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quarta-feira, 3 de abril de 2013

Blogueiro convidado: Aladim Miguel celebra a reprise de “O profeta”



 Um dos parceiros mais constantes aqui no melão, o querido amigo Aladim Miguel está de volta como blogueiro convidado, desta vez para falar de “O profeta”, novela de Ivani Ribeiro que ganhou um remake pelas mãos da incrível dupla Duca Rachid e Thelma Guedes, sob a supervisão de Walcyr Carrasco. O bem-sucedido remake marcou a estreia da dupla como autoras-titulares e agora ´pode ser visto no “Vale a pena ver de novo”. Munido de sua prodigiosa memória, Aladim nos brinda com um delicioso texto que passeia por toda as tramas de forma tão detalhada que torna essa reprise imperdível. Confira:


O MELÃO ACREDITA QUE “O PROFETA” ESTÁ ACIMA DO BEM E DO MAL



 Por Aladim Miguel
                                         
                                               
    Atual cartaz da sessão “Vale a Pena Ver de Novo”, da TV Globo, a nova versão da novela “O Profeta”, assinada por Duca Rachid, Thelma Guedes, escrita com Júlio Fischer, com a colaboração de André Ryoki, Thereza Falcão e Alessandro Marson e a supervisão de texto de Walcyr Carrasco, é um verdadeiro presente que ganhamos nas nossas tardes. Exibida pela primeira vez entre 16 de Outubro de 2006 e 11 de Maio de 2007, com 178 capítulos às 18 horas, e dirigida por Roberto Talma, Mario Márcio Bandarra, Vinícius Coimbra e Alexandre Boury, a novela foi um sucesso de público e crítica e comprovou, mais uma vez, o eterno fascínio que as obras da grande mestra Ivani Ribeiro têm sobre os admiradores da boa e clássica teledramaturgia, vale lembrar aqui que três remakes de suas obras, A Gata Comeu (1985), Mulheres de Areia (1993) e A Viagem (1994), grudaram na memória e no coração do público pra sempre.
           
Personagens centrais do remake

Mas vamos à trama de “O Profeta”, que começa em Minas Gerais nos anos 40 e depois avança 15 anos e vai parar em 1955. Marcos (um trabalho brilhante de Thiago Fragoso, perfeito em seu primeiro protagonista), um rapaz que tem o dom da premonição e fica bastante perturbado depois que não consegue salvar a vida de Lucas (Henrique Ramiro), seu irmão mais novo, que acaba morrendo afogado em um rio, sem que ele possa fazer nada, uma vez que já havia previsto esse acidente em sua infância. Frustrado com suas intuições, ele se muda para São Paulo, para tentar uma nova vida, e vai morar com Ester (Vera Zimmermann), sua irmã mais velha, lá ele conhece Sônia (Paola Oliveira, linda e totalmente inspirada na princesa Grace Kelly), o grande amor de sua vida. Mas o casal tem que enfrentar alguns obstáculos para selar seu amor, no meio do caminho, como a invejosa, interesseira e malvada Ruth (Carol Castro, que inclusive se baseou em Bette Davis para a construção da personagem), que se apaixona pelo profeta e o faz usar seus poderes para o mal. Se de um lado Ruth faz de tudo para separar o casal, do outro temos o grande vilão Clóvis (mais um trabalho inspirado de Dalton Vigh), que de tantas armadilhas e chantagens consegue se casar com Sônia, e transformar a vida dela em um inferno, usando de todas as crueldades para domar a esposa. No meio dessa confusão toda ainda está o vingativo Camilo (o ótimo Malvino Salvador), eterno apaixonado por Sônia e primo de Marcos. Mas como no final sempre o amor vence tudo, o casal acabou tendo um final feliz.

O lado cômico da trama ficou por conta das várias situações criadas por três personagens bem divertidos: Tainha (Rodrigo Faro, que soube aproveitar muito bem sua veia cômica e foi responsável pelos momentos mais engraçados da novela, um show!), um jovem feirante apaixonado por Gisele (Fernanda Rodrigues), por quem é capaz das maiores loucuras.                           

Fernanda Rodrigues e Rodrigo Faro: sucesso como o casal Gisele e Tainha

A gordinha Carola (Fernanda Souza, em um papel difícil e delicado) - filha da ambiciosa Lia (Nívea Maria) e irmã de Ruth e Tony (Daniel Ávila) – que é platonicamente apaixonada por Marcos e usa o ingênuo e atrapalhado Arnaldo (Rodrigo Phavanello) em suas armações. Ele por sua vez, também a usa para fazer ciúmes em Teresa (Paula Bulamarque, uma loura platinada a la Marilyn Monroe), namorada do mulherengo Henrique (Maurício Mattar). Mas o tiro sai pela culatra e o destino faz com que nasça uma grande paixão entre os dois.
       
Carol Castro, Nívea Maria e Fernanda Souza: destaques do elenco

O terceiro personagem marcante do núcleo de humor foi a falsa cartomante Madame Rúbia (Rosi Campos), que se aproveitava da ingenuidade das pessoas para aplicar golpes como “A Profetisa”, uma das suas vitimas foi a fútil Miriam (bom momento de Juliana Baroni, com seu visual homenageando a Diva Rita Hayworth), que traia Alceu (Nuno Leal Maia), seu marido, com Ernesto (Mário Gomes), o marido da vidente.      

