desse excêntrico e irreverente nome? (Walter Cerqueira e Duh)
Sou blogueiro de longa data. Tinha com o Carlos um blog de conteúdo geral chamado “Aqueles dois” e tenho até hoje um blog de cinema chamado “Cinema, etc – O Vitor viu...” Daí percebi que não tinha um veículo para falar sobre meu assunto favorito e sentia necessidade de falar para um número maior de pessoas do que há nas listas de discussões e comunidades das quais fazemos parte. Daí a ideia do blog. O nome é uma homenagem ao Cassiano Gabus Mendes. Faço uma alusão à famosa fala de Dom Lázaro Venturini (Lima Duarte) em “Meu bem meu mal”, que após sofrer um derrame e ficar meses sem falar, ao ser perguntado pela enfermeira se preferia mamão ou melão dá essa resposta para surpresa dela e do público. Acho que muita gente que viu essa cena já imitou o Dom Lázaro com boca torta e tudo dizendo “eu prefiro melão”... rs!

De que forma pessoas como você, que tem nato a arte de escrever e escreve desde pequeno, pode se preparar para entrar nesse almejado, mas tão difícil, mundo de roteirista? (Carlos)
Principalmente definir um foco, um objetivo e segui-lo até o fim, pois a arte de escrever é um conceito muito amplo. Alguns têm aptidão para escrever romances, contos, crônicas, mas não tem o interesse, nem o talento para serem roteiristas. Outros dominam como ninguém o texto acadêmico e almejam enveredar por essa área. Outros possuem todas essas aptidões e mais algumas... rs! Como ingressei na carreira acadêmica e tenho um mestrado para concluir, felizmente consegui juntar o útil ao agradável: minha paixão por novelas e minha carreira acadêmica. Além de roteirista, também sou professor e gosto muito dessa profissão. Com o título de mestre em Linguistica Aplicada com projeto sobre teledramaturgia, acredito que estarei habilitado também a ministrar cursos na área de roteiro, algo que também me interessa bastante. Para a carreira de roteirista especificamente falando, acho que a preparação é estar sempre ligado em tudo: ler, assistir a muitas novelas, filmes, séries, sempre se reciclar, estar de olho nas oportunidades e, principalmente, tentar criar um “network”, pois contatos com pessoas nessa área são fundamentais. Até do “Video Game” da Angélica eu já participei... kkkkk!

Você foi um dos primeiros a participar – com louvor, diga-se de passagem – do Vídeo Game, nesse novo formato com anônimos. Qual as suas impressões do jogo? E como você, fã de dramaturgia, avalia o baixo nível entre os últimos concorrentes, visto que a coisa anda meio nivelada por baixo, nas últimas jogadas? (Eddy Fernandes) Obrigado, Eddy! Eu adorei ter participado e como o nosso dia de gravação foi o primeiro tudo era ainda meio desconhecido. Sou muito tímido e pensei que fosse ficar nervoso na hora, mas que nada! Apesar de super rápido, foi uma experiência deliciosa. Sempre quis participar de um programa de perguntas e respostas, ainda mais num programa sobre televisão. Enfim, amei tudo: amei ter vencido, amei ser elogiado pela Angélica e pela equipe, amei os prêmios, os quais faço bom uso até hoje, diga-se de passagem e amei ter feito parte de uma atração da TV Globo. Com tanta coisa boa, até sublimei os micos...rs! Uma coisa muito legal também é que fiz muitos amigos. Os ex-participantes criaram uma comunidade no Orkut e já promoveram vários encontros, todos muito animados. Nós nos auto-denominamos Ex-VGB’s (Video Gamers Brasil...kkkk). Quanto à baixa qualidade dos atuais participantes, é normal, pois como são seis participantes por semana, fica cada vez mais difícil encontrar novos telemaníacos, mas conheço alguns queridões que ainda não participaram e que, com certeza, iriam arrasar, inclusive você!

