quarta-feira, 27 de julho de 2011

Blogueiro convidado: Vinícius Sylvestre relembra "O bem amado"


Um teatrólogo e o seu “Bem Amando”
Por Vinícius Roberto Sylvestre

Como fã incondicional das telenovelas de décadas como as de 70 e 80, sempre tive uma grande inquietação e euforia ao assistir trechos exibidas nos “Videos Shows” e “Youtubes” da vida. Graças à generosidade de alguns amigos noveleiros como eu, consegui a coleção de algumas tramas global, dentre essas a surrealista, “O Bem Amado”, de autoria do inesquecível Alfredo de Freitas Dias Gomes, ou popularmente conhecido como: Dias Gomes. Gostaria de compartilhar minhas memórias sobre essa trama com os leitores do Melão.

O ano era o de 1973, quando muitos acontecimentos de relevante importância marcavam aquela época: no Brasil estreava a primeira novela a cores, diga-se de passagem, transmitida no horário das 22:00 h. A supervisão e direção ficaram nas mãos dos já consagrados Daniel Filho e do saudoso Régis Cardoso.

Carlos Dolabella, Milton Moraes e Régis Cardoso em cena de "O espigão"
Naquela época, Dias Gomes já era um autor de teatro e de televisão importantíssimo a favor da cultura brasileira, tendo emplacado sucessos na TV como: A Ponte dos Suspiros (1969); Verão Vermelho (1970); Assim na Terra como no Céu (1970/1971); Bandeira 2 (1971/1972). Todas produzidas e transmitidas pela Rede Globo de televisão.
A base da novela “O Bem Amado” era, sob o pretexto de narrar o cotidiano da população de uma cidade fictícia no litoral baiano, o autor satirizava, com humor e senso crítico, o Brasil da ditadura militar. Polêmico por suas obras, naquele ano, Dias Gomes trazia os atores Paulo Gracindo e Lima Duarte em antológicas interpretações: o primeiro como coronel que vira prefeito, de nome Odorico Paraguaçu; e o segundo como seu algoz eterno, o pistoleiro jeca Zeca Diabo.

Paulo Gracindo como Odorico Paraguaçu e Lima Duarte como Zeca Diabo

Sucupira não tem onde enterrar os seus mortos, tendo que recorrer às cidades vizinhas, a três léguas de distância. Com o slogan “Vote em um homem sério e ganhe um cemitério”, Odorico Paraguaçu se elege prefeito, prometendo realizar a obra que devolverá a dignidade ao povo. O grande “entretanto” – como diria o prefeito –  é que, uma vez concluídas as obras, ninguém mais morre na cidadezinha. A situação deixa Odorico furioso. Sem defunto, não é possível inaugurar o cemitério, coroando de êxito sua administração. Mas, se ninguém morre, não há defunto, já que “o falecimento é condição sine qua non do estado “defuntício”, nas palavras de Odorico. A partir deste fato dá-se o desenrolar dessa fantástica história.

Um quarteto amoroso de destaque na trama é formado por Odorico Paraguaçu, Dorotéia (Ida Gomes), Dulcinéia (Dorinha Durval) e Judicéia (Dirce Migliaccio), mais conhecidas como as irmãs Cajazeiras, suas maiores aliadas. Dorotéia é a mais velha, líder na Câmara de Vereadores da cidade. Dulcinéia, a do meio, é seduzida pelo prefeito. E Judicéia é a mais nova – e mais espevitada. São três solteironas avessas a imoralidades – pelo menos em público, já que Odorico sempre aparecia de noite para tomar um “licor de jenipapo”...


Para relembrar: uma cena da novela O Bem Amado, de Dias Gomes, com Paulo Gracindo (inesquecível), na pele do prefeito Odorico, cercado das irmãs Cajazeiras.

