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quinta-feira, 20 de junho de 2013

Melão Express – ed. 20: POESIA, SÉRIES E UM TALENTO QUE DESPONTA.


Ø  POESIA DE TARCISIO LARA PUIATI AGITA IPANEMA



Meus queridos, é com muito prazer que convido a todos vocês a prestigiar na sexta, dia 12/07, na Livraria da Travessa, em Ipanema, o lançamento de RABIOLA, nova aventura poética de meu querido amigo e companheiro de escrita em “O astro”, Tarcísio Lara Puiati. O lançamento vai ser o máximo, com muita poesia, cultura, agitos, gente fina, elegante e sincera. Tatá arrasa, tanto em prosa, quanto em poesia.
Curta a fan page do livro e confira as orelhas virtuais de nomes como Antonio Calmon e Alcides Nogueira e também alguns poemas interpretados por Raphael Vianna, Thiago Mendonça, Pablo Sanábio, entre outros.



Esperamos todos vocês!


Ø  ÓTIMA SAFRA DE SÉRIES NO GNT

Depois da excelente “Sessão de Terapia”, o canal GNT, que vem surpreendendo com ótimas séries desde “Mothern”, vem como uma ótima e nova safra para todos os gostos, como “Copa Hotel” e “Surtadas na Yoga”. Mas minhas favoritas dessa leva são “3 Teresas” e “As canalhas”.



3 Teresas”, produzida pela Bossa Nova Films, acompanha paralelamente os acontecimentos da vida de avó, mãe e filha, as 3 Teresas do título, vividas pelas ótimas Claudia Mello, Denise Fraga e Manoela Aliperti. A série é uma criação de Luiz Villaça, Rafael Gomes, Sérgio Roveri, Leonardo Moreira e Carô Ziskind e conta sempre com um roteiro esperto, com diálogos espirituosos e trama que foge dos velhos clichês dos dramas femininos de sempre. Os assuntos recorrentes, como amor, sexo e conflitos familiares estão presentes, mas há sempre uma quebra de expectativa nos episódios que surpreende no final. As atrizes estão ótimas em cena e os personagens são muito bem construídos. Drama e humor na medida certa.


Já “As canalhas”, produzida pela Migdal Filmes, com roteiro de Anna Muylaert (que também assina a direção geral) e Carolina Castro e segue a fórmula de “As cariocas” e “As brasileiras” ao contar, a cada episódio, as peripécias de uma personagem feminina diferente, mas de uma maneira deliciosa e politicamente incorreta. São mulheres de idades e classes sociais diferentes, mas com uma característica em comum: são canalhas. Elas passam pelo salão de beleza de Marilyn (Zezeh Barbosa) e lá narram sua história para o público. Tem todo tipo de canalhice: mãe que rouba namorado da filha, cuidadora que explora idoso, mulher que troca o marido pelo cunhado e por aí vai... O elenco é ótimo: Monica Martelli, Carla Marins e Mel Lisboa são os nomes mais conhecidos, mas todas são excelentes. Todos os episódios são ótimos, repletos de um humor deliciosamente cruel. Impossível não amar e não torcer por essas adoráveis canalhas.

Ø  MELÃO APOSTA EM CLARICE ALVES: UM TALENTO QUE DESPONTA NO CINEMA.



Ela é uma atriz brasileira, mora em Madri há algum tempo e em menos de 1 ano, já desponta, com muito futuro, no cenário cinematográfico nacional. Neste período já fez o média "Entre Amores"- com roteiro e direção de Bruno Saglia; o curta "Estatísticas"- roteiro de Marcela Macedo e direção de Giuliano Nandi; será protagonista do longa "Diminuta", de Bruno Saglia- com Deborah Evelyn, Carlos Vereza e Reynaldo Giannechini e filmará ainda mais um curta-metragem ainda este ano. Claro que não vai demorar para a tevê descobrir o talento dessa linda atriz. Melão se antecipa e apresenta CLARICE ALVES! Vamos conhece-la melhor?

Melão - Quando surgiu seu desejo de ser atriz e como foi sua trajetória até a realização dos primeiros filmes? 
Clarice - Desde pequena eu queria ser atriz. Sempre adorei ver novelas, ir ao cinema e ao teatro. Sempre me interessei pelo trabalho dos atores e por tudo o que envolvia a produção dos espetáculos que assistia. Alugava filmes e depois assistia os making- offs e as entrevistas que podia. Um dia falei para a minha mãe que queria ser atriz e estudar para isso. Ela procurou cursos e me matriculou na Companhia de Artes Avancini. Lá, com 12 anos tive o meu primeiro contato com o palco e com a câmera. Desde então me apaixonei por essa profissão e tive certeza que era o que queria fazer. Mesmo estando a 7 anos fora do Brasil não parei de fazer cursos de interpretação e  de estudar. Me formei em assessoria de imagem e comecei a fazer faculdade de artes cênicas. Ano passado, enquanto estava de férias no Rio, conheci a Jackeline Barroso da agência Barroso Pires. Ela é agente de um amigo e hoje é a minha agente também. Ela conseguiu mostrar meu material para o diretor Bruno Saglia que me convidou para fazer um teste para o filme "Entre Amores". Passei! Para minha surpresa, após este teste, ele também me convidou para ser a protagonista (junto com Deborah Evelyn e Reinaldo Gianecchini) do seu próximo longa "Diminuta". Através da minha agente também consegui que o produtor Márcio Rosário visse meu material e me chamasse para participar do filme "Estatísticas".