No decorrer deste último ano, o “Melão” se tornou referência para os interessados em dramaturgia e um link entre grandes autores e seu público. Em algum momento, você imaginou que o “Melão” tomaria essa proporção? (Duh)
Sinceramente, não esperava mesmo. Achava que ele fosse ficar restrito ao nosso círculo de amigos e acho que até agora não caiu a ficha. Quando se tem um blog, a gente mede muito a repercussão pelo número de comentários, mas eles não reproduzem a verdade dos fatos. Muito mais gente entra sem comentar. Só quando instalei um contador de visitas tive essa noção. O melão é acessado diariamente de todos os continentes (!!!). Fora isso, ele ganhou um prestígio muito grande pra quem gosta do assunto. Já cheguei a ser reconhecido em Sâo Paulo durante um evento por várias pessoas. No lançamento do livro da Gloria Pires também vieram falar comigo. Sou praticamente uma sub-celebridade... kkkkkk! Mas sério: sei que devo muito a vocês, meus grandes amigos, companheiros de listas e comunidades e leitores fieis, pela participação, pela divulgação e principalmente por tanta força e por tanto carinho que me deram durante esse 1 ano de existência do melão.

Como o sucesso do Melão pode influenciar e incentivar a formação de novos autores? Como você se sente em relação a esse papel? (Walter de Azevedo)
Nunca pensei sobre isso e nem sei se o Melão tem esse papel. Acho que não só o meu blog, como o de muita gente, é a prova de que se tivermos algo bom a dizer, vamos encontrar público para isso. Nesse sentido, o ciberespaço é bastante democrático e permite que qualquer pessoa possa ter um canal de comunicação sem depender de nenhum contexto institucional. Se meu humilde blog porventura possa servir de inspiração para alguém, fico felicíssimo.

Equilíbrio no mundo das telenovelas é tudo. Uma história com boas dosagens de humor, drama, ação e bons diálogos é tida como muito boa. Mas, recentemente, tivemos um belo exemplo de desequilíbrio: às sete tivemos "Caras e Bocas", de Walcyr Carrasco, que nos brindou com muita agilidade mas pecou pelo texto precário e insistência no humor pastelão. E às oito, tivemos "Viver a Vida", trama de Manoel Carlos com uma excelente premissa alcançada (superação), ótimos diálogos mas que se arrastou pela falta de folhetim declarada. Na falta de um consenso entre os elementos que funcionam na telenovela, o que você prefere? Uma trama cheia de acontecimentos, ágil, mas sem texto, ou uma novela com diálogos muito bem trabalhados, mas sem tanto "conflito'? Responda como roteirista e como telespectador! (Thiago Henrique)
Acho que tanto como roteirista ou como espectador a resposta é a mesma. Gosto de novelas em que os personagens conduzem a trama e não o contrário. Gosto de personagens ricos, densos, humanizados. Sempre me incomoda quando um personagem muda de comportamento para atender aos interesses da trama. Por isso, tenho uma queda por bons diálogos.

Vitor quais os autores que você mais se identifica? (Ivan) Acho que Gilberto Braga é o mestre de todos nós. Me identifico totalmente com seu texto ágil, com a humanidade de seus personagens, com a temática do alpinismo social, com os barracos deliciosos, com o novelão chique, enfim, pra mim o pior de Gilberto ainda vai ser melhor do que o melhor de muita gente...rs! Mas amo o texto do Maneco, a comédia do Sílvio, o requinte do Alcides, gosto do Aguinaldo que escreve pensando nos atores. Entre os falecidos, gostaria muito de ter assistido a uma novela de Janete Clair, que é o Machado de Assis da teledramaturgia. Até hoje ela é modelar pra muita gente em atividade. Felizmente pude conferir obras deliciosas de Ivani, Dias e Cassiano.

Qual tema ainda não explorado em novelas você acharia interessante que fosse abordado? (Daniel Pepe)
Difícil dizer com precisão, afinal nossas novelas têm falado sobre quase tudo, mas confesso que como espectador sinto falta de ver na tela algum personagem gay que fugisse do estereótipo afeminado ou que não ficasse aprisionado no rótulo “melhor amigo gente boa”. Gostaria que fosse mostrada uma relação gay como qualquer outra,com qualidades, defeitos, traições, todo o tipo de atitudes e sentimentos inerentes a qualquer ser humano. Nem clown, nem santo, nem vilão. Um que gostei muito foi o Beni, de “Queridos amigos”, vivido magistralmente por Guilherme Weber. Apesar de exalar cinismo, o personagem mostrou uma humanidade muito grande.