De outro, tem que lutar com a forte oposição liderada pela delegada de polícia Donana Medrado (Zilka Salaberry), que conta com o dentista Lulu Gouvêia (Lutero Luiz), inimigo mortal do prefeito e líder da oposição na Câmara – atracando-se constantemente com Dorotéia no plenário. E ainda com o jornalista Neco Pedreira (Carlos Eduardo Dolabella), dono do jornal local, A Trombeta. O meio-termo se fazia com a presença de Nezinho do Jegue (Wilson Aguiar), defensor fervoroso de Odorico quando sóbrio, e principal acusador, quando bêbado.

Maquiavelicamente, o prefeito arma tramas para que morra alguém, sendo sempre mal sucedido. Nem as diversas tentativas de suicídio do farmacêutico Libório (Arnaldo Weiss), um tiroteio na praça e um crime lhe proporcionam a realização do sonho. Para obter êxito, Odorico traz de volta a Sucupira um filho da terra: Zeca Diabo, um pistoleiro redimido, que recebe a missão de matar alguém para a inauguração do cemitério.

Como se não bastasse, Odorico ainda tem que enfrentar os desaforos de Juarez Leão (Jardel Filho), médico personalístico da oposição, que se envolve com sua filha Telma (Sandra Bréa) e faz um bom trabalho em Sucupira, salvando vidas – para desespero de Odorico.

Ao final, uma irônica surpresa: Zeca Diabo, revoltado, mata Odorico, que, finalmente, inaugura o cemitério!


Outro personagem de destaque na trama é Dirceu Borboleta (Emiliano Queiroz), o secretário pessoal de Odorico, que é tão tímido que parece que jamais deixará sua coleção de borboletas para se casar com Dulcinéia Cazajeira. Mais tarde, a senhorita engravida de Odorico, e se casa com Dirceu, que acredita ser o pai da criança. Trata-se de um rapaz ingênuo, que alterna ataques de fúria com momentos de mansidão. Trabalha na prefeitura e dedica fidelidade canina a Odorico, a quem ama como a um pai, embora seja tratado como um capacho.

O secretário Dirceu Borboleta

A cena mais comentada e lembrada é a do pescador Zelão das Asas (Milton Gonçalves) sobe no alto da torre da igreja. A imagem congela e a voz de um narrador diz: “Aqui, a nossa história pára, pois tudo o que sabemos daí em diante é de ouvir contar. Não é que a gente não acredite, pois caso um dia você vá a Sucupira vai ver que lá ninguém duvida.” A cena volta a ganhar movimento. Zelão faz o sinal da cruz e, diante dos rostos pasmos dos moradores de Sucupira, se atira do alto da igreja. Todos murmuram entre si que ele está voando, e uma tomada do alto mostra o ponto de vista de Zelão planando sobre a praça. A voz narra, então, retorna: “E Zelão voou. Se você duvida, é um homem sem fé”.

Zelão e suas asas

Ao assistir essa novela tão brasileira e cheia de nuances interessantíssimas, do folclore e cultura brasileira, posso afirmar: Que mesmo não gostando de televisão, Dias Gomes se tornou um dos principais responsáveis pelo sucesso do veículo e é considerado um dos seus melhores autores. Há quem não goste, que prefira uma trama repleta de cenas de romance, ou com guinadas de ação, sem ter oportunidade de respirar um pouco diante da telinha, mas eu admiro muito o estilo do autor de nos fazer parar e refletir sobre as nossas origens, histórias pitorescas, tipos e criaturas peculiares e a política do nosso país, que de lá pra cá não mudou quase nada!!!

Não foi à toa que o documentário em homenagem ao grande Paulo Gracindo ganhou o título de O Bem Amado. Já nos anos 80, Paulo Gracindo voltou a encarnar o personagem Odorico Paraguaçu no seriado de grande sucesso. E como dizia o Coronel Odorico: “Vamos voltar pros entretantos e partir pros finalmentes !”

“A TELENOVELA DEVERIA SER UMA NOVA FORMA DE ARTE DRAMÁTICA... COMO UMA LINGUAGEM ACESSÍVEL A TODOS”.

(Dias Gomes)

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VINÍCIUS ROBERTO SYLVESTRE é formado em Comunicação Social, Roteirista e, acima de tudo, noveleiro apaixonado, requisito fundamental para ser colunista do melão, que agradece pela oportuna lembrança de um de nossos maiores e mais importantes autores e sua genial, inesquecível  e bem amada obra-prima.


quarta-feira, 20 de julho de 2011

O dia em que conheci Clô Hayalla




Não poderia dizer que o dia em que vi Regina Duarte pessoalmente foi o dia em que a conheci, já que não há brasileiro que não a conheça, afinal estamos mais do que acostumados a conviver com sua adorável figura em nossos lares. E foram tantas emoções compartilhadas, tantos risos, lágrimas e amores arrebatados... Da Regina Duarte atriz, o que mais dizer? Ela é o rosto mais conhecido da TV. A mais representativa e emblemática das atrizes. Seu título de namoradinha do Brasil passa de mão em mão por jovens atrizes de tempos em tempos, mas nenhuma com tanto brilho e expressão. O Brasil namorou carinhosa e apaixonadamente Regina durante todos esses anos e namora até hoje. Das românticas mocinhas dos anos 70, La Duarte deu uma guinada no início dos 80 com a divorciada e independente personagem título de “Malu Mulher”. Outra guinada veio com “Roque Santeiro” (1985), quando mostrou que podia fugir dos tipos sofridos e interpretar a fogosa, engraçadíssima e incorretíssima Viúva Porcina, que marcou época e até hoje povoa o imaginário de muita gente. Regina tem o poder de polarizar atenções e mobilizar o país em torno dos dilemas das mulheres que interpreta. O Brasil sempre chorou, sofreu e torceu por ela. Quando Raquel rasgou o vestido de noiva da filha ingrata em “Vale Tudo” (1988), o Brasil rasgou e vibrou junto. Há quem não se identifique totalmente com seu estilo intenso e arrebatador de representar, mas uma coisa todos concordam: nenhuma atriz alcançou tamanha popularidade na TV como ela. Regina rainha da sucata, Regina Simone, Regina Luana, Regina Helena. São muitas em uma só.
Por isso prefiro dizer que o dia em que conheci Regina Duarte pessoalmente, foi, na verdade, o dia em que ela me conheceu, porque eu já a conhecia desde que conheço a mim mesmo, quando ficava com medo e fascínio de Luana Camará e Priscila Caprice em “Sétimo Sentido”, quando tinha apenas 5 anos de idade e não dissociava realidade de ficção. Ficaria adequado também nomear o dia de meu encontro com Regina como o dia em que conheci Clô Hayalla, intrigante personagem, nascida do imaginário de Janete Clair e repaginada por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro. Clô já habitava em meu computador, já havia conhecido suas primeiras palavras e até criado outras para ela... mas pra mim, o dia em que Clô Hayalla nasceu mesmo foi o dia em que a vi se materializar bem diante de mim. Em um átimo de segundo, a adorável Regina se transformou, diante de meus olhos, na poderosa Clô Hayalla, com todos os seus trejeitos e gestos. Ali naquele momento vi a genialidade da criação, quando Regina descreveu Clô como uma rainha, cuja coroa não estava presa na cabeça, daí sua maneira de andar, agir, gesticular, sempre no limite da altivez, prestes a perder o equilíbrio, mas fazendo das tripas coração para manter a pose e a coroa. Era o código que faltava para que Alcides Nogueira, também encantado com a metamorfose, desse a pincelada final na apaixonante Clô, que Regina vem interpretando com uma visceralidade impressionante. Sem medo do exagero, Clô é uma força da natureza, que se entrega às paixões com o coração, mas também com as vísceras. Já fica difícil imaginar uma Clô diferente da que Regina criou.
Nesse dia, constatei que ninguém é Regina Duarte à toa e que, dentre tantas diferenças entre Clô Hayalla e ela, há uma fundamental: sua coroa nunca cairá da cabeça. Regina, já batizada de rainha pelo nome, e predestinada a reinar no coração dos brasileiros, jamais perderá a majestade. Independente de todo o sucesso de “O astro” e de toda a felicidade que está sendo ajudar a escrever essa fascinante história, eu já seria privilegiado pelo simples fato de, já em minha primeira jornada televisiva, escrever para Regina Duarte. Responsabilidade que cumpro com muita honra e muito prazer.
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Texto encomendado e publicado simultaneamente no blog "Eternamente Regina", espaço obrigatório para quem deseja conhecer tudo sobre a carreira da atriz.
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Leia Também:

