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sexta-feira, 1 de março de 2013

“TRANSAS E CARETAS”, UMA NOVELA TRANSADA



Por Wesley Vieira

Natalia do Vale vivia Marilia, personagem dividida entre o amor dos irmãos vividos por Reginaldo Faria e José Wilker

Minhas curiosidades em relação à nossa teledramaturgia sempre permearam por obras que, por algum motivo, foram esquecidas. Falar sobre clássicos como “Selva de Pedra” ou “Vale Tudo” nunca é demais, mas gosto de ir atrás de produtos pouco explorados no ciberespaço. Por isso meu interesse é maior em discorrer sobre novelas esquecidas e dessa forma, tentar cultivar a curiosidade dos leitores. “Transas e Caretas”, novela de Lauro César Muniz, exibida entre 09 de janeiro à 21 de julho de 1984, às 19h, é um bom exemplo. Não assisti à novela porque na época tinha apenas dois anos, mas pelas pesquisas que fiz, acho a história muito interessante e merece ser lembrada.




De acordo com o autor, “Transas e Caretas” foi uma novela leve e divertida, tendo grande aceitação no exterior (no Chile, a trama ganhou um remake, “Trampas y Caretas”, de grande sucesso em 1992). A história contrapunha dois filhos de uma mulher muito poderosa: um conservador e outro revolucionário. “Gosto muito da novela, que foi muito bem e é uma das maiores audiências do horário das 19h. Reginaldo fazia o filho bem comportado, conservador, que vivia com os padrões do passado, o careta, e o Wilker fazia o outro, transado (como se dizia na época), arrojado que vivia no futuro”, revela Lauro.
Robô Alcides: um dos grandes baratos da novela
A novela teve a difícil missão de substituir o mega-sucesso “Guerra dos Sexos”, e se não teve a mesma repercussão, não fez feio no ibope. Dados fornecidos pelo autor, mostram que “Transas e Caretas” marcou 56 pontos de média, enquanto a antecessora obteve 58. Números a parte, a novela marcou época por conta das excentricidades futuristas e cibernéticas em sua trama, sobretudo pelo Atari da abertura (novidade), o robô Alcides e pela excelente trilha internacional. Vamos relembrar a história dessa novela que é a cara dos transados anos 80?


Eva Wilma: a matriarca da família

Francisca Moura Imperial (Eva Wilma), conhecida como FMI, é uma milionária controladora e excêntrica que possui dois filhos bastante diferentes: o sisudo Jordão (Reginaldo Faria), fruto de seu casamento com Jacinto Cintra (Henrique Martins), e Tiago (José Wilker), descendente do seu relacionamento com Roberto Leme (Paulo Goulart). Enquanto o primeiro é adepto às tradições seculares e totalmente fechado em relação às mulheres, o outro é ligado às novas tecnologias e vive rodeado de fêmeas charmosas.


Logo no primeiro capítulo, Tiago resolve promover uma brincadeira com a mãe, ao descobrir que ela anda questionando sobre os rumos da família: “Preciso de um herdeiro!”. Ele marca o casamento com uma noiva misteriosa. Porém, para surpresa e perplexidade de Francisca, surge uma macaca de véu e grinalda. Tiago foi longe demais. Para se vingar da brincadeira de mau gosto do filho, ela rasga todos os documentos da doação de seus bens que faria aos herdeiros.

Imediatamente, a matriarca quer mais e decide mudar radicalmente de vida. Ela se interna numa clínica e faz uma cirurgia-plástica ficando 20 anos mais jovem e também muito mais bonita e sexy. Claro, Tiago e Jordão estranham o novo comportamento de Francisca, principalmente com a sua nova mania: fumar charutos.
Empresária de sucesso, Francisca inaugura o Centro das Artes e com a ajuda de Dusa (Tetê Medina) promove um concurso para escolher a Musa do local. Na verdade essa Musa será a mulher escolhida para se casar com um de seus filhos e o principal: lhe dar um neto.

O ANTIGO CARETA E O MODERNO TRANSADO

Jordão vive num apartamento antiquado e tem aulas de violino e cravo com a tímida e apaixonada Sofia (Renata Sorrah). Para deixar o clima ainda mais imperial, Dorinha (Zezé Motta) uma excelente amiga e serviçal, faz às vezes de mucama. Ao contrário deste, Tiago mora em um flat moderno e repleto de tecnologia. Seu mordomo é o up da modernidade: um robô chamado Alcides. Usando o novo funcionário como pretexto, Tiago atrai muitas namoradas para seu flat.