Mario Gomes, Juliana Baroni, Nuno Leal Maia e Rosi Campos: responsáveis por cenas divertidas da novela
             
Os conflitos dos jovens rebeldes dos anos 50 eram representados pelo triângulo amoroso formado por Baby (Juliana Didone), Tony e Wandinha (Samara Filippo).
   
Núcleo jovem da novela

A questão do preconceito racial era discutido através da pequena Natália (Vitória Pina), que tinha muita vergonha de sua mãe negra, a humilde Dedé (Zezeh Barbosa), e a escondia de todos, fazendo inclusive que seus colegas de colégio pensasse que ela era sua empregada.    
Zezeh Barbosa excelente em cena
                                          
O núcleo espiritual, um dos mais fortes da trama era formado por, Francisco (Mauro Mendonça) - o dono do centro Kardecista e do restaurante da cidade dirigido por sua esposa Abigail (Laura Cardoso) - e a rígida Hilda (Ana Lucia Torre), a inspetora da escola onde Ester é diretora.                                

“O Profeta” só teve um CD que misturava os seus temas nacionais e internacionais. Destaque para as canções interpretadas pelos participantes do extinto Programa Fama. “Além do Olhar”, o tema de abertura com Ivo Pessoa e (They Long To Be) “Close To You”, belo tema de Marcos e Sônia, interpretado com emoção pela dupla Cídia e Dan.

Três grandes clássicos sucessos internacionais dos anos 50, “Only You”, “You Are My Destiny”, ambos interpretados pelo cantor Oséas, e “Molambo”, com The Originals, foram rebobinados para a trilha da novela.

Elis Regina com “Fascinação”, Zeca Pagodinho com “ Beija-me”, Gal Costa com “Caminhos Cruzados” e Erasmo Carlos - em dueto com Adriana Calcanhoto - com “Do Fundo do Meu Coração” também tiveram destaques na trama.

Mauricio Mattar, Paula Burlamaqui, Rodrigo Phavanello e Vera Zimmermann: quadrilátero amoroso. 
  
“O Profeta” marcou época, tanto na TV Tupi, em 1977, quanto na TV Globo, e deixou sua marca registrada em nossa teledramaturgia, um clássico que, com certeza, é uma ótima pedida para os seguidores do “Vale a Pena Ver de Novo”.

Aladim Miguel e eu
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Melão quer saber: qual novela que você gostaria de rever no "Vale a pena ver de novo? Deixe seu comentário: 

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LEIA TAMBÉM: 

Blogueiro convidado: Aladim Miguel e a trilha sonora de “Cambalacho”





terça-feira, 2 de agosto de 2011

Melão entrevista FERNANDA RODRIGUES: “Eu amo o que faço e os desafios me movem”




O Brasil inteiro a viu crescer e acompanhou todos os seus personagens. Por isso mesmo, Fernanda Rodrigues nos parece tão próxima: aquela prima da capital, aquela neta fofinha, aquela filha rebelde... E é impossível não torcer por seus personagens, tanto que sua Jôse, de “O astro”, já vem ganhando uma forte torcida do público através das redes sociais e promete fazer frente a Lili (Alinne Moraes) pelo amor de Márcio (Thiago Fragoso). Mesmo com o ritmo de trabalho intenso (tanto para Fernandinha, quanto para este roteirista que vos fala), a atriz aceitou ceder essa entrevista, que mais parece um agradável bate-papo com aquela amiga que conhecemos há anos do que propriamente uma entrevista mais formal. Assim é Fernandinha: simples, simpaticíssima, cativante e encantadora. Ela nos fala de seus principais personagens televisivos, de sua experiência em cinema e da calorosa resposta que sempre recebe do público. Espero que gostem tanto da conversa quanto eu!

Com Thiago Fragoso em "O astro"
Como está sendo a experiência de viver a Jôse em “O astro” que, em pouco tempo, já conquistou uma grande torcida e carinho por parte do público? Pesquisou sobre o papel na versão original?
Fernanda - Está sendo um dos meus maiores desafios. A Jôse é intensa demais, ela ama incondicionalmente, e essa é a maior característica dela: o amor. Eu queria fazer com que esse amor chegasse nas pessoas, tocasse de alguma maneira o coração do publico. Não é uma tarefa fácil. Estou fazendo com a maior verdade possível pra que chegue assim no ar: sincero!!! Da versão original só vi a morte de Jôse no Youtube porque não aguentei de curiosidade. Mas quis criar uma nova personalidade pra contar essa nova história!



Durante a exibição de “O astro” você costuma acompanhar a repercussão e os comentários do público em tempo real pelo twitter. Como é ter esse tipo de retorno tão instantâneo? Isso, de alguma forma, interfere na construção do personagem?

Fernanda - Tenho acompanhado tudo pelo twitter (@ferrod). No meu caso esta ajudando muito porque sinto que as pessoas estão torcendo pela Jôse. Acho que estavam sentindo falta de histórias de amor verdadeiro. Os amores, hoje em dia, são mais rasos, tanto na dramaturgia quanto na própria vida. As pessoas estão sem tempo pra isso, com uma vida corrida... Me sinto resgatando o amor dentro das pessoas! Fico Feliz!!!

