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quarta-feira, 16 de março de 2011

Blogueiro convidado: Paulo Ricardo Diniz celebra Manoel Carlos


Pra quem não se lembra, o moço em questão já foi assunto aqui no melão quando criou o documentário “Fábrica de Ilusões: décadas de telenovelas – do Realismo ao Fantástico” (relembre clicando aqui), um caprichadíssimo trabalho de final de curso. Paulo Ricardo Diniz agora retorna para relembrar a trajetória de seu autor favorito, que fez aniversário essa semana: Manoel Carlos. Desde os tempos de ator na Tupi até suas famosas Helenas, os principais passos da carreira de Maneco estão no texto de Paulinho, que recém criou o blog “Zappiando” e já faz o maior sucesso. Aliás, estamos fazendo um crossover. Ele publica aqui e eu publico lá um texto sobre “Ti Ti Ti”. Em breve, disponível em http://zappiando.wordpress.com/! Obrigado por mais essa contribuição, querido, e parabéns ao nosso querido Manoel Carlos.


Manoel Carlos: uma história de amor para com a Teledramaturgia



Ator, diretor, produtor, roteirista, autor... Ao longo de sua vida e sua história, Manoel Carlos carrega uma lista extensa de trabalhos, muitos destes memoráveis. Hoje, consagrado autor de novelas, Maneco é sempre lembrado por suas Helenas – nome com que batiza suas protagonistas – e através delas e de tantas outras personagens, ele mostra como sabe retratar a alma feminina. Mas, bem antes disso, a sua própria história inicia praticamente junta com a da Televisão Brasileira.

Maneco estreou, como ator, na TV Tupi de São Paulo, meses depois da inauguração da emissora, no programa Teatro das segundas-feiras. Mas, foi entre 1955 e 1963, que ele começou a exercitar a sua vocação de escritor. Em Grande Teatro Tupi, atuava ao lado de Fernanda Montenegro, Natália Thimberg, Sérgio Brito e Ítalo Rossi, além de escrever alguns episódios.

Posteriormente, Manoel Carlos atuou como produtor, diretor e roteirista, estando à frente de programas de diferentes gêneros, como musicais, dramaturgia e variedades, entre eles: O Fino da Bossa, A Família Trapo, Hebe Camargo, Essa Noite se Improvisa, todos na Rede Record, nos anos 60. Na TV Excelsior, ele também dirigiu os musicais Brasil 60, 61, 62 e 63.
Sua estreia na Rede Globo foi em 1972, na direção do Fantástico. A oportunidade de escrever sua primeira novela se deu em 1978, com Maria Maria, baseada no romance Maria Dusá, de Lindolfo Rocha. Sua adaptação foi estrelada por Nívea Maria, como as Marias do título.

No mesmo ano, ele fez outra adaptação, A Sucessora, do romance de Carolina Nabuco. A protagonista em questão era Susana Vieira, que vivia a humilde Marina, a mulher que vivia assombrada pelo quadro-retrato da víuva de seu marido.

Em 1981, Maneco escreveu sua primeira novela de seu próprio roteiro, Baila Comigo. Nesta, surgiu a sua primeira Helena, vivida (brilhantemente, segundo quem viu) por Lilia Lemmertz. A novela trazia como conflito principal a separação e posterior encontro dos gêmeos João Vitor e Quinzinho, interpretados por Tony Ramos.

Tony Ramos em papel duplo em "Baila Comigo" (1981)

No ano seguinte, embalou em mais uma novela original - como seria as seguintes – Sol de Verão. A história era boa, porém, um lamentável acontecimento de bastidores interferiu na ficção. A morte do ator protagonista Jardel Filho. Maneco ficou abalado e não conseguiu terminar a novela. Depois disso se afastou da emissora.

Longe da Globo, ele chegou a escrever novelas e minisséries para a Rede Manchete, Bandeirantes, e até para outros países, como Colômbia, Peru e Estados Unidos.

Sua volta a Globo se deu em 1991, no horário das seis, com Felicidade, trazendo Maitê Proença como a protagonista Helena. Daí em diante, em todas as suas outras novelas daria este nome à heroína.

Em 1995, também no horário das seis, Regina Duarte viveria a primeira de suas três Helenas, em História de Amor.  Aqui abro um parêntese para fazer uma observação. História de Amor, Felicidade e Baila Comigo tinham Helenas de classe média. Viviam em casas simples, andavam de carro velho, não tinham empregadas... enfim, eram “povão”.
De Por Amor em diante, as Helenas enriqueceram financeiramente.

Regina Duarte e José Mayer em "História de amor" (1995)

Prosseguindo. Em 1997, Regina Duarte fez a sua segunda Helena, em Por Amor, agora em horário nobre. Nesta novela, ela dividia a cena com sua filha Gabriela Duarte, que também era sua filha na ficção, a mimada Maria Eduarda. Eduarda foi odiada pelo público no início. Na época criaram o site “Eu Odeio a Maria Eduarda”. A história era a da mãe que trocava seu bebê vivo pelo filho morto da filha, por amor a ela, já que por complicações, ela não poderia mais engravidar. A meu ver, esta é uma das melhores novelas do autor. Um bom folhetim, tudo bem amarrado, sem barrigas e com cenas e diálogos ótimos, além de uma direção perfeita de Ricardo Waddington. Barracos atrás de barracos, mas sem perder o charme.

Em 2000, ele escreveu Laços de Família, com Vera Fischer como a protagonista da vez. Novela com audiência e boa repercussão. Desta vez, Helena abre mão de seu namorado, para a filha, Camila – vivida por Carolina Dieckmann. Camila, assim como Eduarda, também foi uma personagem odiada. No caso, a atriz também não colaborava. Porém, o público se compadeceu com a doença da menina e torceu por ela no final.

Em 2001, Manoel Carlos escreveu sua primeira minissérie na Globo, Presença de Anita, baseada no livro de Mário Donato. Esta minissérie revelou os atores Leonardo Miggiorin e Mel Lisboa - esta no ponto certo no papel principal.

Com Mulheres Apaixonadas, em 2003, Maneco começou a mudar o rumo de suas histórias, passando a escrever o que ele chama de “crônicas do cotidiano”. Neste trabalho em questão, ele trouxe o retrato de diferentes mulheres, em diferentes situações da vida. Mas, como enredo principal, tinha a professora Helena, vivida por Christiane Torloni. Uma mulher que, insatisfeita com o marasmo do casamento com o músico Téo (Tony Ramos), resolve se separar e ir em busca de sua felicidade. Até que reencontra o seu amor de juventude, o médico César (José Mayer).

Três anos depois, Regina Duarte encarna a sua terceira Helena, uma médica obstetra, em Páginas da Vida.  A médica faz o parto dos gêmeos, Clara e Francisco. A mãe, Nanda (Fernanda Vasconcellos), morre após dar a luz. A avó não quer saber da menina, portadora de Síndrome de Down. Helena, então, resolve adotar a criança, mas diz a todos que ela morreu. Cinco anos depois, o pai dos gêmeos, Léo (Thiago Rodrigues) reaparece e descobre que sua filha também está viva, tentando assim reaver a guarda da menina.

No início de 2009, o autor conta em sua segunda minissérie a história da cantora Maysa Mattarazzo, em Maysa – Quando Fala o Coração, dirigida pelo filho da cantora, o diretor Jayme Monjardim.

No mesmo ano, o autor escreve mais uma novela, desta vez com uma protagonista mais jovem dos que as anteriores. Viver a Vida, estrelada por Taís Araújo. Nesta novela, Helena foi ficou um pouco ofuscada pela coprotagonista, a também modelo, Luciana (Alinne Moraes). Luciana sofre um acidente e fica tetraplégica. Cada passo de sua recuperação e seu triângulo amoroso entre os gêmeos Jorge e Miguel, vividos por Mateus Solano, tiveram mais destaque do que a história de Helena. Porém, de certa forma a personagem de Taís mantinha o posto de protagonista, já que todos os núcleos, ou a maioria deles, giravam em torno dela.

Julia Lemmertz, representando a mãe, Lilian e demais Helenas.

E para quem pensava que o autor estaria “pendurando as chuteiras”, ele já mandou um recado. Em 2014 escreverá uma nova novela, e Lília Cabral será a sua última Helena. A torcida é que ele feche com ‘chave de ouro’.

Mas, independente de suas Helenas, várias outras personagens dele merecem destaque. A Tereza, em Viver a Vida, e a Sheila, em História de Amor, vividas por Lilia Cabral; a Branca de Suzana Vieira, e a Laura de Viviane Pasmanter, em Por Amor; a Capitu de Giovanna Antonelli, em Laços de Família; e a Raquel de Irene Ravache, que era praticamente uma Helena, em Sol de Verão.

Por toda esta história, Maneco merece ser sempre enaltecido e homenageado, pela sua contribuição à construção da Televisão Brasileira e pela sua “história de amor” para com a Teledramaturgia.

Nesse dia 14 de março, ele completou 78 anos de idade.



Agradeço imensamente o espaço cedido por meu querido amigo Vitor Santos e o convite para escrever aqui no seu bem-sucedido Melão. E principalmente, por de certa forma prestar uma homenagem a este ícone da Teledramaturgia e meu autor preferido, Manoel Carlos, o Maneco. É por essas e por outras, que “Eu Prefiro Melão”!
Paulo Ricardo Diniz

Com informações do livro “Autores – Histórias da Teledramaturgia”
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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

“Fábrica de ilusões”: o marco inicial de uma promissora carreira.





Pode ser que a intenção de Paulo Ricardo Diniz ao conceber seu filme/ TCC “Fábrica de Ilusões – décadas de telenovela: do realismo ao fantástico” fosse apenas fechar com chave de ouro sua graduação em Comunicação Social. Sinto informar que estou prevendo uma vida bem mais longa para seu caprichado trabalho!




O documentário é um luxo! Paulinho convidou um time de craques que sabem tudo de telenovela... e eu! (rs..). Mesmo sentindo um enorme desconforto em ver minha feiúra ressaltada na tela, confesso que fiquei honradíssimo com o convite para me juntar a essas feras e dar meu depoimento sobre a trajetória da Rede Globo de Televisão e suas décadas de novelas. O time é de primeira MESMO: os autores Ricardo Linhares e Euclydes Marinho; o dono e criador do site Teledramaturgia e do Almanaque da Telenovela (e dublê de modelo nas horas vagas), Nilson Xavier; o criador do canal Mofo TV, José Marques Neto; o roteirista do Video Show e do Video Game e noveleiro apaixonado, Raphael Machado; Daniel Pepe, que vai além do gosto pelas novelas se mostrando um grande estudioso; e Vitor de Oliveira (até então Vitor Santos), roteirista e mestrando com projeto sobre telenovela e dono deste melão, ou seja, este que vos fala.


O timaço: Daniel, Euclydes, Neto, Nilson, Rapha, Ricardo e eu.


Mas de nada adianta juntar um time desse quilate sem que se possua a sensibilidade necessária para selecionar o essencial de cada depoimento (já que foram horas de um maravilhoso bla, bla, bla...) para fazer um caprichado painel década a década com os maiores e inesquecíveis sucessos da Vênus Platinada. Fiquei bastante impressionado com o capricho, com a edição, com a seleção das cenas, enfim... todas as grandes estão lá: Irmãos Coragem, Selva de Pedra, Pecado Capital, O bem amado, Guerra dos Sexos, Roque Santeiro, Vale Tudo, Tieta, Que rei sou eu, Barriga de aluguel, A próxima vítima, Mulheres de areia, Renascer, A favorita, entre muitas outras novelas inesquecíveis!

Paulinho teve muita sabedoria na edição ao fazer com que o comentário de um complementasse a fala do outro. O resultado é um delicioso bate-papo, imperdível para os fãs de telenovela, que vai além de um mero desfile de sucessos. O filme promove uma discussão sobre a importância de cada novela e o papel do gênero na vida do brasileiro.

Paulinho querido, mais uma vez, parabéns pelo resultado. Fica a torcida e a esperança de que “Fábrica de ilusões” alce maiores vôos. Quem sabe eventos especiais com exibição do filme seguida de debate? Você e nós, apaixonados por novela, merecemos esse presente. Pode ter certeza de que, mais do que um fecho de ouro de seu curso, o documentário marca o início de uma promissora carreira de sucesso! Conte comigo no que precisar!

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