Quando você escreve seus personagens você vai imaginando os atores em cena? Ou simplesmente escreve? Ou só depois de já escrito você imagina alguém? (Rodrigo Dog)
Normalmente eu escrevo pensando em pessoas reais que conheço, mas já aconteceu de eu escrever algumas vezes pensando em algum ator ou atriz. Como a Betty Faria é minha atriz favorita, sempre que escrevo alguma coisa tento criar uma personagem especialmente pra ela. Quem sabe um dia esse sonho não se transforma em realidade? Rs...


Nos últimos tempos, a televisão brasileira vem se imbecilizando, devido à guerra de audiência e as absurdas normas do MP. Você sempre se mostrou inconformado com esta situação. Acha que os profissionais da nossa televisão andam preguiçosos, distante dos gênios dos anos 70 que burlavam a ditadura e ainda ironizavam com ela, ou o público é que se tornou menos exigente com o passar do tempo? (Duh)
Acho que é um conjunto das duas coisas. Falei um pouco sobre isso em um artigo que escrevi para o site da Associação dos Roteiristas. Falta ousadia. As emissoras não estão dispostas a comprar a briga e mesmo os novos autores que surgem são obrigados a seguirem uma espécie de receitinha do “politicamente correto”. Isso é muito nocivo à criação. Também há o fato de que o público ficou muito menos exigente. Tudo que exige uma dose de reflexão um pouco maior afugenta o espectador médio. Não tenho dados para declarar isso, mas tenho a impressão de que grande parte do público reflexivo migrou para os canais por assinatura. Acho que é preciso uma nova quebra de paradigmas, algo que sacuda a ordem estabelecida.

Vitor Querido. O que você acha desses remakes que as emissoras insistem em produzir? Será que apostar em velhas histórias não é um retrocesso na teledramaturgia e impede que se mostre ao público novos autores e novas idéias? (Aladin)
Aladim, querido, acho que remake não é exclusividade das emissoras de TV. Volta e meia algum filme ganha uma refilmagem ou alguma peça ganha remontagem. Acho que isso vem da vontade de reviver algo bem sucedido e que traz boas lembranças. De fato, acho alguns remakes bastante desnecessários e redundantes. Mas há outros importantíssimos como os de Ivani, que deu a oportunidade a um público jovem assistir a grandes novelas a que ele nunca teria acesso. Gostei muito do remake que Maria Adelaide Amaral fez de “Anjo Mau” e boto muita fé em “Ti-Ti-Ti”, pois a autora se mantém fiel ao estilo de Cassiano, mas consegue atualizar muito bem as tramas. Não fica parecendo um Copy+Paste. Como tudo na vida, há os bons e os maus.


Televisão é apenas um veículo onde se pode trabalhar a dramaturgia. Você pensa em teatro, cinema, etc? E por que? (Carlos) Teledramaturgia é minha grande paixão, mas também adoro cinema e teatro. Sim, tive uma pequena incursão no cinema com o curta “Corra biba Corra”, que partiu de uma ideia totalmente despretensiosa, uma simples brincadeira entre amigos, que rendeu participações em alguns festivais e relativo sucesso na internet. Tenho alguns curtas escritos e registrados e gostaria muito de poder filmá-los um dia. Teatro também me interessa bastante. Há dois anos criei um esquete em parceria com Carlos Carvalho e Fellipe Carauta chamada “O que terá acontecido a Nayara Glória?” que foi selecionado para um festival de humor aqui no Rio e foi muito gratificante toda a experiência, inclusive os ensaios e o contato com as atrizes, já que também dirigimos amadoristicamente o esquete. Tenho uma peça escrita chamada “Mãe” e, assim que a correria do Mestrado permitir, vou tentar uma leitura dramatizada. Acho fundamentais essas leituras para autores inexperientes como eu antes da montagem. É muito importante ouvir opiniões de quem está há mais tempo no ramo e mais familiarizado com o veículo.