domingo, 10 de julho de 2011

Herculano Quintanilha vem aí!!!!

Confiram a entrevista que dei para o site "Tv a Ver" falando da estreia de "O astro":
http://www.cnews.com.br/tvaver​/entrevista-o-astro/
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Muita ansiedade e muita emoção para essa semana com a estreia de “O astro”!!! Pra mim, está sendo tudo completamente novo viver essa experiência de dar voz a inúmeros personagens janetianos repaginados pela dupla genial Tide e Geraldo e conviver com cada um deles meses antes da estreia.  Herculano, Amanda, Clô, Márcio, Jôse, Lili, Amin, Sílvia, Neco, Beatriz, Valéria, Samir, Nilza, Laura, Natal... todos já me parecem íntimos, habitam no meu computador e me visitam periodicamente (até nos sonhos). Na verdade, eles parecem ter vida própria e são coautores dos seus destinos. Por mais que suas tramas estejam traçadas pelos mestres e muitas falas venham indicadas na escaleta, a sensação é que, muitas vezes, eles sussurram no meu ouvido as falas que gostariam de dizer. Agradeço todos os dias a imensa sorte que tive em estrear em um projeto tão especial e tão aguardado por meio mundo. Sei que sou suspeito pra falar, mas a trama é apaixonante, com um pé no real, outro na fantasia. E o amor é exacerbado, intenso, derramado. Uma delícia de escrever. Espero que todos se divirtam tanto quanto nós. 
Portanto, dia 12 de julho, não percam “O astro”, a sua novela das onze!

Segue chamada de elenco:



E algumas fotos da festa de lançamento:


Os pupilos e o Senhor Autor
Tarcísio Lara Puiati, a linda Alinne Moraes e eu
Divina Vera!
                                                                         
O amigo Robério Silva, Simone Soares, eu e Humberto Martins
João Baldasserini: esse moço promete!

Aplausos gerais para o clipe de apresentação

Conheça "Quem é quem" nessa linda jornada! 
PERFIL DOS PERSONAGENS

HERCULANO QUINTANILHA (Rodrigo Lombardi) – Homem extremamente sedutor e carismático. Irradia um magnetismo muito forte. Sempre viveu de golpes, até ser preso. Na cadeia, aprendeu sobre astrologia, vidência, telepatia e mágica com o velho Ferragus (Francisco Cuoco). Será com esse arsenal, aliado à sua incrível inteligência, que Herculano subirá na vida, exercendo enorme influência sobre a poderosa família Hayalla. Ele é um grande estrategista, capaz de engendrar incríveis situações e sempre tirar proveito delas. Mas também ganha inimigos com isso.  É um herói ambivalente, dotado de afeto e fidelidade às pessoas de quem gosta, como Márcio Hayalla (Thiago Fragoso), com quem estabelece uma relação de respeito e afeto. Viverá com Amanda (Carolina Ferraz) a grande história de amor da trama!


