terça-feira, 29 de setembro de 2009

Melão express: rapidinhas, mas saborosas!




- Que horror! Mataram Aracy Cardoso ao “homenagearem” Dirce Migliaccio. Algum gênio do portal da Globo postou um vídeo da novela “A gata comeu” com cenas de Zazá, personagem de Aracy Cardoso, como sendo de Dirce Migliaccio, que fazia a personagem Ceição. O pior é que as atrizes nem são parecidas. Como disse meu amigo Fernando Russowsky, acho que qualquer um de meus amigos participantas das listas de discussão de Tv das quais faço parte faria bem melhor do que esses jornalistas desinformados que pouco sabem ou se interessam por televisão. Pra onde mandamos nosso currículo? Por essas e outras que o Brasil não é levado a sério, já que trata seu principal produto de exportação com desprezo e menosprezo. Imagina se nos EUA alguém iria publicar uma foto de Patrick Swayze dizendo que ele participou de "Top Gun", por exemplo...rs! Sei que o exemplo é tosco, mas é bem por aí... Desculpem o desabafo. Segue o link para a atrocidade:
http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM1128542-7822-DIRCE+E+DESTAQUE+EM+A+GATA+COMEU,00.html


- Em tempo: sugiro a esses "especialistas em TV" que dêem uma olhada no trabalho desenvolvido por Guilherme Stauch (Memória da TV), José Marques Neto (Mofo TV) ou Nilson Xavier (site e almanaque da Teledramaturgia), que dão um banho em todos esses sites institucionais e colunistas de TV. Tal resgate deveria ser feito pelo Ministério da Cultura, que pouco se importa em preservar nossa memória televisiva. Parabéns a esses bravos e abnegados rapazes e muitíssimo obrigado! Sempre!

- Gente, que edição de “No limite” mais xôxa foi essa? E o pior ainda foi o tal “juízo final” com aqueles participantes eliminados bombardeando as finalistas com seu despeito e inveja. E a emoção da ganhadora? Nossa, acho que até aquelas mocinhas que vendem tapete pela Tv são mais empolgadas...rs! Foi um “No limite” muito BBB. E como anti-BBB que sou, rejeitei...rs! Ao menos o programa nos deixa uma valiosa lição: que, para sobrevivência na selva, de pedra ou não, é mais necessário ser sonso do que ser forte.

- Como não estou assistindo a “Viver a vida” diariamente, pode ser que tenha perdido alguma coisa, mas meu amigo Fellipe me chamou a atenção para algo curioso: se Helena (Taís Araújo) é uma top famosíssima, de renome internacional, por que precisa dividir um modesto apartamento com suas amigas médicas?

- É isso mesmo o que acabei de ver na chamada de “Cama de Gato”? Heloísa Perissê filha de Rosi Campos? Como assim? Estão chamando Rosi de velha ou Perissê vai fazer a Taty?

- E com muuuuuuito atraso gostaria de deixar registrada minha opinião sobre a cena de “Caminho das Índias” em que Sílvia (Debora Bloch) descobre que Raul (Alexandre Borges) está vivo. Um tremendo show de interpretação dos atores, sobretudo de Debora, cuja personagem ficou apática a novela inteira, mas que só essa cena já valeu por tudo. E o mais importante: texto! Glória Perez realmente arrasou nos diálogos. O acerto de contas não deixou nada por ser dito e realmente tudo o que estava engasgado na garganta do público veio à tona. Parabéns pela (minha opinião) melhor cena do ano até agora!

- Por fim, gostaria de recomendar um divertido post do blog do Carlos, “Registros do Cotidiano”, que relembra aquelas antigas manchetes das revistas. Muito legal!
http://registrosdocotidiano.blogspot.com/2009/09/betty-faria-transa-com-tarcisio-meira.html

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Dois extremos e uma só tristeza.



Foi uma terça-feira bastante triste e atípica para o meio artístico. Logo antes do meio-dia, tivemos duas lamentáveis notícias de dois falecimentos de pessoas muito queridas do público: a veterana atriz Dirce Migliaccio e a autora roteirista Andréa Maltarolli.

Dirce nos deixa após uma carreira vitoriosa e uma galeria de personagens antológicos, dentre os quais a primeira Emília do “Sítio do Picapau Amarelo” da Rede Globo e Juju, uma das inesquecíveis irmãs Cajazeira da novela e da série “O bem amado”, de Dias Gomes.

