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sexta-feira, 1 de março de 2013

“TRANSAS E CARETAS”, UMA NOVELA TRANSADA



Por Wesley Vieira

Natalia do Vale vivia Marilia, personagem dividida entre o amor dos irmãos vividos por Reginaldo Faria e José Wilker

Minhas curiosidades em relação à nossa teledramaturgia sempre permearam por obras que, por algum motivo, foram esquecidas. Falar sobre clássicos como “Selva de Pedra” ou “Vale Tudo” nunca é demais, mas gosto de ir atrás de produtos pouco explorados no ciberespaço. Por isso meu interesse é maior em discorrer sobre novelas esquecidas e dessa forma, tentar cultivar a curiosidade dos leitores. “Transas e Caretas”, novela de Lauro César Muniz, exibida entre 09 de janeiro à 21 de julho de 1984, às 19h, é um bom exemplo. Não assisti à novela porque na época tinha apenas dois anos, mas pelas pesquisas que fiz, acho a história muito interessante e merece ser lembrada.




De acordo com o autor, “Transas e Caretas” foi uma novela leve e divertida, tendo grande aceitação no exterior (no Chile, a trama ganhou um remake, “Trampas y Caretas”, de grande sucesso em 1992). A história contrapunha dois filhos de uma mulher muito poderosa: um conservador e outro revolucionário. “Gosto muito da novela, que foi muito bem e é uma das maiores audiências do horário das 19h. Reginaldo fazia o filho bem comportado, conservador, que vivia com os padrões do passado, o careta, e o Wilker fazia o outro, transado (como se dizia na época), arrojado que vivia no futuro”, revela Lauro.
Robô Alcides: um dos grandes baratos da novela
A novela teve a difícil missão de substituir o mega-sucesso “Guerra dos Sexos”, e se não teve a mesma repercussão, não fez feio no ibope. Dados fornecidos pelo autor, mostram que “Transas e Caretas” marcou 56 pontos de média, enquanto a antecessora obteve 58. Números a parte, a novela marcou época por conta das excentricidades futuristas e cibernéticas em sua trama, sobretudo pelo Atari da abertura (novidade), o robô Alcides e pela excelente trilha internacional. Vamos relembrar a história dessa novela que é a cara dos transados anos 80?


Eva Wilma: a matriarca da família

Francisca Moura Imperial (Eva Wilma), conhecida como FMI, é uma milionária controladora e excêntrica que possui dois filhos bastante diferentes: o sisudo Jordão (Reginaldo Faria), fruto de seu casamento com Jacinto Cintra (Henrique Martins), e Tiago (José Wilker), descendente do seu relacionamento com Roberto Leme (Paulo Goulart). Enquanto o primeiro é adepto às tradições seculares e totalmente fechado em relação às mulheres, o outro é ligado às novas tecnologias e vive rodeado de fêmeas charmosas.


Logo no primeiro capítulo, Tiago resolve promover uma brincadeira com a mãe, ao descobrir que ela anda questionando sobre os rumos da família: “Preciso de um herdeiro!”. Ele marca o casamento com uma noiva misteriosa. Porém, para surpresa e perplexidade de Francisca, surge uma macaca de véu e grinalda. Tiago foi longe demais. Para se vingar da brincadeira de mau gosto do filho, ela rasga todos os documentos da doação de seus bens que faria aos herdeiros.

Imediatamente, a matriarca quer mais e decide mudar radicalmente de vida. Ela se interna numa clínica e faz uma cirurgia-plástica ficando 20 anos mais jovem e também muito mais bonita e sexy. Claro, Tiago e Jordão estranham o novo comportamento de Francisca, principalmente com a sua nova mania: fumar charutos.
Empresária de sucesso, Francisca inaugura o Centro das Artes e com a ajuda de Dusa (Tetê Medina) promove um concurso para escolher a Musa do local. Na verdade essa Musa será a mulher escolhida para se casar com um de seus filhos e o principal: lhe dar um neto.

O ANTIGO CARETA E O MODERNO TRANSADO

Jordão vive num apartamento antiquado e tem aulas de violino e cravo com a tímida e apaixonada Sofia (Renata Sorrah). Para deixar o clima ainda mais imperial, Dorinha (Zezé Motta) uma excelente amiga e serviçal, faz às vezes de mucama. Ao contrário deste, Tiago mora em um flat moderno e repleto de tecnologia. Seu mordomo é o up da modernidade: um robô chamado Alcides. Usando o novo funcionário como pretexto, Tiago atrai muitas namoradas para seu flat.

