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quarta-feira, 12 de junho de 2013

Blogueiro Convidado: Carlos Fernando Barros e suas séries favoritas


Minha relação com as séries de TV
por Carlos Fernando Barros 



Trabalhei praticamente toda a minha vida profissional em Análise de Sistemas, área da Tecnologia da Informação, mas nunca abandonei a ideia de um dia vir a ser escritor e roteirista. Hoje em dia, já trabalho nessa nova área e, quem me conhece, ou mesmo já me ouviu comentar sobre assuntos televisivos, sabe que eu gosto muito das séries. Não tenho preferência pelas de humor, é verdade, embora algumas sejam bem engraçadas e interessantes. O meu forte são as dramáticas, as que envolvem os personagens e seus conflitos e que parecem retratar alguma situação familiar ou situações totalmente distantes.  Claro que gosto muito de novelas também, mas as novelas tem uma levada diferente, mais cadenciada e mais dia-a-dia. As séries não. Elas têm um toque mais rápido, exatamente nada é mostrado por acaso e não se perde tempo. É exatamente isso que me faz gostar tanto delas. Posso até dizer que muitas das séries que assisti, eu gostaria de tê-las escrito.  A seguir algumas das séries que mais me marcaram.


 A Sete Palmos” (Six Feet Under) Foi uma das séries que mais me marcou. Um pouco sombria, com uma música marcante, mostrava a família Fisher, dona de uma funerária, no seu o seu dia-a-dia, em um negócio fúnebre que era tocado diferente de como é tocado por aqui.  Aquela família, nesse mundo diferente do nosso criou em mim uma curiosidade que me fez acompanhá-la pelos seis temporadas e ao final eu assistia à conta gotas. Eu levei muito mais de um mês para assistir os três últimos episódios da última temporada. E o último episódio então! Eu não queria que acabasse e quando aconteceu me senti órfão.



Dexter” também foi uma série que me chamou atenção de primeira. (Será que tenho alguma coisa mórbida em mim?) A história de um assassino em série que trabalha na policia como analista forense e cuida para desvendar crimes dessa natureza, era por si só, muito interessante. Assisti a vários episódios da primeira temporada, mas aos poucos fui perdendo o interesse em ver o restante da temporada. Acho que a questão era que eu não estava ainda preparado para assistir. Enfim, pretendo retornar assim que foi possível ao mundo do Dexter Morgan.  


 Já com “Sex and the City”, a conquista foi diferente. O Vitor, dono deste blog, adora essa série e me fez ver como ela é gostosa. Episódios pequenos e situações interessantes fizeram com que as aventuras daquelas quatro mulheres em Nova York caíssem como uma luva e se tornassem um entretenimento bem agradável. Não vi todos os episódios de toda a série, mas alguns episódios eu vi mais de uma vez. Agradeço isso ao Vitor. Como era normalmente à tarde em que assistíamos aos episódios, hoje as tardes têm, às vezes, o gosto dos animados encontros no café das quatro meninas de Nova York.



As séries musicais também chamam muito minha atenção. Adoro música e juntar os dois gostos, dramaturgia e musica, é para mim o suficiente para cair de cabeça. Assisti a “Glee” me deliciando com a trama e com as músicas. Claro que recordei vários momentos da minha vida, escutando as músicas e como é bom isso, não?  Já “Smash” é um musical também, mas com personagens já adultos e com outra pegada, mas também muito bom. Estou nessa atualmente, embora seja uma pena que só tenha sido produzidas duas temporadas.


Assisti também a algumas séries brasileiras. “Mothern” foi para mim um marco e gostei muito.  Casos e Acasos” foi outra série que adorei. O fato das histórias se fundirem ao final era para mim muito bem interessante. Essa foi uma das séries que, mais especificamente, eu gostaria de ter escrito. Gostei muito também da série “Sessão de Terapia”. Essa, um pouco mais devagar, me pegou pela riqueza dos personagens e por poder ver um pouco de um mundo que nós só conhecemos de fora.


Downton Abbey” foi a última série a que acabei de assistir. Bonita, bem produzida, atores excelentes, personagens de uma época que eu tinha pouca informação, enfim, maravilhosa. Dois mundos vivendo entrelaçados e interagindo um com o outro: a aristocracia e os empregados. Tudo na dose certa e rápido, direto e, às vezes, bem duro, como eu gosto. Essa série eu também gostaria de ter escrito. Assisti às duas temporadas disponíveis aqui no Brasil e me senti um pouco órfão ao final. Eu estou ansioso para a terceira que já está chegando por aqui.