OS HAYALLA

SALOMÃO (Daniel Filho) – Imigrante libanês que fez fortuna graças ao seu trabalho incansável. Homem duro, seco, muitas vezes áspero, mas que faz questão de prezar os valores éticos. Fundou o Grupo Hayalla, que engloba uma poderosa rede de supermercados e vários outros negócios lucrativos. Delegou funções específicas para os irmãos, mas supervisiona tudo. A última palavra é sempre dele. Despótico, dá broncas terríveis nos irmãos pela incompetência deles na gestão dos negócios. Essas rixas de família farão com que, mais tarde, os irmãos Hayalla sejam suspeitos do assassinato de Salomão. Ele conduz com mão-de-ferro seus negócios, uma ideologia que se opõe ao neo-hippismo de seu filho Márcio (Thiago Fragoso). Casado com Clô (Regina Duarte). Apaixona-se por Lili (Alinne Moraes), que trabalha em um de seus supermercados. É um amor cândido e platônico, que mostrará um outro lado de Salomão.

CLÔ (Regina Duarte) – Mulher de Salomão (Daniel Filho). O casamento foi arranjado entre as duas famílias. A de Clô percebeu que Salomão era sua chance de escapar da bancarrota. Clô é bonita, inteligente e alegre. Fútil e fofoqueira, está sempre muito mais preocupada com sua intensa vida social do que com a família, mas ama o filho Márcio (Thiago Fragoso), apesar de todas as diferenças entre os dois. Clô tem um caso com o jovem Felipe Cerqueira (Henri Castelli). Quando conhece Herculano Quintanilha (Rodrigo Lombardi), simpatiza imediatamente com ele, que se aproveitará disso para aumentar sua ascendência sobre a família.

MÁRCIO HAYALLA (Thiago Fragoso)  – Único filho de Salomão (Daniel Filho) e Clô (Regina Duarte).  Tem paixão pela música e pela figura de São Francisco de Assis. Quer viver como ele, na simplicidade. Se despoja, performaticamente, de seus bens materiais, para desgosto e escândalo de seu pai. Nem passa pela cabeça de Márcio tomar parte nos negócios do Grupo Hayalla. Acredita no desenvolvimento sustentável, na erradicação da miséria, na inclusão social. Para ele, é possível existir um mundo melhor. Vai se apaixonar por Lili (Alinne Moraes), formando um triângulo com Salomão, seu próprio pai.
  
MAGDA (Rosamaria Murtinho) – Tia de Clô (Regina Duarte). Solteira, foi viver com a família Hayalla. Mulher bondosa, mas firme quando precisa ser. Não aprova o modo de vida de Clô. Magda se preocupa muito com Márcio (Thiago Fragoso), que a respeita e tem muito carinho por ela. É aquela que ouve e sabe de tudo o que acontece na casa dos Hayalla.

YOUSSEF (José Rubens Chachá) – Irmão de Salomão (Daniel Filho). Bonachão, prefere não discutir e viver bem com todos. Mas é sempre instigado por sua mulher Nádia (Vera Zimmermann), que acha que Salomão não dá o devido valor ao marido, com sua preferência explícita por Samir (Marco Ricca). Salomão, realmente, não acha Youssef muito brilhante, mas mesmo assim conferiu a ele o controle das exportações e importações do grupo, além das relações comerciais com outras empresas.
  
NÁDIA (Vera Zimmermann) – Mulher de Youssef (José Rubens Chachá). É inteligente e dissimulada. Aos olhos de toda a família, mostra-se cordata e amável, mas sempre que pode instiga Youssef a exigir mais de Salomão (Daniel Filho). É com muita habilidade que consegue manipular o marido e todos ao seu redor, fazendo-os cometer torpezas e traições.

AMIN (Tato Gabus) – Irmão de Salomão (Daniel Filho). Sério, mas mais maleável que Salomão. É o responsável pelas atividades do Grupo na Bolsa de Valores e outros negócios. Vive ocupado e não dá a mínima para a esposa Jamile (Carolina Kasting) e para o filho Aminzinho (Jefferson Goulart). É o confidente do irmão Samir (Marco Ricca). Tem um caso com Sílvia (Bel Kutner), a secretária.