Se fosse pra escolher uma obra literária qual você adaptaria? (Rodrigo Dog) Não tenho muito essa vontade de adaptar obras literárias, mas o universo clariciano me fascina bastante. Adaptaria alguns contos dela como “Felicidade clandestina” ou “O primeiro beijo”, que são puro lirismo.

Como é seu método de trabalho? Você tem o hábito de fazer as escaletas ou tudo vem por conta de sua inspiração e sem tanto planejamento? Ou então, uma mistura de todos? (Daniel Pepe)
Engraçado responder a essa pergunta e também perigoso, pois não quero parecer nem pretensioso, nem arrogante, uma vez que ainda não sou um autor consagrado com vasta experiência e inúmeras novelas no currículo.Estou há léguas disso ainda....rs! Mas claro que até os principiantes possuem um método de trabalho, nem que seja para seus próprios exercícios. Normalmente até quando escrevo sozinho gosto de fazer escaleta porque me ajuda a ter uma visão geral do capítulo. Já tive a oportunidade de escrever o início de uma novela em conjunto e nesse caso então a escaleta é fundamental, já que é ela quem vai guiar e apontar como os diálogos devem ser escritos. Mas antes mesmo da escaleta, gosto de fazer uma espécie de trilha, que seria a trajetória dos personagens durante um determinado número de capítulos. Se for uma série, é preciso essa trilha para definir o arco da temporada, ou seja, de que forma os personagens começam e de que forma eles irão terminar. Isso me auxilia a ter uma visão global da história.

Tive acesso a alguns trabalhos teus. Adorei "Balada da Indelicadeza" e "Corra, Biba, Corra". Você se sente mais à vontade no drama ou no humor? (Thiago Henrique)
Uau. Gostou mesmo, Thiago? Que honra... rs! “Balada da indelicadeza” é um conto que escrevi na faculdade altamente auto-biográfico que depois em parceria com Patricia Mess virou um roteiro de curta chamado “Hoje eu quero sair só” e é super dramático. Já “Corra Biba Corra” considero uma grande bobagem coletiva, cuja autoria não pode ser creditada somente a mim. Sinto-me à vontade nos dois gêneros, mas acho que tenho uma quedinha pelo drama.

De tudo o que você já acompanhou na televisão brasileira, o que lhe desperta saudades e o que você adoraria ver esquecido nos arquivos para todo sempre? (Duh)
Saudades do humor do Cassiano, que unia ótimo texto com situações engraçadas. Saudades da anarquia politicamente incorreta de programas como TV Pirata e Armação Ilimitada. Gostaria que todos os programas de auditório sensacionalistas e apelativos fossem esquecidos e banidos para todo o sempre.

A Melhor Peça de Teatro. A Melhor Novela. O Melhor Filme. Não sua opinião. (Rodrigo Dog)
Nossa, dificílimo isso... rs! Tem algumas peças de teatro que me emocionaram: “Eu sou minha própria mulher”, com o Edwin Luisi, “Ópera do Malandro”, “Gota d´água”, “Toda nudez será castigada”, "Shirley Valentine" com Betty Faria me comoveu muitíssimo... Lógico que estou esquecendo muitas... rs! Agora, há um texto teatral que li, que me arrebatou e me emocionou muitíssimo que foi “Lua de Cetim”, do Alcides Nogueira. Espero um dia poder assistir a alguma montagem dessa peça. Não sei se é a melhor novela, mas “Tieta”, de Aguinaldo Silva, foi a que mais gostei até hoje. Ainda na linha afetiva, também gosto muito de “Bambolê”, do Daniel Más, pois além de me remeter a uma época feliz da minha vida, tenho um fascínio especial pelos anos 50. Mas “Roque Santeiro” e “Vale Tudo” não podem ficar de fora de qualquer lista que se preze. Com relação a filmes, a coisa se complica ainda mais, pois amo milhares, desde os Almodovars e Allens da vida até Grease, por exemplo. Mas pra ficar com um, escolho “O baile” (Le bal) de Ettore Scola. Assisto a esse filme desde pequeno e não perco o encantamento por ele. A ação se passa completamente num salão de baile de Paris e são retratados vários bailes durante várias décadas contando a história recente da França do século XX. E o mais genial: o filme não possui uma fala sequer. Fico sempre fascinado. E o filme foi inspirado numa peça, que teve uma linda montagem no Brasil contando nossa história. Simplesmente genial.