Atualmente, das séries nacionais, eu me amarro mesmo é com “Pé na Cova”.  Um Miguel Falabella excelente, elenco entrosado, Marilia Pera pra lá de inspirada, tudo de bom. No final do ano passado fiz um curso em que alguns colegas da produção de “Pé na Cova” também fizeram. Eles me falaram que o seriado iria revolucionar como linguagem. Realmente no início estranhei um pouco, mas quando entendi a proposta, embarquei de cara.


Enfim, nessa nossa vida atribulada, procuro ter tempo para continuar assistindo as minhas séries preferidas. Hoje me divido entre “Roma”, “Damages” e “Smash”. Mas no momento existe uma pequena fila me esperando: “Revenge”, “Mad Men” e “Breaking Bad”.  
A minha relação com as séries talvez seja comum a muitos que agora leem esse texto, mas é feita de toda a emoção e entrega. E quem sabe se, em um dia próximo, vocês não assistirão um série com a minha participação ou assinatura? Saibam que quando esse dia chegar eu estarei realizando um dos meus maiores objetivos de vida.

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 Carlos Fernando Barros nasceu em Recife e traz na sua formação pessoal o gosto e o tempero nordestino acrescido com punhados generosos do carioquês. Analista de sistemas por profissão e escritor e roteirista por amor.  A arte de escrever está no sangue e coloca suas observações das situações de vida na forma de contos e futuros romances. Seus projetos também incluem roteirizar obras audiovisuais para TV e cinema tendo inclusive apresentados projetos que estão em avaliação. Segundo ele mesmo diz, o livro ‘Todas as janelas é apenas o primeiro trabalho.

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sexta-feira, 12 de abril de 2013

De “Glee” a “Pé na Cova”, o melão também prefere séries



Elenco de "Pé na Cova" reunido

Não é novidade que, em se tratando de teledramaturgia, as telenovelas estão no topo de minha preferência. Mas também adoro séries e acompanho a sua evolução desde os tempos em que as tramas tinham início, meio e fim em cada episódio, até as mais atuais, que ganham cada vez mais ares de telenovela, com seus ganchos e tramas folhetinescas que se estendem por toda a temporada. Enquanto as séries, com seus episódios semanais e por seu formato compacto, permitem um trabalho de escrita mais cuidadoso e um tempo maior em sua elaboração, as novelas, geralmente, têm um processo diário, mais industrial, com prazos mais rígidos e envolvendo um número bem maior de ideias, tramas e profissionais. Por outro lado, as novelas, mesmo as com audiência insatisfatória nunca ficam sem desfecho. Novelas podem ser encurtadas pelo fracasso ou esticadas pelo sucesso, mas a legenda “fim” jamais aparece enquanto todas as tramas não estiverem concluídas ao passo que as séries, caso não correspondam ao sucesso esperado, são canceladas sem dó nem piedade deixando as tramas em aberto e espectadores órfãos, como foi o caso de “Pan Am”, cuja primeira temporada terminou sem desfecho algum, deixando todas as tramas no meio do caminho e o espectador a ver navios, digo, aviões. Por essas e outras razões, as telenovelas ainda são meu porto seguro, o que não me impede de ter minhas séries favoritas e vibrar com cada uma delas.

 Minha favorita de todos os tempos para sempre será “Sex and the City”, pela capacidade de, no decorrer da série, escapar dos quatro arquétipos femininos propostos e criar personagens tão ricos e multifacetados em episódios tão engraçados quanto envolventes. Sim, as quatro meninas de Manhattan habitarão para sempre em meu coração. Mas minhas preferências também passam por “Downton Abbey”, um verdadeiro novelão, e por “Mad Men”, pela perfeita reconstituição de uma época que adoro, pelo subtexto sempre presente e pela total quebra de expectativa a cada episódio. Mas no momento, tenho apreciado as séries mais transgressoras, que rompem com paradigmas ou ousam de alguma forma como “Girls”, “Pé na Cova” e (acredite!), “Glee”.

