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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Melão entrevista Rogéria Gomes: uma dama a serviço de grandes damas.




Rogéria Gomes é jornalista de formação e fã de teatro desde criancinha. Professora universitária, uniu suas duas paixões pela primeira vez ao levar os alunos ao teatro, fazendo com que eles conhecessem os atores e realizassem trabalhos sobre os espetáculos. Recentemente, ela uniu essas duas paixões mais uma vez ao lançar o livro “As grandes damas e um perfil do teatro brasileiro”, que narra a trajetória de nosso teatro através do depoimento de nove grandes damas de nossa dramaturgia: Bibi Ferreira, Eva Todor, Eva Wilma, Beatriz Lyra, Norma Blum, Laura Cardoso, Ruth de Souza, Nicette Bruno e Beatriz Segall, estrelas também sempre presentes em nossa televisão. Imperdível para quem aprecia o talento dessas grandes atrizes! Melão estende o tapete vermelho para essas grandes damas e reverencia Rogéria Gomes pelo incrível trabalho de preservação de nossa memória cultural. A autora concedeu uma deliciosa entrevista. Confiram!

Pra começar, fale um pouco de sua trajetória profissional e de que forma você uniu sua carreira com a paixão pelo teatro.
Rogéria Gomes - Escolhi ser jornalista como primeira opção mesmo. Desde pequena sempre gostei de escrever e minha brincadeira predileta era ser ‘professora’ das minhas bonecas e das avós. Era uma delicia! Acho que desde esta época fui gostando da ideia. Além disso, sou uma pessoa que gosto de gente, de conhecer pessoas, de observar fatos, uma característica bem peculiar do ramo jornalístico. Decidi-me pelo jornalismo cultural ainda na universidade, pois reafirmei o que sempre acreditei: sem memória não se constrói uma nação.
Quanto ao teatro, creio que devo à minha mãe, uma apreciadora e frequentadora assídua de teatro. Com ela assisti às primeiras peças infantis que até hoje povoam meu imaginário criativo. Daí pra frente nunca parei, sou uma boa plateia. É um grande prazer estar no teatro e ter a oportunidade de ver o mundo com os olhos da arte. Por esta paixão comecei a estudar e pesquisar o assunto.



Como surgiu a ideia do livro e como se deu a escolha das atrizes retratadas?
Rogéria Gomes - O livro surgiu por esta lamentável lacuna cultural que vivemos tão de perto em nosso país. Quando professora universitária percebia a total falta de informação de meus alunos na área cultural, em especial às artes cênicas. E eram alunos do curso de jornalismo, e muitos nunca haviam ido a um teatro, assistido a uma peça sequer. Isso me chamava a atenção de forma negativa. Com eles iniciei um processo pouco feito ate então, sugeria aulas a partir de peças teatrais. Íamos ao teatro, muitas vezes os atores conversam após os espetáculos com eles e depois eu solicitava um trabalho curricular.  Ao deixar a universidade fiquei com esta questão sempre latente. Assim surgiu a ideia de escrever um livro que guardasse a memória tão importante e rica do teatro brasileiro e que de alguma forma despertasse o interesse das pessoas pelo teatro.  As atrizes escolhidas vieram em decorrência da parte histórica do livro, pois todas fizeram parte da construção do teatro relatada nesta primeira parte.

Como foi o processo de escritura do livro? Você se encontrava periodicamente com as atrizes? Quanto tempo durou essa fase de entrevistas e coleta de informações?
Rogéria Gomes - O processo foi gratificante e prazeroso, tive a chance de conhecê-las ainda mais. Decidi por depoimentos individuais e os encontros não foram tantos, pois estas atrizes eu já havia entrevistado algumas vezes ao longo da profissão. Do inicio a conclusão levei em torno de um ano, excluindo a parte de pesquisa que já vinha acontecendo.

O que destacaria de cada uma das atrizes selecionadas? O que faz de cada uma delas uma grande dama?
Rogéria Gomes - Em todos percebi muita coisa comum, mas especialmente a dedicação, o aprimoramento profissional e a determinação. Sem contar a paixão pelo  oficio que exercem, exalam até no olhar.  São incansáveis nestes quesitos.  Essas virtudes aliadas ao talento pessoal as credenciam, sem dúvida, ao patamar das ‘grandes damas’ que são.

A autora com algumas das damas do livro: Eva Todor, Ruth de Souza, Norma Blum e Bibi Ferreira
  
Todas as atrizes do seu livro também possuem uma sólida carreira na televisão. Você contemplou também um pouco da carreira televisiva delas ou deu total ênfase ao trabalho nos palcos?
Rogéria Gomes - Procurei privilegiar as atuações cênicas onde todas começaram, e podemos dizer é a base mais sólida do ator, já que a proposta central do livro é contar a história do teatro no Brasil. Mas ao longo dos depoimentos falamos também dos importantes papeis que interpretam na tevê. Vale comentar que Bibi Ferreira é a única exceção, nunca fez televisão, apenas quando apresentou um programa de variedades  nos anos 60 na TV Excelsior com sucesso.

Pretende dar continuidade ao projeto com novos volumes contemplando outras grandes damas ou, até mesmo, ícones masculinos de nosso teatro?
Rogéria Gomes - Sim, já estamos em fase de negociação para dar continuidade ao projeto e contemplar também os atores, igualmente importantes e talentosos e algumas outras atrizes de mesmo porte. Ainda não temos previsão do lançamento, mas já estamos alinhavando. Ainda sou muito convidada a falar deste primeiro, que graças a Deus tem dado ótimos frutos, superando nossas expectativas.

Além de amante do teatro, você também é noveleira?  Na sua opinião, qual o papel da telenovela na vida do brasileiro?
Rogéria Gomes - Gosto de novela sim, em especial as que tratam de temais atuais e das chamadas de ‘época’ pela importância histórica. Não sou telespectadora assídua, mas sempre que posso assisto, em especial quando o tema me é relevante. Acredito que a telenovela influencia muito a sociedade em sua forma de pensar e agir, podendo mudar conceitos e opiniões, daí a importância do conteúdo que propõe. A tevê ainda é o veiculo de comunicação mais presente, está na vida cotidiana de todos nós e, portanto, deve estar atenta a cumprir o dever de informar e fazer pensar.

Foto: Marcelo Rissato

Agradecimentos: Marcelo Rissato
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Série Memória Afetiva: grandes damas da televisão


Entrevista: Nilson Xavier – enciclopédia televisiva.




sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Série Memória Afetiva: grandes damas da televisão


Nunca escondi minha predileção por atrizes. Claro que aprecio o trabalho de um grande ator e muitos deles já habitam no panteão de minha memória afetiva. Mas o fascínio que elas exercem em meu imaginário é inexplicável. Nada é mais poderoso e impactante do que uma atuação feminina. Para dar continuidade a essa homenagem a elas, já que eu já criei um post especial sobre as grandes estrelas da tevê (leia aqui), agora resolvi reverenciar as grandes damas, as essenciais, que carregam toda a bagagem teatral e, embora nem sempre ganhem o posto de protagonistas, são imprescindíveis em qualquer novela. Claro que toda lista é subjetiva, sobretudo as deste blog, assumidamente afetivo. Sei que devo estar cometendo alguma terrível injustiça ao ser traído por minha própria memória, mas mesmo as grandes atrizes que não constam nessa lista, toda minha reverência, respeito e admiração.
Mas as favoritas do melão são elas:

ROSAMARIA MURTINHO



Na verdade, é a grande inspiração desse texto. Tudo o que disser será pouco diante do encantamento que tive com sua arrebatadora atuação como Tia Magda em “O astro” (2011). Em contraponto perfeito com o furacão Clô Hayalla (magistralmente vivida por Regina Duarte), a Tia Magda de Rosamaria Murtinho teve sua personalidade introvertida construída nos detalhes, nas sutilezas, de maneira artesanal, que só mesmo uma atriz com grandes recursos seria capaz. Rosamaria conseguia transmitir toda a amargura e a melancolia de Magda apenas pelo olhar. Ela brilhou intensamente durante toda a novela, mas foi no último capítulo que conseguiu arrancar lágrimas do público ao explodir e deixar transparecer todo o seu rancor, seu ressentimento e sua inveja pela sobrinha Clô. E a cena em que Magda se suicida entrou simplesmente para a antologia das grandes cenas. De cara limpa, com uma coragem absurda, Rosamaria mostrou porque é realmente uma das maiores atrizes desse país. Até então, sua esfuziante Romana Ferreto de “A próxima vítima” era minha personagem favorita da atriz. Mas Magda me arrebatou completamente e recolocou Rosamaria no centro das atenções. Minhas primeiras lembranças da atriz datam das comédias oitentistas de Sílvio de Abreu como “Cambalacho” (1986) e “Jogo da Vida” (1981), mas essa moça veio de longe. Desde os tempos da Excelsior, já brilhava na constelação televisiva de nosso país e forma com Mauro Mendonça um dos casais mais simpáticos e admirados de nossa tevê. Foi uma honra trabalhar com você e já estou ansioso pelo próximo encontro.

FERNANDA MONTENEGRO



Talvez seja a grande unanimidade de nosso país. Sua indicação ao Oscar foi um grande reconhecimento mundial, mas o que Hollywood só descobriu há alguns anos atrás, nós, brasileiros já conhecíamos e desfrutávamos de longa data: seu avassalador talento. São muitas Fernandas em uma só: a adorável cambalacheira Naná, de Cambalacho (1986); a terrível Bia Falcão de “Belíssima”(2005); a tresloucada Charlô, de “Guerra dos Sexos” (1993); a mística Vó Manuela de “Riacho Doce” (1990); a aventureira Zazá (1997); a cosmopolita Lulu de Luxemburgo de “As Filhas da Mãe” (2001); a dominadora Chica Newman, de “Brilhante” (1981); a deliciosa Olga Portela de “O dono do mundo” (1991), só pra citar algumas de suas grandes personagens. A cafetina Jacutinga de “Renascer” (1993) é absolutamente inesquecível. Fica até difícil destacar um personagem dentre tantas interpretações perfeitas. Mais difícil ainda é dizer algo de Fernanda que ainda não tenha sido dito. Dona de todos os recursos, referência total de qualidade e competência. Vida longa para La Montenegro.


NICETE BRUNO

 A primeira imagem que temos de Nicete é de seus personagens doces e simpáticos, mas quem a assistiu como a perversa Úrsula de “O amor está no ar” (1997) ou como a amargurada Isolda de “Louco Amor”, conhece o imenso potencial da atriz que atualmente vem dando show como a amorosa Iná, avó das personagens de Fernanda Vasconcelos e Marjorie Estiano em “A vida da gente” (2011). Também podemos comprovar atualmente outra faceta de Nicete como a divertida perua Juju, que não suporta ser chamada de Julieta pelo marido em “Mulheres de Areia” (1993). Provocou risadas na plateia muitas outras vezes, como em “Alma Gêmea”, em que infernizava a vida do genro vivido por Fúlvio Stefanini. Não tem quem admire essa atriz de sorriso cativante. Casada com Paulo Goulart, também forma um dos casais mais queridos do meio artístico.



EVA TODOR

Estamos acostumados a vê-la sempre no papel de senhorinha irreverente e atrapalhada, mas sua Santinha Rivoredo de “Sétimo Sentido” (1982) revelava uma faceta extremamente dramática da atriz e grande capacidade de criar megeras. Verdadeiro ícone do teatro, teve estreia tardia da Rede Globo em Locomotivas (1977) como a matriarca Kiki Blanche, dona do salão onde se passava a maioria dos conflitos da novela. Outro momento de destaque foi na minissérie “Hilda Furacão” (1998) em que deu vida a Loló, uma conservadora senhora da tradicional família mineira dos anos 50, que fazia de tudo para destruir Hilda e toda a zona do baixo meretrício de Belo Horizonte. Mas os papéis irreverentes são realmente sua especialidade, que sempre dão um sabor especial às produções das quais faz parte.



CLEYDE YÁCONIS


Irmã da lendária Cacilda Becker, Cleyde também é daquelas atrizes superlativas, que defendem com dignidade qualquer papel. Ela convence tanto quanto a perua falida Isabelle em “Rainha da Sucata”, quanto as avós amorosas que viveu em “Vamp” (1991) e “Eterna Magia” (2007). A matriarca Guilhermina Taques Penteado, de “Ninho da Serpente” (1982) é um de seus grandes papéis na tevê. Mas a doce Melica, de “Os ossos do Barão”, remake do SBT, também tem um grande número de admiradores. Recentemente, pudemos rever Cleyde como um dos grandes destaques de “Passione” (2010), como Dona Brígida, a assanhada velhinha que mantinha um caso com o motorista Diógenes, vivido por Elias Gleiser. Ela é a razão de ser de produções pouco memoráveis como “Sex Appeal” (1993), mas também pode ter apenas um delicioso momento como em grandes produções como a minissérie “Um só coração” (2005), em que viveu ela mesma. O fato é que Cleyde Yáconis é indispensável e marcante em qualquer produção.


RUTH DE SOUZA



Essa foi uma grande desbravadora. Não chegou a ser a primeira negra a protagonizar uma novela (Yolanda Braga protagonizou “A cor da sua pele”, na Excelsior em 1964), mas certamente foi a mais marcante ao protagonizar “A cabana do Pai Tomás”, em 1969. Ganhou notoriedade no cinema com o filme “Sinhá Moça”, de 1953, inspirado no romance que mais tarde também viraria novela em 1986, na qual fez sucesso como Balbina, ao lado de Grande Otelo, formando um dos mais adoráveis casais da novela. É sempre uma presença agradável em cena, como em “O clone” (2001) em que vivia Dona Mocinha, a avó do clone Léo (Murilo Benício). Também teve um papel marcante em “O bem amado” (1973) ao lado de Milton Gonçalves. Atualmente, tem uma presença bissexta nas telas, mas sempre com muito brilho e interpretando todo tipo de papel, desde juízas a mães de santo. Se hoje temos Taís Araújo, Camila Pitanga e Sheron Menezes em papéis de destaque nas novelas, é porque no passado tivemos Ruth de Souza abrindo caminho para o artista negro no Brasil.


BEATRIZ SEGALL


Talvez as grandes vilãs, sobretudo Odete Roitman, a tenham marcado de maneira indelével em nossa teledramaturgia, mas Beatriz Segall já provou que é capaz de dar vida a diferentes tipos de personagens. Recentemente, a vi no teatro ao lado de Herson Capri no espetáculo “Conversando com mamãe”, em uma atuação comovente e convincente como uma simplória dona de casa. Na tevê, foi desde a alpinista social Lourdes Mesquita em “Água Viva” (1980) à idealista cientista Miss Brown em “Barriga de Aluguel” (1990), passando pela fogosa Stela, frequentadora do Clube das Mulheres em “De Corpo e Alma” (1992). Apesar das grã-finas serem sua especialidade, já foi uma mulher pobre moradora de vila em “Champagne” (1984). Uma personagem que gostava bastante era a quatrocentona falida Clô, da segunda versão de “Anjo Mau” (1997), em ótima dobradinha com a saudosa Ariclê Perez e fazendo um par comovente com José Lewgoy. Embora as madames sejam sua especialidade, La Segall é bem mais do que isso.


NATHALIA TIMBERG



Mais uma representante do que temos de mais nobre em nossa teledramaturgia. Recentemente, voltou a cativar o público na reprise de “ValeTudo” com a doce e submissa Tia Celina, em excelente contraponto com a diabólica Odete Roitman de Beatriz Segall. Mas diabólica é algo que Nathalia também sabe ser, como provou em “Força de um desejo” (1999) como a maquiavélica Idalina. Outra vilã gilbertiana vivida muito marcante foi a mesquinha Constância Eugênia, de “O dono do mundo”. Na primeira versão de “Ti Ti Ti” (1985), pôde flertar com o nonsense ao interpretar a desmemoriada Cecília. A atriz já emociona o país há muito tempo, como no megassucesso “O direito de Nascer” (1965). Em “A Rainha Louca” interpretou tanto a mocinha, quanto a vilã. Como queria ter assistido... O fato é que, mesmo com papéis sem grandes possibilidades como a recente Vitória Drummond em “Insensato Coração” (2011), é sempre uma presença digna e brilhante em cena.


LAURA CARDOSO



Uma das atrizes mais constantes em nossa tevê, que também transita por diferentes tipos desde os tempos da Tupi. Minha primeira lembrança dela foi na novela “Pão pão beijo beijo”, na pele da nordestina Donana. A partir daí, uma infinidade de tipos me vem à mente, como a autoritária matriarca indiana Laksmi de “Caminho das Índias” (2009) ou a simpática Glória, da atual temporada de “A grande Família”. Meus personagens favoritos são a Isaura, mãe das gêmeas Ruth e Raquel, que tinha uma clara preferência pela última em “Mulheres de Areia” (1993) e Dona Guiomar, a amável sogra de Raul (Miguel Falabella), que passa a repudiá-lo após ser possuída pelo espírito de Alexandre em “A viagem” (1994). Uma verdadeira operária da tevê que já viveu praticamente todo tipo de personagem.


ARACY BALABANIAN



Dá pra acreditar que a tresloucada Dona Armênia de “Rainha da Sucata” (1990) e a austera matriarca Filomena Ferreto de “A próxima vítima” (1995) foram vividas pela mesma pessoa? Versatilidade é pouco pra definir essa atriz, que brilha desde os tempos da Tupi. Suas atuações são tão marcantes que até hoje minha tia Marilza comenta sobre uma ou outra cena das mocinhas que interpretadas por Aracy em “Antonio Maria” e “Nino, o italianinho” nos longínquos anos sessenta. Minhas primeiras lembranças são oitentistas, claro, como a amarga Marta de “Ti Ti Ti” (1985) ou a dominadora Helena de “Elas por elas” (1982). Capaz de ir ao mais intenso dos dramas às comédias mais histriônicas como a Cassandra do humorístico “Sai de Baixo”, é uma das atrizes mais completas que temos.


EVA WILMA


Talvez a primeira grande estrela da tevê. Já fazia sucesso nos anos 50 ao lado de John Herbert em “Alô Doçura”, uma das primeiras sitcons brasileiras. Foi estrelíssima na Tupi, principalmente nas novelas de Ivani Ribeiro como “A barba Azul”, “A viagem” e “Mulheres de Areia”. A partir dos anos 80, viveu papéis de destaque na Rede Globo em novelas como “Ciranda de Pedra” (1981), “Elas por elas” (1982) e “Roda de Fogo” (1986). A endiabrada Altiva de “A indomada” (1996) é um de seus papéis mais marcantes, diametralmente oposto à equilibrada médica Marta no seriado “Mulher” (1998). Um de meus personagens favoritos é a submissa Hilda de “Pedra sobre Pedra” (1992). A cena em que ela toca piano para “acalmar” a lua para tentar impedir que Sérgio Cabeleira (Osmar Prado) seja levado por ela é das mais bonitas, emocionantes e delicadas que já vi. Mais uma atriz de múltiplos recursos, que vai dos tipos mais introvertidos às mulheres mais loucas e exageradas. Uma grande estrela que se transformou em grande dama.

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Quais são suas favoritas?

Leia também: 

Série Memória Afetiva: 10 divas televisivas.


sábado, 5 de fevereiro de 2011

Melão circulando por aí

O que este intrépido melão anda conferindo pela cidade maravilhosa?

LAURO E LAURA: EXPOENTES DA NOSSA TV



Mesmo com um certo atraso, preciso registrar o encontro com o público realizado na semana passada no CCBB-RJ de dois grandes nomes de nossa teledramaturgia: a atriz Laura Cardoso e o autor Lauro César Muniz.
Doce e amável, Laura Cardoso foi a primeira a compartilhar suas lembranças e experiências televisivas, desde os tempos da Tupi em que, segundo ela, tudo era mais artesanal, mais trabalhoso, chegando ao ponto dos atores levarem de casa sua própria roupa para fazerem as novelas e até mesmo os pratos que os personagens comeriam em cena. O ponto alto foi quando Laura se emocionou ao lembrar da cena em que sua personagem Isaura em “Mulheres de Areia” (Globo, 1993) ficava sabendo da morte de sua filha Raquel (Glória Pires). Segundo a atriz, para que a cena ganhasse em emoção, a atriz desejou que aquela filha retornasse ao seu ventre. O público reviu a cena e constatou que a atuação de Laura foi mesmo arrebatadora. Pra terminar, Laura confessou que, embora respeite profundamente o talento de suas colegas atrizes, ela não entra em cena pra perder. Quer sempre roubar a cena e ganhar. Nós, o público, nunca duvidamos disso. Viva Laura!

Depois foi a vez do novelista Lauro César Muniz falar de suas obras e opinar sobre o atual panorama da teledramaturgia. O autor lamenta que seus colegas tão talentosos tenham que escrever aquém de sua capacidade para atender os interesses do mercado. Lauro destacou os anos 70 como os mais importantes para a história das novelas, em que o mérito artístico era mais importantes e que muitos novelistas arriscavam em obras geniais como “Saramandaia”, de Dias Gomes ou “O rebu”, de Bráulio Pedroso, inclusive o próprio com "Escalada" (foi mostrado um video delicioso com todo o elenco), "O casarão" e "Espelho Mágico" . Até Janete Clair se superou com “Pecado Capital”, segundo o autor. Muitas histórias e curiosidades foram lembradas como, por exemplo, o último capítulo de “Carinhoso” ter somente a presença do casal protagonista e os nebulosos incidentes que envolveram “O salvador da pátria”, em que sassá Mutema deveria se tornar Presidente da República, mas que não passou de prefeito de Tangará. Lauro adiantou que sua próxima novela na Record em 2012 terá muitas cenas de ação e mostrou-se animado com o novo projeto.

Enfim, uma noite memorável e preciosa para os amantes do gênero.

DÁ-LHE, VEDETES!



O melão também foi conferir o lançamento do maravilhoso livro “As grandes vedetes do Brasil”, de Neide Veneziano, em que o amigo Daniel Marano faz parte da equipe de pesquisadores. Aficcionado por vedetes e tendo na saudosa Anilza Leoni sua grande musa, Marano está de parabéns, não só pelo trabalho realizado no livro, como também pelo carinho com que trata nossas queridas vedetes, verdadeiros patrimônios nacionais. Muitas estavam lá, para a nossa alegria: Carmem Verônica e Iriz Bruzzi, também musas de nossa teledramaturgia, Esther Tarcitano, Brigitte Blair, Lia Mara, e claro, a lendária Virginia Lane, sempre irreverente a alto astral.

O livro é uma preciosidade. Ricamente ilustrado (as fotos são lindíssimas) e com histórias das vedetes mais famosas, desde as pioneiras do século XIX como Aimée, passando pelas lendárias Luz del Fuego e Elvira Pagã até as mais irreverentes como Sonia Mamed e Consuelo Leandro. Pra quem não teve o prazer de desfrutar da agradável noite de autógrafos, pode adquirir o livro e viajar no tempo até um capítulo riquíssimo de nossa memória cultural. Parabéns, Neide e equipe e sobretudo, a todas as vedetes do Brasil.

Acima, Virgínia Lane e eu. Abaixo, com o amigo Daniel Marano.
  

terça-feira, 13 de julho de 2010

Melão Express: Rapidinhas, mas saborosas – Ed. 9

                                                                                                                                                            
IRENE RAVACHE: DESTAQUE EM "PASSIONE"

Irene Ravache genial como a perua Clô

Sílvio de Abreu provou na semana passada que ainda é imbatível no quesito humor. A sequência de cenas do jantar que Bete (Fernanda Montenegro) ofereceu a Clô (Irene Ravache) em “Passione” foi de longe a melhor cena da novela até agora, relembrando as inesquecíveis novelas das 7 que o autor escrevia nos anos 80. Além da situação maravilhosa e do contexto perfeito criado pelo autor, os atores, sobretudo Irene Ravache e Cleyde Yáconis deram um show em cena. Ficou perfeito o contraste entre a aristocracia e a cafonice. Aqui em casa e também pelo twitter gargalhadas gerais. Um momento delicioso e de grande inspiração. Está claro que “Passione” está sendo escrita para os veteranos brilharem. Merecia ser vista com mais atenção e ter uma audiência melhor.


> Ainda no quesito “gargalhadas” elas são abundantes ao assistir às reprises dos episódios de “Sai de Baixo” pelo Viva. A melhor parte do seriado quando Claudia Jimenez ainda fazia parte do elenco já foi exibida, mas o programa continua engraçadíssimo, sobretudo pelos cacos, pelos improvisos e pelas brincadeiras que Miguel Falabella fazia com Aracy Balabanian. O programa não envelheceu e continua hilariante.

>  Falando em “Viva” de quem foi a genial ideia de interromper bruscamente a programação para fechar a tela e exibir o aviso “Você está no Viva”? Por acaso, alguém assiste ao canal pensando assistir ao “Sex Hot” ou “Canal do Boi”? Cada uma...

> Da série “coisas que preferia não saber”: tem uma tal “mulher-arroto” que se intitula humorista do Penico, digo, Pânico na TV (só podia) que se passa por jornalista e surpreende os entrevistados com arrotos e flatulências (sim, chegamos nesse nível!). Ela deu a maior bola fora nessa segunda ao tentar fazer isso com a grande e respeitadíssima Laura Cardoso, mas felizmente foi impedida por pessoas de bom senso e convidada a se retirar do evento em questão, o lançamento em São Paulo da biografia de Glória Pires. Não há como ficar chocado com tremenda deselegância, falta de educação e falta de respeito. Ninguém merece passar por isso, muito menos Laura Cardoso. Que a imbecilidade é marca registrada do programa isso não é segredo pra ninguém. O que mais me surpreende é a quantidade de pessoas que acham esse tipo de coisa engraçadíssima. Gosto não se discute, se lamenta muitas vezes, mas o fato é que as pessoas não são obrigadas a serem usadas por um tipo de humor do qual elas não compartilham. Respeito é bom e todo mundo gosta.

> Há quem compare o Pânico com o CQC. Preferências à parte, acho que há um abismo qualitativo separando as duas atrações, seja pelo texto, pelo nível dos apresentadores e por toda a questão técnica mesmo. Mas li uma reclamação no Twitter de que o pessoal do CQC não passava de mauricinhos engravatados que recebem patrocínio de multinacionais. Pode até ser. Diante disso, cabe aqui duas indagações: 1) Nunca vi nenhum integrante do CQC tentar arrotar ou peidar na cara de alguém; 2) Pra ser bom tem que ser patrocinado pelo guaraná Dolly? Juro que não entendi...


> Evento imperdível pra quem é do Rio. O CCBB vai promover a partir do dia 27 “A história da telenovela”, que serão encontros com profissionais que fizeram e fazem a história das nossas novelas. E a primeira convidada é ninguém mais, ninguém menos que Regina Duarte. Maiores informações pelo link: http://www.bb.com.br/portalbb/page511,128,10156,1,0,1,1.bb?codigoEvento=3457  

> Curtiram a entrevista abaixo de Duca e Thelma? Foi só abre-alas para as comemorações do primeiro aniversário do melão. Vem mais coisa boa por aí! Não percam as cenas do próximo capítulo... até lá!
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