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sábado, 7 de maio de 2011

Betty Faria: 70 anos de uma grande estrela



As várias facetas da atriz, homenageda pela comunidade do orkut "Queridões". Montagem de Duh Secco

Betty, querida! Que os próximos capítulos de sua vida sejam tão belos, ricos e plenos quanto os capítulos de sua vitoriosa carreira. O melão estende o tapete e lhe dá os parabéns pelos muitíssimos bem vividos anos de vida com um banner comemorativo que permanecerá por todo o mês de maio no blog e ilustra dois momentos ao lado dos grandes galãs de nossa teledramaturgia: “Cavalo de Aço”, com Tarcísio Meira; e “Pecado Capital”, com Francisco Cuoco.


Este domingo, dia 08 de maio de 2011, promete ser muito especial: além dos seus 70 anos e da comemoração do Dia das Mães, é o encerramento de sua vitoriosa temporada carioca do espetáculo "Shirley Valentine". A emoção não vai faltar no palco do CCBB. 


Sem mais palavras, segue agora um desfile de imagens e videos de sua carreira, relembrando grandes personagens como Lazinha, Lucinha, Joana, Marina, Tieta, Walkíria com votos de muito sucesso e Boa Sorte Sempre!



Banner comemorativo criado por Felipe Ribeiro


Em

Em "A próxima atração" (1970) e com Milton Moraes em "O espigão" (1974)
Lucinha, personagem clássica de "Pecado Capital" (1975)


                       





Momentos da atriz em "Água Viva" (1980) , "Baila Comigo" (1981), "O salvador da pátria" (1989), "Tieta"(1989/90)  e "A idade da loba"(1995)  


Duas Caras: duelo de Bárbara (Betty Faria) e Sílvia (Alinne Moraes):





Tieta se despede das dunas:




Betty Faria canta no Video Show:




Momentos da carreira (por Montenegro&Raman)




Betty Faria canta "Esses Moços" para seus fãs. Video de Anna Paulla Ferreira:






Amália de "Uma rosa com amor" (2010): seu trabalho em tv mais recente


Agradecimentos especiais a Felipe Ribeiro, por mais um belíssimo banner e Naira Freitas, pelo envio de algumas das fotos.





sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Em 2010, o melão preferiu...



Ø  TI TI TI
Disparada a melhor novela do ano. Maria Adelaide Amaral e equipe estão de parabéns por trazer ao horário das sete um novo fôlego que há tempos não se via. A autora optou por não escrever uma versão literal do megassucesso de 1985. Foi esperta ao mesclar algumas tramas de “Plumas e Paetês” e, com isso, acrescentar elementos de folhetim que faltava à versão oitentista de “Ti Ti Ti”. O resultado é uma trama altamente original, movimentada, divertida e cheia de personalidade, mas que mantém o clima das melhores novelas do Mestre Cassiano Gabus Mendes. “Ti Ti Ti” faz uma grande e comovente homenagem à teledramaturgia brasileira, ao citar e revisitar personagens, não só das tramas de Cassiano, como de outras novelas de sucesso como “Fera Radical” e “O clone”. A direção sempre solar e colorida de Jorge Fernando casa perfeitamente com o texto sempre esperto. Elenco, direção de arte, figurino, enfim, tudo em sintonia. O que mais surpreende em “Ti-Ti-Ti” é a novela está longe de ser escrita no piloto automático. Mostra fôlego para surpreender e divertir a cada capítulo, nos brindando com um humor popular e refinado ao mesmo tempo, já que as citações não se limitam apenas às novelas, mas também ao cinema e à cultura pop em geral, e quem não as absorve, se diverte do mesmo jeito. Ousadia na medida certa. Sem dúvida, o maior acerto do ano!

Ø  CLAUDIA RAIA


Como disse meu amigo Eduardo Vieira, Jackeline é o “Mario Fofoca” da novela. Um verdadeiro show a cada capítulo. Claudia Raia está perfeita, caricata no bom sentido, mas também extremamente humana. Jackeline pode parecer uma doida de pedra, mas também sofre, chora, se emociona como qualquer um de nós. Impossível não torcer por ela. La Raia, assim como no drama de “A favorita”, arrasa nessa novela também, com uma interpretação visceral, sem medo de cair no ridículo e no exagero. E o texto de Jackeline? Foram tantas tiradas geniais e a atriz consegue aproveitar cada uma delas. Sua fase como Irmã Desgosto, no melhor estilo “Maus hábitos” de Almodóvar, está simplesmente genial e hilariante. Dentre os tantos motivos para se assistir à novela, Claudia Raia, sem dúvida, é o maior deles. Disparada a melhor atriz do ano!


Ø  ANDRÉ ARTECHE

Quando assisti ao ótimo filme “Houve uma vez dois verões”, de Jorge Furtado, conheci a interpretação de André Arteche e percebi que se tratava de um ator diferente, de uma sensibilidade especial. Seus papéis na TV, por menores que fossem, foram confirmando minha impressão. Agora em “Ti Ti Ti”, na pele de Julinho, André está excelente, arrebatador e arrebatado pela ótima abordagem de Maria Adelaide Amaral sobre um relacionamento gay. O romance de Julinho e Osmar (Gustavo Leão) durou pouquíssimos capítulos, mas fez tanto sucesso que o casal é forte candidato a melhor do ano. Tudo ali funcionou: a química dos atores, o texto delicado, a canção-tema “True Colors”... E a trama continua viva até hoje. André continua fazendo uma ótima dobradinha com a sempre competente Giulia Gam. A relação maternal de Bruna com Julinho é comovente e muito bem urdida. André Arteche ganhou um excelente papel e está aproveitando da melhor maneira possível e já está a léguas do estereótipo gay bonzinho melhor amigo da mocinha. O melão aplaude de pé!


Ø  IRENE RAVACHE

A personagem “perua emergente” está longe de ser novidade nas novelas. Menos novidade ainda é o talento de Irene Ravache, que ainda consegue emprestar muito humor e trazer novos elementos ao tipo já manjado em nossa TV. Ravache sempre é garantia de excelente interpretação e oferece a mesma naturalidade, seja em tipos sofridos como a Dona Lola de “Éramos Seis”, ou como a tresloucada Clô de “Passione”. A atriz protagonizou as cenas mais hilárias da novela, como a do jantar oferecido a ela por Bete Gouveia (Fernanda Montenegro), no qual quase leva Dona Brígida (Cleyde Yáconis) à loucura com sua falta de etiqueta. Outro momento hilário foi quando, ao pedir churrasquinho de gato, solicitou ao entregador que não esquecesse a farofa. Sílvio de Abreu é um mestre do humor e Irene, habituadíssima ao texto do autor, faz misérias em cena. O melão elege La Ravache como o grande destaque de “Passione”.


Ø  A VIDA ALHEIA

Miguel Falabella se afastou um pouco do humor escrachado e da estética kitch de suas divertidíssimas novelas, mas manteve a ironia, o deboche e o sarcasmo nessa ótima série que critica o mundo das revistas de celebridades, dispostas a tudo para conseguir um furo, ignorando qualquer senso de ética e respeito. A comédia dramática de humor rascante proporcionou a atrizes como Claudia Jimenez e Marilia Pêra brilharem intensamente e deu a Daniele Winits a oportunidade de defender um papel diferente dos que costuma interpretar. Entre o elenco masculino, destaque total para Carlos Gregório. Uma pena que não tenha uma nova temporada, pois história e conteúdo pra isso não faltam. 

Ø  AS CARIOCAS


Já na abertura, dava pra notar que o seriado seria uma delícia. Um desfile de belas atrizes e uma história pra contar a cada semana referente a um bairro do Rio de Janeiro. Com jeito leve, gaiato, despretensioso e safadinho... mais Rio de Janeiro impossível. Mais uma ótima parceria de Euclides Marinho e Daniel Filho, que voltou à TV em grande estilo. E que delícia também assistirmos a um programa repleto de locações externas. Gostinho de nostalgia. Uma festa!

Ø  CLANDESTINOS – O SONHO COMEÇOU


Outro gol de placa este ano. Impossível não se envolver e não se comover com a luta de jovens aspirantes ao palcos e à fama em busca de um lugar ao sol. A feliz empreitada teatral de João Falcão ganhou uma ótima adaptação e revelou talentos promissores como Adelaide de Castro, Fabio Enriquez e Elisa Pinheiro. Texto sempre afiado, muito lirismo e muita emoção. Claro que o DVD é super aguardado, né?

Ø  RIBEIRÃO DO TEMPO


Marcílio Moraes não é um autor que se acomoda em uma determinada temática. Sua primeira novela na Record, “Essas Mulheres”, que bebia da literatura de José de Alencar, era um primor de tão boa. Depois, Marcílio deu um giro de 180 graus e levou a realidade dos morros cariocas de maneira nunca antes vista na Tv com “Vidas Opostas” e a série “A lei e o crime”. Agora, com “Ribeirão do Tempo”, Marcilio inaugura na Record aquele estilo político-regionalista, que lembra as antigas tramas de Dias Gomes e Aguinaldo Silva, e o faz com bastante acerto. Crítica social, irreverência, deboche e um texto sempre inspirado.


Ø  UMA ROSA COM AMOR



A novela, sem dúvida, representou um “upgrade” nas produções do SBT, que buscou um bom elenco que contou com nomes de peso como Betty Faria, Carla Marins e Jussara Freire. A singeleza do texto de Vicente Sesso, atualizado por Tiago Santiago, nos trouxe uma novela romântica, divertida, com um quê de nostálgica e muito gostosa de se assistir. Não emplacou os índices de audiência esperados pela emissora, mas provou que é possível fazer dramaturgia sem precisar recorrer o tempo todo aos melodramas mexicanos. Um bom começo.

Ø  CANAL VIVA


Viva! Mil vezes Viva! O sonho de todo telemaníaco começou a se concretizar com a criação do canal, que dedica grande parte de sua grade à reprises de antigos sucessos da teledramaturgia global. Quando veio “Por amor” e “Quatro por Quatro”, imaginamos grandes possibilidades, mas quando foi anunciado o retorno de “Vale Tudo” a festa foi total. E 2011 já promete com a volta da “Tv Pirata”. E ainda há as minisséries, os seriados... tudo o que podemos desejar é vida longuíssima ao Viva e força nos gravadores!


Ø  BOX ROQUE SANTEIRO

Outro presentão para os telemaníacos que abre inúmeras possibilidades. Para quem ainda não adquiriu, é imperdível. A saga do santo que não morreu, da viúva que foi sem nunca ter sido e do poderoso coronel que adora bancar o cachorrinho na intimidade são garantia de diversão e de excelentes atuações. O universo suigeneris criado por Dias Gomes, escrito por ele e por Aguinaldo Silva, ainda é atual ao denunciar a corrupção e as injustiças de uma metonímica Asa Branca e sua galeria de personagens inesquecíveis. Para muitos não houve novela como “Roque Santeiro”. Esperamos que seja apenas o primeiro lançamento de muitos outros.


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Claro que listas são sempre muito pessoais e muita coisa boa ficou de fora. Mas o melão quer saber: o que vocês preferiram em 2010?


O que eu preferi em 2009? Vamos relembrar? http://euprefiromelao.blogspot.com/2009/12/em-2009-eu-preferi.html

Enfim, queria dizer que 2010 foi, particularmente, um ano de muita batalha e, principalmente de muitas conquistas para o melão e para este blogueiro que vos fala. Só tenho a agradecer a todos por sempre prestigiarem o espaço e conto com vocês para 2011. Que seja diamante verdadeiro para todos nós. Até lá!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Betty Faria: estrela de primeira grandeza - Entrevista mais que especial!

                                                                                                                                                                   


2010 é mesmo um ano de realização de sonhos. Não bastasse todas as conquistas do melão, todas as pessoas bacanas que cederam entrevista, agora, além de ser uma honra para o blog, é a verdadeira glória para o blogueiro. Sinceramente, nesse momento, jogo a técnica para o alto e me deixo levar puramente pela emoção, pois nunca pensei que um dia fosse ter o privilégio de entrevistar simplesmente minha atriz favorita de todos os tempos.

Musa do melão de qualquer estação, uma das maiores estrelas da TV com mais de 30 novelas e sinônimo de talento, beleza e alto astral, Betty Faria, muito carinhosamente, nos fala sobre sua vida, sua carreira, sua vida de blogueira e muitos outros assuntos. A atriz se incomoda com a onda politicamente correta e declara que o Brasil encaretou, revela quais são os autores que gostaria de trabalhar, rejeita a tese de que faltam bons papéis para veteranos e relembra personagens inesquecíveis como Tieta, Lucinha e muitas outras.

Enfim, além dos autores, o melão agora abre um novo ciclo: entrevistas com atores e atrizes. E a primeira delas não poderia ser outra senão a maravilhosa BETTY FARIA! Estrela de primeiríssima grandeza e ser humano ímpar!




Inevitável não começar pelo início (risos!). Você já deve ter respondido isso muitas vezes e, inclusive, já contou em sua biografia “Rebelde por natureza” lançada pela Imprensa Oficial, mas conte-nos como tudo começou. Como aquela filha única de militar que estava destinada a ser uma bailarina enveredou pela carreira de atriz?
BETTY- O ballet foi a porta que abri no show business, mas não me realizava. Eu queria ser uma atriz que cantava e dançava. Batalhei muito fazendo cursos de teatro, conhecendo pessoas, pedindo oportunidades e chance para fazer testes, que foram muitos, até que consegui um papel na comédia “As Inocentes do Leblon” e passei no teste para o filme “Amor e Desamor”.


 Você esteve no elenco de muitas novelas de Janete Clair e até contou no espetáculo “Betty.doc” que ela foi sua fada madrinha, sobretudo lhe deu muitas chances em seu início de carreira e lhe presenteou com personagens inesquecíveis como a Lucinha de “Pecado Capital”. Quais são suas melhores lembranças da autora e das novelas dela em que esteve? Chegaram a ser amigas?
BETTY - Fiz algumas novelas de Janete, acho que cinco, e comecei com pequenos papéis que foram crescendo até chegar em “Pecado Capital”. Durante esse tempo, tive a sorte de ser reconhecida por ela, e nos tornamos amigas. Janete sempre foi muito carinhosa comigo. Um amor de pessoa, amiga e solidária.

Betty como Lucinha em "Pecado Capital" (1975). Na foto à dir. com a saudosa Elza Gomes

Tieta” foi um marco indiscutível em sua carreira. Você a compôs com uma propriedade tão grande e arrebatou o Brasil de tal forma que fica impossível imaginar a personagem na pele de outra atriz que não seja você. Além de utilizar as características da personagem escrita por Jorge Amado e adaptada para a TV por Aguinaldo Silva, quanto de Betty você emprestou a Tieta?
BETTY - Tieta tem a característica da pessoa que quer ser feliz, com talento pra isso. Acho que isso nós duas temos em comum, pois eu me esforço sempre para viver positivamente. Quando estudo um personagem e começo a fazer, empresto meu corpo e emoções pra ele. Então é o personagem, entende? Mas sou eu lá, “fazendo de conta”.





 
Uma cena marcante de Água Viva” (1980) foi a surra que sua personagem Lígia deu em Selma (Tamara Taxman) no banheiro de uma famosa casa de shows. Tanto que o autor Gilberto Braga repetiu a mesma situação anos depois em “Celebridade” (2003). A cena impressiona pelo realismo. Parece que você está batendo de verdade em Tamara. Foi difícil fazer a cena?
BETTY - Esse tipo de cena sempre preocupa, pois eu quero fazer com verdade, pra valer, e, ao mesmo tempo não machucar quem esta contracenando comigo. É o jeito de bater, a técnica, sem perder a concentração, motivação e emoção.





 “Incidente em Antares” é uma minissérie pouco lembrada, mas que contém atuações primorosas, dentre as quais destaco sua pequena, mas muito marcante participação. A cena em que sua personagem Rosinha pede que a personagem de Marília Pêra leve um recado pra Deus é das mais belas, singelas e líricas que já vi na TV. Como surgiu o convite para fazer a minissérie e que lembranças você tem dela?
BETTY - Paulo José me convidou. Em todos os trabalhos passamos por situações, às vezes, engraçadas, outras chatas, outras difíceis, mas nessa cena que você gosta, aconteceu uma coisa que todos da equipe que estavam lá, lembram até hoje. Estávamos nos preparando pra gravar , quando no fundo do cenário passou uma cadeira de rodas vazia. Não tinha ninguém sentado nem empurrando a cadeira. Ela simplesmente passou pelo cenário vazia andando, aliás, rodando. E ficamos estatelados, pois gravávamos num antigo leprosário desativado. Deu um medo! Nunca mais esqueci. Saímos de lá depois de concluído o trabalho, achando tudo que você pode imaginar. Foi forte!


Seu personagem mais recente na TV, a Amália Petroni de “Uma rosa com amor” mostrou uma Betty diferente do que o grande público está acostumado a ver pela TV, pois te deu a oportunidade de fugir do estigma de mulher sexy. Você acha que ela representou um divisor de águas em sua carreira?
BETTY - Mulher sexy nessa idade? É engraçado isso e lisonjeador, mas nem me passa pela cabeça. Fui compondo Amália com a idade dela (60anos) com a realidade que ela vivia com aquele marido, filhos, dureza de vida, e condição social. Gostei de fazer Amália, me diverti também muito com ela.

Betty como Amália Petroni em "Uma rosa com amor" (2010)


Você emprestou a Amália características de Shirley Valentine, personagem de sua atual peça que lhe rendeu uma indicação ao Shell?
BETTY - Shirley Valentine é totalmente diferente de Amália. Shirley estudou, Amália não. Shirley fala com as paredes de tanta solidão a dois, Amália sempre conformada e feliz com sua vidinha no cortiço, nunca questionou os rumos de seu casamento, fazendo doces pra fora e preocupada com a família. Shirley consegue dar a volta e sair da vida que lhe fazia tanto infeliz.

Betty em cena no espetáculo "Shirley Valentine"

Que autores de TV você nunca trabalhou e que deseja trabalhar algum dia? E dos que você já trabalhou, com quem gostaria de trabalhar novamente?
BETTY - Dos autores que ainda não trabalhei e quero algum dia fazer um trabalho posso citar João Emanuel Carneiro, Silvio de Abreu e Maria Adelaide Amaral. Eles são maravilhosos! Dos que trabalhei, posso citar Gilberto Braga, Gloria Perez e Aguinaldo Silva, claro, pois fiz muitos personagens lindos que ele escreveu.


Betty com Gilberto Braga, com quem trabalhou diversas vezes; e Sílvio de Abreu, com quem ainda não trabalhou

Tieta, Lucinha, Marina Cintra, Lazinha Chave de Cadeia, Mirandinha, Lígia, Jussara, Glória, Maria Maravilha, Lili Carabina, Walkiria... você costuma interpretar mulheres diferentes entre si, mas com uma característica em comum: são sempre mulheres fortes e batalhadoras que juntas podem formar um painel do imaginário feminino brasileiro. A que você atribui essa recorrência de personagens?
BETTY - Aconteceu. Não sei responder a essa pergunta direito.


Betty em cenas de "O espigão" (1974), "Partido Alto" (1984) e "A indomada" (1997).

Você é uma das poucas atrizes brasileiras que cantam, dançam e representam, ou seja, uma artista completa. Atrizes desse tipo são pouco valorizadas em nosso país? Por que?
BETTY - Hoje, com a frequência de grandes musicais no teatro, as atrizes que cantam e dançam já estão bem mais valorizadas.

Em sua premiada carreira no cinema, você teve oportunidade de encarnar personagens que explorassem mais sua versatilidade como nos filmes “Bye, bye Brasil”, “Romance da empregada”, “A estrela sobe”, “Chega de saudade”, entre tantos outros. Gostaria de trabalhar no cinema com maior freqüência? Quais são suas personagens favoritas?
BETTY - Gostaria sim de fazer mais cinema, mas isso não tem acontecido. É difícil dizer as personagens favoritas mas vamos lá: “A Estrela Sobe” (Leniza Mayer), “O Cortiço” (Rita Baiana), “Anjos do Arrabalde” (Dália), “Bye Bye Brasil” (Salomé) , “Romance da Empregada” (Fausta) e “Chega de Saudade” (Elza). Às vezes esqueço o nome dos personagens, por isso escrevi os títulos dos filmes.


Dois momentos de Betty no cinema: "Bye, Bye, Brasil" (1979) e "Chega de saudade" (2007)


E graças à sua carreira em cinema, você foi a representante brasileira do 38th AFI Life Achievement Award, na Califórnia em junho deste ano e teve a oportunidade de conhecer Meryl Streep. Como foi seu encontro com a atriz e o que você achou do evento?
BETTY - Foi um encontro muito agradável, simpático, conversamos muito e ela, Meryl ,me deixou a impressão de que é da “turma”. Uma atriz como todas nós. Foi uma delicia conhecê-la. O evento foi lindo, com homenagem a Mike Nichols, um grande cineasta e um cara agradabilíssimo, simples, inteligente e humilde. Ganhei 10 filmes dele e fiquei babando de felicidade. Todos que trabalharam com ele estavam lá, e foi uma noite de superstars. Um luxo! Momento inesquecível em minha vida. Valeu.


Betty Faria e Meryl Streep


 Na novela “O salvador da Pátria” (1989), sua personagem, Marina Cintra, protagonizou cenas ousadas como as que ela admitia não ter sentido prazer após uma transa ou falando sobre sexo abertamente com as filhas e outras situações inimagináveis hoje em dia em uma novela. Acha que a TV encaretou?
BETTY - O Brasil encaretou. É tudo muito politicamente correto. O que a mídia valoriza é o que vale, tipo celebridades que vão a todos os lugares, etc e tal, mas ninguém ousa transgredir ou dar uma opinião contrária ao comportamento padrão. ACHO UM SACO.

Em evento recente no CCBB, Regina Duarte declarou que não é mais chamada para atuar na TV com a mesma freqüência de antes e que, provavelmente, nunca mais fará uma protagonista. Você acha que a oferta de bons papéis diminui para os veteranos e por quê?
BETTY - O grande perigo e tentação dos contratos longos é esse: Virar móveis e utensílios de um lugar e se sentir desprestigiada. Faz mal à autoestima. Eu não posso me queixar, pois tenho feito nos últimos anos bons papéis. Então é sorte também, sei lá. Fernanda Montenegro está fazendo um papel maravilhoso

Você foi uma das celebridades que aderiu ao blog, que acabou servindo pra reunir num só espaço alguns de seus fãs, inclusive os que participam de sua comunidade no Orkut, carinhosamente chamados de “Família Betty”. O que te levou a criar um blog e que tal a experiência de blogueira?
BETTY - Fui convidada logo que começou o Bloglog e aceitei. Nunca me passou pela cabeça, mas fiquei tão feliz quando senti pessoas bacanas, carinhosas, trocando figurinhas comigo que agora não paro mais. Adoro a família Betty e me sinto orgulhosíssima por ter isso. Só acho que meu blog não bomba. Quando escrevi alguns assuntos polêmicos teve mais gente, mas também não estou a fim de escândalo, nem tomar porrada na rua. Então faço um blog light, bem comportado.


Betty com alguns de seus blogueiros ao final do espetáculo Shirley Valentine, no CCBB-SP.

 
 Em sua biografia “Rebelde por natureza”, você fala de sua vida com uma sinceridade e uma verdade poucas vezes vista em um livro, admitindo inclusive que cometeu muitos erros no passado e melhorou muito como pessoa. Isso é de uma humildade admirável. Foi o budismo que te trouxe essa serenidade?
BETTY - É um pacote. Uma pessoa que tenta se melhorar, tem que reconhecer seus erros, caso contrário fica velha chata, arrogante e burra. Claro que a filosofia budista, baseada na Causa e Efeito, tem o grande peso e valor.

Ainda explorando o título de sua biografia, quais as dores e delícias de ser “rebelde por natureza”?
BETTY - O preço altíssimo que se paga. Por isso que está todo mundo tão caretinha, arrumadinho e politicamente correto. Em 2010, ninguém mais ousa contestar. A minha rebeldia diz: Quanta hipocrisia!

Você é noveleira? Quais as novelas e personagens favoritos da Betty telespectadora?
BETTY - Sou noveleira e vejo tudo sempre que posso. Agora “Passione”, é minha favorita. Estou apaixonada por essa novela, mas estou gostando de “Ti Ti Ti”. Tem muita gente boa também.

Você recentemente comprou os direitos do musical da Broadway “Applause”. O que pode adiantar sobre o projeto?
BETTY - Ainda não da pra falar de Applause, pois tenho que resolver primeiro quem vai produzir, dirigir e traduzir. Acredito que mais um tempinho já terei uma posição a respeito.


No quadro “Arquivo confidencial” do Domingão do Faustão, seus filhos revelaram, de maneira muito emocionante, seu lado mãezona e você é frequentemente vista passeando com a neta por todos os lugares. Como é a Betty mãe, avó e mulher? O que gosta de fazer quando não está trabalhando?
BETTY - Gosto de ficar em casa, ir à praia, ao cinema, teatro e conversar com os amigos. Como mãe, avó e mulher, dou o meu melhor, mas não sei dizer como sou, pois corro o risco de ficar me elogiando e dizendo que sou bacana feito boba. Às vezes nem to agradando tanto assim, né?

Aliás, o público sente saudades de Alexandra. Ela tem planos de retomar a carreira?
BETTY - Tenho muito cuidado para não responder pelos meus filhos. Mas Alexandra hoje é uma astróloga ótima, adora e estuda com seriedade Astrologia, e acho que ela não gosta muito do meio artístico (que é competitivo, duro, com muita falsidade, lobbys, etc.). A sensibilidade dela nunca aceitou esse tipo de coisa. Talvez uma vocação maior aceitasse. Talento e estudo ela teve, mas, hoje ela está mais feliz com Astrologia. Quem sabe muda? A gente nunca sabe, né?

Querida, quero agradecer muitíssimo por seu carinho, paciência, disponibilidade e generosidade. Você está realizando, não só o sonho deste fã que vos fala, mas de muita gente que acompanha o blog que admira você e o seu trabalho. Agora mais do que nunca, é a MUSA DO BLOG!!! Parabéns, não só pela carreira vitoriosa, mas por ser essa pessoa com um talento enorme, não só na arte, mas também, como você menciona sempre, com um talento pra felicidade. Deixo sse espaço livre pra você falar o que quiser! O que não perguntei que você gostaria de dizer?
BETTY - Beijos muitos de Boa Sorte!

 
 
No vídeo abaixo, Betty canta "Esses Moços" para alguns de seus fãs:
 
 

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Entrevista: RENATA DIAS GOMES, uma promessa que se cumpre.




Só digo uma coisa: valeu a pena esperar! Pra quem é leitor assíduo do melão, tinha prometido há alguns meses atrás uma entrevista especial com Renata Dias Gomes (na foto clicada pelo marido Lipe Borges). Nem eu nem ela nos esquecemos do compromisso. Acontece que meio do caminho teve a chegada de Tom, seu segundo filho. Soma-se a isso os últimos capítulos de “Uma rosa com amor” que ainda precisavam ser escritos. E a mulher não para. Ainda teve tempo de criar um novo blog que, diga-se de passagem, está uma delícia. Lógico que figura na listinha ao lado de blogs amigos do melão, mas não custa um merchan básico por aqui: http://bloglog.globo.com/renatadiasgomes/ . O último post são cenas de “Alta Estação”, de Margareth Boury, primeira novela na qual ela trabalhou como colaboradora.

Com tantos afazeres, nossa querida Renatinha cumpriu sua promessa e nos cedeu essa deliciosa entrevista. Falando em promessa, ela já deixou de ser uma há muito tempo. Muito jovem, seu promissor talento se cumpriu com “Alta Estação” em 2006. Renata nos conta dessa experiência e também de “Chamas da Vida”, “Uma rosa com amor”, do fato de ser neta de ninguém mais, ninguém menos que Janete Clair e Dias Gomes... enfim, foi um tricô delicioso que contou com o luxuoso auxílio de alguns amigos e leitores que enviaram perguntas.



Só tenho a agradecer a todos e, especialmente, à Renata, que é uma amiga querida, uma menina linda e uma inspiração constante pra todos nós.
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Perguntas do melão:
 
Como tudo começou e por que decidiu se tornar uma roteirista?


RENATA DIAS GOMES - Acho que nunca houve pra mim outra opção. Pelo menos não outra opção real porque quando estava começando e com dificuldades sempre ameaçava que faria educação física porque sou viciada em musculação (risos). Mas desde que aprendi a ler e escrever – e isso aconteceu bem cedo – queria contar histórias. Sabia que seria escritora. E como tudo que eu escrevia virava peça de teatro, trabalhar com dramaturgia foi o caminho natural. Quando precisei escolher uma faculdade, optei por cursar cinema pra ampliar a visão. Ainda na faculdade meu pai pra me ajudar ligou pro Gilberto Braga e perguntou se ele poderia me receber para conversar. Gilberto prometeu que me ligaria e ligou mesmo! Fui parar na casa dele com uma pastinha de textos embaixo do braço. Deixei com ele um roteiro e um tempão depois novamente Gilberto ligou. Ele tinha lido e gostado dos diálogos! Fui à lua de felicidade. Gilberto me indicou pra participar da oficina de roteiros da Globo, mas a oficina não ocorreria naquele momento. Ficaram com meu contato no banco de dados e a oficina demorou tanto pra acontecer que deu tempo de resolver ser mãe, engravidar, parir e minha filha já tinha quatro meses quando chegou o e-mail falando da seleção. Infelizmente não passei. Foi um baque e com uma filha pequena eu precisava trabalhar. Mandei e-mail pra todas as produtoras do Rio de Janeiro e consegui começar a escrever roteiros profissionalmente. Já tinha alguma experiência na área quando a Glória Perez conseguiu pra mim uma bolsa para participar de um ciclo de palestras da associação dos roteiristas. Nesse ciclo eu conheci o Tiago Santiago que topou ler um roteiro meu. Um tempo depois ele mandou um e-mail dizendo que tinha gostado e a Record tinha interesse na minha contratação. O Tiago então me indicou pra Margareth Boury e fui escrever Alta Estação, minha primeira experiência com novelas em que aprendi demais. Sou muito grata a todas essas pessoas.



Pergunta inevitável: quais são os prós e contras na carreira de uma roteirista que vem a ser neta de ninguém mais, ninguém menos que Janete Clair e Dias Gomes? O que procura absorver para si da obra de cada um?

RENATA DIAS GOMES - Eu só consigo ver coisas boas. Claro que tem o lado chato das cobranças, das comparações, daquelas pessoas que acham que você só chegou lá porque é neta... Mas eu só gosto de ver o lado bom! Tenho ciência que o Gilberto Braga não teria me recebido se não tivesse conhecido meu pai quando ele ainda era moleque. E que a Glória tem um carinho especial por mim por ser neta da mulher que aceitou ler seus textos quando ela ainda andava com uma pasta de roteiro embaixo do braço. Aliás, acho que esse carinho que as pessoas cultivam até hoje por meus avós é uma das maiores heranças que eles me deixaram. Eles são pra mim exemplos como autores e como pessoas. É muito legal conhecer um amigo deles de longa data e ouvir o quanto eram especiais! Meu avô é o melhor avô do mundo e deixou em todos nós da família valores fortes cravados. Conviver com ele durante quinze anos foi uma dádiva. Os dias dos pais com todos reunidos na mesa do almoço, os natais, as festas de família são lembranças inesquecíveis do maior homem que eu conheci. O autor Dias Gomes eu conheço muito menos do que deveria e só fui ler com mais afinco depois da sua morte. Mas gosto demais de tudo que eu conheço. É até intrigante porque eu já gostava de escrever textos engajados antes de ler a obra dele. Levei um susto quando percebi que mesmo tendo evitado por anos conhecer os textos do meu avô justamente pra não me influenciar, a influência dele na minha vida acabou de alguma forma aparecendo nas coisas que eu escrevo. Conheço mais da obra da minha avó porque tive que ler bastante coisa para organizar o acervo. E também acho sensacional. A carpintaria de Janete Clair é especial! Mas nada disso se compara as histórias de vida que ela deixou.



Você é muito jovem, mas já com uma considerável experiência. Como é ser colaboradora de autores de estilos tão diferentes como Margareth Boury, Cristiane Fridman e Tiago Santiago? Como é esse desafio em ser o mais fiel possível ao estilo do autor, mas ao mesmo tempo deixar sua marca? O que faz o diferencial nessa função?

Renata e Tiago Santiago

RENATA DIAS GOMES - Colaborar é uma delícia porque posso experimentar escrever sobre assuntos e de formas que talvez não me permitisse no meu trabalho autoral. Sou muito crítica, me cobro e me limito muito e nesse trabalho de colaboração acabo me soltando! É contraditório porque é um trabalho com limites muito claros. A gente tem que seguir o estilo do autor. Mas posso me censurar menos e me divertir mais. Quando o estilo bate é ainda mais maravilhoso. Aprendi demais com a Margareth Boury que é um gênio dos diálogos. Peguei com ela a acidez, o humor irônico, os diálogos rápidos e decisivos. E agora em Uma Rosa com Amor estou tendo a oportunidade de trabalhar com o Tiago, um dos autores mais eficientes da nova geração. Cada dia era um aprendizado (colocamos ponto final em Uma Rosa com Amor há algumas semanas). Nesse trabalho de colaboração é importante se adequar ao estilo do autor. Normalmente o colaborador precisa ter muita habilidade com diálogos porque é essa parte da criação que costuma nos caber. É importante ter algo a acrescentar, mas sempre obedecer aos limites do que é pedido.


