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sábado, 2 de junho de 2012

Blogueiro convidado: Raphael Ramos “livre para voar” e contar uma bela história.




 Nunca o termo “memória afetiva” fez tanto sentido no melão. Meu querido Raphael Ramos, a quem chamo carinhosamente de Rapholho, é dos meus! Noveleiro de mão cheia e memória “elefantesca”, temos em comum o fato de sempre relacionarmos fatos e memórias de nossas vidas à lembranças televisivas. Rapholho nos brinda com um belo texto, cheio de emoção e pleno das mais doces lembranças ao lado de sua querida mãe, com quem assistia a “Livre para voar”, novela que bate fundo em sua memória afetiva. Confesso que me emocionei com as imagens e lembranças evocadas pelo texto e tenho certeza de que vocês também vão gostar. Muito obrigado, amigo, pelo belo texto e parabéns pela sensibilidade!




Memória Afetiva – Livre para Voar (1984/1985)

Por Raphael Ramos



  Acordar para vida é quando uma criança se dá conta que ela existe no mundo e precisa falar, comer, andar, pensar... . O meu despertar foi em frente à TV e, mais especificamente, numa teledramaturgia. Eu amo as novelas porque eu amava minha mãe e uma coisa sempre foi ligada a outra. Os poucos dez anos que eu tive ao lado da dona Aparecida foram tão intensos e marcantes que eu resgatei da minha “elefantesca” memória a novela “Livre para Voar” (1984/1985) de Walther Negrão e colaboração de Alcides Nogueira. A obra foi a primeira de muitas ao lado da matriarca da família. Ela me acompanhou até “Felicidade” (1991/1992) e de lá pra cá, eu tive que continuar mantendo esse meu vício sozinho. “Felicidade” de Manoel Carlos é outra felicidade à parte, que cabe em outra passagem afetiva.

  Eu tentei me enganar por não conseguir acreditar na minha memória, mas me recordo que o horário era vespertino, hora de lanchar com a mamãe. Apesar de ter apenas quatro anos, não pude esquecer isso:
- Mãe, que horas são?
- São 18h00min, hora de lanchar com a mamãe e ver o Pardal (personagem protagonista de Tony Ramos).

  Pardal era da minha família, foi meu primeiro herói e me iludiu com meu primeiro final feliz. Ele me mostrou que pode ser bom morar num vagão de trem. Eu queria ser o Gibi (Fernando Almeida) para estar ali naquela situação. Eu quis ser feliz pra sempre pela primeira vez e fiz a minha mãe me levar em Poços de Caldas (Minas Gerais) a fim de me sentir dentro da história.

   Walther Negrão e Alcides Nogueira foram os responsáveis pelo meu primeiro sonho que me faz admirá-los até os dias de hoje, eles me fizeram torcer até o final pela Vitória de Bebel/Cristina (Carla Camuratti) e Pardal contra as maldades ardilosas de Helena (Dora Pelegrino) e Danilo (Carlos Augusto Strazzer).

   A trama era despretensiosa e deu certo sem ter a ousadia de ser um sucesso retumbante, foi apenas um sucesso que me deixa lindas recordações e me faz ouvir até hoje a faixa “Chico” de Renato Teixeira na trilha nacional e “Drive” da banda The Cars na trilha internacional. É só ouvi-las que todo saudosismo volta ao coração.

   Discordo com alguns críticos que analisam a trama como boa, porém inconsistente. Construiu na minha vida e na vida de todos que viram e reviram a novela. Eu sempre digo que tenho várias novelas na minha vida, mas “Livre para Voar” foi o primeiro passo, foi “a mais bela flor que alguém já viu nascer e não esqueceu de trazer força e magia, o sonho, a fantasia e a alegria de viver...”


Obrigado, Rapha! Textos como o seu me fazem acreditar no poder e na importância da telenovela em nossas vidas! 
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