JAMILE (Carolina Kasting) – Casada com Amin (Tato Gabus). Uma mulher triste e quieta. Obedece cegamente ao marido, mesmo sendo praticamente ignorada por ele. Nem desconfia que o marido a trai.

AMINZINHO (Jefferson Goulart) – Filho de Amin (Tato Gabus) e Jamile (Carolina Kasting). Desde moleque, foi ligado em tecnologia. Fascinado por informática, é um jovem hacker, que já conseguiu entrar nos computadores menos protegidos da família. Sua habilidade fará com que descubra segredos e falcatruas dos Hayalla.

LUÍSA (Hanna Romanazzi) – Namorada de Aminzinho (Jefferson Goulart). Acha-se mais idiota ainda diante da super inteligência do rapaz.

SAMIR (Marco Ricca) – O irmão solteiro e mais novo de Salomão (Daniel Filho) é o preferido dele. Muito inteligente e sagaz, Samir é o responsável pelos negócios imobiliários do Grupo Hayalla. Sabe que Márcio (Thiago Fragoso) não quer ocupar o lugar do pai na presidência do Grupo e se prepara para tomar o lugar dele. Quer se casar com Amanda (Carolina Ferraz). Com isso, terá a mulher que deseja e também a construtora da família dela.

BEATRIZ (Guilhermina Guinle) – Consultora jurídica do Grupo Hayalla. Grande amiga de Amanda (Carolina Ferraz) e sua confidente, Beatriz é uma mulher livre, que faz o que bem entende e dificilmente cai na lábia de algum homem. Mas se sente só. Tem um caso com Samir (Marco Ricca), mas sabe que ele é louco por Amanda.

SÍLVIA (Bel Kutner) – Secretária do grupo Hayalla. Tem um caso com Amin (Tato Gabus), mas ninguém sabe disso. Passa muitas informações ao amante. 

HENRI (João Baldasserini) – Cabeleireiro particular de Clô (Regina Duarte), com livre acesso à casa dos Hayalla. Ambicioso, mas muito discreto e habilidoso quando expressa suas opiniões. Exerce grande influência sobre Clô e tem uma cumplicidade sem igual com Felipe (Henri Castelli).

INÁCIO (Pascoal da Conceição) – Copeiro da casa do Hayalla. É um homem de formação refinada, pois foi copeiro de famílias elegantes dentro e fora do Brasil. Inácio pode guardar o mistério de sua origem profissional e isso será usado por Felipe (Henri Castelli) e Henri (João Baldasserini) para chantageá-lo.

LOURDINHA (Lara Rodrigues) – Empregada da casa dos Hayalla. Não leva nada muito a sério, nem mesmo as ordens do copeiro Inácio (Pascoal da Conceição). Vive suspirando pelos cantos por Felipe (Henri Castelli).

JOAQUIM (Luca de Castro) – Jardineiro da casa dos Hayalla. Homem bom e generoso. Gosta muito de Márcio (Thiago Fragoso). Viúvo, é pai de Olavo (Rafael Losso). Sabe de muita coisa que acontece na casa, mas prefere manter o silêncio. Todos têm medo de que ele saiba muito e, um dia, se disponha a falar.

OLAVO (Rafael Losso) – Perdeu a mãe muito cedo e foi criado pelo pai. Cresceu junto com Márcio (Thiago Fragoso), de quem é até hoje o melhor amigo. Trabalha em um dos supermercados do Grupo Hayalla.

CARMEM (Marian Bassoul) – Secretária do Grupo Hayalla.

OS MELLO ASSUNÇÃO

AMANDA (Carolina Ferraz) – Linda, sensual, inteligente e culta. Uma mulher que tira o fôlego de todos os homens. A arquiteta é a responsável pelos projetos mais importantes da construtora do seu pai. Como este não quer saber dos negócios, Amanda é a principal figura da empresa. Vive decepcionada com os homens, porque acredita que jamais encontrou algum que estivesse à sua altura. É assediada constantemente por Samir Hayalla (Marco Ricca), que quer conquistá-la não só pela paixão, mas para conseguir o controle da Construtora. Tudo isso muda quando encontra Herculano (Rodrigo Lombardi), que vai fasciná-la pela inteligência, pela capacidade de adivinhá-la e de compreender os seus mistérios melhor do que ela mesma, e pela sensualidade. Vai viver com Herculano Quintanilha uma grande história de amor.
 