Qual a matéria que você sentiu mais prazer em fazer pro Melão nesse um ano de existência? (Thiago Henrique)
Todas me deram muita satisfação, mas acho que a entrevista com o Alcides Nogueira é o meu xodó por inúmeros motivos. Primeiro, por ter sido a primeira entrevista que fiz na vida. Acho que ela proporcionou ao melão uma espécie de selo de qualidade, tenho a impressão que a partir dela o blog começou a ser encarado como maior seriedade e comprometimento com o universo televisivo. Além disso, acho que a qualidade da entrevista se deve muito à enorme generosidade e carinho do Tide, que respondeu lindamente a todas as perguntas. Se eu já era fã do autor, fiquei mais fã ainda do ser humano. Acho que, além das histórias deliciosas e da apaixonante trajetória de vida do entrevistado, ficou claro pra todo mundo que em cada passagem continha um afeto, uma cumplicidade e principalmente uma confiança muito grande entre nós. Tide deu muito mais do que eu pedi e o resultado ficou fantástico e me enche de orgulho. A entrevista também foi uma maneira que encontrei para agradecer a ele por todo o carinho que ele sempre manifesta. Tide é raro! Um verdadeiro rei. Quando crescer quero ser que nem ele! E graças a essa entrevista, foi possível realizar tantas outras ótimas entrevistas como a da Vivian, do Aguinaldo, da Renatinha, da Duca e da Thelma e espero que outros autores depositem no melão a confiança que estes depositaram. Mais um motivo: ainda é recorde absoluto de visitas e comentários. Minha gratidão eterna a Alcides Nogueira.

Que cena gostaria de ter escrito? (Rodrigo Dog)
A chegada de Tieta a Santana do Agreste, of course...


Teria coragem de fazer uma nova versão de Tieta? Que outros remakes gostaria de fazer? (Rodrigo Dog) Não teria coragem, nem vontade. Como considero Tieta uma novela perfeita, dificilmente saberia fazer algo diferente. Pra praticamente repetir o que já está feito é melhor não fazer nada. Impossível pra mim, conceber Tieta, Perpétua e Carmô que não fossem Betty Faria, Joana Fomm e Arlete Salles.


Como telespectador privilegiado (afinal, você conhece muitíssimo bem a história e os mecanismos das novelas, tem uma memória prodigiosa, e ESCREVE!!!) quais são, na sua opinião, os novos caminhos da teledramaturgia? O velho e bom folhetim continuará sendo a base sólida das boas tramas? (Alcides Nogueira) Tide, querido, não sei se sou merecedor de tantos predicados, mas vamos lá. Penso que sim. Mesmo que o telespectador de hoje não seja o mesmo espectador ingênuo dos tempos de Janete Clair e Ivani Ribeiro, e por mais que a sociedade se transforme, se modifique e anseie por novas temáticas, o bom e velho folhetim vai continuar reinando em nossas novelas, porque ele é a base de tudo. Note que até as séries americanas, que antes construíam histórias independentes a cada episódio, também estão adotando a estrutura folhetinesca, como “Desperate Housewives”, “Grey’s anatomy” e “Brothers and sisters”, que são verdadeiros novelões e sempre deixam ganchos para o episódio seguinte. Às vezes os ganchos sobrevivem até para as próximas temporadas. Por isso, acho que essa estrutura folhetinesca é a forma mais eficiente de prender o espectador, sobretudo nos dias de hoje em que tudo é tão variado e disperso. Assim como Sherezade sobrevivia ao sultão deixando sempre pra contar uma parte da história depois, a novela vai sempre usar desse expediente para sobreviver à audiência cada vez mais competitiva. Quanto aos novos caminhos da teledramaturgia, acho que pra continuar reinando absoluta na preferência popular, deve buscar uma linguagem mais ágil, fugir de clichês e fórmulas surradas e abordar assuntos do cotidiano das pessoas. As palavras-chave são ousadia e inovação. Um maior exemplo disso é “A favorita”, que foi a novela mais inovadora dos últimos tempos e a que mais mobilizou o espectador. Mas repare que ela inovou na narrativa ao não revelar de cara quem era a mocinha e quem era a vilã e manteve o suspense até certo ponto, mas não inovou na estrutura, que continuou folhetinesca, com ganchos eletrizantes, cenas pra lá de catárticas e abusando da emoção. Não sei se respondi bem, mas sinto esse fenômeno contraditório: a novela precisa inovar, mas ao mesmo tempo manter-se folhetinesca pra sobreviver.