Do outro lado da história está Marília (Natália do Valle), linda e suave. Seus pais Joaquim (Joffre Soares), com sérios problemas de saúde, e Dalva (Yolanda Cardoso) passam por uma difícil situação financeira. Para completar a família, Ana (Aracy Balabanian) sofre com o machismo exacerbado do marido, Marcos (Jece Valadão).
Marília namora Dirceu Valente (Paulo Betti), um artista plástico que tenta se colocar no mercado das artes. Os núcleos se unem quando Dirceu procura Francisca para mostrar o seu trabalho. É assim que ele fica sabendo pela procura da musa e convence a namorada a se inscrever. Durante um coquetel, jurados escolhem a espevitada Catarina (Cristiane Torloni), mas Francisca não vai com a cara da moça e já de posse das suas artimanhas, elege Marília como a verdadeira vencedora.

José Wilker e Natalia do Vale em cena da novela. 
Pronto! As confusões se iniciam. Francisca faz a proposta e Marília, diante do problema de saúde do pai, aceita seduzir Jordão em troca de uma boa mesada. Ela deixa Dirceu de lado e começa um jogo de mentiras com o propósito de atrair o tímido filho de Francisca e tendo a própria empresária como mentora de todas as situações.

Francisca prepara uma festa com o intuito de formar um encontro entre Jordão e Marília, mas ocorre um inesperado: Tiago e ela se conhecem e se beijam. A bela some misteriosamente e Tiago passa a procurá-la desesperadamente. Durante um tempo, Marília namora os dois irmãos ao mesmo tempo e se mostra extremamente dividida.
Tiago, que até então se mostrava um ótimo conquistador e irredutível apaixonado, descobre que ama Marília, mas se os mocinhos não se separarem não é novela: através das armações da dupla Luciana (Lidia Brondi) e Claudia Cowboy (Monica Torres), ele descobre que Marília é a namorada de seu irmão. Magoado, ele rompe o namoro.

Não demora muito para Francisca marcar o casamento de Jordão com a musa. É nesse momento que Marília descobre estar apaixonada por Tiago e tomada por um impulso, abandona o noivo na porta da igreja. Ela e Tiago se escondem e vivem momentos de felicidade.

“Ninguém é exatamente tão careta e também nem tão moderno assim”

Na segunda parte da novela, Jordão, arrasado pelo abandono na igreja, vai curar as mágoas numa boate. No meio do caminho ele dá carona à Liana (Lady Francisco), uma dançarina vulgar e acaba dormindo em sua casa. Percebendo o interesse da mulher, Jordão decide assumi-la como namorada e diz a Francisca que vai se casar com ela. FMI é contra o casamento e investigando o passado de Liana, descobre que ela tem passagem na polícia. Com provas que a incriminam, Francisca tenta tirá-la do caminho, mas ela não se amedronta diante da poderosa sogra. Para piorar a situação, Liana decide dar um filho ao amado.

Natália do Vale, Lady Francisco e Reginaldo Faria em uma cena da novela
Após algum tempo escondidos, Tiago e Marília reaparecem e assumem o romance para todos. Luciana, ferida de amor, arma para que Tiago ache que Marília é mais uma mulher interesseira. Uma fita de vídeo, onde Marília assume que foi comprada é a prova para acabar com a sua imagem de boa moça. Então, se achando muito esperto, ele convoca um ator para se passar por juiz no intuito de promover um falso casamento com a namorada. O que ele não sabia era que Francisca pagou um juiz de verdade e o casamento foi realizado por um verdadeiro falso juíz. Esse casamento não foi o bastante para segurar os dois, que, mesmo casados, rompem o relacionamento. Essa separação veio no momento exato em que Francisca criou mais uma brincadeira: a corrida ao bebê milionário. O primeiro neto que nascer vai ganhar um bilhão.

Nesse tempo, Marília, grávida de Tiago, inicia atividades na empresa de Régis (Claudio Correa e Castro), que assim como Francisca também deseja que o seu único filho, Douglas (Claudio Cavalcanti), lhe dê um herdeiro, urgentemente. Ele percebe que Marília pode resolver o seu problema e aposta todas as suas fichas no casal.
Enquanto isso, Tiago se vê envolvido em estranhos acontecimentos com o intrépido robô Alcides: ele recebe o convite para uma viagem sem volta para o mundo cósmico. Inconformado pela perda de Marília, ele pensa em partir com o mordomo. No dia da viagem, diante da nave espacial que o levará para outro mundo, Tiago decide ficar na terra e se despede do amigo robô.