Você lê muito? Que tipo de leitura é fundamental para seu trabalho?


RENATA DIAS GOMES - Leio, bastante, mas menos do que acho que deveria. Gosto de ler de tudo menos auto-ajuda rs Acho importante conhecer os clássicos da literatura, os autores contemporâneos que estão bombando e ler muito jornal. Muitas vezes de uma matéria de jornal sai uma super história.


Você é casada, tem uma linda filha e já está a caminho do segundo filhote. Como consegue conciliar vida pessoal, família e vida social quando está escrevendo novela?


RENATA DIAS GOMES - Também não sei! É difícil. Sou a pior dona de casa do planeta e tenho a sorte de ter um marido muito melhor nas tarefas domésticas do que eu. Dedico bastante do meu tempo às crianças. Maiara que já tem seis anos entende que a mãe precisa trabalhar e nós costumamos fazer acordos pra ela me deixar ficar no computador. Nem sempre funcionam. Tom já tem dois meses (demorei séculos pra conseguir responder a entrevista rs )e mama exclusivamente no peito, o que me faz virar um ás na arte de digitar com uma mão só. Vivo cada dia de uma vez. Mas quando a coisa aperta, eu lembro que minha vó tinha quatro filhos e escrevia sozinha.


Você foi auxiliar da Margareth Boury em um curso de roteiro que fiz com ela e já ministrou algumas oficinas. Que tal as experiências? Acha que falta bons cursos de formação em nosso país?


RENATA DIAS GOMES - Tem muita gente boa dando curso por aí e muita gente boa fazendo cursos de roteiro e se destacando. Falta mercado pra absorver todo mundo. Dar aula é cansativo, mas recompensador. Aprendi bastante tentando passar um conhecimento. Não se ensina a escrever, mas dá pra dividir experiências. E essa troca é sensacional!
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PERGUNTAS DOS LEITORES:
 
Se fosse pra escolher um remake de uma novela de seus avós, quais você escolheria? (Rodrigo Ferraz / SP)
 
RENATA DIAS GOMES - Difícil essa pergunta porque acho que eles já fizeram todas suas novelas da melhor forma que elas poderiam ser feitas.


Qual é, para você, a melhor forma de divisão de trabalho entre autor e co-autores para se escrever uma novela? (Fabio Costa – SP)


RENATA DIAS GOMES - Eu trabalhei com três autores apenas e posso falar só dessas experiências. Todos três trabalhavam fazendo uma escaleta e passando para os colaboradores desenvolverem cenas e diálogos. O Tiago em Uma Rosa com Amor passava um capítulo pra mim e outro pro Miguel desenvolver. Já Margareth e Cristianne dividiam as cenas de cada capítulo entre todos colaboradores. As duas formas são ótimas e funcionam bem porque o autor principal sempre passa uma redação final para acertar e deixar com a cara dele como deve ser. Eu como sou fominha gostei muito da forma do Tiago. Escrever um capítulo inteiro é bem bacana! Gosto também de reunião de criação semanal porque deixa os colaboradores bem dentro do processo criativo.


Você participou como colaboradora, na Record, de Alta Estação e Chamas da Vida. Ambas as novelas sofreram alterações devido a fatores externos (a primeira pela audiência e a segunda pelo aumento do número de capítulos). De que forma um colaborador pode ajudar o autor principal em situações como essas? Até que ponto o colaborador tem liberdade para sugerir os rumos da novela, em busca de uma audiência melhor ou de novas situações para prolongar o tempo da trama no ar? (Duh Secco - Mogi Mirim / SP)


RENATA DIAS GOMES - O colaborador pode sugerir o que quiser. O autor aceita ou não rs Novelas sempre sofrem influência de fatores externos e um bom colaborador está pronto pra auxiliar o autor principal pra tornar a tarefa dele que é a mais árdua de todas menos cansativa. Uma das principais funções do colaborador é não dar trabalho ao autor. rs


O mercado de trabalho nessa área de teledramaturgia é muito fechado e restrito. Embora já tenha provado ser talentosa e competente, você acha que o fato de ser neta de Janete Clair e Dias Gomes facilitou o seu ingresso na carreira? (Wesley Vieira – Conselheiro Lafaiete / MG)


RENATA DIAS GOMES - Acho, não. Tenho certeza absoluta! Mas conheço gente que começou de formas diversas.


Juliana Silveira e Leonardo Brício: par romântico de "Chamas da Vida"


Você trabalhou em Alta Estação, que discutia vários dilemas dos jovens; participou de Chamas da Vida, que trazia temas fortes em quase todas as tramas; e agora está em Uma Rosa com Amor, uma trama mais água-com-açúcar. Quais destes estilos se aproxima mais do que pretende mostrar, um dia, como autora titular? Os temas fortes trazem uma carga mais pesada pra quem escreve? (Duh Secco - Mogi Mirim / SP)


RENATA DIAS GOMES - Eu acho que aprendi muito com cada produção que participei e vou levar isso pra minha vida, inclusive quando me tornar autora titular. Não sei se já tenho um estilo, acho que ainda estou formando isso. Mas meu trabalho autoral costuma ter bastante humor e engajamento político e social.



Em Alta Estação, qual foi a cena mais marcante que você escreveu? (Silvestre Mendes – RJ)



Elenco principal de "Alta Estação"

RENATA DIAS GOMES - Foram muitas! Alta Estação foi muito especial. Mas pra escolher uma, eu citaria uma sequência que fez a Margareth acreditar que eu era capaz. No início ela tinha uma certa desconfiança com aquela pirralha de vinte e dois anos que mascava um pacote inteiro de chicletes. Mesmo assim ela resolveu me dar uma sequência pra escrever e eu fiz uma briga de mulher das personagens Clara e Maria Cristina com puxão de cabelo e xingamentos permitidos pro horário que ela adorou! Depois disso eu conquistei a confiança da chefe rs


Como foi encontrar o Silvio Santos pela primeira vez? Ele é esse personagem que todo domingo fala pérolas na tv? (Silvestre Mendes – RJ)


RENATA DIAS GOMES - Encontrar o Silvio Santos foi incrível. O homem se confunde com o personagem. Num primeiro momento me senti participando do Programa Silvio Santos, mas depois fiquei mais à vontade.


Como é escrever as cenas de humor de UMA ROSA COM AMOR? (Silvestre Mendes – RJ)


RENATA DIAS GOMES - Tudo em Uma Rosa com Amor é uma delícia!



Cena de "Uma rosa com amor" (2010)

Com relação a “Uma rosa com amor” quais as dificuldades de se adaptar um texto tão antigo e com tantas diferenças comportamentais entre os anos 70 e 2000? (Ivan Gomes – SP)


RENATA DIAS GOMES - Eu me peguei várias vezes no início da novela pensando nisso. Será que a Serafina vai passar verdade? E me espantei com a – excelente – reação do público quando a novela estreou. A Carla Marins defendeu a personagem brilhantemente, o personagem original já era muito bem construído e nós tentamos embasar os dramas dela. Talvez por esse conjunto ou porque o público é mais conservador do que a gente imagina, recebi muitas mensagens dizendo como era bacana ver uma trama com valores tão bonitos quando os da Serafina e sua família.


Sei que você sempre quis escrever pra Betty Faria. Como esta sendo? Pra que outros atores e atrizes gostaria de escrever? (Rodrigo Ferraz – SP)


RENATA DIAS GOMES - Escrever pra Betty Faria foi a realização de um sonho!!! Mas tem vários outros atores pra quem eu adoraria escrever. Betty Savalla, Francisco Cuoco, Tony Ramos, Regina Duarte, Tarcísio, Glória. Espero realizar pelo menos parte desses sonhos.

Betty Faria, sempre presente nas novelas dos avós de Renata.

Antes do ingresso de Miguel Paiva na equipe de Uma Rosa com Amor, você e Tiago Santiago dividiam os capítulos. É mais fácil trabalhar em uma equipe reduzida? (Duh Secco – Mogi Mirim / SP)


RENATA DIAS GOMES - Eu tive ótimas experiências com equipe grande e equipes pequenas. Mas como sou fominha, gosto de trabalhar mais e com equipe reduzida sobra mais pra mim rsrs


Você dirigiu um curta, “Pretérito Imperfeito”. Gostou da experiência na direção? O fato de estar por trás das câmeras, responsável pela produção, influencia quando você exerce o papel de autora? (Duh Secco – Mogi Mirim / SP)


Gostei de exercitar esse outro lado. E eu sou mandona de um jeito que parece até que nasci praquilo. Mas só parece porque como diretora eu sou ótima escritora. De qualquer forma, conhecer o outro lado dá base pra pensar com carinho no trabalho que o diretor vai ter na hora de escrever uma cena.

Renata no set de seu curta "Pretérito Imperfeito"

No processo da escrita dos capítulos, qual é a dor e qual é a delícia de ser um colaborador? (Walter Azevedo - Santos / SP)


RENATA DIAS GOMES - Vida de colaborador, como diz minha amiga Paula Richard, é esperar escaleta. E eu acrescentaria que é também estar disponível pra tudo aquilo que o autor precisar.


O que torna um personagem interessante para o público? (Walter Azevedo - Santos / SP)


RENATA DIAS GOMES - Não sei o segredo. Mas acho que o público gosta quando de alguma forma se identifica com o que o personagem vive.


Já aconteceu de você ter de escrever um personagem ou núcleo e não gostar deles? O que fazer numa situação dessas? (Walter Azevedo – Santos / SP)


RENATA DIAS GOMES - Já sim. E só o que dá pra fazer é se esforçar pra fazer daquela cena o melhor possível como em todas outras.


Acha que a sensibilidade da maternidade se reflete nos seus textos? (Silvestre Mendes – RJ)


RENATA DIAS GOMES - Eu não sou lá uma pessoa muito sensível. Mas a maternidade me tornou uma pessoa mais paciente, mais amorosa, me fez me descobrir mais mulher e mais feminina e, claro, isso acaba se refletindo no meu texto.


Sidney Eduardo não daria um ótimo nome de personagem de novela? (Silvestre Mendes – RJ)

RENATA DIAS GOMES - Sidney Eduardo é nome de galã de novela mexicana e também de um grande amigo.

Quais os maiores desafios que você, assim como outros jovens e promissores autores de sua geração deverão enfrentar para renovar a teledramaturgia? (Wesley Vieira – Conselheiro Lafaiete / MG)

RENATA DIAS GOMES - Escrever novela é um desafio muito grande sempre. Novela é um Boeing. Os autores que estão aí tem muito tempo de estrada, já tem uma maleta de ferramentas enorme pra lidar com as dificuldades que aparecem. Hoje a gente ainda tem que lidar com a diminuição no número de televisores ligados e a perda de público pra outras mídias. Acho que estamos todos tentando descobrir como manter a novela atraente. Nossa sorte é que o brasileiro continua amando novela. E com uma boa história no ar o público que talvez tenha fugido pra TV a cabo ou computador volta a acompanhar.


Acima, Patricia Mess, Rodrigo ferraz, eu, Renata e a filhota Mayara.
Abaixo, Lembranças de uma tarde chuvosa, mas animada. À direita, Lipe Borges.

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