No entanto, a lembrança mais viva que tenho da atriz é da doce Ceição de “A gata comeu”, ingênua e encantadora senhora que acreditava piamente na doença do marido Oscar (o impagável e inesquecível Luiz Carlos Arutin) sem saber que ele azarava as gatinhas às vistas de todos os moradores daquela bucólica e agradável Urca da imaginação genial de Ivani Ribeiro. Naquele papel, mesmo coadjuvante, Dirce mostrou várias facetas de uma grande atriz: a doçura e encanto de uma senhorinha ingênua, a luta e o sacrifício de uma pobre dona de casa e depois a ira de uma mulher enganada. Mesmo sendo uma comédia rasgada, Dirce, além de gargalhadas, nos despertava os mais sinceros sentimentos de compaixão para com sua personagem, afinal aquela simpática senhora poderia ser nossa mãe. Uma perda irreparável para o meio artístico, mas sem dúvida Dirce deixa seu legado e uma galeria de trabalhos digna de quem veio nesse mundo e cumpriu sua missão.

Já a notícia da morte de Andréa caiu como uma bomba para quem trabalha ou simplesmente admira a teledramaturgia. Quase ninguém sabia de sua doença, por isso o choque a tristeza se misturaram e até agora está sendo difícil de acreditar. Não cheguei a conhecê-la pessoalmente, mas comemorei quando ela conquistou sua primeira e bem sucedida novela-solo, “Beleza Pura”, uma inspiração para jovens roteiristas. A novela, além de conter uma trama simpática e descontraída, nos despertou a curiosidade pelo que ainda estava por vir da imaginação da autora. Infelizmente o porvir jamais chegará e fica a sensação daquilo que poderia ter sido. Mesmo já possuindo uma consistente carreira como roteirista na TV, sempre ficará a sensação da ausência, de hiato, de interrupção de uma promessa de que o melhor ainda iria chegar.

Dirce e Andréa representam dois extremos: enquanto a primeira descansa em paz nos deixando a sensação de uma carreira plena, a segunda nos deixa essa sensação de incompletude e nos faz refletir sobre o que poderia ter sido e que nunca será. Sim, algumas pessoas se despedem desse mundo de forma tão súbita e sorrateira que sempre nos leva à reflexão de que a vida é agora e que jamais podemos deixar pra depois o que se pode fazer hoje.

O contexto do falecimento das duas é diferente, mas a tristeza é a mesma. Obrigado por tudo e que descansem em paz.

domingo, 13 de setembro de 2009

Blogueiro convidado: Fellipe Carauta

"Queridos, desta vez este blog tem a honra de publicar um texto do talentosíssimo e grande amigo Fellipe Carauta, que registrou suas impressões sobre Tony Ramos ao conferir seu desempenho como Opash em "Caminho das Índias". Obrigado, Fellipe, por enriquecer esse espaço".

Quando Tony me tirou o Sono



Não é novidade para ninguém que Tony Ramos figura entre os maiores da dramaturgia brasileira. Mas, para mim, depois de começar a assistir Caminho das Índias, ele passou a figurar entre os maiores de todos os tempos. E tudo ia “muito bem, obrigado” até eu resolver, num arroubo aquariano, entender racionalmente essa aceitação tácita do meu coração. A partir desse momento, Tony passou a me tirar o sono! Com o intuito de me “livrar” dele e recuperar a paz, eu aventava possibilidades:

Seria o profissionalismo religioso e responsável? Também, mas não só.
Seria o estudo meticuloso de cada papel? Também, mas não só.
Seria a perfeita composição do personagem? Também, mas não só.
Nada era conclusivo para aplacar minha inquietação até assistir à cena em que Opash descobre que é filho de Shankar. Tudo ficou claro como num legítimo “Fiat lux” e eu me senti um imbecil! Como não fui capaz de perceber que Tony carrega em seus olhos todas as emoções da sua alma e por isso consegue tocar tão fundo nossos corações e nos fazer rir e chorar como um Deus? Lamentável! Mas ao menos desvendei o mistério: Tony pertence à rara “casta” daqueles que conseguem ter os olhos de Deus.


Obrigado, Tony, por toda a beleza do seu trabalho!

Fellipe Carauta

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