 Você começou muito cedo em televisão e já fez muito sucesso como a Isa em “Vamp” (1991). Naquela época, você já almejava seguir a carreira de atriz?
Fernandinha ainda criança em "Vamp"
Fernanda - Não almejava porque era uma criança, mas adoraaaava fazer aquilo! Ia gravar feliz da vida... aquilo me fazia muito bem! Acho que estava no sangue! (risos)

Um de seus papéis mais marcantes até hoje foi a rebelde e problemática Bia de “A viagem” (1995). Que lembranças tem dessa novela? Acredita que o papel foi um divisor de águas em sua carreira?
Fernanda em cena de "A viagem" com Lucinha Lins, sua mãe na novela
Fernanda - A Bia foi uma loucura. Ela mal existia na sinopse e virou um dos destaques da novela! Eu estava vivendo aquela mesma fase, da adolescência, então tinha uma identificação atriz/personagem. Quando ela ficou rebelde lembro que as pessoas queriam me bater na rua. Passei varias situações constrangedoras, o povo ficou com muita raiva de mim. Não sei se foi um divisor de águas, mas foi importante demais pra mim essa novela!

Você integrou o elenco da primeira temporada de “Malhação” (1995) e já fez todo mundo torcer para que sua personagem, a romântica Luisa, conquistasse o coração de Dado (Claudio Heinrich). Por que acha que o público torce tanto pelos personagens que interpreta?

Fernanda - Isso é muito legal. Acho que por eu ter crescido na TV as pessoas torcem por mim, nos personagens e na minha vida. Sinto que tem um carinho a mais. As pessoas me abordam de modo diferente. Isso até meus amigos do meio artístico comentam.  Porque elas me viram crescer, parece que tem mais intimidade, como se fosse uma filha, uma neta. Senti bem mais claro isso na gravidez e, agora com a minha filha, todo mundo vem falar coisas tipo: te vi pequenininha, agora você já é mãe!  É muito legal!!!

Em “Sabor da Paixão” (2002) você viveu uma musicista. Já em “A lua me disse” (2003), interpretou uma jogadora de futebol. Como você se prepara para esses personagens que exercem atividades específicas e tão diferentes de você?
Fernanda - Esse é o meu maior prazer: ser e fazer coisas diferentes da minha realidade! Amo aprender coisas novas pra um personagem! E me jogo de cabeça mesmo... Além de jogadora de futebol e flautista, lutei judô, fui manicure, pianista, joguei tarô,  fiz Kung Fu... e agora fotógrafa! É o máximo brincar de ser coisas que você não é !

Você sempre foi conhecida por interpretar tipos doces e frágeis. Por isso o público se surpreendeu com sua primeira vilã, a Stelinha de “Negócio da China” (2008), que era uma mestre em Artes Marciais e enganava os próprios pais.  Que tal a experiência? Acha que seu tipo físico delicado limita um pouco a escalação para papéis diferentes?  
Como a malvada Stelinha de "Negócio da China"
Fernanda - Foi muito importante pra mim fazer a Stelinha. Queria que as pessoas me vissem fazendo uma coisa diferente! Acho uma pena que as pessoas te escalem pelo físico. O desafio do ator é exatamente esse. Não quero ser escalada pra fazer sempre a mesma coisa, quero desafios novos, boas oportunidades!

Uma de suas incursões no cinema foi em “A partilha”, em que vivia a filha de uma das protagonistas vividas por Glória Pires, que engravidava de um líder de uma seita religiosa em hilária participação do nosso Geraldinho Carneiro. Como foi transitar nesse universo tragicômico criado por Miguel Falabella e qual a diferença essencial entre trabalhar no cinema e na televisão?
Fernanda - Eu amei fazer esse filme. Era um elenco incrível e a minha história era muito engraçada com o Geraldinho Carneiro. Me diverti demais filmando! Além disso, sempre quis trabalhar com o Daniel Filho, que é um diretor que admiro muito. Foi uma oportunidade maravilhosa que ele me deu! Fazer cinema é demais. Pena que tive poucas oportunidades! Adoraria fazer mais filmes...


Existe alguma cena que tenha te marcado em especial ou que tenha gostado mais de fazer? Qual?
A hilária Gisele de "O profeta"
Fernanda - Na novela “O Profeta” eu tive muitas cenas divertidas que amei fazer!  A cena do casamento de “Gigele” e Tainha não vou esquecer jamais! Dei muita risada assistindo...

Pergunta de praxe do blog: você é noveleira? Se sim, qual sua novela favorita como espectadora?
Fernanda - Fui mais noveleira antes da minha filha nascer. Depois disso a tv só fica ligada em desenhos e filmes de criança. No momento só vejo “O Astro”, e estou amando! Novelão que me tira o ar!
Existe algum personagem ou tipo específico que você ainda gostaria de interpretar?

Fernanda - Vários. Se possível, os mais difíceis... Eu amo o que faço e os desafios me movem!!!

Querida, gostaria de reiterar que é uma grande honra e um imenso prazer te entrevistar e escrever para uma personagem sua. Temos pouca diferença de idade e cresci acompanhando sua carreira, admirando seu talento e torcendo por você desde então. Por isso digo que, cada vez que crio uma fala para a Jôse, realizo um sonho de criança. Muito obrigado pela simpatia e pela disponibilidade em responder as perguntas. Todo o sucesso do mundo pra você, em “O astro” e em tudo o que vuer pela frente. Beijos mil! Vitor

Fernanda - Adorei as perguntas e nem sei como agradecer suas palavras de carinho! Obrigada do fundo do meu coraçao e tomara q a gente trabalhe muito junto! Vc é especial! Beijos.
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Leia também: Entrevista especial - TUNA DWEK: “A arte nos captura a despeito de nós mesmos”
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sábado, 10 de julho de 2010

Entrevista especial: DUCA RACHID E THELMA GUEDES


Entrevistadas por Wesley Vieira e Vitor de Oliveira


Para a difícil, mas prazerosa função de entrevistar uma dupla de sucesso, nada melhor do que convocar um amigo de talento com as mesmas pretensões e que sempre está na mesma sintonia que eu: Wesley Vieira. O rapaz se diz um aspirante a roteirista, mas quem leu seus textos comprova que ele já está pronto para que alguma emissora invista em seu potencial. Nossa sintonia foi perfeita e harmônica desde o início de nossa amizade virtual, que já se tornou real.

Ninguém melhor que Wesley, com sua simpatia, inteligência e perspicácia para ser meu parceiro nessa tarefa de entrevistar as duas meninas, Duca e Thelma, que responderam às nossas perguntas juntas e separadas.


Autoras de dois grandes sucessos do horário das seis, “O profeta” (2006) e “Cama de Gato” (2009), as duas contam que a dupla foi unida por Walcyr Carrasco, além de relatarem suas experiências conjuntas e individuais, bem como o processo criativo, o futuro da telenovela, entre outros assuntos. Um tricô delicioso e envolvente. Confiram:

 
DUCA RACHID


Conte como foi o início de sua carreira? Você sempre quis trabalhar como roteirista de televisão? Encontrou dificuldades para entrar nesse mercado que é tão disputado e fechado? (Wesley)

DUCA - Eu sempre fui noveleira, desde criança. A minha geração cresceu vendo novela. Pra mim, uma jovem que vivia na periferia de São Paulo, onde não havia cinema nem teatro, a TV e os livros eram a minha janela para o mundo. Mas lembro de ter manifestado o desejo de fazer TV, vendo “Gabriela” do Walther Durst. Já tinha lido o livro e ver aquilo na TV foi quase que uma epifania! Fiz um caminho bastante tortuoso para chegar aqui. Durante a faculdade de jornalismo, montei uma produtora de vídeo com colegas, fiz institucionais e gravei até casamentos! Mas só comecei a trabalhar mesmo como roteirista em Portugal, onde morei por seis anos. Lá conheci um roteirista brasileiro, o Jayme Camargo, que estava montando uma produtora com um sócio português. Ele tinha projetos para a RTP e precisava de alguém que o ajudasse. Foi assim que eu comecei. O Jayme me ensinou os rudimentos do roteiro, e me permitiu errar muito e aprender com os erros. Com ele, escrevi séries infantis, juvenis, uma série gravada na África e até um sitcom, com a Tônia Carreiro e o Zé de Abreu, dirigido pelo Cecil Thiré. Infelizmente, nunca cheguei a ver nenhum desses dois programas.

Em 1993, você foi uma das autoras da novela portuguesa “A Banqueira do Povo”, baseada em fatos reais ocorridos na década de 80 e até hoje considerada uma das melhores novelas de Portugal. Como foi esse trabalho que teve Walter Avancini como um dos produtores? (Wesley)

DUCA - Pois então, de posse desses programas que tinha feito com o Jayme, fui procurar o Avancini que, na época, estava também montando uma produtora. Ele gostou do meu trabalho e me chamou para integrar a equipe da “Banqueira”, que era encabeçada pela escritora Patrícia Melo. Foi minha primeira novela e aprendi muito com a Patrícia e com o Maurício Arruda, que também fazia parte da equipe e já tinha feito muita coisa como colaborador do Carlos Lombardi. A “Banqueira” não era um folhetim tradicional. Mais parecia uma minissérie. Era uma história forte, sensacional! Representativa de como foi a passagem de Portugal, do socialismo ao capitalismo. Foi um trabalho duro, o Avancini era muito exigente. Mas era fascinante vê-lo trabalhar. Ele tinha sacadas geniais! Aprendi muito com ele. Sou muito agradecida ao Avancini, que sempre me chamava para participar dos seus projetos. Senti muito quando ele se foi.

Você foi uma das responsáveis pela adaptação do livro “Tocaia Grande” para a TV. Como foi contar com a supervisão de Walter George Durst? Houve dificuldades na realização desse trabalho num momento em que a Manchete passava por dificuldades financeiras e retomava a produção de telenovelas? (Wesley)

DUCA - Eu tive sorte, muita sorte, comecei pelas mãos de grandes mestres da teledramaturgia. O Dürst foi um deles. E o que mais me marcou. Não há um dia sequer na minha vida que eu não me lembre, que eu não recorra aos ensinamentos do Dürst. “Tocaia Grande” foi uma novela formadora pra mim. Aí sim, acho que entendi o que é fazer novela. E, além do Dürst, tive oportunidade de trabalhar também com o Marcos Lazarini e o Mário Teixeira, grandes autores e amigos. Quanto a trabalhar na TV Manchete, era ótimo! A família Bloch tinha um apreço muito grande pelas artes, pela literatura. Valorizava muito o nosso trabalho. E as dificuldades não foram maiores do que as que existem em qualquer produção. “Tocaia Grande” reinaugurou a teledramaturgia da Manchete e abriu espaço para grandes sucesso como, por exemplo, Xica da Silva.


Ao escrever remakes de obras de sucesso como “Os ossos do barão” e “O profeta”, qual o limite entre preservar o estilo da trama original e imprimir um diferencial em relação a ela? (Vitor)


DUCA - O Dürst sempre dizia que adaptar “é trair por amor”. É claro que você tem que manter minimamente a história, mas sempre há mudanças que precisam ser feitas para estar de acordo com o contexto histórico em que a trama se passa, e também para “dialogar” com o público de hoje. “O Profeta” (foto) foi um exemplo claro disso. Originalmente a novela se passou na década de 70 e tivemos que adaptá-la para a década de 50. Por isso o protagonista (que teve o nome alterado para Marcos, pois já havia um Daniel no ar) teve que mudar. O Daniel da década de 70 era muito mais irreverente do que o Marcos, pois a irreverência estava em pauta, naquela época de grandes revoluções no comportamento. Outra coisa: o impedimento amoroso da história original, que era o fato do mocinho vender seus poderes, não era mais considerado como tal, pelo público atual. Ninguém entendia porque a Sônia não queria que o Marcos vendesse seus poderes. Desde que ele não prejudicasse ninguém, achavam que não havia nenhum mal nisso. Ou seja, o que era uma questão ética, moral, na década de 70, em 2000, deixou de ser. Então tivemos que criar um impedimento concreto para o amor de Marcos e Sônia; o Clóvis, um psicopata, que prendia a mocinha no sótão. Impedia o contato físico mesmo entre ele e ela.


Você esteve ao lado de Walcyr Carrasco na estreia dele na Globo com “O cravo e a rosa”. Como se deu esse encontro e que tal a experiência? (Vitor)

Adriana Esteves e Eduardo Moscóvis em "O cravo e a rosa" (2000)



DUCA - Pois é, quem me recomendou ao Walcyr, quando ele foi para a Globo, foi o Avancini. Mais uma que devo a ele. Na verdade, eu já conhecia o Walcyr, da minha passagem pelo SBT. Quando ele foi para a Globo, me chamou. E foi outro grande aprendizado trabalhar com o Walcyr. Um autor de um talento enorme, que conhece seu público como ninguém. E tem uma capacidade de trabalho invejável! Tudo isso sem perder o bom humor. Com o Walcyr aprendi, por exemplo, que, mesmo que a novela seja de época, ela tem que falar ao público de hoje.

Como é a sua rotina quando está trabalhando? A Duca como mãe e esposa é diferente da Duca autora de novelas? (Wesley)

DUCA - Não dá pra separar não. Tem quem ser mãe, esposa e autora de novelas, tudo ao mesmo tempo. É exasperante às vezes. Mas a vida não pára quando você faz novela. Os filhos crescem, os pais envelhecem, os amigos e parentes continuam sentindo a sua falta e solicitando você. Não tem jeito: quando a novela acaba, você se depara com milhões de coisas que ficaram pra trás e têm que ser feitas. Desde ir ao dentista, ao médico, ao cartório, ajudar a sua mãe na mudança, até reencontrar os amigos. A gente leva pelo menos uns seis meses botando a agenda em dia. Só então pode descansar e carregar as baterias para pensar na próxima.
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THELMA GUEDES

Você acredita que a sua formação acadêmica em Letras e o mestrado em Literatura Brasileira foram fundamentais para a sua entrada na televisão? Sempre pensou em escrever roteiros? (Wesley)

THELMA - Posso dizer que o tempo em que estive na universidade, tanto na graduação, quanto na pós, foi um dos momentos mais felizes e importantes da minha vida. Fundamental pra minha relação com a literatura. Desde criança, eu sempre li muito, mas indiscriminadamente e sem um olhar crítico. Na universidade, eu deixei de ser uma leitora ingênua. Isso é de grande valia para quem deseja se tornar escritor (seja qual for a natureza da sua obra). Quem quer ser escritor tem que ler muito mesmo. Mas não acho que seja imprescindível passar pela universidade. No meu caso, foi importantíssimo. A universidade me deu muita segurança. Eu adoro aprender, estudar. E escrever pra mim é como respirar! Mas nunca imaginei que escreveria roteiros e trabalharia em televisão, até que a oportunidade apareceu. Eu não deixei escapar. Meu grande sonho sempre foi, desde muito pequena, ser escritora, viver disso. Mas o meu primeiro roteiro foi o que enviei para a seleção da Oficina da Globo. E logo percebi que eu me sentia muito à vontade como roteirista.

Você entrou na TV Globo através da Oficina de Roteiristas que a emissora promove esporadicamente. Conte como foi o seu ingresso e a sua trajetória durante o tempo em que participou dos projetos até ser convocada como colaboradora na novela “Vila Madalena”. (Wesley)

THELMA - Eu estava terminando o mestrado em Literatura Brasileira, trabalhando na Editora da USP e prestes a lançar meu primeiro livro de contos, quando deparei com um aviso sobre a Oficina da Globo, no mural da universidade. A princípio, achei que era uma oficina comum, apenas para ensinar a técnica de roteiro. Não sabia que haveria uma seleção e que alguns seriam contratados. Eu me inscrevi para aprender a escrever roteiros e ponto. Sem ansiedade e pretensão. Participei de um processo seletivo pesado, em que de 700 inscritos, apenas três foram contratados. Me entreguei de corpo e alma a esse aprendizado, tendo que continuar a trabalhar e a terminar a pós. Foi uma loucura, mas quanto mais eu aprendia a técnica de roteiro, quanto mais eu escrevia, mas me apaixonava por esse jeito de escrever e me expressar. Nessa oficina, coordenada pelo Flavio de Campos, eu aprendi a base de tudo o que eu sei de roteiro de televisão. Eu devo muito a ele. Assim, em 1997, no mesmo dia em que recebi a notícia de que seria contratada, eu lancei o meu primeiro livro. No mesmo dia! Foi demais! Depois que eu entrei na Globo, fiquei um tempinho esperando um chamado para trabalhar. Foi ótimo, porque nesses quatro meses em que não trabalhei, eu consegui terminar de escrever a minha dissertação, entregar e defender. Depois fui chamada pra trabalhar no programa matutino da Angélica. E não parei mais, fui emendando um trabalho no outro. Um colega me indicou pra colaborar na novela do Negrão. Quando a novela acabou, eu corri atrás de um colega de oficina, que estava fazendo o texto final do programa do Renato Aragão, A Turma do Didi. Depois, trabalhei lendo livros e dando pareceres. Imagina que delícia ganhar para ler! Aí, eu conheci o Walcyr quando eu organizei umas palestras. Ele me chamou pra colaborar com ele no Sítio do Picapau Amarelo. Aí, eu colaborei direto com ele: Esperança, Chocolate com Pimenta e Alma Gêmea. Até ele me indicar com a Duca pro Profeta.


Sua incursão na literatura, já rendeu diversos livros, além de participação em coletâneas, como “Novelas, Espelhos e um Pouco de Choro” (Ateliê Editorial/ 1999). Você se considera uma escritora que virou roteirista ou uma roteirista que virou escritora? Algumas vezes, as idéias que você tem para um livro interferem na criação para uma novela? (Wesley)

THELMA - Eu me considero uma escritora. Escritores podem escrever livros, novelas de tv, roteiros de cinema, peças de teatro, etc. Roteirista é escritor. É como eu vejo. Na verdade, acho que o imaginário de um escritor, suas ideias, seus ideais, sua ideologia, seu modo de ver a vida, o que ele quer dizer pro mundo está em tudo que ele escreve: livro, roteiro, crônica de jornal, peça de teatro, qualquer coisa. Não acho que seja “interferência”, acho que é a “essência” da escrita de cada escritor, que passeia ente um ou outro gênero. Mas o que eu quero sempre é comunicar a minha visão de mundo. Ela está em todas as histórias que eu quero contar, seja nos livros ou na televisão.

Você faz parte da AR – Associação dos Roteiristas. Na sua opinião, qual a importância de entidades desse tipo para a valorização da classe? (Vitor)

Assembléia da AR - Associação dos roteiristas

THELMA - Em primeiro lugar, a associação tem um papel super importante, de permitir que a gente se conheça. Porque escritor é um sujeito que, até por força da profissão, acaba ficando muito isolado, solitário, fechado entre quatro paredes, sem contato com outros que fazem a mesma coisa que ele. A troca de experiências e o debate com os colegas é fundamental, mesmo no plano puramente artístico, estético. E claro que a união nos fortalece como classe! No começo da AR, eu tinha tempo para trabalhar muito pela associação, na sua divulgação, promovendo cursos, workshops, palestras, debates. Foi um momento muito interessante e feliz. Conheci muita gente e fiz grandes amigos.

Você foi colaboradora de Walcyr Carrasco em grandes sucessos do autor como “Alma gêmea” e “Chocolate com pimenta” (foto). Como é trabalhar com o autor e o que há de Thelma Guedes nessas novelas? (Vitor)

THELMA - Eu tenho uma tese sobre colaborar em novela: o melhor colaborador é aquele que, quando escreve, tenta escrever como o próprio autor escreveria. Colaborador é alguém que deve deixar o autor livre o máximo possível para escrever melhor e melhor. Acho essencial que se entenda esse limite entre escrever a própria novela e colaborar na novela de outro autor. Posso dizer com orgulho que nessas novelas do Walcyr o que tem de Thelma Guedes é o empenho de fazer o Walcyr ser o melhor Walcyr possível. Pra mim, o colaborador é um rede de segurança para que o autor possa se soltar. Eu era aquela colaboradora que me preocupava com a memória da novela, com a coerência das personagens, com a continuidade estrutural dela. Eu enchia o saco do Walcyr às vezes, quando achava que um capítulo não tinha o brilho que é próprio do Walcyr. Eu ajudava nos problemas de produção, na edição, quando o capítulo ficava grande. Tomando conta para que os ganchos não se perdessem, ou para que falas importantes não fossem cortadas. Eu era uma colaboradora que realmente colaborava. Porque eu não queria escrever a novela que não era a minha novela. Eu queria deixar o caminho livre pro Walcyr escrever melhor novela . Hoje eu estou do outro lado e espero dos nossos colaboradores exatamente isso. E temos muita sorte. Nossos colaboradores são os melhores que existem!!!


Como é a Thelma quando está trabalhando? Sua rotina muda em relação à família? (Wesley)

THELMA - Eu tenho a felicidade de ter total apoio do meu marido e das minhas enteadas (que são como filhas). Quando estamos no ar com alguma novela, a rotina é bem dura, eu fico 24 horas ligada no trabalho. Até dormindo eu sonho com a novela. Fico pendurada no computador, telefone, televisão. Quando trabalho em casa, o ambiente fica tomado pelo meu trabalho. Por isso mesmo, Duca e eu fazemos reuniões diárias num escritório fora de nossas casas, num escritório, num flat. Mas o que é bacana é que a minha familia compreende, respeita, incentiva, torce. E todos assistem religiosamente a novela que estou escrevendo. Meu marido, que é um intelectual e não assistia televisão antes, assiste tudo que eu faço, desde o primeiro programa infantil que eu escrevi.

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THELMA E DUCA

Como surgiu a dupla Duca e Thelma? (Vitor)

Thelma: O Walcyr Carrasco foi chamado para supervisionar o remake da novela O Profeta. E ele nos juntou para escrevê-la. O Walcyr é o culpado! RS

Duca: Coitado do Walcyr! Vai ter que espiar essa culpa pro resto da vida...


Vocês acham que esse esquema de parceria entre autores titulares pode ser uma nova forma de escrever novela num futuro próximo? Quais as maiores vantagens e desvantagens? (Wesley)

Thelma: Na criação não pode haver fórmula. A escrita em dupla, no mesmo pé de igualdade, com duas pessoas decidindo tudo, depende de uma sintonia muito grande, que não pode ser forjada. Ela existe ou não.

Duca: É isso aí. Podemos falar pela nossa experiência. No nosso caso, a gente tem se dado bem escrevendo juntas. Tem dado certo. Assim temos conseguido uma dinâmica que não sei se conseguiríamos sozinhas. Talvez sim, não sei... Mas acho que não é uma fórmula pra todo mundo não. E isso também não significa que a gente não possa trabalhar em separado, por um tempo. Pra depois se juntar de novo, rapidinho... (rsrsrsrs)


Até que ponto a supervisão de texto influencia no trabalho do autor? (Vitor)

Thelma: Se a supervisão influenciar, ela deixa de ser supervisão e passa a ser intromissão na obra alheia. O supervisor deve ser um apoiador, questionador, “alertador” para possíveis riscos que o autor está correndo. Pode e deve sugerir, mas sempre respeitando o universo e estilo do autor.

Duca: Pois é, o trabalho do supervisor é difícil porque tá nesse fio de navalha. O supervisor tem que se valer da experiência para te apontar falhas e dar dicas do que pode ser a melhor maneira de conduzir o trabalho. Mas tem que deixar que você escreva a sua novela. Não dá pro supervisor querer que você escreva a novela “dele”.


Como é a divisão de trabalho entre vocês e seus colaboradores? (Vitor)

Thelma: Nós duas costumamos nos reunir diariamente para bolar os acontecimentos da história e escaletar os capítulos. Os colaboradores escrevem as cenas. Depois uma de nós junta as cenas e faz uma edição (mudando, acrescentando, cortando). Em seguida, a outra lê e faz o texto final. Aí a gente manda pros colaboradores lerem, verem erros, fazerem criticas e darem ideias. Estamos sempre abertas para ouvir o que eles têm a dizer. Aproveitamos ideias. Às vezes, chegamos a reescrever, mudando o rumo das coisas por causa de uma sugestão ou crítica. Porque o que nos interessa é sempre o melhor produto.

Houve tentativas de emplacar sinopses de suas autorias antes de entrar para o hall de autores titulares da Globo? Receberam muitos “não”? (Wesley)

Thelma: Antes de O Profeta , a Duca era autora do Sítio do Picapau Amarelo. Já estava se aproximando dessa entrada no time de autores de novela. Mas eu confesso que não imaginava que isso pudesse acontecer tão logo pra mim. Por isso, apesar de ter escrito algumas sinopses pra minha gaveta, eu não as enviava para a direção, porque eu sabia que ninguém ia se interessar por elas ainda. A minha intenção era consolidar a carreira de colaboradora, para dar o próximo passo, no momento certo. O momento certo veio antes, naturalmente.

Duca: Eu já tinha sim, arriscado mandar algumas sinopses. Hoje posso avaliar melhor e saber que algumas precisavam ser retrabalhadas, talvez por isso não tenham sido aceitas. Mas valeu pelo exercício. E muitas das idéias daquelas sinopses podem ser reaproveitadas no futuro.

Como vocês, autoras dessa nova geração, veem a novela do futuro? Como seria a novela perfeita? (Wesley)

Thelma: Acho que a novela do futuro vai ter que se adequar às novas mídias que estão surgindo. Talvez mais curta, ágil e interativa. Mas acredito que esse gênero resistirá a todas as mudanças tecnológicas e comportamentais que estão por vir. Porque desde que o mundo é mundo, o homem adora e precisa de uma boa narrativa ficcional. Quanto à novela perfeita, ela não existe, porque não existe perfeição. Mas a “quase perfeita” é aquela que consegue se comunicar com o público, que entretém, emociona e, ao mesmo tempo, consegue introduzir o espectador no universo sublime da arte.