JÔSE (Fernanda Rodrigues) – Irmã mais nova de Amanda (Carolina Ferraz). Com a morte da mãe, foi praticamente criada por ela. As duas se dão muito bem, mas Jôse é o oposto de Amanda. Fechada e insegura, é apaixonada por Márcio Hayalla (Thiago Fragoso) desde criança. Torna-se uma fotógrafa de renome.

ADOLFO MELLO ASSUNÇÃO (Reginaldo Faria) – Pai de Amanda (Carolina Ferraz) e Jôse (Fernanda Rodrigues). Um bon-vivant e jogador irrecuperável.  Recebeu a Construtora Mello Assunção do seu sogro e a levou à falência. Assunção está prestes a se casar com Míriam (Mila Moreira), uma deslumbrada. Amanda não suporta Miriam e vice-versa.

MÍRIAM (Mila Moreira) – Vai se casar com Adolfo Assunção (Reginaldo Faria). O caso nasceu no cassino clandestino de Míriam, que, agora, arranca o que bem quer do futuro marido, para desespero de Amanda (Carolina Ferraz). É amiga de Clô (Regina Duarte), com quem troca figurinhas e fofocas sobre a vida social.

NILZA (Tuna Dwek) – Secretária de Amanda (Carolina Ferraz) na construtora. Mulher discreta e excelente funcionária.

DR. CERQUEIRA (Celso Frateschi) – Um dos diretores da Construtora Mello Assunção. Ele e Amanda (Carolina Ferraz) se dão muito bem. Sua ex-mulher mora em Paris e ele mora com o filho, Felipe (Henri Castelli). Mantém de longa data uma boa relação com a família Hayalla. Homem honesto, sofre vendo no que se transformou o único filho. Mas não consegue interferir na vida de Felipe.

FELIPE (Henri Castelli) – Filho único de Cerqueira (Celso Frateschi). Até a adolescência, foi muito amigo de Márcio Hayalla (Thiago Fragoso), mas eles se distanciaram quando Felipe se ligou a um grupo de jovens delinquentes da classe alta. Felipe tem um caso com Clô Hayalla (Regina Duarte).

ARTUR (Rafael Primot) – Amigo de Felipe (Henri Castelli). Faz tudo o que Felipe manda.

  
OS DA PENHA

NECO (Humberto Martins) – Foi comparsa de Herculano Quintanilha (Rodrigo Lombardi) no roubo dos donativos para a igreja de Bom Jesus do Rio Claro. Veio para o Rio de Janeiro e procurou mudar de vida. Casou-se com Laura (Simone Soares), montou um salão de beleza e tem loucura por seus filhos Nequinho (Diego Kropotoff) e Kelly (Anna Luiza Anillo). Implica com sua cunhada Lili (Alinne Moraes), mas, na verdade, morre de vontade de tê-la em seus braços. Neco será um dos grandes inimigos de Herculano.

LAURA (Simone Soares) – Mulher de Neco (Humberto Martins) e mãe de Nequinho (Diego Kropotoff) e Kelly (Anna Luiza Anillo). Uma moça bonita, agradável, que sempre sonhou em ser bailarina, mas acabou como dona de casa. Filha de Consolação (Selma Egrei) e irmã de Lili (Alinne Moraes). Conversa muito com Herculano (Rodrigo Lombardi) e tem muita estima por ele, o que irrita Neco.

NEQUINHO (Diego Kropotoff) e KELLY (Anna Luiza Anillo) – Filhos de Neco (Humberto Martins) e Laura (Simone Soares).