Melão - Você participou de dois médias-metragens e ainda este ano filmará um curta, além do longa-metragem "Diminuta", no qual será protagonista. Como você explica este sucesso? 
Clarice - Gosto muito do que eu faço e por isso sempre procurei estudar e não deixar de fazer cursos, independente de onde estivesse. Ano passado participei do meu primeiro media com o diretor Bruno Saglia e foi uma experiência fantástica. Tive a oportunidade de estar com profissionais muito experientes, a quem sempre admirei como a Daniela Escobar e a Thaís de Campos. Procuro aproveitar o máximo meu tempo com todos eles porque cada trabalho é um grande aprendizado. Aprendo não só gravando como observando todos os profissionais que estão a minha volta. Enxergo cada trabalho como uma nova oportunidade de crescer como atriz e tento dar o meu melhor sempre.

Melão - O que te fez morar em Madri e o que te encanta na cidade? Tem vontade de voltar a morar no Brasil? 
Clarice - Fui para Madri com o meu marido pela sua profissão. Ele é jogador de futebol e foi vendido para o Real Madrid muito novo, quando tínhamos 17 e 18 anos. Nós mudamos para lá e já levamos quase 7 anos na cidade. Hoje em dia nos sentimos em casa em Madrid e temos um carinho enorme pela cidade. É um lugar maravilhoso, cheio de vida, com muitas coisas diferentes para fazer. Lá encontramos de tudo, parques lindos, restaurantes maravilhosos, espetáculos ótimos de teatro, lugares tranquilos, bairros alternativos com todo tipo de lojas, bares e pessoas. É uma cidade muito movimentada com muita energia e diversidade. Mesmo assim, tenho bastante vontade de voltar a morar no Brasil. Nosso povo e nossa cultura são únicos e é impossível não sentir saudades. Sempre que podemos vamos ao nosso país, seja de ferias ou a trabalho e aproveitamos o máximo possível.

Melão - Fale de sua expectativa para filmar "Diminuta", longa que você irá atuar com nomes conhecidos como Reynaldo Gianecchini, Daniela Escobar a Carlos Vereza. 
Clarice - Esse projeto é muito especial, um filme único. O roteiro do Bruno é maravilhoso, completamente inspirador e poético e ao mesmo tempo muito real. É uma historia sobre o mundo do jazz que vai conseguir reunir diferentes tipos de artistas. Poder estar dentro desta produção é um sonho. Tenho certeza que todos os profissionais estão muito empolgados de poder fazer parte deste filme. Eu ainda mais, por ter a chance de estar do lado de atores que são grandes referências no nosso país, a quem acompanho desde pequena em novelas e filmes. Sem dúvidas será uma experiência totalmente rica e inesquecível. 


Melão - Como está sendo sua preparação para compor as personagens de todos estes filmes? 
Clarice - Estou vendo filmes indicados pelos diretores para me aproximar ao máximo da ideia deles e da atmosfera de cada história. Leio o máximo de livros que posso que me ajudam na construção dos personagens. E estou aproveitando este mês de férias no Brasil para ter aulas de corpo e aulas mais específicas com a minha coach, Thais de Campos.

Melão - Você tem planos em trabalhar na televisão? Tem algum ator ou atriz que lhe sirva de inspiração?
Clarice - Tenho muita vontade de trabalhar na televisão. Adoro as novelas brasileiras e assisto desde criança.  Será um momento muito especial quando tiver a oportunidade de participar de alguma. Adoro os trabalhos da Meryl Streep, Angelina Jolie e Johnny Depp. No Brasil adoro ver a Adriana Esteves e a Claudia Abreu. Todos eles me inspiram muito.

Melão - Você costuma assistir às nossas novelas? Que sim, quais suas favoritas?  
Clarice - Sim. Tenho Globo internacional e sempre que posso assisto. Amei “Avenida Brasil”. Comecei a assistir do meio para o final, mas não conseguia perder nenhum capítulo. Os personagens e a trama eram ótimos e a Carminha uma vilã pela qual era impossível não ter empatia. Também adoro minisséries. Entre as minhas preferidas estão "A casa das sete mulheres" e "Hilda Furacão".

Obrigado pela entrevista, Clarice. O blog deseja todo sucesso a você e, em breve, venha nos contar sobre seus primeiros trabalhos televisivos!


Ø  ANOS REBELDES: ONTEM, HOJE E SEMPRE!

Claro que é uma grande coincidência, mas não deixa de ser simbólico o fato do Canal Viva estar exibindo uma reprise de “Anos Rebeldes” na mesma época em que acontecem diversas manifestações populares em todo o país. A mítica minissérie de Gilberto Braga sobre os anos de chumbo termina essa semana e não deixa de ser uma grande inspiração para todos que desejam e lutam por um país melhor. Melão apoia totalmente o movimento #VemPraRua, sem vandalismo e violência! “Caminhando contra o vento, sem lenço, sem documento... eu vou, por que não?”.