Do outro lado da história está Marília (Natália do Valle), linda e suave. Seus pais Joaquim (Joffre Soares), com sérios problemas de saúde, e Dalva (Yolanda Cardoso) passam por uma difícil situação financeira. Para completar a família, Ana (Aracy Balabanian) sofre com o machismo exacerbado do marido, Marcos (Jece Valadão).
Marília namora Dirceu Valente (Paulo Betti), um artista plástico que tenta se colocar no mercado das artes. Os núcleos se unem quando Dirceu procura Francisca para mostrar o seu trabalho. É assim que ele fica sabendo pela procura da musa e convence a namorada a se inscrever. Durante um coquetel, jurados escolhem a espevitada Catarina (Cristiane Torloni), mas Francisca não vai com a cara da moça e já de posse das suas artimanhas, elege Marília como a verdadeira vencedora.

José Wilker e Natalia do Vale em cena da novela. 
Pronto! As confusões se iniciam. Francisca faz a proposta e Marília, diante do problema de saúde do pai, aceita seduzir Jordão em troca de uma boa mesada. Ela deixa Dirceu de lado e começa um jogo de mentiras com o propósito de atrair o tímido filho de Francisca e tendo a própria empresária como mentora de todas as situações.

Francisca prepara uma festa com o intuito de formar um encontro entre Jordão e Marília, mas ocorre um inesperado: Tiago e ela se conhecem e se beijam. A bela some misteriosamente e Tiago passa a procurá-la desesperadamente. Durante um tempo, Marília namora os dois irmãos ao mesmo tempo e se mostra extremamente dividida.
Tiago, que até então se mostrava um ótimo conquistador e irredutível apaixonado, descobre que ama Marília, mas se os mocinhos não se separarem não é novela: através das armações da dupla Luciana (Lidia Brondi) e Claudia Cowboy (Monica Torres), ele descobre que Marília é a namorada de seu irmão. Magoado, ele rompe o namoro.

Não demora muito para Francisca marcar o casamento de Jordão com a musa. É nesse momento que Marília descobre estar apaixonada por Tiago e tomada por um impulso, abandona o noivo na porta da igreja. Ela e Tiago se escondem e vivem momentos de felicidade.

“Ninguém é exatamente tão careta e também nem tão moderno assim”

Na segunda parte da novela, Jordão, arrasado pelo abandono na igreja, vai curar as mágoas numa boate. No meio do caminho ele dá carona à Liana (Lady Francisco), uma dançarina vulgar e acaba dormindo em sua casa. Percebendo o interesse da mulher, Jordão decide assumi-la como namorada e diz a Francisca que vai se casar com ela. FMI é contra o casamento e investigando o passado de Liana, descobre que ela tem passagem na polícia. Com provas que a incriminam, Francisca tenta tirá-la do caminho, mas ela não se amedronta diante da poderosa sogra. Para piorar a situação, Liana decide dar um filho ao amado.

Natália do Vale, Lady Francisco e Reginaldo Faria em uma cena da novela
Após algum tempo escondidos, Tiago e Marília reaparecem e assumem o romance para todos. Luciana, ferida de amor, arma para que Tiago ache que Marília é mais uma mulher interesseira. Uma fita de vídeo, onde Marília assume que foi comprada é a prova para acabar com a sua imagem de boa moça. Então, se achando muito esperto, ele convoca um ator para se passar por juiz no intuito de promover um falso casamento com a namorada. O que ele não sabia era que Francisca pagou um juiz de verdade e o casamento foi realizado por um verdadeiro falso juíz. Esse casamento não foi o bastante para segurar os dois, que, mesmo casados, rompem o relacionamento. Essa separação veio no momento exato em que Francisca criou mais uma brincadeira: a corrida ao bebê milionário. O primeiro neto que nascer vai ganhar um bilhão.

Nesse tempo, Marília, grávida de Tiago, inicia atividades na empresa de Régis (Claudio Correa e Castro), que assim como Francisca também deseja que o seu único filho, Douglas (Claudio Cavalcanti), lhe dê um herdeiro, urgentemente. Ele percebe que Marília pode resolver o seu problema e aposta todas as suas fichas no casal.
Enquanto isso, Tiago se vê envolvido em estranhos acontecimentos com o intrépido robô Alcides: ele recebe o convite para uma viagem sem volta para o mundo cósmico. Inconformado pela perda de Marília, ele pensa em partir com o mordomo. No dia da viagem, diante da nave espacial que o levará para outro mundo, Tiago decide ficar na terra e se despede do amigo robô.

Na reta final, Marília faz uma viagem para os Estados Unidos e retorna seis meses depois com um barrigão. Ela e Liana entram em trabalho de parto na mesma época e todos apostam suas fichas: quem será a dona do bebê de ouro? Liana dá à luz a um menino, mas seu parto sofre complicações e ela vai para o CTI. Inesperadamente, ela pede para que a sua rival, Sofia, cuide do filho, caso lhe aconteça algo.
Marília ganha uma menina a quem chama de Natália. Ela e Tiago se reconciliam para o alívio de Francisca. “Agora o nome da família vai prevalecer por todos os séculos”. A matriarca, que passou a história toda sendo disputada pelos dois ex-maridos, se acerta com Roberto.

Um big casamento reúne sete casais, inclusive Liana (que conseguiu sobreviver) e Jordão. Sofia que conheceu um sósia do ex-aluno, também se casa. Para fechar a novela, uma surpresa: quem pega o buquê é a mesma noiva macaca do primeiro capítulo. Final feliz.

Final feliz para os personagens de Natália do Vale e José Wilker
Lendo esse resumão, podemos observar como “Transas e Caretas”, uma comédia romântica e despretensiosa, fugiu da temática freqüente nos trabalhos de Lauro - autor de novelas densas como “Roda de Fogo”, “Escalada”, “O Salvador da Pátria” e “Máscaras” (seu último trabalho na Record). O autor voltaria a trabalhar com esse clima em “Um Sonho a Mais” (co-autoria com Daniel Más) e “Zazá” de 1997. “Transas e Caretas” é uma novela que me desperta muita curiosidade e gostaria muito de assisti-la. Como um sonho a mais não faz mal, quem sabe o Canal Viva não se interessa em exibi-la?

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WESLEY VIEIRA é jornalista, escritor, roteirista e noveleiro dos mais apaixonados, cultos e inteligentes. Está lançando em Conselheiro Lafaiete, sua cidade natal, a revista “Olhaí”. Pelo talento do rapaz, tenho certeza de que vem coisa boa por aí. Por ser o blogueiro convidado mais constante do melão, é mais que merecedor do cargo de “Editor-Chefe da Sucursal Minas” deste blog. Conheça outros textos do autor publicados aqui no melão:



CORAÇÃO DE ESTUDANTE – Minas para o Brasil






quarta-feira, 26 de setembro de 2012

10 motivos que fizeram de “Cheias de Charme” uma novela inesquecível:




Que notícia triste, amadinhos! “Cheias de Charme” chega ao fim essa semana deixando uma legião de curicos órfãos dessa deliciosa novela que agradou do inicio ao fim, trazendo frescor e diversão para o horário das sete. Já entrou seguramente para a galeria das grandes novelas. Que venha Sílvio de Abreu e sua nova “Guerra dos Sexos”, mas antes vamos fazer um balanço da novela e enumerar alguns dos motivos pelos quais ela se tornou antológica. 


10) NOVELÃO MUSICAL:



A novela apostou em um gênero pouquíssimo explorado em nossa teledramaturgia: o musical. E o resultado não podia ter sido melhor. Os hits das Empreguetes, de Chayene e de Fabian, em pouco tempo, já foram parar na boca do povão. Quem nunca cantarolou “Voa voa brabuleta” ou “Vida de empreguete” que atire o primeiro CD. Além disso, os números musicais foram muitíssimo bem produzidos e toda a trama ambientada no universo do showbizz bastante verossímil.

9) NARRATIVA TRANSMÍDIA:
Pela primeira vez em nossa teledramaturgia, a internet foi utilizada de forma efetiva, complementando a trama televisiva. O hit “Vida de empreguete”, que na novela acabou vazando na rede, foi exibido primeiro na internet e teve milhões de acessos em pouquíssimos dias, alavancando ainda mais a audiência da novela. Além disso, a internet teve papel fundamental em vários desdobramentos da trama. Os autores mostram que não pararam no tempo e estão ligados na tecnologia dos dias atuais.




8) DIREÇÃO AFIADA:
De nada adiantaria uma boa trama e um elenco de peso se a direção não acompanhasse a qualidade da novela. Sob o núcleo de Denise Saraceni e direção geral de Carlos Araújo, os diretores deram agilidade à trama e embarcaram pra valer no estilo kitsch e divertido da saga das empreguetes. E os números musicais sempre foram valorizados ao máximo.

7) IDENTIDADE VISUAL:
Poucas novelas tiveram uma identidade visual tão forte quanto “Cheias de Charme”, o que a tornou inconfundível. Tudo isso graças ao incrível trabalho de figurino, cenografia, produção, direção de arte, tudo na mais absoluta sintonia com a trama, um conto de fadas moderno cheio de charme e com muito glitter.

6) DRAMA NA MEDIDA CERTA:



Se “Cheias de Charme” foi uma novela que mergulhou no humor com tudo sem o menor pudor, também não deixou a desejar no drama, dando a dimensão humana necessária para que os personagens cômicos não se tornassem meros tipos de programas humorísticos.
Além disso, os elementos indispensáveis do velho e bom melodrama não faltaram, como a trama que envolvia Cida (Isabelle Drummond) com a família Sarmento, passando de empregada à dona da casa, o que rendeu ótimas atuações, não só de Isabelle, mas também de toda a família com destaque para Tato Gabus e Alexandra Richter, que provou que pode ir muito além de uma atriz cômica, protagonizando cenas dramáticas com a mesma competência com que faz comédia. 

A questão do duplo, sempre muitíssimo bem explorada nas tramas de Janete Clair, aqui também ganhou uma divertida versão com os sósias Fabian e Inácio, ótimo trabalho de Ricardo Tozzi, sobretudo nessa reta final em que teve que interpretar um personagem fingindo ser outro.



Outro grande destaque dramático ficou por conta de Malu Galli, a “patroete” do bem, Lígia, que teve peso de uma protagonista durante a novela inteira e também emocionou o público com seus dramas amorosos e familiares. Como não amar Lígia e torcer por sua felicidade? Além do drama na medida certa, o talento e o carisma da atriz contribuiu bastante para o sucesso da personagem.

5) ELENCO DE PRIMEIRA:

Além dos destaques já citados no elenco, a novela contou com um time de peso: ótimos veteranos e um elenco jovem dos melhores. Muitos foram os destaques e raríssimas foram as exceções. Nomes consagrados como Aracy Balabanian, Edney Giovenazzi, Ilva Niño (adorável), Maria Pompeu, Marcos Palmeira (surpreendente), Leopoldo Pacheco, Dhu Moraes e Daniel Dantas dividiram a cena com um ótimo time jovem, com destaque para Chandelly Braz (como não amar Brunessa?), Humberto Carrão, Simone Gutierrez, Gisele Batista, Tainá Muller, Fabio Nepo e muitos outros, todos ótimos em seus personagens. O trabalho de Kika Kalache também merece destaque como Ivone, a empreguete evangélica amiga de Penha, longe de estereótipos e também adorável. Enfim, o elenco foi um dos maiores acertos da novela e estou até sendo injusto não citando os demais atores. Mais uma vez, ponto para os autores que, generosos, souberam dar a cada um o momento e a oportunidade certa para brilharem.


4) BRABULETA-REVELAÇÃO:



Ela já foi mencionada no texto anterior sobre a novela escrito por Marcio Adson, mas nunca é demais rendermos todos os elogios à “quarta empreguete” Socorro, em genial interpretação de Titina Medeiros, de longe a maior revelação do ano. Contracenando com nomes de peso, a atriz não deixou a peteca cair e foi a responsável por muitos dos mais hilariantes momentos da trama. A cena em que ela emerge do rio a la Isadora Ribeiro na abertura do “Fantástico” já entrou para a galeria das mais engraçadas da televisão. E nessa reta final, também esteve impagável como Lady Praga. Vida longa para sua carreira televisiva.

3) CLAUDIA ABREU:



O que a guerrilheira Heloísa, a cachorra Laura e a esfuziante Chayene têm em comum? Quase nada, salvo o fato de serem interpretadas pela mesma atriz, a camaleônica e multitalentosa, Claudia Abreu, que fez de sua Chayene um verdadeiro furacão. Mesmo cometendo as piores vilanias, não tem como não amar a irresistível “brabuleta”, que sempre tinha uma ótima tirada na ponta da língua e sempre se dava mal em suas armações, lembrando os clássicos vilões de desenho animado. Mais um trabalho impecável de Claudia Abreu, que deu um novo giro de 180 graus em sua carreira, provando ser capaz de fazer absolutamente TUDO em cena. Chayzinha, sem dúvidas, vai deixar muitas saudades. Os versos “ela se acha toda toda toda toda, faz o que der na veneta e o resto que se exploda” não vão sair tão cedo de nossa memória e são a melhor tradução da personagem. A “brabuleta-rainha” vai voar, mas certamente não vai sair nunca mais do coração do público.

2) AS EMPREGUETES, É CLARO!

Em tempos em que somente as vilãs dominam a cena e as mocinhas, quase sempre, ficam em segundo plano, elas conseguiram uma proeza: foram as que mais brilharam do início ao fim e, de cara, já atraíram a paixão por parte do público. Diferentes entre si, mas genialmente complementares, essas Marias foram o centro das atenções, dividiram opiniões quando separadas e ganharam a torcida para ficarem juntas até o fim. Mérito absoluto das atrizes, que fizeram bonito com os ótimos personagens que ganharam. Cida, a mais romântica, espécie de Cinderela pós-moderna, mas que também soube ir à luta, ganhou doçura e força na medida certa na interpretação de Isabelle Drummond;  Penha, a que mais representa o imaginário da mulher brasileira, guerreira, amiga, emocionante e emocionada, com seu jeito todo peculiar de falar, explodiu em popularidade na brilhante atuação de Taís Araújo; e Rosário, a grande heroína da trama, símbolo da determinação e da garra na busca de seus ideais, teve em Leandra Leal a intérprete perfeita. Mesmo ganhando a antipatia por parte do público por colocar a carreira em primeiro lugar, é inegável: Rosário é a alma da novela. E Leandra Leal, mostrou mais uma vez, que é uma das melhores atrizes de sua geração. O trio foi absolutamente perfeito e a química das três atrizes funcionou desde o início. Por isso, mais do que entrechos amorosos e a busca pelo sucesso, “Cheias de Charme” é, acima de tudo, uma ode à amizade.



1) TEXTO IMPECÁVEL:

Claro que sou suspeitíssimo por colocar o texto em primeiro lugar, mas seria impossível não valorizar o trabalho impecável dos estreantes Filipe Miguez, Izabel de Oliveira e seu time de colaboradores: Daisy Chaves, Izabel Muniz, João Brandão, Laís Mendes Pimentel, Paula Amaral e o grande Sérgio Marques, além, é claro, da supervisão de Ricardo Linhares, que soube respeitar completamente o estilo da trama. Um fator fundamental para que a novela fosse um grande acerto é o fato de sua história compacta e seu enredo ter sido muitíssimo bem construído. Nenhum fio da trama era solto e uma situação parecia sempre levar à outra, consequência de uma estória que parece ter sido pensada e planejada há muito tempo, além, é claro, dos diálogos inspiradíssimos. Mesmo depois que a trama caiu um pouco por conta da separação das Empreguetes, era notório o esforço da equipe em criar novos entrechos e situações até a retomada da trama central. Enfim, uma combinação perfeita dos elementos tradicionais do folhetim com o ritmo, agilidade e criatividade dos tempos de hoje.

“Cheias de Charme” vai deixar saudades e uma difícil missão para sua sucessora: segurar o enorme sucesso que conquistou.

Até eu congelei no glitter...

E vocês, sentirão saudades da novela? Quais foram os maiores destaques?

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LEIA TAMBÉM:

Cheias de Charme transcende ao sucesso e vira fenômeno.




terça-feira, 25 de setembro de 2012

Blogueiro convidado: Aladim Miguel e a trilha sonora de “Cambalacho”



Desde semana passada, o “Novelão”, quadro do “Video Show” que vem fazendo muito sucesso entre os noveleiros de carteirinha, está exibindo a célebre “Cambalacho”, megassucesso de Sílvio de Abreu nos anos 80. A novela permanece como uma de minhas favoritas e o melão já publicou um texto sobre ela, que inclusive também faz parte da seleção  de textos para o livro, lançado em março desse ano.
Uma curiosidade é que a trilha sonora foi composta especialmente para a novela. Com isso, ajudou a contar a história a a revelar o perfil de alguns dos principais personagens da trama. Para comentar as canções, uma a uma, melão convocou novamente Aladim Miguel, o fã nº 0 de Lucélia Santos, noveleiro inveterado e especialista em tudo o que diz respeito aos anos 80. Portanto, preparem suas vitrolas e vamos relembrar todas as canções da trilha nacional de “Cambalacho”.


SEGUINDO A TRILHA: CAMBALACHO NACIONAL


 Palavra muito popular em 1986, quando a novela “Cambalacho” - um dos maiores sucessos audiência do grande Sílvio de Abreu para o horário das 7 – foi ao ar. Cambalacho significa: armação ou trambique, mas quase ninguém sabia da existência deste termo na época, porém depois de uma semana da novela no ar não saiu mais da boca do povão.
Vamos analisar a trilha sonora nacional – produção musical de Zé Rodrix - mais que original dessa novela que marcou demais a minha adolescência, quase furei o vinil, é isso ai mesmo, só existia em discos ou fita cassete Som Livre he he he... de tanto escutar, sabia todas as canções do inicio ao fim, essa semana com a volta de “Cambalacho” no novelão do “Vídeo Show”, editado pelo nosso amigo Raphael Machado, achei essa maravilhosa trilha sonora disponível para baixar na internet e pude me reencontrar com essas músicas inspiradíssimas. Agora siga a trilha de “Cambalacho” comigo e com o “Eu Prefiro Melão” – do querido amigo Vitor de Oliveira, que gentilmente cedeu esse espaço para esse post sobre uma de suas novelas preferidas.

PERIGOSA (Syndicatto) – O tema da perigosíssima Andréa Souza e Silva (um inesquecível desempenho de Natália do Valle), a música foi feita sob medida para as armações e vilanias dessa linda mulher, que como um trecho da música falava era a própria “elegância e ação, secreta ambição”. Matou o marido, seduziu cunhado, traiu a irmã e por ai foi...

Natália do Vale: diabólica como a vilã Andréa

Armando Eu Vou (Cida Moreira)  – Era o tema de ambientação para São Paulo, onde se desenvolvia toda a trama.  Os outdoors que mostravam as passagens do tempo eram o máximo, com um toque de placar de jogos de futebol diziam: “enquanto isso...” ou “amanheceu...” entre as cenas com essa música ao fundo. Foi também a trilha sonora do musical que encerrou a novela, com vários bailarinos vestidos com os figurinos de personagens da novela nas ruas de São Paulo. Ainda por cima música citava o nome da novela em sua letra: “Tô com ciúme de você. Cambalacho“. Um show!

Jerônimo (Germano Mathias) – A letra dessa malandra música é a própria narração da vida do armador Jerônimo Machado (o saudoso Gianfrancesco Guarnieri), o Gegê, o grande parceiro de Leonarda Furtado, a Naná - uma criação estupenda de Fernanda Montenegro - nos cambalachos.

Ótima dobradinha de Fernanda Montenegro e Giafrancesco Guarnieri
  
Parece Mais Não É (Carbono 14) – Essa música serviu de fundo para uma das maiores criações da telenovela brasileira, a inacreditável Albertina Pimenta ou Tina Pepper, como ela gostava de ser chamada (Regina Casé, que deitou e rolou com o grande personagem à altura de sua pegada de humor), uma espécie de clone paulista da cantora Tina Turner. A personagem odiava pobreza e detestava a vila em que morava, e os vizinhos, sabendo disso, viviam perturbando sua vida. Muito engraçada, a popular Tina roubou a cena geral e se tornou uma figura emblemática da trama, tanto que foi parar até no “Cassino do Chacrinha”!

Regina Casé e sua inesquecível Tina Pepper.
Estrela de Bastidor (Ângela Maria) – Responsável por momentos antológicos de humor na trama, a aspirante a cantora Lili Bolero (a saudosa Consuelo Leandro), matinha uma inveja eterna da “sapoti” Ângela Maria (responsável por seu tema na novela, aí está a grande sacada!), a quem acusava ser a culpada por sua carreira nunca ter “decolado”. Uma das cenas mais bacanas foi a reconciliação das duas cantando juntas essa música. Um show! Lili Bolero precisava brilhar, nem que seja para ela, como dizia a canção.

Consuelo Leandro: impagável como Lili Bolero

Vila Curiosa (Passoca) - Um dos núcleos mais populares foi o da Vila, onde os personagens pobres e mais divertidos da novela moravam. Toda semana tinha baixarias clássicas como vizinhos se pegando aos tapas na rua, discussões nas sacadas das janelas e outras situações inusitadas que o subúrbio produz.

Cambalacho (Walter Queiroz) – O que dizer dessa música? Simplesmente demais! Tinha uma sincronia perfeita com a abertura, que mostrava Fernanda Montenegro se passando por uma vidente com uma grande bola de cristal, afinal toda a concepção da abertura era produzida através de objetos redondos. O trecho da música “é tudo banana, olha eu acho que é tudo do mesmo cacho, é tudo farinha, olha eu acho que é tudo mesmo saco”, é sensacional e super atual!

Flavio Galvão era o ambicioso Athos
Filho da Cidade (Sergio Dias) – Athos (Flávio Galvão), o sobrinho mais canalha do Tio Biju (Emiliano Queiroz), foi o grande parceiro de Andréa Souza e Silva em suas trapaças. A canção falava que o personagem tinha esse comportamento por causa da sociedade injusta, o filho da cidade, era o que a cidade tinha feito dele, uma pessoa sem caráter e oportunista, um boneco nas mãos da vilã.

Só Eu Sei (Gillard) – Essa linda canção romântica serviu de pano de fundo para as incertezas da personagem Ana Machadão (Débora Bloch, uma gracinha de macacão sujo de graxa), uma menina que sofria preconceito pela sua profissão de mecânica, dai seu apelido. Era a grande inversão de profissões discutida pela novela, uma vez que ela se apaixona justamente por Tiago (Edson Celulari), que fazia balé e também sofria com esse tipo de preconceito.

A mecânica Ana Machadão e o baiularino Tiago (Edson Celulari): improvável romance
O Ganso Que Dança (Zona Sul) – Acompanhava as cenas de balé de Tiago (o excelente Edson Celulari). Nossa, como esse personagem aguentava barras duras, como ser rejeitado e deserdado pelo próprio pai, o milionário Antero Souza Filho (Mário Lago), por ser bailarino e não ser empresário como era o sonho do pai. A música também seguia o tom do preconceito “vai jogar bola amigo!” rs. rs. rs...

Jardins (A Voz do Brasil) – Outro cenário importantíssimo da novela era a academia e clinica de estética “Physical”, de propriedade da empresária e advogada Amanda (Susana Vieira, em um dos seus personagens mais simpáticos de sua carreira). Muito movimentado e frequentado por boa parte dos personagens da novela. Ganhou esse tema com um arranjo de solo de sax e um coral belíssimo. Super chique e estiloso como a academia, que tinha todas as cores vibrantes dos anos 80, só para se ter uma noção dos exageros, o uniforme dos funcionários era coral, uma cor super em alta nessa década.

Deus Nos Acuda (Fundo de Quintal) – Interpretado pelo Fundo de Quintal, um dos grupos mais tradicionais do samba carioca, o pagode de Naná e Gegê era uma delícia, e a sua letra mostrava a complicada relação entre um casal que brigava muito e mesmo assim não deixavam de ser parceiros, como em um grande jogo de futebol, assim também era a relação de companheirismo dos protagonistas da novela.

Rogério (Claudio Marzo) e Amanda (Susana Vieira): par romântico
Alguém Que Olhe Por Mim (Emílio Santiago) – Essa belíssima canção (uma versão de “Someone to watch over me”, clássico de George e Ira Gershwin) que teve a interpretação perfeita do grande Emílio, foi muito tocada na novela quando o advogado Rogério (Claudio Marzo), deu uma grande mancada em sua vida e se deixou envolver emocionalmente pela ardilosa cunhada Andréa e com isso jogou fora seu casamento estável de anos com Amanda. Arrependido e tentando a todo custo reconquistar a ex-mulher, depois de conhecer a verdadeira face de Andréa, ele sofreu muito ao som dessa canção, assim como Amanda. No final eles conseguiram se perdoar e reconstruir a relação de amor. Claudio, Susana e Natália formaram um triângulo amoroso familiar muito complicado, mas sensacional, graças ao talento do trio em cenas de tirar o fôlego.


“Cambalacho” esteve no ar de 10 de Março a 04 de Outubro de 1986, com 174 capítulos, na TV Globo. A direção ficou a cargo de Jorge Fernando.

Aladim Miguel
Setembro/ 2012.

Melão, eu e Aladim em dia de festa! 
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ARMANDO EU VOU, ARMANDO COM VOCÊ...





sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Titina Medeiros: a “brabuleta-revelação” de Cheias de Charme




Texto do Blogueiro convidado Márcio Adson

Titina Medeiros nasceu na minha cidade, Currais Novos/RN. Mas isto aconteceu apenas pelo fato de, na época, a maternidade de Acari/RN, cidade vizinha, distante aproximadamente 200km da capital do Estado, Natal, não estar funcionando. Lá ela foi criada e despertou para o lado artístico, ingressando na banda filarmônica. E se antes Acari era tida como a cidade mais limpa do Brasil, hoje em dia todos lembram dela como a cidade da Titina!!! A simpática atriz já era bastante conhecida no Rio Grande do Norte, onde faz parte de um dos principais grupos de teatro do Estado, o Clowns de Shakespeare, e por estrelar constantemente campanhas de marketing de uma loja de materiais de construção. Apesar dela já ter participado de um quadro no “Fantástico”, foi com a novela "Cheias de Charme" que o Brasil pode conhecer de fato e passar a admirar o grande talento dessa artista.

Socorro, classificada pelos autores, Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, como a quinta protagonista da novela, foi responsável pelas pitadas de vilania (um tanto quanto desastradas) da trama. A personagem, do cabelo ao figurino, é mais do que over, o que seria um risco para uma atriz inexperiente. Mas Titina domou os excessos e encontrou o tom certo, recebendo inúmeros elogios da crítica e o carinho do público.

Nascida em Sobradinho, a curica ostenta uma verdadeira obsessão pela grande estrela nascida na cidade, Chayene (Cláudia Abreu), que viria a se tornar a musa do eletro forró. Após passar como doméstica por quase todas as casas da novela, sem muito sucesso, Socorro atingiu seu objetivo: trabalhar na casa de Chayene, transformando-se em sua personal curica. Pronto, estava formada a melhor dupla da novela, responsável pelos momentos mais impagáveis da história. As duas se complementaram em suas loucuras, uma servindo de “escada” para outra, de modo que as duas brilhassem igualmente. A química entre elas foi tão forte que no período em que as duas ficaram separadas, para que Socorro pudesse plantar a semente da discórdia entre as Empreguetes, o público sentiu falta e pediu o retorno da empregada para a mansão rosa.

Ao longo da trajetória de Socorro, alguns momentos tornaram-se inesquecíveis. Toda a sequência em que a personagem realiza um falso show de Chayene na cidade de Sobradinho, é descoberta, sai correndo pelas ruas e dunas, até pular num rio repleto de piranhas, salvando-se triunfalmente ao som do antigo tema de abertura do "Fantástico", foi sensacional. Também não teve como segurar o riso quando a personagem deu por engano o famoso chá de ferra goela à Chayene, que, irritada, obrigou-a a tomar o chá também, ficando as duas com voz de pato! Não poderíamos deixar de falar do capítulo que rendeu o recorde de audiência à novela, no qual Socorro exagerou na dose e transformou uma briga que era pra ser de mentirinha com a famosa cantora, apenas para impressionar as Empreguetes, num hilário arranca rabo na loja de seu Messias (Edney Giovenazzi), com direito a banho de farinha, ovos e tudo mais.

Socorro, impagável como Lady Praga
Já nos aproximamos da reta final de "Cheias de Charme" e, sem dúvida, podemos reconhecer que Titina Medeiros foi a grande revelação da novela. Pelas declarações dela, já sabemos que ela retornará à Natal para dar continuidade ao trabalho com seu grupo de teatro. Mas o Brasil que a conheceu como Socorro já torce para vê-la em outros trabalhos na telinha o mais breve possível!

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Marcio Adson é potiguar, de Currais Novos (tá vendo, já temos uma sucursal no Rio Grande do Norte) e curico fã de carteirinha de Chay, Socorro e das Empreguetes da novela “Cheias de Charme”. Noveleiro apaixonado, sempre com comentários inteligentes em diversos grupos de discussão, Marcio foi um dos finalistas do “Video Game”, quadro do Video Show apresentado por Angélica  em 2009. Volte sempre, curico! Melão está sempre de braços abertos pra você. 


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