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quarta-feira, 7 de março de 2012

DEU A LOUCA NAS NOVELAS – EDIÇÃO 2



Lembram daquele divertido post de Júnior Sousa propondo um troca-troca de autores das novelas “Cama de gato”, Caras e Bocas” e “Viver a Vida”? Pois ele está de volta propondo mais uma brincadeira, só que com as novelas “A vida da Gente”, “Aquele beijo” e “Fina Estampa”. Com uma imaginação fértil, Juninho, que é professor e roteirista, nos brinda com mais uma edição dessa brincadeira. O que aconteceria se Lícia Manzo, Miguel Falabella e Aguinaldo Silva assumissem um a novela do outro com seus respectivos estilos? Eis a resposta:


A VIDA DA GENTE - escrita por Aguinaldo Silva

Ana se revolta quando vê Rodrigo com Manuela e parte pra cima da irmã no meio da rua. Alice é convidada para ser uma dançarina de grupo de pagode e esconde isso dos pais. A polícia leva Manuela e Ana para a delegacia. Manuela envenena Júlia contra Ana. Iná ensaia um Grupo da Melhor Idade para o Grupo de Carnaval de Gramado. Ana planeja roubar Júlia e fugir com a filha. Eva diz a Ana que no dia de seu parto, colocou uma peruca loira, trocou os bebês na maternidade e que sua verdadeira filha está com uma família desconhecida.

AQUELE BEIJO - escrita por Lícia Manzo

Maruschka entra em depressão por causa de Alberto, não come, não dorme, não vai para a Comprare. Belezinha descobre que tem leucemia e a mãe lhe aconselha a não contar para Agenor. Cláudia sofre um acidente de moto e perde a memória. Lucena comemora. Rubinho e Vicente se compadecem por Cláudia. Belezinha, leucêmica, esconde a gravidez da mãe. Grace Kelly reflete sua vida com Eveva. Todos se unem para ajudar Cláudia a "recomeçar". Quatro anos depois, Cláudia recobra a memória e entende que é casada com Vicente para desespero de Rubinho.

FINA ESTAMPA - escrita por Miguel Falabella

Tereza Cristina ameaça Griselda, mas não passa disso. Teodora ameaça Griselda, mas não passa disso. Crô é hostilizado na rua e dá uma lição de moral filosófica em todos. Tereza Cristina se apaixona por Pereirinha e esquece as maldades (Miguel Falabella narra a redenção da personagem dizendo que na vida todo mundo tem uma chance para se regenerar ).  Solange vence a eliminatória do concurso Miss Jardim Oceânico para a alegria de Celeste. Com medo de hackearem sua fortuna, Griselda retira todo seu dinheiro do banco, guarda numa mala dourada, mas a mala some misteriosamente e todos querem achá-la.


E então, gostaram? Obrigado, Juninho! Volte sempre que quiser aqui no melão!

Junior Sousa e eu
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Blogueiros convidados: Júnior de Souza e Fernando Shimada!


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Quando o vilão são as circunstâncias


Ana (Fernanda Vasconcellos) e Manuela (Marjorie Estiano) dividindo opiniões em "A vida da Gente"

Independente de números de audiência sempre ingratos para o horário das seis, principalmente em época de horário de verão, “A vida da gente” vem tendo uma enorme repercussão desde seu início, causando verdadeiro frisson nas redes sociais durante sua exibição e promovendo um constante fórum de discussão digno de novela de horário nobre. Muito dessa repercussão se deve ao seu mote fortíssimo, no qual os papéis dramáticos aos quais estamos tão acostumados, não estão claramente delineados. Como bem já apontaram Patricia Kogut  e Nilson Xavier em seus respectivos artigos, “A vida da gente” é uma novela sem vilões. Não se trata do eterno (e muitas vezes cansativo) embate entre o bem e o mal. Mas como uma novela consegue manter a ação constante e os conflitos sem que tenha um grande agente provocador?

O fato de não existir esse personagem capaz de alterar os rumos da trama não significa que essa trama não seja alterada. O grande vilão de “A vida da gente” são as circunstâncias que fizeram com que a protagonista Ana (Fernanda Vasconcellos) ficasse em coma por quatro anos e quando despertasse, percebesse que o grande amor de sua vida, Rodrigo (Rafael Cardoso), está casado com sua irmã Manuela (Marjorie Estiano), criando com ela a sua filha Julia (Jesuela Moro). Para Ana, é como se ela tivesse dormido em um dia e acordado no outro, mas nesse longo período, o amor entre Manuela e Rodrigo foi aflorando e se construindo aos poucos, sem que se dessem conta. Ou seja, os três são as vítimas do destino e do “tempo, tempo, tempo, tempo” e sua ação transformadora. E antes que alguém argumente que a mãe das moças, a problemática Eva (Ana Beatriz Nogueira) ou a obsessiva treinadora Vitória (Gisele Fróes) possuem a má índole necessária para serem consideradas vilãs, discordo em considerá-las como tal. Além de serem personagens pra lá de complexas, com qualidades e (muitos) defeitos, não se mede um vilão pelo grau de maldade do personagem, mas por sua atuação negativa e efetiva na vida do protagonista. E ambas as personagens não possuem força suficiente para tal.

Camila (Carolina Dieckmann) em cena marcante de "Laços de Família"

Hoje em dia o público está muito acostumado com essa dualidade bem X mal, mas a história da telenovela já provou que é possível sim criar tramas impactantes e envolventes sem que haja esse embate entre bons e maus. Manoel Carlos é mestre em provocar emoções e gerar discussões que vão além desse simplismo. Em “Laços de Família” (2000), por exemplo, a grande vilã era a leucemia que acometeu a jovem Camila (Carolina Dieckmann) e desencadeou vários conflitos passados e presentes, obrigou a mãe Helena (Vera Fischer) a revelar quem era seu verdadeiro pai, Pedro (José Mayer) a obrigando a se envolver novamente com ele para engravidar e tentar salvar a filha. Lógico que essa reaproximação gerou a maioria dos conflitos  da novela. Em “Viver a Vida”, também de Maneco, o vilão foi o acidente sofrido por Luciana (Alinne Moraes) que a tornou tetraplégica e transformou a vida de todos a sua volta.

Lucinha (Betty Faria) e Carlão (Francisco Cuoco) em "Pecado capital"

Um exemplo das antigas é a clássica “Pecado capital” (1975), de Janete Clair, mestra desde sempre a criar mocinhos que fogem ao modelo de perfeição, ao contrário do que muitos acreditam como, por exemplo, Cristiano Vilhena de “Selva de Pedra” ou Herculano Quintanilha de “O astro”. Em “Pecado Capital” temos um bom exemplo dessa ausência de maniqueísmo. Na saga de Carlão (Francisco Cuoco) que acha uma mala cheia de dinheiro em seu táxi, não há nenhum personagem com mais força para desestabilizar seu mundo do que sua própria ambição, que o fez perder seu grande amor Lucinha (Betty Faria) para o empresário Salviano (Lima Duarte) e ainda lhe custou a própria vida.

Costuireiros rivais de "Ti Ti Ti"
Na primeira versão de “Ti Ti Ti” (1985), também não havia vilão. A trama era focada na rivalidade entre os costureiros Jacques L’eclair (Reginaldo Faria) e Victor Valentim (Luiz Gustavo).  Embora a trama de Cassiano Gabus Mendes nos criasse a tendência a torcer mais pelo elo mais fraco dessa batalha, no caso, Valentim, seu oponente não era necessariamente um vilão. Ao contrário, dois anti-heróis maravilhosamente construídos em que o grande mote não era o bem vencer o mal, mas até onde iria essa batalha com ares cômicos e épicos.

Ana (Cassia Kiss) e Clara (Claudia Abreu)

Em “Barriga de Aluguel” (1990), reprisada atualmente pelo Canal Viva, também não há um antagonista criando mil planos diabólicos para derrotar os mocinhos. Aqui a autora Gloria Perez introduziu um mote tão polêmico quanto rico ao questionar sobre a verdadeira maternidade de uma criança: quem doou o óvulo ou quem a gerou? Os argumentos foram apresentados no decorrer da novela e o público refletia sobre quem tinha direito à criança. Não houve uma resposta pronta e nem uma solução fácil, como a própria vida.

Portanto, mesmo que não seja uma novidade a ausência de vilania em “A vida da gente”, ela é extremamente bem vinda nesse atual momento de nossa teledramaturgia em que o telespectador, muitas vezes, não é levado a pensar, nem provocado com temas realmente relevantes. Não há uma resposta sobre quem tem razão, Ana ou Manuela. Ambas têm suas motivações, ambas foram vítimas das circunstâncias e é justamente isso que vem causando tamanha comoção por parte do público, bem como torcidas acaloradas para as duas. A autora Lícia Manzo e sua equipe estão sabendo desenrolar com maestria, a cada capítulo, novos fios de um novelo que está longe de ser facilmente desembaraçado. Nesse emaranhado, nada é simples ou raso e tudo pode mudar de acordo com o ponto de vista. Assim como a vida da gente.

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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Em 2011, o melão preferiu...


Ø  HORÁRIO ENCANTADO




ü  O horário das seis trouxe duas excelentes novelas. A primeira delas, “Cordel Encantado”, foi um sopro de criatividade ao unir, de forma genial, dois universos aparentemente distintos: o cangaço do sertão e a corte europeia. As autoras Duca Rachid e Thelma Guedes construíram um conto de fadas romântico, mas ao mesmo tempo irreverente e sedutor, com a cara do Brasil. Com elenco afiadíssimo e direção primorosa, o resultado não podia ser outro: a novela caiu nas graças do público e deixou saudades.



ü  Depois do desbunde visual e criativo de “Cordel Encantado”, veio “A vida da gente”, da estreante Lícia Manzo com a difícil missão de manter o sucesso de sua antecessora e conseguiu. Ao contrário da despretensão de “Cordel Encantado”, o que temos visto é um novelão dos bons, sério, denso, incomum para o horário, digno de novela do horário nobre. A trama adulta e a ausência de núcleos cômicos e vilões caricatos, tão típicos do horário, não foram empecilhos para que a novela caísse no gosto popular. Com um texto primoroso, uma trama apaixonante e um trio de excelentes jovens protagonistas que vem dando um show a cada capítulo, a novela vem ganhando elogios desde sua estreia. Destaque também para as irrepreensíveis atuações de Ana Beatriz Nogueira, Gisele Froes e Nicete Bruno. Enfim, uma novela que não menospreza a inteligência do espectador e surpreende a casa capítulo, fugindo do maniqueísmo e de soluções fáceis ao contar a trama do jovem dividido entre duas irmãs. Dá gosto de ver.


Ø  AGORA É QUE SÃO ELES, OS VILÕES

Gabriel Braga Nunes, que deu vida ao maquiavélico Léo de "Insensato Coração"

Pedindo licença pra usar o título do blog amigo, mas em matéria de vilania, esse ano foi dos homens. Em “O astro”, tivemos atuações magistrais de Marco Ricca e Humberto Martins, que como Samir e Neco, fizeram de tudo para infernizar a vida de Herculano Quintanilha, mas que divertiu o público com altas doses de ironia e sarcasmo; em “Fina Estampa”, Alexandre Nero chega a dar raiva de tão asqueroso é seu Baltazar; e em “Insensato Coração”, Gabriel Braga Nunes simplesmente arrasou como o charmoso, cínico e dissimulado Léo, um personagem cheio de nuances que o ator soube defender de forma genial.

Ø  RAINHAS DO DRAMA



ü  Se por outro lado, os homens arrasaram na vilania, as mulheres arrasaram no quesito “drama”. Intensas, apaixonadas, loucas... elas ultrapassaram o limite do bem e do mal e se mostraram assustadoramente humanas e ricas dramaturgicamente. E nesse carrossel de emoções, ninguém superou Clô Hayalla. Passional ao extremo, Clô Hayalla mudava de temperamento de acordo com seu penteado e só mesmo uma atriz com o talento “monstro” de Regina Duarte seria capaz de interpretá-la. Inteligentíssima, La Duarte imprimiu uma marca tão forte que não conseguimos imaginar outra Clô se não a dela. Na contramão dessas emoções, Rosamaria Murtinho fez um contraponto perfeito com Regina e, dentro da contenção de gestos e sentimentos da sofrida Tia Magda, a atriz foi absolutamente soberba, emocionando o público com uma precisão milimétrica. As sequências finais de sua personagem conseguiram arrancar lágrimas de todos, não só pela bela maneira com a qual interpretou o texto, mas também pela coragem de se mostrar de cara limpa. Foi, sem dúvida, o melhor papel de Rosamaria em anos.



ü  Também não posso deixar de mencionar as incríveis atuações de Cássia Kis Magro, que fez de sua mãe coragem a razão de ser de “Morde &Assopra”, comédia das sete em que, ironicamente, o drama roubou todas as cenas.



ü  E o que dizer do “Insensato Coração” de Norma (Gloria Pires)? Para muitos, o grande motivo para se assistir à novela. Uma personagem que foi sendo construída no decorrer da novela com maestria pelos autores e que propiciou mais um show de interpretação de Gloria Pires. Mesmo com atitudes pra lá de questionáveis, o público se apaixonou por Norma e torceu por ela até o fim. Nem santa, nem megera, mas sim uma vítima das circunstâncias. Uma das cenas que mais definiu a enorme dimensão humana da personagem foi a da morte de Teodoro (Tarcisio Meira), quando Norma se arrepende do que fez e chora desesperada no leito de morte do marido. O desfecho trágico de Norma era inevitável, mas mesmo assim Norma conseguiu se vingar de Léo (Gabriel Braga Nunes), seu grande objetivo na trama. Mais um grande momento de Gloria Pires, colecionadora de inesquecíveis personagens em nossa tevê.

ü  E por fim, um duelo de peso em “A vida da gente”, entre duas mulheres fortes, dominadoras, determinadas e, por vezes, muito cruéis: Eva e Vitória, vividas respectivamente por Ana Beatriz Nogueira e Gisele Fróes. E aqui também há um contraponto interessante, pois enquanto a loucura e a obsessão de uma é totalmente motivada pelo amor, a outra age com uma frieza e aparente total ausência de sentimentos. Personagens complexos defendidos com garra por duas grandes atrizes.

Ø  LILIA, A CAMALEÔNICA


Já virou praxe por aqui destacar o talento de Lilia Cabral. Quem diria que a romântica e feminina Mercedes da série “Divã” e a masculinizada e lutadora Griselda de “Fina Estampa” podem ser vividas por uma mesma atriz? Pois Lília é dessas atrizes raras, que transitam em qualquer universo e desempenham lindamente papéis diametralmente opostos. E depois de quase três décadas de carreira televisiva e ótimos serviços prestados, Lilia finalmente chegou ao patamar que merece: o posto de protagonista absoluta do horário nobre. E isso é motivo o suficiente para comemorar. Que venham muitas outras heroínas. E viva o talento reconhecido!



Ø  HUMOR EM DOSE DUPLA



ü  No quesito humor, parece que esse foi o ano das duplas. Destaco, pelo menos, três, que me divertiram bastante no decorrer do ano. Janete e Valéria, vividas pelos impagáveis e talentosíssimos amigos Thalita Carauta e Rodrigo Sant’anna, donos absolutos da cena do “Zorra Total”, que conseguiram a proeza de despertar gargalhadas gerais, das classes A a E, não tem quem não tenha rido e admirado essa dupla em 2011. Sei que é só o começo, pois talento os dois têm de sobra.



ü  Outra dupla que me divertiu demais até antes de entrarem em cena (porque quando lia os capítulos, já os imaginava encenando e ria sozinho aqui em casa) foram os divertidíssimos Cleiton e Pablo, vividos pelos queridos Frank Menezes e Pablo Sanábio, que fizeram misérias no salão “Penha Fashion” e sempre quebravam o constante clima de tensão de “O astro”. A cada aparição da dupla, uma enxurrada de elogios no Twitter. Juntos ou separados, espero ainda rir e me emocionar com os dois por muitos e muitos anos.



ü  Por fim, Sueli (Andrea Beltrão) e Fátima (Fernanda Torres) abusaram do humor popular de “Tapas e Beijos” e conquistaram o público. O talento dessas duas não é novidade pra ninguém, mas vamos combinar que juntas foram sensacionais, sobretudo La Beltrão, que foi além da graça e soube humanizar Sueli na dose certa, fazendo com que todos torcessem por ela. Grande atriz de múltiplos recursos. E que venha a segunda temporada.

Ø  E O PRÊMIO “COMO NÃO AMAR?” VAI PARA...



A impagável Tia Neném, vivida por Ana Lúcia Torre? Escalada apenas para a primeira parte de “Insensato Coração”, a personagem caiu nas graças do público e seguiu até o fim. Fofoqueira, interesseira, maldosa, hipocondríaca e dissimulada, Tia Neném praticava pequenas maldades em proveito próprio. Uma intriguinha aqui, outra ali e pronto: o circo já pegava fogo e ela assistia a tudo de camarote. A mais completa tradução do ditado “parente é serpente”. Quem não tem ou não conhece uma tia Neném?

Ø  HOT, HOT, HOT...



Nesse quesito, sorry, não tem pra ninguém: só deu “O astro”, que trouxe de volta as cenas quentes que estavámos acostumados a ver nas novelas nos ótimos tempos pré-politicamente corretos. É fato que chocou alguns adolescentes caretas que não foram acostumados a isso (esses moços, pobres moços...), mas que agradou a maioria e matou a saudade dos tempos em que as novelas tinham mais liberdade. Vários casais protagonizaram ótimas cenas como as fantasias sexuais de Neco e Beatriz (Humberto Martins e Guilhermina Guinle); o tigrão Samir e sua coelhinha Valéria (Marco Ricca e o furacão Ellen Rocche) e o amor por muitas vezes voraz e desesperado de Márcio e Lili (Thiago Fragoso e Alinne Moraes). Mas nenhum casal mexeu tanto com nossos hormônios como Herculano e Amanda (Rodrigo Lombardi e Carolina Ferraz). Há tempos não tínhamos um casal protagonista com uma química tão forte, que já se manifestava no olhar. E foram tantas cenas fantásticas ao som de “Easy”, que vai ser impossível ouvir a canção sem se lembrar dos dois.

Ø  VALE A PENA VER E REVER DE NOVO

E no campo das reprises, o Canal Viva continua reinando absoluto. Um prazer ímpar rever minisséries de minha memória afetiva como “Anos Dourados” e “Anos Rebeldes” e também que ainda faziam parte de minha memória recente como “Labirinto”. O fenômeno “Vale Tudo” deu lugar a “Roque Santeiro” sem a mesma força, mas com grande entusiasmo. Foi bom também rever “Vamp” e, mesmo constatando que a novela ficou datada e que a trama não era tão boa assim, é sempre divertido revisitar o passado e relembrar uma novela que conquistou pelo inusitado. E pra melhorar, ainda reprisam “Top Model”, essa sim com uma trama maravilhosa e envolvente até hoje (o bom e velho melodrama é mesmo a base de tudo). E que maravilha ver Malu Mader no auge da beleza, Maria Zilda com seu habitual tipo femme fatale e Zezé Polessa como uma espécie de Zelda Scott balzaquiana. E o melhor elenco adolescente que uma novela já teve com destaque para Gabriela Duarte, Carol machado, Rodrigo Penna, Marcelo Faria e Adriana Esteves no auge da puberdade. Estou voltando no tempo, meus pelos pubianos até estão crescendo novamente... (risos).

Ø  ENQUANTO ISSO, NA TV FECHADA...



Não perco um episódio de “Oscar Freire 279”, o endereço mais bafônico de Sampa. A série do Multishow, escrita por Antonia Pellegrino e Julia Spadaccini, dirigida por Márcia Faria, consegue driblar o baixo orçamento e garantir ótimos momentos, fugindo de clichês ao contar a história de Dora (a ótima Livia de Bueno), jovem arquiteta que vai pra São Paulo se tornar florista e acaba virando garota de programa. Sem julgar e nem fazer apologia, a série se passa quase que inteiramente em um único cenário, onde se desenrolam os dramas dos personagens e cenas pra lá de calientes. Destaque para Maria Ribeiro, ótima como a garota de programa experiente, espécie de mentora de Dora e, nos episódios mais recentes, quem brilhou foi a excelente Carla Ribas, no papel de Cíntia, mãe de Dora, uma espécie de “desperate housewife” que se redescobre no endereço em questão. A série continua em 2012 e a julgar pelos ótimos ganchos que fecham cada episódio, ainda promete muitos acontecimentos surpreendentes.

Ø  MINHA PEDRA É AMETISTA!


    Por motivos óbvios, sei que sou totalmente parcial sempre que falo de “O astro”, mas como esse blog é subjetivo mesmo e também não estou sozinho nos elogios, me sinto mais que à vontade para destacar esse projeto, que é mais do que especial em minha vida. Além de colaborador, também fui, de certa forma, espectador, pois sempre que recebia a escaleta ou o capítulo pronto dos autores, vibrava com cada cena, com cada gancho e, como qualquer telespectador, ficava ansioso pelos próximos acontecimentos. A novela das onze trouxe de volta o bom e velho gancho, imprimiu um novo ritmo (que causou certa estranheza), mas manteve o texto no melhor estilo folhetinesco e melodramático. Os autores, Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, foram absolutamente fiéis ao estilo apaixonado e apaixonante da mestra Janete Clair e tenho certeza de que, mesmo se não estivesse envolvido no projeto, seria um espectador fervoroso. Seria deselegante destacar alguma atuação do elenco e também injusto, pois todos estiveram ótimos. Por isso, destaco três cenas que me levaram às lágrimas: imagens da maravilhosa Dina Sfat, a Amanda da versão original, quando Ferragus (Francisco Cuoco) se lembra de um grande amor do passado, o velório de Natal (Antonio Calloni) e a morte de Jôse (Fernanda Rodrigues). Pra mim, três momentos, dentre tantos inesquecíveis, que merecem entrar para a antologia das grandes cenas das telenovelas de todos os tempos. Já estou morrendo de saudades e, para sempre, minha pedra será ametista!

Jôse (Fernanda Rodrigues) no leito de morte: emoção à flor da pele.


O velório de Natal emocionou o público e o elenco

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Agora, o melão quer saber? O que vocês preferiram em 2011?

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Em 2009, eu preferi....






quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Melão Express: Rapidinhas, mas saborosas – ed. 17


Ø  A VIDA DA GENTE: “UMA AUTÊNTICA NOVELA DAS OITO”


Já com um certo atraso, venho render todos os elogios à Licia Manzo, Marcos Bernstein e toda a equipe de roteiristas pelo maravilhoso texto de “A vida da gente”. É um alívio constatar que o horário das seis, cujas tramas costumam ser bastante infantilizadas em virtude do público flutuante e variado do horário, também pode contar com uma trama séria e adulta. Um autêntico novelão, digno de horário nobre, com direção sensível de Jayme Monjardim e brilhantes atuações do jovem trio de protagonistas, sobretudo Rafael Cardoso, uma grata surpresa. Não posso deixar de mencionar a arrasadora atuação de Ana Beatriz Nogueira, visceral e entregue à loucura de sua personagem Eva. Nicete Bruno, Maria Eduarda, Stenio Garcia e Gisele Fróes também brilham intensamente. Os entrechos dramáticos não são nada óbvios e a autora sempre foge dos clichês, construindo personagens críveis e consistentes. Quem disse que não se pode fazer melodrama e ser surpreendente ao mesmo tempo? Nasce uma novelista de mão cheia. Parabéns, Lícia!

Ø  “AQUELE BEIJO” E “FINA ESTAMPA” CONFIRMAM O ATUAL BOM MOMENTO DA TELEDRAMATURGIA.


Além de “A vida da gente”, garantia de qualidade na atual safra de novelas globais, as outras duas representantes também garantem bons momentos. Em “Aquele beijo”, Miguel Falabella consegue se manter absolutamente fiel ao seu estilo kitsch, com humor altamente irônico e inteligente, mas não deixando de lado o tradicional romantismo, indispensável a qualquer folhetim. Sua narração, além de extremamente simpática, é inteligente e nunca nos descreve o óbvio.  A trama é redondinha e o elenco está super à vontade, já que seus personagens feitos sob medida permitem que sejam exploradas ao máximo suas potencialidades. E como é bom um texto de humor que não menospreza a inteligência do espectador. Garantia de diversão.


E apesar das críticas, “Fina Estampa” vem alcançando índices de audiência há muito tempo não vistos no horário. Qual o segredo? Tenho, pelo menos, três palpites: a trama da mãe coragem, que continua conquistando o espectador; a capacidade do autor Aguinaldo Silva de se comunicar com o público de maneira fácil e direta; e o enorme talento e carisma da camaleônica Lília Cabral, que em pouco tempo, já fez todo o país admirar e torcer por sua Griselda. Mais um gol de placa de Aguinaldo. “Fina Estampa” é, sem dúvida, um grande sucesso popular.

Ø  ENQUANTO ISSO, NAS REPRISES...


... também vamos muito bem com “Mulheres de Areia”, no “Vale a pena ver de novo”. A saga das gêmeas Ruth e Raquel, vividas magistralmente por Gloria Pires, mostra que não envelheceu e, apesar do entrecho rocambolesco, ainda tem fôlego para conquistar mais gerações de espectadores, graças à habilidade de Ivani Ribeiro em lidar com os ingredientes clássicos do folhetim como a questão da identidade e do duplo. A produção, de 1993 e o texto setentista apresentam alguns aspectos datados como o fato de Joel (Evandro Mesquita) ter vergonha de assumir o romance com Tonia (Andrea Beltrão) pelo fato dela falar palavrão (!) ou os comentários acerca do comportamento de Malu (Viviane Pasmanter), como por exemplo: “isso é que dá desobedecer”. No entanto, nada disso tira o brilho da novela, que ainda consegue prender o espectador para o capítulo seguinte. “Mulheres de Areia” é daquelas histórias atemporais que sempre agradam, não importa a época em que é exibida.


O mesmo não se pode dizer de “Vamp” (1991). Na minha adolescência fui um “vampmaníaco”. Acompanhei religiosamente, comprei todos os LP’s e também o álbum de figurinhas. “Vamp” foi uma verdadeira febre na época em que foi exibida pela primeira vez, afinal era a primeira vez que o humor besteirol e nonsense presente em “Armação Ilimitada” e “Tv Pirata” rompia os limites da tradicional telenovela. Personagens como Vlad (Ney Latorraca em estado de graça), Natasha (Claudia Ohana), Mary e Matoso (Patricia Travassos e Otavio Augusto) atingiram, na época, altos índices de popularidade e os efeitos especiais eram uma super novidade. Hoje em dia os efeitos são risíveis, a trama apresenta sérias fragilidades e o texto nem sempre bate um bolão. Tirando a curiosidade de rever atores novinhos em início de carreira como Fabio Assunção, Bel Kutner, Fernanda Rodrigues e o trio de atuais diretores Fred Mayrink, Amora Mautner e Pedro Vasconcellos, a trama não oferece grandes atrativos para o público atual e nem mesmo para o espectador daquela época. Confesso que recebi com grande entusiasmo quando o Viva anunciou a reprise, mas infelizmente “Vamp” envelheceu e, ao contrário de “Mulheres de Areia”, é uma novela datada.


Já “Labirinto”, deliciosa minissérie de 1998 de Gilberto Braga, mesmo em menor escala, herdou alguns espectadores que acompanhavam as tramas de “Vale Tudo” e “O astro” pelo twitter e garante a diversão do final de noite. O texto afiado e as ótimas atuações do elenco feminino (Malu Mader, Betty Faria, Alice Borges e Isabela Garcia, principalmente) são motivos de elogios constantes dos twitteiros. Mas o que chama mais atenção é que, nos tempos caretas de hoje, a minissérie soa absolutamente ousada com cenas quentíssima de sexo e palavrões o tempo todo. E pensar que muitos adolescentes consideravam o remake de “O astro” pesado demais. Esses moços, pobres moços...

Ø  THALITA CARAUTA: REVELAÇÃO DO ANO


Por fim, não posso deixar de dar meus efusivos parabéns à minha querida amiga Thalita Carauta pelo merecidíssimo prêmio de “Revelação Feminina do ano” pelo Jornal Extra. Pra mim, soa até meio absurdo considerar Thalita uma revelação, uma vez que seu talento já pode ser comprovado há anos nos palcos e nas telas. Mas sua Janete, juntamente com a hilariante Valéria de Rodrigo Sant’anna conseguiu o feito de se tornar uma unanimidade no ultrapopular “Zorra Total” que, pela primeira vez, consegue alcançar todas as classes sociais. O grande público está reconhecendo o enorme talento de Thalita, mas encho feliz a boca para dizer aos quatro ventos: EU JÁ SABIA! Parabéns, Thalita, você merece. Isso é só o começo!
  

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