Beijos e até a próxima!  

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sexta-feira, 12 de abril de 2013

De “Glee” a “Pé na Cova”, o melão também prefere séries



Elenco de "Pé na Cova" reunido

Não é novidade que, em se tratando de teledramaturgia, as telenovelas estão no topo de minha preferência. Mas também adoro séries e acompanho a sua evolução desde os tempos em que as tramas tinham início, meio e fim em cada episódio, até as mais atuais, que ganham cada vez mais ares de telenovela, com seus ganchos e tramas folhetinescas que se estendem por toda a temporada. Enquanto as séries, com seus episódios semanais e por seu formato compacto, permitem um trabalho de escrita mais cuidadoso e um tempo maior em sua elaboração, as novelas, geralmente, têm um processo diário, mais industrial, com prazos mais rígidos e envolvendo um número bem maior de ideias, tramas e profissionais. Por outro lado, as novelas, mesmo as com audiência insatisfatória nunca ficam sem desfecho. Novelas podem ser encurtadas pelo fracasso ou esticadas pelo sucesso, mas a legenda “fim” jamais aparece enquanto todas as tramas não estiverem concluídas ao passo que as séries, caso não correspondam ao sucesso esperado, são canceladas sem dó nem piedade deixando as tramas em aberto e espectadores órfãos, como foi o caso de “Pan Am”, cuja primeira temporada terminou sem desfecho algum, deixando todas as tramas no meio do caminho e o espectador a ver navios, digo, aviões. Por essas e outras razões, as telenovelas ainda são meu porto seguro, o que não me impede de ter minhas séries favoritas e vibrar com cada uma delas.

 Minha favorita de todos os tempos para sempre será “Sex and the City”, pela capacidade de, no decorrer da série, escapar dos quatro arquétipos femininos propostos e criar personagens tão ricos e multifacetados em episódios tão engraçados quanto envolventes. Sim, as quatro meninas de Manhattan habitarão para sempre em meu coração. Mas minhas preferências também passam por “Downton Abbey”, um verdadeiro novelão, e por “Mad Men”, pela perfeita reconstituição de uma época que adoro, pelo subtexto sempre presente e pela total quebra de expectativa a cada episódio. Mas no momento, tenho apreciado as séries mais transgressoras, que rompem com paradigmas ou ousam de alguma forma como “Girls”, “Pé na Cova” e (acredite!), “Glee”.

Lena Dunham em cena de "Girls"
Confesso que gostei mais da primeira temporada de “Girls”, que já ganhou um post aqui no blog. Nessa segunda, a decadence das meninas ficou um pouco mais deselegante. O texto continua genial e as atuações idem. Admiro a coragem e a ousadia de Lena Dunham (criadora, autora, produtora, diretora e atriz da série) ao expor seu corpo fora dos padrões de beleza impostos pela sociedade em cenas fortes, mas nem por isso apelativas. Mas não consigo mais torcer pela sua personagem, Hannah (uma escritora que não escreve nunca), cujas atitudes beiram à infantilidade. O que seria uma série sobre a difícil inserção dos jovens na vida adulta foi se transformando aos poucos na saga de personagens neuróticos com complexo de Peter Pan que se recusam a crescer. Amor mesmo só por Adam, espécie de “Mr. Big” de Hannah, bem mais amoroso do que o eterno objeto de desejo de Carrie Bradshaw em “Sex and the City”. Ainda sim, considero “Girls” uma boa série com fôlego suficiente para muitas temporadas.

Elenco da terceira temporada de "Glee"
Enquanto isso, “Glee” continua no topo de minhas preferências. Como não amar essa série? E antes que os mais “cults” me apedrejem, considero sim uma série pra lá de transgressora sem parecer ser. Mais transgressora que “Modern Family”, por exemplo, que até acho simpática, mas esconde todos os estereótipos por trás de uma embalagem moderna: a típica família americana, o pai trapalhão, a filha periguete, a filha nerd, o filho lesado e a mãe tentando controlar tudo, o coroa que se casa com a latina sexy e o casal gay assexuado. “Glee”, ao contrário, tem uma embalagem careta: jovens estudantes cantando um punhado de hits de todos os tempos da música pop americana. Mas é justamente essa embalagem, digamos, comercial que fisga o grande público, que embarca pra valer na saga do coral estudantil com todos os seus dilemas típicos da idade. O mais bacana em “Glee” é que as lindinhas são meras coadjuvantes, enquanto as consideradas minorias são o centro das atenções, a começar pela obstinada Rachel Berry, uma força da natureza defendida com brilho e garra por Lea Michele, uma mocinha completamente fora dos padrões convencionais, tanto na aparência quanto nas atitudes, nem sempre éticas. Além dela, há o gay, o cadeirante, a negra obesa, a latina gostosa, a portadora de Síndrome de Down, todos extremamente cativantes e nunca na posição de coitadinhos. “Glee” explora o lado bom do politicamente correto e dá voz a personagens que nunca tiveram vez em outras produções. E verdade seja dita: que outro programa da tevê aberta e voltado para jovens tem a ousadia de, não só mostrar o tão cobrado beijo gay, mas tratar as relações homoafetivas em pé de igualdade com outros romances da série? Os gays de “Modern Family” não chegam nem perto em matéria de ousadia se comparados aos de “Glee”. Acreditem, “Glee” é mais transgressor do que parece ser.