Duca: Acho sim que a novela vai ter que ser mais curta, mais ágil, interativa, com personagens menos maniqueístas. Mas a essência do folhetim deve permanecer. Quando a novela perfeita, eu só consigo me lembrar daquela música do Gil: “...a perfeição é uma meta, defendida pelo goleiro , que joga na seleção, e eu não sou Pelé nem nada, se muito for, eu sou um Tostão. Fazer um gol nessa partida não é fácil, meu irmão...” Emocionando e entretendo já tá muito bom!

“Cama de Gato” pode ser considerada como uma “prova de fogo” no intuito de avaliar a carreira de vocês duas na Globo? Tiveram algum receio de que o projeto não tivesse os resultados desejados pela empresa? (Wesley)



Thelma: Claro que, como nosso primeiro projeto original, a “Cama” acabou sendo um aval pra gente. Mas eu sempre confiei muito nessa história, porque ela estava calcado numa base humana, existencial forte e verdadeira. Nós duas tínhamos o que dizer e acreditávamos nisso. E eu não ficava pensando nos resultados, mas no processo. Quando eu trabalho, procuro me concentrar no que estou fazendo. Se vc faz o melhor que pode, vc precisa confiar e ir em frente, com entusiasmo e sem medo. Senão, melhor nem se meter a escrever a sinopse.

Duca: Claro que sempre dá um friozinho na barriga. Novela é um jogo. Por mais que você confie no projeto, há sempre o imponderável. E se você ficar pensando muito no que pode não dar certo, não consegue seguir adiante. Tem que ter uma história boa na mão, que tenha força, fôlego, verdade, e tocar o barco, com coragem, da maneira mais honesta possível, dando o seu melhor.

Vocês têm projetos para escrever em outros formatos como minisséries, especiais e seriados? (Wesley)

Thelma: Aos montes... rs

Vocês são noveleiras? Se, sim, quais as suas favoritas? Na opinião de vocês o que o gênero “Telenovela” representa em nosso país? (Vitor)

Thelma: Sou noveleira de carteirinha, desde que me entendo por gente. As favoritas são Beto Rockfeller, Roque Santeiro, Saramandaia, Irmãos Coragem, Pecado Capital, Dancing Days, Vale Tudo, Guerra dos Sexos... Ai, as minhas favoritas são tantas, que eu ficaria aqui o dia todo elencando... A novela de televisão é um gênero que está tão incorporado ao nosso universo, que é quase um patrimônio nacional. É um importante meio de informação e entretenimento para a população. E é uma expressão do imaginário popular brasileiro.

Duca: É isso aí! A Thelma disse tudo. Eu só acrescentaria que a telenovela brasileira é um gênero único no mundo. Ninguém faz telenovela como a gente. Eu também sou muito noveleira. Minhas favoritas são todas essas que a Thelma citou mais Gabriela, O Feijão e o Sonho, Top Model, Rainha da sucata, Nina, Bebê a Bordo, Uga-Uga.... Ah! São tantas...! Não dá pra falar de todas aqui.

Que dicas e conselhos dariam a jovens que aspiram a trabalhar na TV?(Vitor)

Thelma: Acho que a primeira coisa é ler muito, estudar e se preparar. E buscar uma avaliação imparcial de outros sobre sua real capacidade e talento. Não adianta a pessoa se achar um gênio. É necessário que haja o reconhecimento dos outros. A melhor maneira é fazer oficinas, cursos.

Duca: Ler, ver, ouvir, viver. Estar antenado às oportunidades de cursos e oficinas. Perseverança e uma boa dose de sorte também ajudam. No mais, é saber deixar o ego em casa na hora de ouvir as críticas. Televisão é um trabalhado de equipe. Todo mundo contribui, o diretor, o colaborador, o ator, o produtor... É importante saber ouvir e incorporar as boas idéias.
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Thelma Guedes por Duca Rachid (Vitor) 
 
DUCA - Ah, a Thelma é minha melhor amiga. Minha parceira e agora minha comadre também, pois acabou de batizar minha filha. Eu tenho a maior admiração por ela, pelo talento, pela capacidade de trabalho e também pela sua conduta ética e moral. A Thelma é muito melhor do que eu como escritora. Eu tenho que quebrar muita pedra pra chegar lá. A Thelma não, ela é uma artista de verdade. Ela tem o chamado da arte dentro dela. Tem livros maravilhosos, que deviam ser mais conhecidos.


Duca Rachid por Thelma Guedes (Vitor)

Thelma- Uma irmã gêmea univitelina que caiu do céu (rs). A melhor parceira de trabalho que eu poderia ter (aliás, a única possível, porque eu sou uma chata de galocha e só ela pra me agüentar...). A Duca é um escritora com E maiúsculo: talentosa, iluminada, brilhante, entusiasmada, incansável. Eu tenho uma imensa admiração por ela. E o que a faz ser maior e melhor é justamente a simplicidade, a humildade, o desapego. Confesso que eu tenho muito o que aprender com ela. Mas um dia eu chego lá!
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Meninas, obrigado pela simpatia e disponibilidade. Mais sucesso ainda na carreira das duas!


Agradecimento mais que especial: Wesley Vieira
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