Na reta final, Marília faz uma viagem para os Estados Unidos e retorna seis meses depois com um barrigão. Ela e Liana entram em trabalho de parto na mesma época e todos apostam suas fichas: quem será a dona do bebê de ouro? Liana dá à luz a um menino, mas seu parto sofre complicações e ela vai para o CTI. Inesperadamente, ela pede para que a sua rival, Sofia, cuide do filho, caso lhe aconteça algo.
Marília ganha uma menina a quem chama de Natália. Ela e Tiago se reconciliam para o alívio de Francisca. “Agora o nome da família vai prevalecer por todos os séculos”. A matriarca, que passou a história toda sendo disputada pelos dois ex-maridos, se acerta com Roberto.

Um big casamento reúne sete casais, inclusive Liana (que conseguiu sobreviver) e Jordão. Sofia que conheceu um sósia do ex-aluno, também se casa. Para fechar a novela, uma surpresa: quem pega o buquê é a mesma noiva macaca do primeiro capítulo. Final feliz.

Final feliz para os personagens de Natália do Vale e José Wilker
Lendo esse resumão, podemos observar como “Transas e Caretas”, uma comédia romântica e despretensiosa, fugiu da temática freqüente nos trabalhos de Lauro - autor de novelas densas como “Roda de Fogo”, “Escalada”, “O Salvador da Pátria” e “Máscaras” (seu último trabalho na Record). O autor voltaria a trabalhar com esse clima em “Um Sonho a Mais” (co-autoria com Daniel Más) e “Zazá” de 1997. “Transas e Caretas” é uma novela que me desperta muita curiosidade e gostaria muito de assisti-la. Como um sonho a mais não faz mal, quem sabe o Canal Viva não se interessa em exibi-la?

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WESLEY VIEIRA é jornalista, escritor, roteirista e noveleiro dos mais apaixonados, cultos e inteligentes. Está lançando em Conselheiro Lafaiete, sua cidade natal, a revista “Olhaí”. Pelo talento do rapaz, tenho certeza de que vem coisa boa por aí. Por ser o blogueiro convidado mais constante do melão, é mais que merecedor do cargo de “Editor-Chefe da Sucursal Minas” deste blog. Conheça outros textos do autor publicados aqui no melão:



CORAÇÃO DE ESTUDANTE – Minas para o Brasil






terça-feira, 27 de setembro de 2011

Série Memória Afetiva: 12 trilhas internacionais – por Wesley Vieira


Obrigado a todos que comentaram sobre as trilhas nacionais favoritas do melão. Também aprecio muito as internacionais, mas não poderia perder a oportunidade de publicar mais um texto de nosso editor-chefe da Sucursal Minas, afinal de contas, o rapaz é completamente apaixonado pelas trilhas internacionais e vai saber falar delas melhor do que eu. E como Wesley já é praticamente sócio, o melão dá todo o aval para ser a opinião oficial do blog. Além de uma grande quantidade de informações sobre as trilhas, Wesley deu seu toque pessoal e divide conosco suas lembranças sobre cada uma delas. Mais uma vez, obrigado, queridão! Com vocês, as favoritas de Wesley Vieira. Ah, e não deixem de comentar sobre suas favoritas também!!!

12 – Louco Amor Internacional – 1983

Para muitos, a trilha internacional dessa novela não merecia estar nessa lista. A maioria das músicas não tem cara de novela. Mas por isso mesmo, considero o disco excelente. Tem “Just Can't Get Enough”, o primeiro sucesso da banda Depeche Mode, música que estourou nas rádios e até hoje é um clássico do New Wave, estilo musical que surgiu naquele momento. Outra música super legal e divertida é “Ich Shaun' Deach An (Peep Peep)” da banda Spider Murphy Gang. De acordo com o site Teledramaturgia, a canção serviu pra embalar as gracinhas do casal mais adorável da novela: Gisela (Lady Francisco) e Edgar (José Lewgoy). Após assistir ao último capítulo da novela, descobri que a linda “Shame On The Moon” do Bob Seger & The Silver Bullet Band foi o tema romântico de Lipe (Lauro Corona) e Carlinha (Beth Goulart). Já o casal principal, formado por Fábio Júnior e Glória Pires, ganhou uma versão (digamos, meio peculiar) de “Can´t Help Falling in Love” cantada por um tal de Cameo. Tinha também a recém saída integrante do ABBA, Fridda, cantando “I Know There´s Something Going On”. Porém a marca registrada da novela foi “We've Got Tonight” dueto de Kenny Rogers com Sheena Easton, tema principal do louco amor de Luiz Carlos por Patrícia (Bruna Lombardi). A música foi executada desde o primeiro capítulo da novela (expediente pouco comum naquela época). Dizem que o tema perdeu força ao longo da história por conta da alteração no destino dos personagens que tiveram o romance desfeito por questões que só fomos saber há pouco tempo: Gilberto Braga, o autor, não gostava da interpretação de La Lombardi.

11 -Por Amor Internacional – 1997/98


Manoel Carlos foi excepcional ao criar uma história de pessoas que eram capazes das maiores loucuras “Por Amor”. Para acompanhar essa novela forte e envolvente, nada como um cd recheado de canções românticas que fizeram enorme sucesso. Não me esqueço da cena em que o personagem Nando sobrevoa o mar e joga rosas para a personagem Laura, morta num acidente de helicóptero. A execução de “So Help Me Girl” do então ex-Take That, Gary Barlow, deixou a dramática cena ainda mais bonita. O amor complicado entre Eduarda e Marcelo ganhou contornos mais suaves e bonitos com “How Could An Angel Break My Heart” da cantora Toni Braxton. Gostava de ver Laura incomodando o casal enquanto “Stay With Me” da Jocelyn Enriquez era executada. Também era uma delícia ver as cenas de Milena ao som contagiante de “More Than This” numa versão da banda 10,000 Maniacs. A bossa nova, tão presente no universo manequiano teve sua versão internacional com “Dindi” de El Debarge & Art Port. E tinha os insuperáveis Backstreet Boys com “As Long As You Love Me”. Não foi por acaso que o cd internacional de Por Amor foi um dos recordistas de venda no primeiro semestre de 98. Só sucessos.

10 - O Outro Internacional - 1987




Outra trilha que a gente encontrava na casa de todo mundo. Na capa, Malu Mader mais linda do que nunca com aquelas pernocas de fora. Linda! Lembro que minha tia ganhou o disco de presente e com medo de que os sobrinhos arranhassem, nunca deixou ninguém ouvir. Pura maldade. Um dia, “peguei emprestado” e então pude conferir aquelas maravilhas. As músicas eram de tirar o fôlego. Nem sei qual música é a minha favorita, mas Carly Simon abrindo o disco com a balada “Coming Around Again” é de arrepiar. Em seguida tinha “Don't Dream It's Over” da banda Crowded House. Laura (Natália do Valle) tinha seus dramas ilustrados pela bela “Words Get in The Way” na voz da latina Gloria Estefan. Enquanto Glorinha da Abolição era representada com perfeição pelo sucesso “Don't Get Me Wrong” da banda Pretenders. Não tenho vergonha em dizer que quase paguei mico numa apresentação da escola com “I'll Be Over You” da banda Toto. Sorte que a festa foi cancelada e me livrei da vergonha. Porém, trata-se de uma música que eu gosto muito e na novela tocava para o casal briguento Genésio (José de Abreu) e Edwiges (Claúdia Raia). E tinha “The Miracle of Love” da banda Eurithmics e claro,” Two People” na voz deTina Turner... Por essas e por outras canções, a trilha de O Outro Internacional é considerada figurinha básica em qualquer coleção de discos de novelas.

9 - Coração de Estudante Internacional – 2002




Uma deliciosa novela que falava sobre o universo dos estudantes numa pequena cidade no interior de Minas (o meu adorável estado) não poderia deixar de ter uma trilha internacional. E Coração de Estudante nos brindou com lindas canções como “Wherever You Wil´l Go” da banda The Calling, pontuando as idas e vindas de amor entre o professor Edu (Fábio Assunção) e Clara (Helena Ranaldi). Esta música, certamente, foi uma das responsáveis pelo sucesso do cd. Mas a trilha tinha outras maravilhas também. O espirituoso Pedro Guerra (Bruno Garcia) lutava por Clara ao som de Joe Cocker cantando uma versão arrebatadora de “Never Tear Us Apart”, música da banda INXS que também apareceu na longínqua “Bebê a Bordo”. Já a atrevida Amelinha (Adriana Esteves), a divertida vilã, ficava mais calma com “One Day in Your Life”, música que fechou com alto astral o último capítulo da novela. Já Nélio, o peão e ”bejeto sexual” das mulheres da cidade, também tinha seus momentos românticos com a belíssima “Handy Man” de James Taylor. E talvez, pra ilustrar o espírito estudantil, a intrépida Pink apareceu abrindo a trilha com “Don´t Let me Get You”.

8 - A Gata Comeu Internacional – 1985




Quando uma novela encontra perfeita sintonia entre elenco, história, direção e trilha sonora, o sucesso surge como resultado natural de todos esses fatores. Assim aconteceu com A Gata Comeu, clássica novela das seis que nos brindou com uma trilha internacional maravilhosa. Só sucessos que até hoje fazem sucesso. Difícil é listar apenas algumas músicas, mas também é injusto não se lembrar das loucuras que Jô Penteado (Christiane Torloni) fazia para conquistar o Professor Fábio (Nuno Leal Maia) ao som de “Forever By Your Side” do Manhattans. As suas peripécias também eram acompanhadas por “Just Another Night” de Mick Jagger. Delícia de música com aquele estilo inconfundível dos anos 80. Já a babinha “I Should Have Known Better” (também conhecida como a Melô do bombeiro), do Jim Diamond esteve presente nas cenas entre Lenita (Débora Evelyn) e Édson (José Mayer). Inesquecível é o rabicho da rebelde Babi (Mayara Magri) ao som romântico de Bryan Adams cantando a clássica “Heaven”. Ao longo da novela, Paula (Fátima Freire) se apaixonou pelo ator Tony Duarte (Roberto Pirillo) e ganhou o excelente Paul Young cantando “Every Time You Go Away” como tema. Estas e outras músicas serviram para ilustrar com perfeição o universo charmoso e colorido dessa inesquecível novela exibida em 1985 e reprisada duas vezes.

7 - Água Viva Internacional - 1980

Reza a lenda que o autor Gilberto Braga não queria trilha internacional para essa novela. Anos depois, o próprio autor desmentiu o boato e disse que tudo não passou de marketing: “Era pro disco nacional vender mais”. Lendas a parte, o caso é que Água Viva Internacional nos presenteou com grandes sucessos daquele início dos anos 80. Curiosamente é um disco que vi na coleção de muita gente. Uma das músicas que mais gosto de ouvir é“Babe” da banda Styx -linda e primordial para enfatizar os dramas do complicado casal formado por Edir (Claudio Cavalcanti) e Márcia (Natália do Valle). No último capítulo da novela, há um lindo clipe com alguns casais ao som de Barry Manilow, que parece ter feito sua “Ships” exclusivamente para as cenas da novela. Também no último capítulo, a reconciliação de Ligia (Betty Faria) e Nélson (Reginaldo Faria) ficou mais bonita com a delicada voz de Tony Wilson cantando a linda “Just When I Needed You Most”. Depois que conheci o disco, não canso de ouvir essas e outras canções como “Just Like You Do”, da sempre presente Carly Simon.  Porém, tenho que dizer que a música mais tocante dessa trilha pertence ao casal Marcos e Janete que protagonizaram uma das cenas mais lindas da teledramaturgia brasileira: ao som de “Cruisin” do Smokey Ronbison, Janete é surpreendida com um simples “eu te amo” escrito no espelho do banheiro.  Difícil é não se emocionar.

6 - Guerra dos Sexos Internacional - 1983


Acompanhar as aventuras desse clássico da teledramaturgia brasileira foi um prazer e uma honra, a qual tive o privilégio de assistir, graças aos amigos que puderam compartilhar suas gravações comigo. Só tenho uma coisa a dizer: Guerra dos Sexos é A novela! Não há dúvidas de que o divertido folhetim revolucionou o gênero e até hoje permanece no imaginário popular como uma das melhores novelas já produzidas pela televisão brasileira. Enquanto as mulheres e os homens se engalfinhavam, acompanhávamos uma trilha internacional recheada de sucessos.  Tudo bem que poucas músicas foram executadas como tema dos personagens, mas sempre que a bela Juliana da Maitê Proença surgia, lá vinha Paul Anka cantando “Hold Me Till The Mornin' Comes”. Linda e triste como a própria personagem. Já “True” do Spandau Ballet tocava sempre que um casal dava uns beijinhos. Também adorava ouvir o pop do Naked Eyes com “Always something there to remind me” nas cenas de locação. Já as mulheres da história ganharam a notável “So Many Men So Little Time” de Miquel Brown como tema principal de suas aventuras na disputa pelo controle das lojas Charlô´s. No disco, há outras canções memoráveis como “Baby Jane” do Rod Stwart e “Nobody’s Diary” da banda Yazoo.

5 - Gente Fina Internacional - 1990


Num antigo texto que escrevi para o Melão sobre essa novela, falei sobre a sua pouca repercussão, mas também comentei sobre a trilha internacional recheada de sucessos e preferida de muitos “novelógos” de plantão. Sempre associei os temas aos personagens e nessa novela não seria diferente. Sempre que a romântica Kika (Lizandra Souto) aparecia, lá vinha Michael Bolton cantando a linda “How Am I Supposed to Live Without You”. Assim como Tears for Fears cantando a única música em trilhas de novelas: “Advice For The Young Hearts”, para o personagem Alex (Jaime Periard). Phil Collins abria o disco com a excelente “Another Day In Paradise”, tema do casal principal Guilherme (Hugo Carvana) e Joana (Nívea Maria). Enquanto lutava pelo amor do marido de sua melhor amiga, Janete (a saudosa Sandra Bréa) era embalada por ”Angel” da banda Eurythmics. E também não dá pra esquecer que Jason Donovan cantou “Sealed With a Kiss”, música que na trilha nacional teve Luan e Vanessa cantando uma versão intitulada de “Quatro semanas de amor”. E a trilha tinha um mega sucesso das pistas: “Running” do Information Society. Mas lindinha mesmo era Nikka Costa cantando “Midnight” e as meninas da banda Heart com ”All I Wanna Do Is Make Love To You”. Ah, delicioso início da década de 90.

4 - Araguaia Internacional – 2010/11


Em tempos de trilhas perdidas, onde as musicas raramente são utilizadas como temas, uma agradável surpresa para os noveleiros de plantão foi a seleção musical dessa novela que mesclava o rural e o urbano com muito propriedade. Não posso deixar de mencionar que a surpresa se deve pelo fato desta trilha ter tocado exaustivamente durante a novela como temas dos personagens. Verdadeiros clipes com as músicas eram feitos para ilustrar as cenas. Os mais bonitos eram ao som de “Marry me” da banda Train, uma perfeição inspiradora sobre as cenas do mocinho Solano (Murilo Rosa) e Manuela (Milena Toscano) nas plantações de girassol. A índia Estela (Cléo Pires, na capa) ganhou uma exclusiva regravação de “Happy” com a brasileira Marina Elali.  As cenas de amor entre Fred (Raphael Viana) e a sensual Janaína (Suzana) ficavam mais lindas com a execução de “I Never Told You” da cantora Colbie Caillat. Eu gostava de ver as três belas Jóias do Araguaia ao som da simpática Diane Birch cantando “Valentino”. O palhaço Pimpinela  conseguiu conquistar o coração da linda Nancy (ao som de “Pray For You”, enquanto o amor da madura Amélia  (Júlia Lemmertz) pelo jovem Vitor (Tiago Fragoso) era acentuado ao som do eterno Elvis Presley com “Love me Tender”. No entanto, confesso que a minha preferida é “Tonight”  de Alex Band, que no penúltimo capítulo conseguiu deixar as imagens da região do Jalapão ainda mais belas. Perfeito!