Velório Drive Thru: uma das loucas cenas de "Pé na Cova"
Por fim, outra série que não perco por nada é a nossa, muito nossa “Pé na Cova”. A série de Miguel Falabella é simplesmente deliciosa. Não tem o humor hilariante e escancarado de “Toma lá, dá cá”, nem a crítica tão abertamente corrosiva de “A vida alheia”, criações anteriores do autor. “Pé na Cova” possui esses dois elementos, só que de maneira mais sutil. O humor não é gratuito, todas as piadas têm um objetivo. O programa faz rir, mas também possui uma melancolia que nos leva à reflexão sobre a vida daquelas pessoas carentes de tudo, como diria Milton Nascimento, “uma gente que ri quando deve chorar e não vive, apenas aguenta”. Os personagens são deliciosos, a começar pelos nomes: Adenoide, Soninja, Luz Divina, Alessanderson, Odete Roitman, Tamanco... O elenco afiadíssimo brilha intensamente, comandados pelos veteranos Marilia Pêra e Miguel Falabella, em atuação comovente, diferente de tudo o que ele já fez como ator. E aquela estética “kitsch”, colorida, mesclada com muitas doses de bizarrice nos remete aos impagáveis e geniais filmes oitentistas de Almodóvar. “Pé na Cova” é um verdadeiro tapa na cara da sociedade, um grito contra a caretice estabelecida em nosso país. Consegue divertir e comover ao mesmo tempo. Sem dúvida, uma das melhores produções de nossa teledramaturgia dos últimos tempos. Absolutamente necessária nos dias de hoje. Que venham outras temporadas.

E enquanto as novas temporadas de “Downton Abbey” e “Mad Men” não chegam, no momento estou conferindo “Smash”, espécie de “Glee” para adultos e achando interessante. Enfim, mesmo que ocupando o segundo lugar no pódio (as novelas, pra mim, são imbatíveis), melão também adora e prefere séries.

Mad Men: genial após seis temporadas
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E vocês? Quais seriados estão assistindo no momento? Melão quer saber. Deixe seu comentário!

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sábado, 15 de setembro de 2012

O sexo, a cidade e nenhum glamour



As quatro protagonistas de "Girls", série sensação do momento.

Nem só de teledramaturgia nacional vive este melão que vos fala. Não posso dizer que sou tão seriemaníaco quanto noveleiro, mas também adoro uma boa série. As atuais estão utilizando cada vez mais os ingredientes das telenovelas como o bom melodrama (“Revenge” e “Brothers and Sisters”), bons ganchos (“Desperate Housewives”) e uma trama que não se encerra com o fim do episódio, indo até o final da temporada ou até mesmo ao final da série. Pelo fato de elas, geralmente, ficarem mais tempo no ar do que as novelas (“A Grande Família” e “Friends” que o digam), a gente acaba se apegando demais aos personagens e, de tempos em tempos, vamos substituindo nossas paixões e dando lugar a novos universos, novas tramas e novos “amigos”. Minha paixão maior continua sendo “Sex and the city”, mas desde o fim das aventuras de Carrie Bradshaw e suas amigas, tenho acompanhado um bocado de séries, dentre as quais cito minhas favoritas “Damages” e “Mad Men”, absolutamente sensacionais. Minha mais nova descoberta (não por acaso citei “Sex and the city”) é a já badaladíssima “Girls”, exibida atualmente na HBO que também narra a saga de quatro mulheres e suas aventuras em Nova Iorque, só que bem mais jovens, também com muito sexo, mas com muito menos glamour.

Hannah e Adam: é tudo somente sexo e amizade
A série é escrita, dirigida e interpretada por Lena Dunham, a mais nova queridinha do showbizz americano. Ela é a protagonista Hannah, jovem que vive o conflito da transição para a vida adulta. Recém-formada, ela agora precisa sobreviver na Big Apple sem a mesada dos pais e ainda lidar com os dilemas de um relacionamento complicado. Apesar de contornos bem mais dramáticos e realistas do que “Sex and the city”, a série explora os mesmos arquétipos femininos de sua antecessora, ainda que de modo menos óbvio. Mesmo assim, é possível fazer a correlação entre as personagens das duas séries. Assim como Carrie (Sarah Jessica Parker), Hannah também é escritora (pelo menos uma aspirante) e também tem o seu Mr. Big, o homem sentimentalmente inatingível do qual ela é dependente afetivamente. Nesse caso é o bizarro Adam (Adam Driver), que mantém com Hannah um relacionamento sem compromissos e com muito sexo. Isso é um diferencial na série: as cenas de sexo são pra lá de cruas, pouco românticas, muito mais realistas e (por que não dizer?) bem mais chocantes do que as da lendária série estrelada por Sarah Jessica Parker.

As lendárias e inesquecíveis protagonistas de "Sex and the city"

As outras garotas também guardam semelhanças com as novaiorquinas anteriores: a bela Marnie (Allison Williams), a exemplo de Miranda Hobbes (Cynthia Nixon) é prática, controladora e busca um relacionamento sem maiores sobressaltos; Jessa (Jemima Kirke) a sensual garota europeia, liberada sexualmente poderia perfeitamente ser uma sobrinha do furacão Samantha Jones (Kim Catrall); e completando o quarteto, a inocente e virgem Shooshanna (Zosia Mamet), tão romântica quanto a doce Charlotte York (Kristin Davis) e, na história, é justamente Shooshanna a fã inveretada de “Sex and the City”. Ainda que a referência soe como uma alfinetada, é inegável que o universo de “Sex and the city” serviu como inspiração para Lena, só que com bem menos açúcar, menos afeto e doses cavalares de realismo nu e cru.



Apesar de carregar altas doses de humor irônico e sarcástico, “Girls” é, essencialmente, uma série dramática que, em alguns momentos, chega a nos angustiar com situações, muitas vezes humilhantes, pelas quais passam as garotas, sobretudo a protagonista Hannah. Mesmo não sendo tão palatável e divertida como “Sex and the city”, vale muito a pena dar uma conferida no texto inteligente e nas interpretações corajosas de “Girls”, um retrato bastante realista e desglamourizado dos dilemas sofridos pela geração nascida na segunda metade dos anos 80. Garotas imperfeitas que já não sonham com o homem perfeito e que buscam afirmação afetiva e profissional em tempos de crise em ambos os aspectos.

Lena Dunham: autora, diretora e protagonista da série
“Girls” é exibida pelo canal HBO toda segunda às 22 horas com várias reprises durante a semana. Ainda dá tempo de conferir.
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sábado, 16 de abril de 2011

Blogueiro convidado: Eduardo Vieira analisa “Macho Man”



 Mais um querido amigo me dá o prazer de publicar um texto no melão. Trata-se de Eduardo Vieira, um santista apaixonado por televisão, que conhece e acompanha novelas desde os anos 70 e sempre nos brinda com seus valiosos comentários nas comunidades virtuais das quais fazemos parte.

Edu nos escreve sobre “Macho Man”, nova série da dupla Fernanda Young e Alexandre Machado, com direção geral de José Alvarenga Jr. Estrelado pelo impagável Jorge Fernando, a trama gira em torno dos dilemas de um ex-gay que precisa lidar com sua nova condição. O texto, sabiamente, aponta para os aspectos da série que vão além de clichês e estereótipos e nos oferece uma reflexão mais densa, ainda que seja através do riso. O melão agradece a Edu e espera que ele retorne com mais textos.
  

“Macho man”, de Fernanda Young e Alexandre Machado.

Por Eduardo Vieira

Folder promocional da série

A ideia sempre foi curiosa... um homossexual está dançando e após uma pancada, é mudada a sua condição sexual, de gay assumidíssimo ele tem tendências heterossexuais, tendo atração por corpos femininos.

Haviam convidado Rodrigo Santoro para o papel. O ator declinou por razões desconhecidas. Entrou Jorge Fernando, mais conhecido como diretor e ator do espetáculo quase sem roteiro Boom!!! A autora Fernanda Young sempre disse que gostaria de trabalhar com ele.

Todos se espantaram: Jorginho Fernando, um homem bem extrovertido, digamos assim, fazer um ex gay? Claro que as pessoas, entre elas, eu, pensaram na possibilidade de ele virar um estereótipo do machão, pegador, com jeito masculino. E é aí é que mora a surpresa do seriado. Os autores, corajosamente, dissociaram a vontade, a libido, da identidade que cada pessoa tem, seja ela hétero ou homo. Ou seja, fizeram um saco de gatos com tudo o que separa a identidade do macho man, o verdadeiro, daquele homem mais sensível que culmina por enxergar o mundo de um modo um tanto  bifocal, pensa como um gay, com tudo o que acarreta pensar como um gay: tem rapidez de raciocínio, humor camp, auto comiseração, clichês muito bem trabalhados dentro do texto. Não há como negar, por exemplo, que os gays pensam diferente sobre um bocado de coisas!

E aquele outro homem recém-descoberto,  que  tem sentimento e  instinto de  latin lover , vem causar uma grande confusão em sua cabeça, pois são duas pessoas  aprisionadas (outro clichê sexual) num corpo só. Aliás, o seu cérebro que ainda é gay controla o corpo, este louco pra experimentar o corpo feminino, então, sua única escolha lógica.

Daí vêm os dilemas: socialmente ele nega ter “virado” hétero, pois não pegaria bem no seu emprego de cabeleireiro e depilador. Os preconceitos são vistos de forma divertida e irreverente. E no jogo também entram a melhor amiga, uma ex-gorda que ainda não se acostumou na sociedade a viver o papel com seu novo corpo, pois mudou sua aparência, enquanto a essência continua dentro dela. Assim como Zuzu ou Nelson, que pensa como homo, Valéria( Marisa Orth) pensa ainda como gorda e dessas reflexões é que surgem os diálogos mais engraçados e por vezes agridoces dos dois amigos.

Ainda no ótimo elenco de coadjuvantes, estão Venetta (Rita Elmor), uma ex- top model quase anoréxica, sempre na rebordosa, que diz deliciosas  calamidades aos dois amigos. Está sempre no salão falando abertamente sobre sua vida; Frederick (Roney Facchini), o dono do salão, paranóico, que sempre está à margem de tudo o que acontece; e enfim, a divertida e séria  recepcionista gótica (Natalie Klein, em ótima interpretação), que também esconde uma divertida identidade, pois tem medo de ser rejeitada, como se o rótulo de gótico fosse muito bem aceito!

A dupla de escritores, mais uma vez, alterna entre piadas com diálogos inspirados, contrabalançando o olhar homo e hétero, sobre  as coisas mais banais, como um modo de vestir até um lugar para se paquerar, até o humor com uma conotação mais agressiva e um tanto escatológica, como já acontecia em Os Normais e no último Separação?! . Porém, acho que Macho Man está mais para o primeiro no sentido de longevidade.


sábado, 25 de setembro de 2010

Blogueiro convidado: Eddy Fernandes fala de “Separação?!”

                                                                                                                                                                 
 Muitíssimo jovem, mas com talento para a escrita digno de veterano, o queridíssimo Eddy Fernandes, diretamente de Manaus, nos deu a honra de ser o novo blogueiro convidado do melão. A julgar pelos textos televisivos que já li do moço, posso assegurar que ele vai longe! Quando seu nome figurar nos créditos de alguma abertura de novela, tomara que todos se lembrem de que ele escreveu por aqui um dia...
Além disso, ele também possui um blog engraçadíssimo, Tá Fun, que fala das dores e delícias de seu cotidiano, bem como relata as agruras da vida moderna com um humor inteligentíssimo, repleto de ironia e sarcasmo na dose exata. Não deixem de visitar!
Mas, como por aqui o assunto é teledramaturgia, Eddy nos brindou com um texto sobre a excelente Separação?!” escrito momentos após ir ao ar o último episódio da primeira temporada da série. Olha só que chique! Uma informação importante: para postar um texto por aqui, o blogueiro convidado não precisa absolutamente ter a mesma opinião do dono deste melão, mas nesse caso posso dizer que concordo em gênero, número e grau com tudo o que o texto diz e assino embaixo. Fala aê, Eddy!

E NO FIM, NEM HOUVE SEPARAÇÃO
Por Eddy Fernandes

Acaba de ir ao ar o último episódio da série “Separação?!”, escrita pelo casal Fernanda Young e Alexandre Machado. E devo confessar que estou me sentindo um pouco órfão. Nos últimos cinco meses, eu me deliciei com as peripécias do casal Karin (Débora Bloch) e Agnaldo (Vladimir Brichta), que (sobre) viviam num verdadeiro cabo de guerra. Como sugere o título, a série trata da separação iminente do casal. Evidentemente, toda a trama é conduzida com humor, mas um olhar mais apurado, podia perceber um pezinho no drama. À primeira vista, “Separação” poderia soar como uma mera reedição de “Os Normais”, sucesso da dupla que partiu em 2003 deixando muitos fãs, saudades enormes e alguns filhotes (dois longas-metragens), mas desde o primeiro episódio, a série mostrou buscar um caminho diferente daquele percorrido por Rui e Vani. Enquanto em “Os Normais”, os protagonistas funcionavam como uma espécie de metáfora de vários casais, “Separação?!” se concentrava em apenas um tipo de casal – os casais em crise – que após um longo período juntos, começam a se sentir infelizes, e a se questionar se vale à pena insistir no relacionamento ou não. A premissa interessantíssima foi muito bem desenvolvida pela dupla de autores, que usou de muita comédia nonsense e altas doses de escatologia para escrever o roteiro.
Logo a princípio, fomos apresentados aos ótimos coadjuvantes da série, que conferiram ao texto toda uma graça extra, e definitivamente, sem eles, “Separação?!” não seria a mesma! Do núcleo de Agnaldo, ficamos conhecendo o peruano De La Vega (criação inspiradíssima de Kiko Mascarenhas), sempre disposto a arrasar com o dia do protagonista; e a sua chefe quase-esquizofrênica Anete (da talentosíssima Rita Elmor), que acabou se revelando um poço de patologias, indo da loucura à ninfomania de um episódio para o outro. No núcleo de Karin, fomos apresentados à hilariante Cinira (da genial Cristina Mutarelli), chefe da “mocinha”, que com seus conselhos absurdos a respeito de relacionamentos, foi levando, aos poucos, o ódio de Karin por Agnaldo à níveis quase estratosféricos! E, por fim, o núcleo neutro, o casal de amigos felizes, Gilda (Cláudia Ventura) e Delgado (Marcelo Várzea), que sempre eram involuntariamente metidos nas discussões de Karin e Agnaldo, e serviam como uma espécie de contraponto às implicâncias dos protagonistas.
Diante deste panorama, os autores construíram uma divertida história, que foi se desenrolando ao longo da temporada, e envolvendo este que vos fala. Aos poucos, criou-se a expectativa “Afinal, Karin e Agnaldo vão mesmo se separar?”. Se a princípio, a separação era quase dada como certa – visto que a convivência entre os dois havia se tornado algo, por assim dizer, insuportável – com o tempo, criou-se uma incógnita, pois Karin e Agnaldo começaram a demonstrar que lá no fundo (e bota fundo nisso...) ainda sentiam algo um pelo outro. Agora, daí a chamar esse “algo” de amor, já seria um exagero... E no meio disso tudo, o espaço para excelentes piadas, recheadas de anarquia, sempre mantendo o espírito da série. Como, por exemplo, o divertidíssimo episódio que sacaneou com as cafoníssimas letras traduzidas, quando Karin e Agnaldo protagonizaram um hilariante clipe (quase) romântico ao som da chicletíssima “Wants To Be The First To Say Goodbye”, de Gladys Knight; à medida que o tempo foi passando, as referências à cultura pop foram aumentando; Como esquecer de Karin, literalmente enlouquecendo, no engarrafamento ao som de “Bete Balanço”? E a sequência em que Anete relata a sua transa com Agnaldo em seu microblog na Internet? Ou ainda: Karin perguntando à Cinira, no primeiro episódio, se ela a seguia no Twitter? Ainda houve espaço para tiradas inesquecíveis, como os trocadilhos dos últimos episódios, a respeito dos advogados contratados, respectivamente, por Karin e Agnaldo para uma possível entrada no processo de divórcio: “Costa Aquino Pinto” e “Paula Vadinho”.
Assim foi “Separação?!”, que procurou brincar com todos os clichês das histórias românticas, subvertendo-os. E mostrando que ainda é possível cativar e repercutir, com um texto de humor inteligente, sem precisar se render a esse público preguiçoso da TV aberta atual, que espera a piada vir mastigadinha. Evidentemente, nem tudo foram flores. Houve um excesso de escatologia como, por exemplo, os constantes acidentes com Agnaldo, explorados quase que à exaustão e também as incorreções com as crianças, sempre no limite entre o ideal e o exagero. Mas aí é que está a grande graça da série. “Separação” acabou adquirindo, com o tempo, um ar de cartoon, mandando a verossimilhança às favas, construindo uma narrativa por onde transitavam malucos neurastênicos, todos muito bem azeitados dentro da proposta nonsense do seriado. E era disso que a TV aberta estava precisando. Um show onde brilhasse o politicamente incorreto, e que “Separação?!” volte no ano que vem, para continuar alegrando as nossas noites de sexta-feira.
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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Séries de Tribunal que vão além do veredito do júri.