Lena Dunham em cena de "Girls"
Confesso que gostei mais da primeira temporada de “Girls”, que já ganhou um post aqui no blog. Nessa segunda, a decadence das meninas ficou um pouco mais deselegante. O texto continua genial e as atuações idem. Admiro a coragem e a ousadia de Lena Dunham (criadora, autora, produtora, diretora e atriz da série) ao expor seu corpo fora dos padrões de beleza impostos pela sociedade em cenas fortes, mas nem por isso apelativas. Mas não consigo mais torcer pela sua personagem, Hannah (uma escritora que não escreve nunca), cujas atitudes beiram à infantilidade. O que seria uma série sobre a difícil inserção dos jovens na vida adulta foi se transformando aos poucos na saga de personagens neuróticos com complexo de Peter Pan que se recusam a crescer. Amor mesmo só por Adam, espécie de “Mr. Big” de Hannah, bem mais amoroso do que o eterno objeto de desejo de Carrie Bradshaw em “Sex and the City”. Ainda sim, considero “Girls” uma boa série com fôlego suficiente para muitas temporadas.

Elenco da terceira temporada de "Glee"
Enquanto isso, “Glee” continua no topo de minhas preferências. Como não amar essa série? E antes que os mais “cults” me apedrejem, considero sim uma série pra lá de transgressora sem parecer ser. Mais transgressora que “Modern Family”, por exemplo, que até acho simpática, mas esconde todos os estereótipos por trás de uma embalagem moderna: a típica família americana, o pai trapalhão, a filha periguete, a filha nerd, o filho lesado e a mãe tentando controlar tudo, o coroa que se casa com a latina sexy e o casal gay assexuado. “Glee”, ao contrário, tem uma embalagem careta: jovens estudantes cantando um punhado de hits de todos os tempos da música pop americana. Mas é justamente essa embalagem, digamos, comercial que fisga o grande público, que embarca pra valer na saga do coral estudantil com todos os seus dilemas típicos da idade. O mais bacana em “Glee” é que as lindinhas são meras coadjuvantes, enquanto as consideradas minorias são o centro das atenções, a começar pela obstinada Rachel Berry, uma força da natureza defendida com brilho e garra por Lea Michele, uma mocinha completamente fora dos padrões convencionais, tanto na aparência quanto nas atitudes, nem sempre éticas. Além dela, há o gay, o cadeirante, a negra obesa, a latina gostosa, a portadora de Síndrome de Down, todos extremamente cativantes e nunca na posição de coitadinhos. “Glee” explora o lado bom do politicamente correto e dá voz a personagens que nunca tiveram vez em outras produções. E verdade seja dita: que outro programa da tevê aberta e voltado para jovens tem a ousadia de, não só mostrar o tão cobrado beijo gay, mas tratar as relações homoafetivas em pé de igualdade com outros romances da série? Os gays de “Modern Family” não chegam nem perto em matéria de ousadia se comparados aos de “Glee”. Acreditem, “Glee” é mais transgressor do que parece ser.

Velório Drive Thru: uma das loucas cenas de "Pé na Cova"
Por fim, outra série que não perco por nada é a nossa, muito nossa “Pé na Cova”. A série de Miguel Falabella é simplesmente deliciosa. Não tem o humor hilariante e escancarado de “Toma lá, dá cá”, nem a crítica tão abertamente corrosiva de “A vida alheia”, criações anteriores do autor. “Pé na Cova” possui esses dois elementos, só que de maneira mais sutil. O humor não é gratuito, todas as piadas têm um objetivo. O programa faz rir, mas também possui uma melancolia que nos leva à reflexão sobre a vida daquelas pessoas carentes de tudo, como diria Milton Nascimento, “uma gente que ri quando deve chorar e não vive, apenas aguenta”. Os personagens são deliciosos, a começar pelos nomes: Adenoide, Soninja, Luz Divina, Alessanderson, Odete Roitman, Tamanco... O elenco afiadíssimo brilha intensamente, comandados pelos veteranos Marilia Pêra e Miguel Falabella, em atuação comovente, diferente de tudo o que ele já fez como ator. E aquela estética “kitsch”, colorida, mesclada com muitas doses de bizarrice nos remete aos impagáveis e geniais filmes oitentistas de Almodóvar. “Pé na Cova” é um verdadeiro tapa na cara da sociedade, um grito contra a caretice estabelecida em nosso país. Consegue divertir e comover ao mesmo tempo. Sem dúvida, uma das melhores produções de nossa teledramaturgia dos últimos tempos. Absolutamente necessária nos dias de hoje. Que venham outras temporadas.

E enquanto as novas temporadas de “Downton Abbey” e “Mad Men” não chegam, no momento estou conferindo “Smash”, espécie de “Glee” para adultos e achando interessante. Enfim, mesmo que ocupando o segundo lugar no pódio (as novelas, pra mim, são imbatíveis), melão também adora e prefere séries.

Mad Men: genial após seis temporadas
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E vocês? Quais seriados estão assistindo no momento? Melão quer saber. Deixe seu comentário!

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