Falar de si mesmo é algo complicado e chato, mas como é o Vitor pelo Vitor? (Wesley) Difícil mesmo...rs! Acho que sou uma pessoa comum cheia de qualidades e defeitos, mas que procura aprender sempre com as falhas. Sou impaciente, meio estúpido e infantil ás vezes, mas sei que sou uma pessoa amiga, que sempre veste a camisa e que ainda acredita na transformação. Como bom capricorniano, procuro ser focado, objetivo e determinado. Se tenho uma meta, não sossego até alcançá-la. Procuro sempre ser leal, ético e respeitar as diferenças, o que tão difícil às vezes...rs! Enfim, sou um alguém que acredita muito no sonho. São eles que nos movem para frente.

Querido Vitor, parabéns pelo aniversário do blog. Que ele seja cada vez mais acessado, interagindo com tanta gente maravilhosa. O Melão já é uma referência para os internautas que amam a teledramaturgia (e, ainda bem, é muita gente). Você pensa em continuar escrevendo um blog ou vai partir para um site, depois desse sucesso todo? (Alcides Nogueira)
Tide, querido, obrigado. Você foi um dos responsáveis por isso, já que foi depois de sua entrevista que o melão “turbinou” pra valer...rs! Por enquanto, penso em continuar com o blog, que serve aos meus propósitos, mas novas ideias são sempre bem-vindas. Confesso que sou “analfabyte” de carteirinha e caso fizesse um site precisaria de toda ajuda possível. Desde o início conto com a luxuosa e indispensável colaboração de pessoas queridas para essas questões técnicas. Aproveito pra agradecer ao Rafael Pinto (o diretor de “Corra biba corra”...rs!) por ter criado o primeiro layout do melão, à minha querida “noiva” Juliana Santos, por ter me dado de presente um banner intermediário e, finalmente, ao Felipe Ribeiro, responsável pelo layout recente e por todos os banners que são trocados quase que mensalmente. Como nunca ganhei 1 centavo pelo blog, tudo é feito na base do 0800. Também tem isso. O blog tem esse espírito mambembe que dá um certo charme, penso eu. Se fosse partir para o site, precisaria de mais parceiros, tanto para mais criação de conteúdo, afinal teria mais colunas e colaboradores fixos e também do ponto de vista comercial também para tornar a coisa profissional. E claro, alguém para construir o site, já que esse talento não passa nem perto de mim...rs!Quem sabe um dia isso não acontece... por enquanto sigo “meloniando” dentro das atuais capacidades do blog.

Quais as futuras pretensões do Melão que em 1 ano já realizou várias entrevistas, posts memoráveis e se tornou referência no mundo televisivo? (Wesley)
Obrigado, Wesley. Grande parte dessas conquistas não posso deixar de dividir com você, que é o colaborador mais constante, sempre generoso e cheio de talento. Bem, pretendo continuar oferecendo conteúdo próprio, de qualidade, bolar sempre coisas novas e contar cada vez mais com a ajuda de colaboradores. Quero que ele seja cada vez mais um espaço respeitado, de referência e um grande fórum onde todos que têm algo a dizer possam contribuir. O melão é nosso!!! rs...

________________________________

Prefira também: