Mostrando postagens com marcador Só Você. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Só Você. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

“TELL ME MORE, TELL ME MORE...” – Pombinhos se reencontram


 Quem acompanha o blog de longa data, já deve ter lido alguns posts sobre “Só Você”, minha novela-fetiche dos anos 50. Já postei uma cena em que a mãe do protagonista confessa um segredo para sua confidente. Também já publiquei uma cena de um elegante chá de senhoras com torradas e hipocrisia. Agora me toquei que ainda não apresentei os protagonistas: Roberta e Gustavo. Os dois se conhecem logo no início do capítulo 1 em que ele a salva de um afogamento na praia. Essa última cena do capítulo marca o reencontro dos dois e é descaradamente inspirada na cena de “Grease” em que John Travolta e Olivia Newton-John, através da música “Summer Nights” falam um do outro para os amigos sem saberem que estão no mesmo colégio. Escrevi em 2007. Talvez escrevesse de outro jeito hoje. Mas para o post, preferi preservar as características originais. Espero que gostem.

CENA 44. COLÉGIO. QUADRA. Exterior. Dia/ COLÉGIO. PÁTIO. EXTERIOR. DIA.
QUADRA. GUSTAVO, DENIS E VINNY CHEGAM E ENCONTRAM CAMELO E ALEX. CUMPRIMENTAM-SE COM APERTOS DE MÃO TÍPICOS DE JOVENS DA ÉPOCA.
CAMELO             — Como é que foi ontem na praia?
DENIS                  — O Gustavo pescou uma sereia.
ALEX                   — Sério? Conta aí, Gustavo!
CORTA PARA PÁTIO. ROBERTA, ÉRICA E TATY CONTAM AS NOVIDADES PARA CAMILA E VIRGÍNIA.
CAMILA              — Érica, você não me engana. Tá com cara de quem aprontou na praia ontem.
TATY                    — Pra variar.
ÉRICA                  — Que nada! Quem tirou a sorte grande foi a Roberta.
VIRGÍNIA           — Roberta! Logo você?
ROBERTA           — (ENVERGONHADA) Érica, pra quê falar nisso?
CAMILA              — Ah, não! Começou, agora conta!
ÉRICA                  — Ela conheceu um rapaz na praia.
CAMILA              — Jura? E era bonito?
CORTA P/ QUADRA:
GUSTAVO           — A garota mais linda que eu já vi.
CAMELO             — Ela era boa mesmo?
GUSTAVO           — Sai fora, Camelo. Não é disso que eu tô falando.
ALEX                   — Ué, e não é isso que interessa?
GUSTAVO           — Vocês tão por fora! Tô falando que ela era diferente de todas as garotas que eu já conheci.
ALEX                   — E o que é que ela tinha de tão especial assim?
CORTA P/ PÁTIO:
ROBERTA           — Parecia um príncipe encantado. Lembro que eu tava me afogando e depois não lembro de mais nada. Quando abri os olhos, ele tava lá olhando pra mim.
VIRGÍNIA SUSPIRA. CAMILA E ÉRICA DÃO GRITINHOS. TATY OLHA COM DESDÉM.
TATY                    — Grande coisa! Uma cara de pobre...
ÉRICA                  — Inveja mata, hein Taty?
CAMILA              — Conta mais, conta. Vocês se beijaram?
CORTA P/ QUADRA:
GUSTAVO           — Não foi bem beijar. Tive que fazer respiração boca-a-boca pra ela acordar. Mas aquela boca era tão macia que eu até esqueci que era um salvamento.
CAMELO             — Parece coisa de cinema!
ALEX                   — Ela tem alguma amiga pra apresentar?
DENIS                  — O que? Só tinha brotinho! Uma mais bonita que a outra.
VINNY                 —Teve uma até que não resistiu ao charme do papai aqui. Tive que dar o que ela tava querendo.
RAPAZES GRITAM, ENCARNAM, DÃO CASCUDOS E DESCABELAM VINNY
DENIS                  — A sua sorte que o primo dela era gente boa, senão você tinha criado a maior confusão, isso sim.
CAMELO             — E aí, Guga? Pegou o telefone dela?
CORTA P/ PÁTIO:
ROBERTA           — Não. Vitor pegou a Érica de agarramento com um dos rapazes e ficou uma fera. Quis ir embora na hora. Nem consegui me despedir direito.
VIRGÍNIA           — Que pena. E agora?
CORTA P/ QUADRA:
GUSTAVO           — Agora eu não sei. (TRISTE) Nem sei onde ela está.
CORTA P/ PÁTIO:
ROBERTA           — Será que a gente vai se ver algum dia?
TOCA O SINAL. OS ALUNOS ENTRAM APRESSADOS. ROBERTA PERDE AS MENINAS DE VISTA E CAMINHA UM POUCO PERDIDA. ESBARRA NA MULTIDÃO DE ALUNOS. CADERNOS CAEM. ROBERTA SE ABAIXA PARA PEGAR O MATERIAL QUE CAIU NO CHÃO. QUANDO VAI PEGAR O ÚLTIMO CADERNO, VEMOS QUE UMA MÃO O PEGA ANTES. ROBERTA PERCEBE QUE FOI GUSTAVO QUEM PEGOU. OS DOIS SE OLHAM SURPRESOS.

FIM DO CAPÍTULO

Leia também:

UMA CENA CHAVE DE "SÓ VOCÊ": http://euprefiromelao.blogspot.com/2010/07/uma-cena-chave-de-so-voce.html

ELEGANTE CHÁ DE SENHORAS DOS ANOS 50: http://euprefiromelao.blogspot.com/2010/01/elegante-cha-de-senhoras-nos-anos-50.html

FLOR DE LÓTUS: http://euprefiromelao.blogspot.com/2010/05/flor-de-lotus.html 

                                                                                                                                            

sábado, 31 de julho de 2010

UMA CENA-CHAVE DE "SÓ VOCÊ".


                                                                                                                                                                    
 Os mais chegados sabem que sou aficcionado pelos 50’s. Eles também sabem que tenho uma sinopse de uma novela chamada “Só Você”, uma novela jovem que narra o último ano de colégio de uma animada turma, com seis capítulos prontos e escritos durante o curso que fiz com Margareth Boury em 2007 e, portanto, sob sua supervisão. E que esse projeto de novela, que venho escrevendo, alterando e acrescentando elementos desde criança, é um apanhado de muitas referências dessa época que conviveram comigo durante minha vida toda, como as televisivas “Bambolê”, “Estúpido Cupido”, “Anos Dourados” e “Hilda Furacão” e filmes como “Juventude Transviada”, “Sabrina”, “West side story”, “A primeira transa de Johnatan”, até “Porky’s”, mas tendo “Grease” como inspiração maior. Enfim, já até postei aqui uma cena da novela que servia apenas para ambientar a época: um animado chá de senhoras da sociedade.

A cena que vou postar a seguir, mais do que retratar a época, serve para revelar ao espectador o estopim que vai gerar todo o conflito do casal protagonista. Sem medo de abusar do melodrama, afinal novela boa é novela que emociona e arrebata a torcida do público, por isso recorri mais uma vez ao bom e velho “Romeu e Julieta”, com direito a segredos e revelações de família. Veremos Sueli, camareira do famoso cabaré de Madame Antoinette, mãe de Gustavo, rapaz pobre e mocinho da trama, contando à patroa sobre o desastroso jantar da noite anterior em que, levada pelo filho, foi conhecer a família da namorada dele, Roberta, moça rica e grande heroína da trama, que vai sofrer uma grande virada mais tarde.

Aqui, Antoinette tem a função de orelha, ou seja, aquela que vai basicamente ouvir o relato de Sueli e auxiliar no andamento da cena de modo que as informações a serem contadas possam fluir naturalmente sem que a cena fique forçada ou excessivamente didática. Pelo menos foi o que tentei. Não sei se consegui. Confiram:

CAP 4. CENA 16. CABARÉ. CAMARIM. INTERIOR. DIA.


ANTOINETTE ACALMA SUELI.

ANTOINETTE — Já está melhor, minha amiga?

SUELI, AINDA CHORANDO, FAZ QUE SIM COM A CABEÇA.

ANTOINETTE — Seja lá o que for, você sabe que pode contar comigo, né? Fica à vontade. Pode desabafar se quiser.

SUELI — Madame, muito obrigada! A senhora é um anjo. Eu preciso mesmo desabafar com alguém.

ANTOINETTE — Sou toda ouvidos.

SUELI — O destino me pregou uma peça. E o meu filho é que tá pagando pelo meu passado.

ANTOINETTE — Não tô entendendo nada. Qual deles?

SUELI — O Gustavo. Ele arrumou uma namoradinha nova, a Roberta. E parece que dessa vez ele se apaixonou de verdade.

ANTOINETTE — C’est magnifique! Qual é o problema?

SUELI — O problema é que ela é a última garota por quem ele devia ter se apaixonado. Ela é da família dos meus antigos patrões.

ANTOINETTE — Sei, menina rica. Os pais estão proibindo.

SUELI — Não é isso. Ela é filha de Leonor Lucchesi, a mulher que o Nelson largou pra casar comigo.

ANTOINETTE — Mon dieu! Não acredito!

SUELI — Pode acreditar, amiga. A Leonor tava de casamento marcado com o Nelson e eu era empregada da casa. O Nelson era muito sedutor e eu era muito nova ainda. Me deixei levar. Acabei me apaixonando também.

ANTOINETTE — Já até sei onde essa história acabou. O rapaz largou a moça às portas do altar e fugiu com você.

SUELI — Eu acabei engravidando. O Nelson tava realmente apaixonado por mim. Imagina, ele largou tudo: luxo, riqueza e foi ter uma vida simples comigo.

ANTOINETTE — Nasceram os filhos /

SUELI — A paixão acabou e o cretino passou a me culpar por ter acabado com o casamento dele. Sumiu no mundo. Nunca mais ouvi falar dele.

ANTOINETTE — Que história!

SUELI — Que eu pensei que tivesse morta e enterrada. Até a noite de ontem. O Gustavo, todo feliz, levou a gente pra jantar na casa da menina. A senhora pode até imaginar a reação da Leonor quando me viu, né?

ANTOINETTE — Também não é pra menos. Coitada dessa mulher. Imagina, anos depois a mulher que roubou o marido dela aparece assim no meio da sala.

SUELI — Eu não tiro a razão da Leonor. Acho que se fosse comigo eu ia perder a cabeça também. Eu não tô triste por mim. Nem me lembrava mais dessa história. Eu tô arrasada por fazer o meu filho sofrer.

ANTOINETTE — Que ironia do destino. (RI) E o pior é que nenhuma das duas ficou com o safado.

SUELI — A vida tá cobrando o que eu fiz.

ANTOINETTE — Deixa de besteira, mulher! Não vou negar pra você que é realmente uma falta de sorte. Mas ninguém é punido por se apaixonar.

SUELI — E agora, o que é que eu faço?

ANTOINETTE — Levanta essa cabeça e ajuda o teu filho! Eu sempre te admirei porque você é uma mulher de fibra, nunca fugiu da luta. E não vai ser agora que vai fugir.

ANTOINETTE ABRAÇA SUELI COM CARINHO.
__________________________________________________

Quem ainda não leu outras cenas minhas já postadas aqui, seguem os links:

"SÓ VOCÊ": Elegante chá de senhoras nos 50's -> http://euprefiromelao.blogspot.com/2010/01/elegante-cha-de-senhoras-nos-anos-50.html

FLOR DE LÓTUS: http://euprefiromelao.blogspot.com/2010/05/flor-de-lotus.html
_________________________________________________

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Elegante chá de senhoras nos anos 50.



O CONTEXTO. A MATRIARCA DOMINADORA E PSEUDO-CONSERVADORA CARMEM LUCCHESI RECEBE SENHORAS RESPEITÁVEIS PARA UM AGRADÁVEL CHÁ DA TARDE EM SUA CASA: SUA IRMÃ, A SUBMISSA LEONOR, D. LYGIA, A AUSTERA DIRETORA DO COLÉGIO DAS FILHAS E LUCIMEI, MILIONÁRIA LIBERAL DE MODOS MODERNOS MUITO MAL VISTA PELA SOCIEDADE. TUDO TRANSCORRE BEM, APESAR DAS INTERVENÇÕES DA SOGRA DE CARMEM, DONA TININHA, UMA VELHA ASSANHADA E “PRAFRENTEX”, QUE SEMPRE DIZ O QUE PENSA.

CAP 3 - CENA 32. CASA DE CARMEM. SALA. INTERIOR. DIA.


CARMEM TOMA CHÁ COM LYGIA, LEONOR, LUCIMEI E DONA TININHA. DAÍSA ENTRA.


DAÍSA — Mais chá?


CARMEM — Não, Daísa. Pode ir.


D.TININHA — Espera, Daísa! Traz mais biscoitinho.


CARMEM — Já não comeu biscoito demais?


D.TININHA — Que é isso, Carmem, o que é que as visitas vão pensar? Que você fica regulando comida?


LYGIA — (LEVEMENTE CONSTRANGIDA) Imagina.


LEONOR — (SORRINDO) Vai acabar engordando além da conta.


D.TININHA — Ih, menina, é disso que os homens gostam. Eles adoram ter onde pegar.


CARMEM — (ENVERGONHADA) Dona Tininha!


LEONOR E LYGIA CONSTRANGIDAS. LUCIMEI SE DIVERTE.


LUCIMEI — Ah, Dona Tininha, a senhora não tá no gibi.


CARMEM — (RESIGNADA). Traz mais biscoito, Daísa. Leonor, e as meninas, por que não vieram?


LEONOR — A Renata está na aula de piano. Também, quase não sai de casa. A Roberta saiu com o namoradinho.


CARMEM — Ai, minha irmã, não me conformo de você permitir que a Roberta namore esse mecânico.


LEONOR — Que é isso, Carmem? É só um namorinho inocente. A Roberta só tem dezessete anos. Coisa da idade.


CARMEM — Não sei, não. Já faz um mês que ela tá nesse “namorinho inocente” e nada de você conhecer o rapaz. Eu soube que ele estava envolvido naquela confusão da sorveteria.


LUCIMEI — A Camila me contou que o Gustavo é um amor de rapaz. E que ele só queria defender a Roberta.


LYGIA — No colégio, ele vai indo muito bem. É um aluno bastante aplicado. Não posso negar, tira boas notas /


CARMEM — A que família ele pertence?



LEONOR — Como assim?


CARMEM — Ora, ele namora uma Lucchesi. Quatrocentos anos de tradição. E você nem sabe de que família ele é?


LEONOR — Não sei, Carmem, só sei que é gente simples.



CARMEM — Abre o olho, Leonor! Esse mundo tá cheio de aproveitadores. Francamente, eu acho um absurdo a Roberta sair com um rapaz que a gente nem conhece a família. Ah, se fosse filha minha...


LYGIA — Isso é verdade! As minhas eu levo ali no cabresto.


CARMEM — É como eu digo. Filha mulher é um castigo. Eu proponho um jantar entre as famílias.

 
LUCIMEI — (OLHA PARA O RELÓGIO) Xi, falando em filha, eu tenho que ir. Combinei de sair com a Camila.


CARMEM — Já vai, querida? É cedo.


LUCIMEI — Não, já tô atrasadíssima. A gente vai pegar a matinée. Tá passando um filme ótimo.


LUCIMEI LEVANTA. AS DEMAIS, EXCETO DONA TININHA QUE DEVORA OS BISCOITOS PARECENDO ALHEIA A TUDO, LEVANTAM PARA CUMPRIMENTÁ-LA.


LUCIMEI — Obrigado pelo chá, Carmem. Você, como sempre, recebe muito bem.


CARMEM — Imagina, vê se aparece mais.


LUCIMEI — Boa tarde, meninas!


TODAS — Boa tarde.


CARMEM — Daísa, acompanhe a Dona Lucimei até a porta.


DAÍSA ABRE A PORTA. LUCIMEI SE DESPEDE E SAI.


LYGIA — Que absurdo. Mãe e filha indo ao cinema desacompanhadas no meio da tarde. Como se fossem da mesma idade...


CARMEM — Também o que esperar de uma mãe solteira? Teve a filha não sei com quem. Não é à toa que a menina foi recusada em vários colégios.


LYGIA — Eu aceitei a matrícula por piedade. Coitadinha, a menina não tem culpa da mãe que tem.


D.TININHA — Engraçado, Dona Lygia. Eu pensei que a senhora tivesse aceitado a menina no colégio porque a mãe é milionária.


CARMEM — Dona Tininha! Mais uma dessas eu coloco a senhora lá pra dentro, hein?


DAÍSA DE LONGE RI. LEONOR DÁ UM LEVE SORRISO.


LEONOR — Carmem, não se pode negar que a Lucimei é muito boa pessoa. Ajuda nas obras da paróquia, contribui com a creche do bairro/


CARMEM — Isso é pra expiar os pecados. E aquela filha dela, solta daquele vai jeito acabar perdida igual a mãe.


LEONOR — Que exagero, Carmem!


CARMEM — Exagero nenhum! E você que não cuide da Roberta que ela vai pro mesmo caminho. Está decidido. Vamos fazer um jantar com a família desse rapaz pra saber quem é ele!


LEONOR — Mas /


CARMEM — Ai, minha irmã, o que seria da nossa família sem mim?


LYGIA E DONA TININHA SE ENTREOLHAM. LEONOR, RESIGNADA E CARMEM, DECICIDA.

(Cena 32 do cap. 3 de “Só Você”, sinopse desenvolvida por mim e com seis capítulos escritos em parceria com Fellipe Carauta e Carlos Fernando, sob a supervisão de Margareth Boury, que coordenou a oficina onde tudo começou em 2007).

Prefira também: