terça-feira, 27 de setembro de 2011

Série Memória Afetiva: 12 trilhas internacionais – por Wesley Vieira


Obrigado a todos que comentaram sobre as trilhas nacionais favoritas do melão. Também aprecio muito as internacionais, mas não poderia perder a oportunidade de publicar mais um texto de nosso editor-chefe da Sucursal Minas, afinal de contas, o rapaz é completamente apaixonado pelas trilhas internacionais e vai saber falar delas melhor do que eu. E como Wesley já é praticamente sócio, o melão dá todo o aval para ser a opinião oficial do blog. Além de uma grande quantidade de informações sobre as trilhas, Wesley deu seu toque pessoal e divide conosco suas lembranças sobre cada uma delas. Mais uma vez, obrigado, queridão! Com vocês, as favoritas de Wesley Vieira. Ah, e não deixem de comentar sobre suas favoritas também!!!

12 – Louco Amor Internacional – 1983

Para muitos, a trilha internacional dessa novela não merecia estar nessa lista. A maioria das músicas não tem cara de novela. Mas por isso mesmo, considero o disco excelente. Tem “Just Can't Get Enough”, o primeiro sucesso da banda Depeche Mode, música que estourou nas rádios e até hoje é um clássico do New Wave, estilo musical que surgiu naquele momento. Outra música super legal e divertida é “Ich Shaun' Deach An (Peep Peep)” da banda Spider Murphy Gang. De acordo com o site Teledramaturgia, a canção serviu pra embalar as gracinhas do casal mais adorável da novela: Gisela (Lady Francisco) e Edgar (José Lewgoy). Após assistir ao último capítulo da novela, descobri que a linda “Shame On The Moon” do Bob Seger & The Silver Bullet Band foi o tema romântico de Lipe (Lauro Corona) e Carlinha (Beth Goulart). Já o casal principal, formado por Fábio Júnior e Glória Pires, ganhou uma versão (digamos, meio peculiar) de “Can´t Help Falling in Love” cantada por um tal de Cameo. Tinha também a recém saída integrante do ABBA, Fridda, cantando “I Know There´s Something Going On”. Porém a marca registrada da novela foi “We've Got Tonight” dueto de Kenny Rogers com Sheena Easton, tema principal do louco amor de Luiz Carlos por Patrícia (Bruna Lombardi). A música foi executada desde o primeiro capítulo da novela (expediente pouco comum naquela época). Dizem que o tema perdeu força ao longo da história por conta da alteração no destino dos personagens que tiveram o romance desfeito por questões que só fomos saber há pouco tempo: Gilberto Braga, o autor, não gostava da interpretação de La Lombardi.

11 -Por Amor Internacional – 1997/98


Manoel Carlos foi excepcional ao criar uma história de pessoas que eram capazes das maiores loucuras “Por Amor”. Para acompanhar essa novela forte e envolvente, nada como um cd recheado de canções românticas que fizeram enorme sucesso. Não me esqueço da cena em que o personagem Nando sobrevoa o mar e joga rosas para a personagem Laura, morta num acidente de helicóptero. A execução de “So Help Me Girl” do então ex-Take That, Gary Barlow, deixou a dramática cena ainda mais bonita. O amor complicado entre Eduarda e Marcelo ganhou contornos mais suaves e bonitos com “How Could An Angel Break My Heart” da cantora Toni Braxton. Gostava de ver Laura incomodando o casal enquanto “Stay With Me” da Jocelyn Enriquez era executada. Também era uma delícia ver as cenas de Milena ao som contagiante de “More Than This” numa versão da banda 10,000 Maniacs. A bossa nova, tão presente no universo manequiano teve sua versão internacional com “Dindi” de El Debarge & Art Port. E tinha os insuperáveis Backstreet Boys com “As Long As You Love Me”. Não foi por acaso que o cd internacional de Por Amor foi um dos recordistas de venda no primeiro semestre de 98. Só sucessos.

10 - O Outro Internacional - 1987




Outra trilha que a gente encontrava na casa de todo mundo. Na capa, Malu Mader mais linda do que nunca com aquelas pernocas de fora. Linda! Lembro que minha tia ganhou o disco de presente e com medo de que os sobrinhos arranhassem, nunca deixou ninguém ouvir. Pura maldade. Um dia, “peguei emprestado” e então pude conferir aquelas maravilhas. As músicas eram de tirar o fôlego. Nem sei qual música é a minha favorita, mas Carly Simon abrindo o disco com a balada “Coming Around Again” é de arrepiar. Em seguida tinha “Don't Dream It's Over” da banda Crowded House. Laura (Natália do Valle) tinha seus dramas ilustrados pela bela “Words Get in The Way” na voz da latina Gloria Estefan. Enquanto Glorinha da Abolição era representada com perfeição pelo sucesso “Don't Get Me Wrong” da banda Pretenders. Não tenho vergonha em dizer que quase paguei mico numa apresentação da escola com “I'll Be Over You” da banda Toto. Sorte que a festa foi cancelada e me livrei da vergonha. Porém, trata-se de uma música que eu gosto muito e na novela tocava para o casal briguento Genésio (José de Abreu) e Edwiges (Claúdia Raia). E tinha “The Miracle of Love” da banda Eurithmics e claro,” Two People” na voz deTina Turner... Por essas e por outras canções, a trilha de O Outro Internacional é considerada figurinha básica em qualquer coleção de discos de novelas.

9 - Coração de Estudante Internacional – 2002




Uma deliciosa novela que falava sobre o universo dos estudantes numa pequena cidade no interior de Minas (o meu adorável estado) não poderia deixar de ter uma trilha internacional. E Coração de Estudante nos brindou com lindas canções como “Wherever You Wil´l Go” da banda The Calling, pontuando as idas e vindas de amor entre o professor Edu (Fábio Assunção) e Clara (Helena Ranaldi). Esta música, certamente, foi uma das responsáveis pelo sucesso do cd. Mas a trilha tinha outras maravilhas também. O espirituoso Pedro Guerra (Bruno Garcia) lutava por Clara ao som de Joe Cocker cantando uma versão arrebatadora de “Never Tear Us Apart”, música da banda INXS que também apareceu na longínqua “Bebê a Bordo”. Já a atrevida Amelinha (Adriana Esteves), a divertida vilã, ficava mais calma com “One Day in Your Life”, música que fechou com alto astral o último capítulo da novela. Já Nélio, o peão e ”bejeto sexual” das mulheres da cidade, também tinha seus momentos românticos com a belíssima “Handy Man” de James Taylor. E talvez, pra ilustrar o espírito estudantil, a intrépida Pink apareceu abrindo a trilha com “Don´t Let me Get You”.

8 - A Gata Comeu Internacional – 1985




Quando uma novela encontra perfeita sintonia entre elenco, história, direção e trilha sonora, o sucesso surge como resultado natural de todos esses fatores. Assim aconteceu com A Gata Comeu, clássica novela das seis que nos brindou com uma trilha internacional maravilhosa. Só sucessos que até hoje fazem sucesso. Difícil é listar apenas algumas músicas, mas também é injusto não se lembrar das loucuras que Jô Penteado (Christiane Torloni) fazia para conquistar o Professor Fábio (Nuno Leal Maia) ao som de “Forever By Your Side” do Manhattans. As suas peripécias também eram acompanhadas por “Just Another Night” de Mick Jagger. Delícia de música com aquele estilo inconfundível dos anos 80. Já a babinha “I Should Have Known Better” (também conhecida como a Melô do bombeiro), do Jim Diamond esteve presente nas cenas entre Lenita (Débora Evelyn) e Édson (José Mayer). Inesquecível é o rabicho da rebelde Babi (Mayara Magri) ao som romântico de Bryan Adams cantando a clássica “Heaven”. Ao longo da novela, Paula (Fátima Freire) se apaixonou pelo ator Tony Duarte (Roberto Pirillo) e ganhou o excelente Paul Young cantando “Every Time You Go Away” como tema. Estas e outras músicas serviram para ilustrar com perfeição o universo charmoso e colorido dessa inesquecível novela exibida em 1985 e reprisada duas vezes.

7 - Água Viva Internacional - 1980

Reza a lenda que o autor Gilberto Braga não queria trilha internacional para essa novela. Anos depois, o próprio autor desmentiu o boato e disse que tudo não passou de marketing: “Era pro disco nacional vender mais”. Lendas a parte, o caso é que Água Viva Internacional nos presenteou com grandes sucessos daquele início dos anos 80. Curiosamente é um disco que vi na coleção de muita gente. Uma das músicas que mais gosto de ouvir é“Babe” da banda Styx -linda e primordial para enfatizar os dramas do complicado casal formado por Edir (Claudio Cavalcanti) e Márcia (Natália do Valle). No último capítulo da novela, há um lindo clipe com alguns casais ao som de Barry Manilow, que parece ter feito sua “Ships” exclusivamente para as cenas da novela. Também no último capítulo, a reconciliação de Ligia (Betty Faria) e Nélson (Reginaldo Faria) ficou mais bonita com a delicada voz de Tony Wilson cantando a linda “Just When I Needed You Most”. Depois que conheci o disco, não canso de ouvir essas e outras canções como “Just Like You Do”, da sempre presente Carly Simon.  Porém, tenho que dizer que a música mais tocante dessa trilha pertence ao casal Marcos e Janete que protagonizaram uma das cenas mais lindas da teledramaturgia brasileira: ao som de “Cruisin” do Smokey Ronbison, Janete é surpreendida com um simples “eu te amo” escrito no espelho do banheiro.  Difícil é não se emocionar.

6 - Guerra dos Sexos Internacional - 1983


Acompanhar as aventuras desse clássico da teledramaturgia brasileira foi um prazer e uma honra, a qual tive o privilégio de assistir, graças aos amigos que puderam compartilhar suas gravações comigo. Só tenho uma coisa a dizer: Guerra dos Sexos é A novela! Não há dúvidas de que o divertido folhetim revolucionou o gênero e até hoje permanece no imaginário popular como uma das melhores novelas já produzidas pela televisão brasileira. Enquanto as mulheres e os homens se engalfinhavam, acompanhávamos uma trilha internacional recheada de sucessos.  Tudo bem que poucas músicas foram executadas como tema dos personagens, mas sempre que a bela Juliana da Maitê Proença surgia, lá vinha Paul Anka cantando “Hold Me Till The Mornin' Comes”. Linda e triste como a própria personagem. Já “True” do Spandau Ballet tocava sempre que um casal dava uns beijinhos. Também adorava ouvir o pop do Naked Eyes com “Always something there to remind me” nas cenas de locação. Já as mulheres da história ganharam a notável “So Many Men So Little Time” de Miquel Brown como tema principal de suas aventuras na disputa pelo controle das lojas Charlô´s. No disco, há outras canções memoráveis como “Baby Jane” do Rod Stwart e “Nobody’s Diary” da banda Yazoo.

5 - Gente Fina Internacional - 1990


Num antigo texto que escrevi para o Melão sobre essa novela, falei sobre a sua pouca repercussão, mas também comentei sobre a trilha internacional recheada de sucessos e preferida de muitos “novelógos” de plantão. Sempre associei os temas aos personagens e nessa novela não seria diferente. Sempre que a romântica Kika (Lizandra Souto) aparecia, lá vinha Michael Bolton cantando a linda “How Am I Supposed to Live Without You”. Assim como Tears for Fears cantando a única música em trilhas de novelas: “Advice For The Young Hearts”, para o personagem Alex (Jaime Periard). Phil Collins abria o disco com a excelente “Another Day In Paradise”, tema do casal principal Guilherme (Hugo Carvana) e Joana (Nívea Maria). Enquanto lutava pelo amor do marido de sua melhor amiga, Janete (a saudosa Sandra Bréa) era embalada por ”Angel” da banda Eurythmics. E também não dá pra esquecer que Jason Donovan cantou “Sealed With a Kiss”, música que na trilha nacional teve Luan e Vanessa cantando uma versão intitulada de “Quatro semanas de amor”. E a trilha tinha um mega sucesso das pistas: “Running” do Information Society. Mas lindinha mesmo era Nikka Costa cantando “Midnight” e as meninas da banda Heart com ”All I Wanna Do Is Make Love To You”. Ah, delicioso início da década de 90.

4 - Araguaia Internacional – 2010/11


Em tempos de trilhas perdidas, onde as musicas raramente são utilizadas como temas, uma agradável surpresa para os noveleiros de plantão foi a seleção musical dessa novela que mesclava o rural e o urbano com muito propriedade. Não posso deixar de mencionar que a surpresa se deve pelo fato desta trilha ter tocado exaustivamente durante a novela como temas dos personagens. Verdadeiros clipes com as músicas eram feitos para ilustrar as cenas. Os mais bonitos eram ao som de “Marry me” da banda Train, uma perfeição inspiradora sobre as cenas do mocinho Solano (Murilo Rosa) e Manuela (Milena Toscano) nas plantações de girassol. A índia Estela (Cléo Pires, na capa) ganhou uma exclusiva regravação de “Happy” com a brasileira Marina Elali.  As cenas de amor entre Fred (Raphael Viana) e a sensual Janaína (Suzana) ficavam mais lindas com a execução de “I Never Told You” da cantora Colbie Caillat. Eu gostava de ver as três belas Jóias do Araguaia ao som da simpática Diane Birch cantando “Valentino”. O palhaço Pimpinela  conseguiu conquistar o coração da linda Nancy (ao som de “Pray For You”, enquanto o amor da madura Amélia  (Júlia Lemmertz) pelo jovem Vitor (Tiago Fragoso) era acentuado ao som do eterno Elvis Presley com “Love me Tender”. No entanto, confesso que a minha preferida é “Tonight”  de Alex Band, que no penúltimo capítulo conseguiu deixar as imagens da região do Jalapão ainda mais belas. Perfeito!


3 - Hipertensão Internacional – 1986/87




Taí outra trilha que vendeu como água  e não é para menos: a seleção musical é perfeita. Em todas as casas que tinham um aparelho de toca-disco, lá estava, o agora apresentador, César Filho e Carla Marins estampados naquela capinha amarela de gosto duvidoso. Óbvio que a trilha dessa novela era recheada de lindas músicas que fizeram grande sucesso naqueles bailinhos tão típicos dos anos 80. Inclusive, esse disco ganhou merecida homenagem em um dos capítulos da recente novela Ti Ti Ti (2010), quando Ari (Murilo Benício) se lembrou de “Right Between The Eyes” do Wax como música que marcou o início de seu romance com Suzana (Malu Mader). Metalinguagem total. A romântica “Lady in Red” do Chris D´burg curiosamente serviu para ilustrar os dramas de Raquel  (Débora Evelyn), a filha crente e feiosa da poderosa Donana (Geórgia Gomide.  Curiosamente, Madonna já era poderosa e tocou na novela com sua contundente “Papa Don´t Preach”. O romance entre a heroína Carina (Maria Zilda) e Sandro (Claúdio Cavalcanti) era acompanhado de perto pela romântica “Gone With The Winner” da banda Century, que um ano antes emplacou “Lover Why” na trilha da primeira versão de Ti Ti Ti. Uma das minhas preferidas é “Human” da banda Human League, música que  abria o disco, enquanto a lenda James Brown fechava com “How Do You Stop”, tema do romance entre a adolescente Carola (Carla Marins, estreando na televisão) e o maduro Raul (José Mayer).


2 - Transas e Caretas Internacional – 1984


Tudo bem, Transas e Caretas pode não ter sido um grande sucesso de público, mas as músicas de sua trilha internacional, estas sim, fizeram um grande sucesso e até hoje podem ser ouvidas em muitas rádios pelo Brasil afora.  Não acompanhei essa novela por questões óbvias (era uma criança de dois anos), mas com a ajuda do Orkut, tive a chance de saber que a linda “Ebony Eyes”, dueto de Rick James e Smokey Rombison, foi tema do complicado romance entre a bela Marilia (Natália do Valle) e Tiago (José Wilker). Também gostei de ouvir o Culture Club com seu vocalista andrógino Boy George com “Victms”, que segundo o site Teledramaturgia, se tornou o tema de Douglas (Claudio Cavalcanti) e Marília. A magnífica Tina Turner abria o disco com a clássica “Let´s Stay Together”.  Um verdadeiro clássico! No entanto, confesso que a curiosa “Souvenir of China” de Jean Michel Jarre é o meu tema favorito. Amigos que assistiram à novela, contam que a música foi perfeita ao ilustrar o casamento de Marilia com um homem que não amava, neste caso, Jordão (Reginaldo Faria), que também ganhou a simpática “Joana” do Kool and the Gang como tema. E o que falar do popzinho dos The Romantics cantarolando “Talking To Your Sleep”? Para completar a lista de sucessos, a trilha contava com Ann Wilson & Mike Reno cantando “Almost Paradise”, música que também foi tema romântico do filme Footloose.


1 - Que Rei Sou Eu? Internacional - 1989




Seria difícil encontrar uma trilha internacional para uma história que se passa num fictício reino no século 19 e se torna uma sátira do Brasil. Seria. Mas não foi. A seleção de canções para a novela poderia ter se limitado a encontrar clássicos que nos remeteriam para aquele período medieval, porém, por incrível que pareça, a trilha de Que Rei Sou Eu? parece ter sido feita exclusivamente para a novela. É de impressionar a escolha dos sucessos internacionais para ilustrar as cenas da divertida história. Como não confundir a voz bufesca da Rainha Valentine com a de Monserrat de Caballe em dueto com Freddy Mercury na clássica “How Can I Go On?”? Eu era pequeno e jurava que aquela rainha louca estava cantando. Os delicados acordes iniciais de “Eternal Flame” das Bangles foram perfeitos e precisos para acentuar ainda mais o romantismo da doce Princesa Juliete (Claúdia Abreu). Também foi perfeita a sintonia entre a sofrida Suzane (Natália do Valle) e seu tema “Someday We´ll be Together” do Santa Fé. ”Let The River Run” da Carly Simon tinha vencido o Oscar de melhor canção como tema do filme “Uma Secretária do Futuro” no mesmo ano. Porém, se traduzirmos a canção, notaremos que caiu como uma luva para as aventuras do herói Jean Pierre (Édson Celulari). Até a introdução com assobio de “Patience” dos Guns N'Roses tinha a cara daquele clima de época. Por essas e outras, essa trilha internacional é a minha preferida pois curiosamente soube combinar as músicas com os personagens e o clima da novela. 








Wesley Vieira é jornalista, roteirista, blogueiro, mocinho da Janete e editor-chefe da Sucursal Minas do “Eu prefiro melão”.




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Série Memória Afetiva: 15 temas de novela



sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Série Memória Afetiva: 10 Trilhas Sonoras Nacionais de Novelas


Estava devendo esse post há muito tempo. Quando Wesley Vieira me propôs, logo disse que já tinha falado a respeito, mas na verdade falei de meus temas preferidos e não de trilhas sonoras inteiras. Como sei que o rapaz é aficionado por trilhas internacionais, deixei a tarefa pra ele e fiquei com as nacionais, que sempre foram minhas preferidas.
Mais do que um apanhado de hits do momento, minha seleção se baseou em trilhas que ajudam a contar a história e que mais se adequam ao estilo da trama. Lógico que também levei em conta meu gosto pelas canções. Desde os oito anos, quando adquiri meu primeiro LP, acompanho os lançamentos com frequência, mas já ouvia antes disso, através dos discos de minhas primas. Foi muito difícil escolher dez e já estou esperando pelas eventuais reclamações. Mas como sempre digo, listas são subjetivas, pessoais e intransferíveis. Cada um tem a sua e cada um sabe o que toca mais em seu coração. Vamos à minha:

10) TOP MODEL (1989)

Uma trilha sonora jovem bastante marcante, cheia de hits muito executados na época e que, principalmente, combinavam com a atmosfera leve e solar da novela, que misturava moda e surf. A princípio, todos se lembram de “Oceano” (Djavan), tema de Duda e Lucas (Malu Mader e Taumaturgo Ferreira); “À Francesa” (Marina Lima), delicioso tema de Duda nas passarelas; e “Hey Jude”, versão de Kiko Zambianchi do clássico dos Beatles, tema do surfista Gaspar (Nuno Leal Maia) e seus filhos, as três canções mais tocadas do álbum. Mas também há outros hits do momento que hoje em dia não são tão lembrados, como “Fica Comigo” (Placa Luminosa) e “Vida” (Fábio Jr.), tema da hilária doméstica Cida, interpretada pela genial Drica Moraes. Mas há canções mais obscuras que também gostava muito, como “Independência e Vida” (Rita Lee), “Babilônia Maravilhosa” (Evandro Mesquita), talvez a que mais combine com a novela; e “Bobagem”, com Léo Jaime”. Também tinha a pérola “Nega Bom Bom” (Os cascavelletes), tema do típico adolescente Ringo Starr (Henrique Farias) e seu curioso verso “punhetinha de verão”, que todo mundo adorava repetir na vitrola (risos). Mas talvez a canção que tenha envelhecido melhor e minha preferida até hoje é “Essa noite, não”, de Lobão, que vira e mexe, ouço em meu setlist. Em tempo: a trilha internacional também é incrível, mas isso já é assunto para nosso amigo Wesley.

9) CORDEL ENCANTADO (2011)
Descobri essa trilha tardiamente. Começou a me chamar a atenção na medida em que ia assistindo à novela e constatando uma incrível identificação entre as tramas e as canções. Além de canções nordestinas tradicionalíssimas e simbólicas como “Xamego”, com Luiz Gonzaga, também há o melhor da nova safra de músicos e compositores como Silvério Pessoa, Otto (com a emblemática “Carcará”) e Karina Buhr (com a deliciosa “Tum Tum”). Destaque também para a já cultuada “Maracatu Atômico”, com Chico Science e Nação Zumbi. Sem esquecer de ícones nordestinos da MPB como Caetano, Lenine, Gil (em dueto com a ótima Roberta Sá, cantando o tema de abertura), Alceu Valença (com a intensa “Na primeira manhã”), Maria Bethânia (“Estrela Miúda”, antigo sucesso do repertório de Marlene), Zé Ramalho (“Chão de Giz”) e a simplesmente arrebatadora “Melodia Sentimental”,  de Villa Lobos, com interpretação soberba de Djavan, o ponto alto da trilha. Todas casando perfeitamente com a trama. Há outras deliciosas canções interpretadas pela nova geração da MPB: “Coração”, com Monique Kessous; “Saga”, lindo arranjo e voz impressionante de Filipe Catto, “Quando assim” (Nuria Mallena) e “Beija-Flor”, com a incensada Maria Gadu, tema do par romântico central. Um acerto do começo ao fim.


8) FERA FERIDA (1993)

Lembro que minha primeira aquisição dessa trilha foi em fita k-7. Colocava à noite em meu moderno micro-system e ouvia até dormir. Tirando esse atestado de idade avançada que acabei de passar, fala muito em minha memória afetiva.  A começar pela canção-título interpretada com belíssimo arranjo e interpretada com vigor por Maria Bethânia. Um dos temas de abertura que mais combinou com a novela. Gosto de “Rio de Janeiro”, com João Bosco e “Sangue Latino”, com Renata Arruda, mas são as canções mais lentas e doces que me tocam mais nessa trilha como a magistral “Rosa”, de Pixinguinha, na voz de Marisa Monte; a arrebatadora “Corpo e Luz”, com Itamara Koorax, tema da sofrida Margarida Weber; a doce “Noites com sol”, com Flavio Venturini, tema de Áureo e Frida (Claudio Fontana e Deborah Evelyn) e a belíssima “Flor de Ir embora”, com Fátima Guedes, tema de Clara dos Anjos (Érica Rosa), canção que merecia uma personagem melhor. Mas o ponto alto da trilha é um clássico das canções de amor: “Al di la”, com Emilio Pericolli, tema do filme “Candelabro Italiano”, que aqui na novela foi belissimamente aproveitado como tema da romântica e atrapalhada Ilka Tibiriçá, em mais uma interpretação inesquecível de Cássia Kiss. A novela ainda teve um bom segundo volume de trilha nacional, mas o primeiro foi imbatível.


7) BAILA COMIGO (1981)



Curiosamente, uma das mais antigas da lista, mas que só me cativou recentemente. Na verdade, sempre fui apaixonado pela trilha internacional dessa novela que pertencia à minhas primas. Passei a infância ouvindo aquelas canções e morrendo de curiosidade pela novela. Recentemente, pude assistir e comprovar o feliz casamento das canções, todas solares, com a trama, a cara do verão da zona sul carioca do início dos anos 80.  A canção que abre o álbum, “O lado quente do ser”, com Maria Bethânia, é o tema da médica Lúcia (Natália do Vale), mas sempre achei que combinava mais com a professora de dança Joana (Betty Faria), que também tinha seu tema, “Deixa Chover”, sucesso de Guilherme Arantes e “Lua e estrela”, com Caetano Veloso, tema de Mira (Lídia Brondi). Nessa linha verão e alto astral, Marina comparecia com “Corações a mil”. Mas minhas favoritas são as mais dramáticas como “Viajante”, em visceral interpretação de Ney Matogrosso, tema do sofrido João Victor (Tony Ramos). A trilha incidental também ilustrava o drama da anti-heroína Helena, vivida pela inesquecível Lilian Lemmertz. Uma das mais curiosas é “Vida”, interpretada por Beth Goulart, uma das atrizes da novela. E também tinha a simpática “Vira Virou”, com Kleiton e Kledir, que tocava nas cenas gravadas em Lisboa, no início da novela. E pra coroar meu amor pela trilha, a capa com Betty Faria é a cereja desse delicioso bolo.


6) MANDALA (1987)

 Uma das mais comentadas e mais ouvidas em minha antiga vitrolinha. Claro que a referência maior é “O amor e o poder”, clássica, cult e tudo o mais na voz de Rosana, tema da “deusa” Jocasta (Vera Fisher). Essa, juntamente com “A paz”, com Zizi Possi, foram as faixas que arranharam de tanto que eu ouvia. Nessa linha “hit”, também há a bela e sofrida “Um dia, um adeus”, tema de Vera (Imara Reis), uma das minhas favoritas de Guilherme Arantes. Outros destaques são: a soturna “Mitos”, tema de abertura com César Camargo Mariano, talvez a que carregue maior identidade com a novela; “Bobo da Corte”, com Alceu Valença, tema do Vovô Pepê (Paulo Gracindo), que a TV Pirata pegou emprestada para ser tema do lendário Barbosa (Ney Latorraca), de “Fogo no Rabo”. Aliás, várias músicas dessa trilha também tocavam em “Fogo no Rabo”. Antes de “Celebridade” (2003), “Tema de Don Don” aparecia aqui na voz de Zeca Pagodinho. Outras faixas bastante lembradas são “Eu já tirei a tua roupa”, que só podia ser interpretada por Wando; e “Personagem”, mais uma daquelas baladas oitentistas de Fafá de Belém. Mas uma de minhas faixas favoritas é “Preconceito”, com Via Negromonte, que continua atualíssima e é uma ode contra todos os hipócritas e moralistas de plantão. Uma curiosidade totalmente pessoal e afetiva é que, na época, usava várias dessas músicas, como temas dos personagens das novelinhas que já criava naquela época. Não tem como não amar e como não lembrar.

5) LAÇOS DE FAMÍLIA (2000)


Tudo nessa trilha remetia à novela: desde as ensolaradas bossas-novas, passando pelos hits ensolarados até as baladas mais românticas. Tudo tinha cara de sol, mar e Leblon. E particularmente, também uma de minhas favoritas porque coincidiu com a época em que vim morar no Rio. Portanto, todas as músicas também ecoavam em minha fase de descoberta e encantamento pela Cidade Maravilhosa. O tema da protagonista Helena, “Como vai você”, antiga balada de Antonio Marcos, ganhou um belíssimo arranjo e uma interpretação tocante de Daniela Mercury e é uma de minhas favoritas. Impossível ouvir a canção sem se lembrar dos beijos de Vera Fischer e Reynaldo Gianecchini e o posterior sofrimento de Helena, ao abrir mão de Edu em favor da filha. Como já disse, a trilha exalava bossa-nova, desde a tradicional “Corcovado”, tema de abertura, aqui em uma versão híbrida de português e inglês na voz de João e Astrud Gilberto, com participação de Tom Jobim e Stan Getz; a adorável “Samba de Verão”, que ficou linda  e romântica na voz doce de Caetano Veloso; e “Baby”, na cultuada versão em inglês dos Mutantes, tema de Camila (Carolina Dieckmann). Outra canção que também ficou “bossanovada” foi o hit oitentista de Léo Jaime, “Mensagem de amor”, aqui na voz de Lucas Santana, num arranjo lindo demais, que foi tema da garota de programa Capitu, personagem que alçou Giovanna Antonelli ao primeiro time de atrizes globais. Fora do estilo bossa nova, tínhamos Deborah Blando, com “Próprias Mentiras”, que caiu como uma luva para a endiabrada Íris (Deborah Secco); “Solamente uma vez”, bolerão clássico na voz de Nana Caymmi, tema de Alma (Marieta Severo); “Perdendo dentes”, com Pato Fu, que também combinou perfeitamente com a personalidade de Cissa (Julia Feldens); a bonitinha “Balada do amor inabalável”, do Skank; e o pagode “O pai da alegria”, com Martinho da Vila, tema do casal popular Ivete e Viriato (Soraya Ravenle e Zé Victor Castiel). A trilha ainda trazia alguns temas internacionais como “Man, I feel like a woman”, delicioso country de Shania Twain, tema de Cíntia (Helena Ranaldi) e o clássico dos clássicos “My way”, pouquíssimo aproveitado na novela. Enfim, uma trilha pra se ouvir do início ao fim.


4) ESTÚPIDO CUPIDO (1976)


O que dizer dessa maravilha? Cresci ouvindo e até hoje morro de curiosidade pela novela, a qual só assisti aos dois primeiros capítulos, em relação às músicas. Bateu todos os recordes em seu lançamento, vendendo mais de 1 milhão de cópias e trouxe de volta todas aquelas canções memoráveis, relançando a carreira de Celly Campello, que emplacou dois de seus maiores sucessos: a canção-título e a deliciosa “Banho de Lua”, que abre o disco. Impossível ouvir e não sair dançando. Lembro que embalou várias festinhas de aniversário em minha casa. Embora o LP seja de minhas primas, acho que ouvi muito mais do que elas e talvez tenha sido o grande responsável pela minha paixão pelos anos 50 e 60. Tem opções para todos os gostos, desde as lendárias divas Maysa (“Meu mundo caiu”) e Sylvinha Telles (“Tetê”), passando pelas divertidas “Neurastênico” (Betinho e seu conjunto) e “Boogie do bebê” (Tony Campello) até os clássicos rocks da época como “Broto Legal” (Sérgio Murilo). Mas minha favorita é “Ritmo da Chuva”. A canção é tão ingênua, tão doce e, talvez por isso, sempre permaneceu em minha memória afetiva. Adoro cantarolar até hoje. Enfim, um álbum pra se ouvir sempre.


3) VALE TUDO (1988)

Outro do tipo em que as canções remetem absolutamente à trama. O tema de abertura, talvez o mais emblemático de todos os tempos, “Brasil”, na voz de Gal Costa, resume toda a novela e nos remete à clássica cena da banana de Marco Aurélio (Reginaldo Faria) para nosso país. Mas os sambas “Isto aqui o que é”, com Caetano veloso e “É”, com Gonzaguinha, também possuem uma fortíssima identidade com a novela. Outro destaque é a deliciosa “Pense e dance”, com Barão Vermelho, que nos faz recordar imediatamente às armações de Maria de Fátima (Gloria Pires), assim como “Terra dourada”, mais conhecida como “Cenário de cor”, com João Bosco, nos transporta imediatamente à Búzios, um dos cenários da novela. As baladas são um capítulo á parte: “Besame”, com Jane Duboc, que embalava o amor bandido de Fátima e César (Gloria Pires e Carlos A. Ricelli); “Todo o sentimento”, com Verônica Sabino, que inevitavelmente nos faz lembrar do sofrimento de Heleninha (Renata Sorrah); “Tá combinado”, na voz de Bethânia, tema do par romântico Raquel e Ivan (Regina Duarte e Antonio Fagundes); e a inesquecível “Faz parte do meu show”, tema de Solange e Afonso (Lidia Brondi e Cassio Gabus Mendes), a mais emocionante das canções de Cazuza. Uma trilha representativa, não só da novela, quanto da época em que foi lançada.


2) ROQUE SANTEIRO – VOLS 1 E 2 (1985/86)

Considerada por muitos a trilha sonora mais perfeita de todos os tempos. E nesse caso, elegi os dois volumes nacionais. Não consegui dissociar um do outro, tamanha a unidade entre eles. Além disso, bate forte em minha memória afetiva por ser os primeiros discos realmente meus (os anteriores a essa data eram das minhas primas ou da minha mãe), por isso, claro, ouvia sem parar na vitrolinha...(risos). E também coincidiu quando eu comecei a escrever minhas novelinhas aos oito anos de idade. Criava tramas usando minha família e meuas amigos como personagens e me apropriei dessa trilha pra ser a canção-tema deles. São tantas canções memoráveis que fica até difícil falar de todas. O volume 1 é absolutamente irrepreensível, com as mais do que clássicas “Dona” , com Roupa Nova (tem como ouvir essa música e não se lembrar da Viúva Porcina?) e “De volta pro aconchego” (Elba Ramalho), que dispensam quaisquer comentários. “Roque Santeiro” (Sá & Guarabira) e “Santa Fé” (Moraes Moreira) são completamente indissociáveis da novela. Só essas canções já bastariam para que a trilha fosse perfeita, mas também tem “Sem pecado e sem juízo” (Baby Consuelo), “Chora Coração” (Wando), “Coração Aprendiz” (Fafá de Belém) e “A outra” (Simone), que também tocavam sem parar. “Isso aqui tá bom demais”, com Dominguinhos e Chico Buarque, também é daquelas em que não imaginamos fora da novela. Como se não bastasse, o segundo volume também é sensacional e também foi um campeão de vendas à reboque de “Vitoriosa”, com Ivan Lins. Mas há outras ótimas canções super adequadas à trama como “Mil e uma noites de amor” (Pepeu Gomes), “Fruta Mulher” (Nana Caymmi) e “Entra e sai de amor” (Altay Velloso), que também foi executada maciçamente nas rádios e era o tema de amor do polêmico casal Tânia e Padre Albano (Lídia Brondi e Cláudio Cavalcanti). “Verdades e Mentiras” seguia a mesma linha da canção de Sá & Guarabira do primeiro volume, mas agora já dialogava com o segredo em torno do mito de Roque (José Wilker). Mas a minha favorita nem é das mais lembradas. Trata-se de “A hora e a vez”, com Claudio Nucci e Zé Renato que, pra ser sincero, me remete mais às lembranças de minha vida na época do que à própria novela. Até hoje quando ouço me emociono e passa um filme em minha cabeça. Inesquecível e obrigatória na coleção de qualquer noveleiro.



1) TIETA (1989)

É uma das grandes razões dessa seção ser intitulada “Memória Afetiva”. Não é necessariamente a favorita geral, mas é a minha favorita. Acho que tem grande contribuição no fato de eu ter eleito “Tieta” minha novela favorita. Todas as canções exalam nostalgia e ecoam boas lembranças em minha mente, tanto da novela, quanto de minha vida pessoal. Vou começar de cara com minha favorita, que não podia ser outra: “Coração do Agreste”, com Fafá de Belém, tema da protagonista e, ao meu ver, o mais perfeito que já existiu, pois além de contar a história da novela com perfeição, consegue descrever com maestria o sentimento de Tieta (Betty faria) com relação ao seu retorno à terra natal.  A cena da volta de Tieta à Santana do Agreste é absolutamente antológica por vários motivos, mas não teria o mesmo impacto se a canção não fosse perfeita. Além disso, a trilha também embalou a despedida da cabrita e todas as suas visitas a Mangue Seco. Impossível não ouvir essa canção e não visualizar as dunas de Mangue Seco em nossa mente. A trilha é toda perfeita, desde o tema instrumental “Segredos da Noite (Ary Sperling), que anunciava que a assustadora Mulher de Branco estava por perto, até os divertidos forrós “Paixão de beata” (Pinto do Acordeom), tema do divertidíssimo trio de beatas Perpétua, Amorzinho e Cinira (Joana Fomm, Lilia Cabral e Rosane Gofman) e “Cadê o meu amor?” (Quinteto Violado), tema da sonhadora e solteirona Carmosina (Arlette Salles). “Meia Lua Inteira” (Caetano Veloso) e “Tieta” (Luiz Caldas)   são a materialização da própria trama. E as canções românticas são um arraso: “Paixão Antiga” (Tim Maia), tema de Helena (Françoise Fourton); “Eu e você” (José Augusto), tema de Elisa e Timóteo (Tássia Camargo e Paulo Betti), “Paixão Escondida” (Fagner), tema de Carol (Luisa Tomé) e duas de minhas favoritas: “Tenha calma”, (Maria Bethânia em interpretação visceral), que embalava o romance proibido de Tieta (Betty Faria) com seu sobrinho seminarista Ricardo (Cassio Gabus Mendes) e “Tudo o que se quer”, lindo dueto de Emilio Santiago e Verônica Sabino, que embalava o romance dos pombinhos Ascânio e Leonora (Reginaldo Faria e Lídia Brondi). A trilha contou com um ótimo segundo volume, mas esse primeiro é imbatível.  Minha trilha favorita para todo o sempre. Amém!



E vocês? O melão sempre quer saber? Quais são suas trilhas nacionais favoritas?

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Melão de casca nova!


Queridos, há muitos motivos para uma celebração!  Um deles é uma novidade muito especial que dividirei com vocês no momento certo. Vamos, portanto, às novidades que podem ser reveladas: sucesso absoluto de “O astro” e premiação de nosso designer, Felipe Ribeiro.

Isso mesmo: Felipe foi o vencedor do concurso do Clube de Criação do Rio de Janeiro - Clube do Futuro - categoria Design. Felipe, o melão está muito orgulhoso de você e agradece sempre pelos maravilhosos banners que você criou durante esse tempo todo. Esse é apenas o início de uma carreira de sucesso!

Para unir essas duas comemorações, Felipe criou um novo logotipo para o melão, mais moderno e atual, sem esquecer os motivos televisivos e, claro, fazendo a referência à fruta, mantendo a cor amarela nos caracteres.



E junto com o novo logotipo, novos banners comemorativos de “O astro”, com os personagens da versão original e da versão atual. Belíssimos! Os banners irão figurar no blog semanalmente até o final da exibição da novela. Para estrear, nossa querida Amanda, vivida pela lendária Dina Sfat e pela bela Carolina Ferraz. Mas seguem os outros banners em primeira mão!





Viva Felipe e Viva “O astro”. Beijos astrais a todos! 

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Blogueiro convidado: Ivan Gomes reverencia Ivani Ribeiro


Hoje está de volta às telinhas um avassalador sucesso: “Mulheres de Areia”, remake da lendária Ivani Ribeiro, que a Rede Globo exibiu originalmente em 1993. Para relembrar os principais momentos da carreira da autora, o melão convocou um de seus maiores fãs. Ivan Gomes abre seu baú de lembranças e divide conosco os momentos favoritos da obra da autora. Além de nos proporcionar um texto ricamente informativo sobre a trajetória televisiva de Ivani, ele também nos brinda com sua emoção em falar de novelas que lhe são tão preciosas. O melão orgulhosamente estende o tapete vermelho para uma de nossas mais criativas e cativantes novelistas: Ivani Ribeiro.


Ivani Ribeiro: Artesã de emoções
por Ivan Gomes


É com muita alegria e emoção que escrevo sobre minha autora favorita de todos os tempos: Ivani Ribeiro. Sempre me identifiquei com suas histórias leves , simples mas envolventes.

Meu primeiro contato com o trabalho de Ivani foi em sua estreia na TV Globo com FINAL FELIZ (1982). Nesta novela, eu conheci os tipos e perfis de personagens que a autora sabia tão bem criar e manipular como, por exemplo, o casal que se antipatiza no início da história, mas se descobre perdidamente apaixonado, recorrente em várias tramas suas.


Ivani foi a autora que mais escreveu novelas para televisão. Estudando sua obra e lendo suas sinopses, me deparei com várias histórias que gostaria de ter visto e que minha idade não permitiu, como por exemplo OS FANTOCHES (TV Excelsior, 1967) e AS BRUXAS (TV Tupi, 1970). Ivani também foi pioneira, ao abrasileirar as primeiras telenovelas diárias da televisão brasileira, alterando finais de originais importados. Nota-se também, analisando seu trabalho, a imensa variedade de temas. Ivani sabia como ninguém manipular seus típicos personagens e arquétipos em tramas diferentes entre si, o que não deixava no telespectador a sensação de estar sempre vendo a mesma novela.


Na TV Globo, apenas FINAL FELIZ, foi uma novela inédita. Graças ao resgate, com nova roupagem de tramas antigas suas, pude conhecer histórias como CAMOMILA E BEM ME QUER (Tv Tupi, 1972) que virou AMOR COM AMOR SE PAGA (1984) e deixou pro memorial de grandes personagens da dramaturgia brasileira o avarento NONÔ CORREIA vivido por Ary Fontoura e até hoje sinônimo de pão-durismo.

Em 1985, estreia A GATA COMEU (remake de A BARBA AZUL da TV Tupi de 1974), a minha novela do coração! Me apaixonei e sofri junto com a Jô Penteado (magnificamente interpretada por Christiane Torloni) na sua luta, desesperada e maluca para conquistar o Professor Fábio (Nuno Leal Maia); odiei  a vilã Glaucia (muito bem interpretada por Bia Seidl), ria com Tetê e Gugu (Marilu Bueno e Cláudio Correa e Castro) torcia pelos casais Baby e Zé Mário (Mayara Magri e Elcio Romar) e Lenita e Edson (Deborah Evelyn e José Mayer) e ansiava por ver descobertas as mentiras do Seu Oscar (Luiz Carlos Arutim). Foram muitos os personagens marcantes dessa novela, que se tornou cultuada por toda uma geração.



Mais simples e ingênuas foram as novelas seguintes: HIPERTENSÃO, de 1986 e O SEXO DOS ANJOS (1989), também baseadas em antigos sucessos seus: NOSSA FILHA GABRIELA (TV Tupi, 1971) e O TERCEIRO PECADO (TV Excelsior, 1968), respectivamente.

A decada de 90 mostra que a ingenuidade das tramas de Ivani era só aparente: MULHERES DE AREIA em 1993 , remake da novela homônima  da Tupi de 1973 mixada com a trama de O ESPANTALHO de 1977, da TV Record, trouxe personagens fortes e cenas mais ousadas também, e que hoje nem podem não ao ar devido à Classificação Indicativa, como a cena em que o mau caráter, Vírgilio (Raul Cortez), assombrado pelos ataques do Espantalho, pede a Clarita (Susana Vieira) o mate para que ele possa se livrar desse tormento. Vamos conferir nessa reprise.



A VIAGEM (1994, remake da trama da Tupi de 1975) também tocou fundo no coração dos espectadores, é sem dúvida a melhor e mas bem feita novela com temática espírita.
Com mais uma grande e inesquecível atuação de Christiane Torloni, ao lado de Antonio Fagundes, Guilherme Fontes, Laura Cardoso, Claudio Cavalcanti e Lucinha Lins, está ultima responsável por uma das mais tocantes cenas de nossa dramaturgia, quando Estela ‘’sente’’ a morte de Dinah e Dr. Alberto recebe um telefonema confirmando o fato. Impossível não se emocionar.



Falecida no ano de 1995, Ivani ainda deixou o argumento de uma novela, que foi ao ar em 1996 com o nome de QUEM É VOCÊ, porém mal desenvolvida em seu início, conseguindo algum interesse, apenas quando o autor Lauro Cesar Muniz, assumiu o texto até então escrita por Solange Castro Neves.

Fica até hoje a saudade de tramas que emocionavam, divertiam,  nos faziam torcer,  sabiamente criadas pelo coração, pela criatividade e pelas mãos da artesã das emoções, histórias que até hoje povoam a minha imaginação e com certeza a de muita gente que como eu, teve o privilegio de poder acompanhar algumas, de seu vasto arsenal de histórias. À Ivani Ribeiro, todo meu respeito e meus aplausos!
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 Ivan Gomes é DJ, pesquisador musical, blogueiro e um dos noveleiros mais apaixonados e com o maior nível de conhecimento que conheço.

Leia também outro texto de Ivan publicado aqui no melão: 

Blogueiro convidado: Ivan Gomes fala de "Guerra dos Sexos"


E mais Ivan no melão:

A Urca de “A gata comeu”.

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domingo, 4 de setembro de 2011

Blogueiro convidado: Carlos Fernando Barros e a busca da inspiração



De onde vem a inspiração?
Carlos Fernando Barros


Banqueiro dá trambique que causa prejuízo aos cofres públicos e clientes, suborna pessoas influentes e manda dinheiro roubado para paraíso fiscal.  Descobertas suas falcatruas ele é preso, fica atrás das grades, sem direito a responder por seus roubos em liberdade. Foge da prisão e vai para um país em que fica abrigado por ter dupla nacionalidade. Tempos depois é preso pela Interpol quando saí a passeio desse país. Foi extraditado para o Brasil para pagar pelos seus crimes.



Vocês acham que isso é uma das tramas da novela ‘Insensato coração’, recém-terminada? 


Não! É caso real vivido pelo banqueiro Salvatore Alberto Cacciola que foi notícia essa semana por ter obtido a liberdade condicional dada pela Justiça do RJ. Esse é mais um exemplo clássico em que a realidade virou ficção. Lembram-se da frase: “Isso só pode ser coisa de novela”?  Nesse caso ocorreu o contrário.

Quem vive nesse mundo da escrita e precisa criar sempre novas histórias para suas novelas, livros, filmes, seriados, casos especiais, etc... Tem que estar atento a tudo que acontece em volta. Uma pequena nota no jornal ou na internet pode se tornar uma boa trama paralela na próxima novela. Às vezes a história está ao lado no banco do metrô ou na vizinha faladeira. É preciso ser um observador atento. Claro que isso não se aplica a todos os escritores. Muitos se valem de suas inspirações, visão de um mundo diferente ou mesmo de suas vivências, seus amores e desamores.   Não importa que a inspiração seja um ‘mix’ de tudo isso. O que importa é que consigam tornar essas histórias interessantes.

Aí é que mora o perigo. Não é suficiente ter uma boa inspiração, qualquer que seja sua origem.  Além da técnica da escrita o importante é que o escritor saiba contar essa história e fazê-la interessante para um número grande de pessoas durante todo o tempo em que ela for contada.  Isso sim não é fácil. A relação dos aspirantes é grande, mas temos poucos roteiristas e escritores em relação ao número de pessoas existentes. Sei da dificuldade que é encontrar a oportunidade para mostrar os trabalhos e assim mostrar a capacidade, mas não são poucos os que são escritores de um trabalho só.

Não posso deixar de dizer que roteiristas como Alcides Nogueira, Aguinaldo Silva e Gilberto Braga, dizendo apenas os meus favoritos, vão continuar a inspirar e a servir de guia aos novos roteiristas que estão chegando aí.  Segundo reportagem da revista Época dessa semana, alguns desses novos roteiristas já estão com a mão na massa e inspirados nesses grandes mestres  prontos para ingressar nesse universo.

No final o que interessa mesmo é que, qualquer que seja a fonte de inspiração,  continuemos a nos divertir e a saborear esses trabalhos feitos por esses novos e velhos escritores.    



 Carlos Carvalho é analista de sistemas por profissão.
Noveleiro, blogueiro, cantor e escritor por diversão. 
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MELÃO AGRADECE:

Aproveitando o ensejo e com um enorme atraso, gostaria de agradecer a todos que mandaram mensagens carinhosas pela matéria na Revista Época. Pra quem ainda não conferiu, o roteirista Marcos Silvério disponibilizou a matéria na íntegra em seu blog: http://marcossilverio.blogspot.com/2011/08/nova-safra-de-autores-de-telenovelas.html

(clique sobre a imagem para ampliá-la)

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