                                                                                                                                                                    
Não curto muito assistir a séries pela TV e ficar esperando semanas, meses pelo final da temporada. Prefiro assistir em DVD no meu próprio ritmo. Foi assim com “Sex and The City”, por exemplo, minha favorita de todos os tempos. Minhas últimas aventuras nesse universo foram, coincidentemente, duas séries de tribunal. Tirando o fato dos protagonistas serem advogados, as duas não tem mais nada em comum: uma é bem água com açúcar, leve, divertida, engraçada; a outra mistura drama, thriller e deixa o espectador atônito a cada acontecimento. São “Ally Mc Beal” e “Damages”, respectivamente.


Ok. “Ally Mc Beal” não é novidade pra ninguém, já que se trata de uma série exibida no século passado. Sempre me falavam dela, flertávamos de vez em quando, mas nunca engatamos, de fato, um namoro. Só agora, depois de assistir a três temporadas de uma tacada só, foi que, finalmente, me deixei seduzir. A princípio, parece mais uma daquelas séries “mulherzinha”, cuja mocinha, desafortunada no amor, busca por um príncipe encantado. Na verdade, é isso mesmo! Mas não é apenas isso. A série tem aquele “mel” que nos atrai e nos faz querer assistir mais e mais a cada próximo episódio. E isso se deve em grande parte ao excelente elenco e personagens muito bem delineados. Ninguém ali é exemplo de perfeição. São todos excêntricos, as situações são totalmente suigeneris e o que parece soar como politicamente correto, na verdade, é o total oposto: o machista que orgulha de ser machista, a vagaba que adora ser vagaba, a megera que rosna e processa meio mundo, o tarado por papadas e por aí vai... Todos ali convivendo em perfeita harmonia. Possui um tipo de humor bastante peculiar, em que algumas metáforas são representadas literalmente, lembrando de leve “Armação Ilimitada” e, embora seja uma comédia, a história não se esquiva do drama. No fim das contas, é uma grande ode à amizade. Além da protagonista, a gracinha Calista Flockhart, de “Brothers and Sisters”, o elenco conta com a lindinha Courtney Thorne-Smith, (a Allison de “Melrose”, lembram?), Lucy Liu, muitíssimo à vontade em comédia e Peter Mc Nicholl, como John Cage, o melhor personagem da série: o adorável esquisito chefe do escritírio, que tem como algumas excentricidades o fato do nariz apitar quando fica nervoso, praticar ginástica olímpica no banheiro e possuir uma rã de estimação. As causas defendidas por esses advogados são as mais bizarras possíveis, mas tudo não passa de pretexto para discutirem suas questões pessoais. Quem ainda não conferiu, vale muito a pena um flerte. Mas um aviso: você tem grandes chances de ser conquistado.