3 - Hipertensão Internacional – 1986/87




Taí outra trilha que vendeu como água  e não é para menos: a seleção musical é perfeita. Em todas as casas que tinham um aparelho de toca-disco, lá estava, o agora apresentador, César Filho e Carla Marins estampados naquela capinha amarela de gosto duvidoso. Óbvio que a trilha dessa novela era recheada de lindas músicas que fizeram grande sucesso naqueles bailinhos tão típicos dos anos 80. Inclusive, esse disco ganhou merecida homenagem em um dos capítulos da recente novela Ti Ti Ti (2010), quando Ari (Murilo Benício) se lembrou de “Right Between The Eyes” do Wax como música que marcou o início de seu romance com Suzana (Malu Mader). Metalinguagem total. A romântica “Lady in Red” do Chris D´burg curiosamente serviu para ilustrar os dramas de Raquel  (Débora Evelyn), a filha crente e feiosa da poderosa Donana (Geórgia Gomide.  Curiosamente, Madonna já era poderosa e tocou na novela com sua contundente “Papa Don´t Preach”. O romance entre a heroína Carina (Maria Zilda) e Sandro (Claúdio Cavalcanti) era acompanhado de perto pela romântica “Gone With The Winner” da banda Century, que um ano antes emplacou “Lover Why” na trilha da primeira versão de Ti Ti Ti. Uma das minhas preferidas é “Human” da banda Human League, música que  abria o disco, enquanto a lenda James Brown fechava com “How Do You Stop”, tema do romance entre a adolescente Carola (Carla Marins, estreando na televisão) e o maduro Raul (José Mayer).


2 - Transas e Caretas Internacional – 1984


Tudo bem, Transas e Caretas pode não ter sido um grande sucesso de público, mas as músicas de sua trilha internacional, estas sim, fizeram um grande sucesso e até hoje podem ser ouvidas em muitas rádios pelo Brasil afora.  Não acompanhei essa novela por questões óbvias (era uma criança de dois anos), mas com a ajuda do Orkut, tive a chance de saber que a linda “Ebony Eyes”, dueto de Rick James e Smokey Rombison, foi tema do complicado romance entre a bela Marilia (Natália do Valle) e Tiago (José Wilker). Também gostei de ouvir o Culture Club com seu vocalista andrógino Boy George com “Victms”, que segundo o site Teledramaturgia, se tornou o tema de Douglas (Claudio Cavalcanti) e Marília. A magnífica Tina Turner abria o disco com a clássica “Let´s Stay Together”.  Um verdadeiro clássico! No entanto, confesso que a curiosa “Souvenir of China” de Jean Michel Jarre é o meu tema favorito. Amigos que assistiram à novela, contam que a música foi perfeita ao ilustrar o casamento de Marilia com um homem que não amava, neste caso, Jordão (Reginaldo Faria), que também ganhou a simpática “Joana” do Kool and the Gang como tema. E o que falar do popzinho dos The Romantics cantarolando “Talking To Your Sleep”? Para completar a lista de sucessos, a trilha contava com Ann Wilson & Mike Reno cantando “Almost Paradise”, música que também foi tema romântico do filme Footloose.


1 - Que Rei Sou Eu? Internacional - 1989




Seria difícil encontrar uma trilha internacional para uma história que se passa num fictício reino no século 19 e se torna uma sátira do Brasil. Seria. Mas não foi. A seleção de canções para a novela poderia ter se limitado a encontrar clássicos que nos remeteriam para aquele período medieval, porém, por incrível que pareça, a trilha de Que Rei Sou Eu? parece ter sido feita exclusivamente para a novela. É de impressionar a escolha dos sucessos internacionais para ilustrar as cenas da divertida história. Como não confundir a voz bufesca da Rainha Valentine com a de Monserrat de Caballe em dueto com Freddy Mercury na clássica “How Can I Go On?”? Eu era pequeno e jurava que aquela rainha louca estava cantando. Os delicados acordes iniciais de “Eternal Flame” das Bangles foram perfeitos e precisos para acentuar ainda mais o romantismo da doce Princesa Juliete (Claúdia Abreu). Também foi perfeita a sintonia entre a sofrida Suzane (Natália do Valle) e seu tema “Someday We´ll be Together” do Santa Fé. ”Let The River Run” da Carly Simon tinha vencido o Oscar de melhor canção como tema do filme “Uma Secretária do Futuro” no mesmo ano. Porém, se traduzirmos a canção, notaremos que caiu como uma luva para as aventuras do herói Jean Pierre (Édson Celulari). Até a introdução com assobio de “Patience” dos Guns N'Roses tinha a cara daquele clima de época. Por essas e outras, essa trilha internacional é a minha preferida pois curiosamente soube combinar as músicas com os personagens e o clima da novela. 








Wesley Vieira é jornalista, roteirista, blogueiro, mocinho da Janete e editor-chefe da Sucursal Minas do “Eu prefiro melão”.




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Série Memória Afetiva: 15 temas de novela



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