Já “Damages” é uma das séries mais aclamadas e premiadas da atualidade. Inicialmente só teria três temporadas, mas o Canal DirecTv já anunciou que vai produzir mais duas. Ótima notícia! Na série, nada é o que parece e a ordem é não confiar em ninguém. Quando a jovem advogada Helen (Rose Byrne) adentrou o escritório de advocacia da temível Patty Hewes (Glenn Close) não poderia imaginar que sua vida iria sofrer uma reviravolta tão radical. O que, no início, nos parece um “O diabo veste Prada” dramático, vai se transformando num thriller eletrizante, cheio de suspenses, viradas, novos elementos a cada cena. Esse último fator acaba sendo um limitador para novos espectadores, pois se não assistirmos desde o início, vamos ficar sem entender muita coisa. O texto é absolutamente perfeito. Quando o espectador pensa que já está descobrindo tudo, algo inesperado acontece e complica ainda mais a trama, muitíssimo bem urdida. Poucas vezes vi algo tão bem feito e bem pensado. O mote central parece ser sempre a luta de Patty e Helen contra milionários poderosos, mas na verdade, trata-se de um novelão dos bons, com direito a vinganças, conflitos, mortes, paixões e grandes cenas. O elenco todo é excelente, mas confesso que não teria a menor graça se a terrível Patty Hewes não fosse interpretada por Glenn Close. Aliás, o que dizer de Glenn Close? Premiadíssima por seu papel na série (alguém consegue explicar por que Gwyneth Paltrow e Reese Whiterspoon já ganharam um Oscar e Glenn Close, não?), a atriz faz misérias apenas com o olhar, com a expressão. Há atores bons, há atores excepcionais e há gênios. Glenn Close, sem dúvida, se encaixa na terceira categoria. Patty Hewes vai da contenção à fúria, da ternura ao ódio, do poder à fragilidade com uma facilidade impressionante. Só mesmo uma atriz com tantos e tão maravilhosos recursos para segurar o papel e hipnotizar o público. Enfim, mesmo se “Damages” não tivesse as inegáveis qualidades que possui, já valeria a pena simplesmente pelo fato do privilégio de vermos Glenn Close interpretando. Já devorei duas temporadas e aguardo ansiosamente pela terceira.
                                                                                                                                                                                   
Enquanto isso, estou órfão de séries. Alguém me sugere alguma?
                                                                                                                                                                     

sexta-feira, 4 de junho de 2010

“A vida alheia”: humor inteligente e ousado na TV.


O autor Miguel Falabella (abaixo à esquerda), com o elenco principal da série.


"É mais fácil elogiar a mediocridade. Essa não ameaça.", dispara Alberta Peçanha (Claudia Jimenez) se justificando por não elogiar com freqüência os feitos de Manoela (Danielle Winits) em “A vida alheia”. Frases inquietantes como essa são ditas por personagens nada óbvios o tempo todo na série de Miguel Falabella.

O slogan da fictícia revista “A vida alheia – mais interessante que a sua” já é uma provocação ao público e já mostra que seu criador não está disposto a fazer concessões para agradar. Ao contrário: em tempos em que o nível do humor na TV busca cada vez mais atingir o fundo do poço qualitativo com piadas físicas, fáceis, gratuitas e apelativas, a série vai na contramão disso tudo e brinda o público com o que há de melhor no gênero: comédia dramática inteligente, de humor ácido, reflexivo, aparentemente fútil, mas muito denso e irônico.

O mote de uma revista especializada em celebridades disposta a tudo para conseguir o furo jornalístico e, por conseguinte, o sucesso de vendas, acaba funcionando como ponto de partida para discutir uma série de outras questões como ética, hipocrisia e o valor do afeto e do respeito nas cada vez mais confusas relações amorosas, profissionais e familiares dos dias atuais, cada vez mais marcadas pelo vazio e pelo efêmero. Já no primeiro episódio, mostrou que veio mesmo pra incomodar, já que uma famosa colunista de fofocas se sentiu ofendida com a abordagem da série. Mas talvez a trama contínua que faz o arco da temporada seja ainda mais interessante que as tramas que são apresentadas a cada episódio. E a tensão construída em torno dos personagens fixos é cada vez mais crescente e interessante.

Mas o texto (genial e cheio de subtextos o tempo todo) tão instigante de Falabella e equipe não seria nada se não fosse acompanhada por uma direção competente e ágil e, principalmente, por ótimas atuações, a começar pelo trio de atrizes que comanda a atração: Marília Pêra, emprestando cinismo e classe na dose certa à Catarina, a dona da revista; Cláudia Jimenez, deliciosamente cruel e debochada como a editora-chefe Alberta Peçanha (aliás, o trocadilho com peçonha também é genial); e Danielle Winits, como Manoela, a ambiciosa repórter, que nos remete ao melhor estilo das alpinistas sociais gilbertianas. Porém, justiça seja feita: todo o elenco está afiadíssimo e ligadíssimo na proposta da série. E as implacáveis Alberta e Catarina são humanizadas a cada episódio, o que mostra que as personagens foram construídas com profundidade.

Enfim, “A vida alheia” é um sopro de criatividade, ousadia e competência nas noites de quinta-feira da Rede Globo, que merece ser assistida e comentada. Humor que não leva às gargalhadas, mas que oferece algo mais duradouro e rico: a reflexão sobre o chamado “mundo cão”.

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