LILI (Alinne Moraes) – Irmã de Laura (Simone Soares) e filha de Consolação (Selma Egrei). Uma jovem linda, alegre, de bem com a vida e sempre pronta a enfrentar qualquer dificuldade. No começo da história, ela trabalha como manicure no salão do cunhado Neco (Humberto Martins), até perceber que este quer lucrar mais ainda com ela. Lili deixa o salão e vai para um dos supermercados do Grupo Hayalla. É lá que Salomão (Daniel Filho) a conhece e se apaixona imediatamente pela moça. Um amor terno e platônico. Mais tarde, quando conhece Márcio (Thiago Fragoso), Lili reconhece nele o verdadeiro amor. Os dois vivem uma bela, mas difícil história de amor, que irá evocar a fúria de Salomão. Nesse momento, Lili é demitida do supermercado e vai trabalhar como taxista.
  
CONSOLAÇÃO (Selma Egrei) – Mulher forte e sofrida, mas com um coração grande. Abandonada pelo marido, conseguiu criar as duas filhas Laura (Simone Soares) e Lili (Alinne Moraes) fazendo salgados e doces para fora.

TÂNIA (Carolina Chalita) – Amiga de Lili (Alinne Moraes), trabalha como operadora de caixa no supermercado. Adora ir aos bailes funk.

NATALINO (NATAL) (Antônio Calloni) – Dono da casa noturna Kosmos, na Lapa, frequentada por pessoas de todos os tipos e tribos, onde Herculano Quintanilha (Rodrigo Lombardi) irá se apresentar. É amigo de todo mundo, mas perde as estribeiras quando é provocado. Natal é apaixonado por Lili (Alinne Moraes) e sempre pede a moça em casamento. O manda-chuva da Penha mora com sua avó, Dona Dalva (Maria Pompeu), a quem dedica muito amor e respeito.

DONA DALVA (Maria Pompeu) – Avó zelosa de Natalino Pimentel (Antonio Calloni).

CLEITON (Frank Menezes) – Ajudante de Neco (Humberto Martins) no salão. Gosta de contar vantagem sobre tudo.

UBIRACI (Rodrigo Mendonça) – Gerente do Salão Penha Fashion. Sujeito calado. É o braço direito de Neco (Humberto Martins).

PABLO BANDERAS (Pablo Sanábio) – Quando Lili (Alinne Moraes) sai do salão Penha Fashion, Pablo é contratado para trabalhar no seu lugar.

OS DE BOM JESUS DO RIO CLARO

ALAN (Bernardo Marinho) – Filho de Herculano (Rodrigo Lombardi) com Doralice (Marcella Muniz). No início da história, vive com a mãe. Apesar do pouco contato com o pai, pois as ligações sempre foram boicotadas por Doralice, ele o admira e promete a si mesmo limpar o nome de Herculano na cidade. Herculano cumprirá a promessa e Alan irá morar com ele.

DORALICE (Marcella Muniz) – Mãe de Alan (Bernardo Marinho), que nasceu do relacionamento que ela teve com Herculano Quintanilha (Rodrigo Lombardi) quando ele ainda morava em Bom Jesus do Rio Claro. Doralice nunca se esqueceu de Herculano. Tanto que vai com Alan para o Rio de Janeiro, mas constata que Herculano não é mais um homem para a vida dela. Mesmo assim, ela sempre será um transtorno para Herculano, causando muitos problemas ao romance dele com Amanda (Carolina Ferraz).

FREI LAURINDO (Sergio Mamberti) – Velho religioso de Bom Jesus do Rio Claro que confia em Herculano Quintanilha (Rodrigo Lombardi), sempre vendo o lado bom dele. Será a pessoa que protegerá Herculano quando ele voltar a Bom Jesus, pela primeira vez, para rever o filho Alan (Bernardo Marinho). E também em outras ocasiões.

PARTICIPAÇÕES:

VALÉRIA (Ellen Roche) – Assistente de Herculano Quintanilha (Rodrigo Lombardi) nos seus shows de magia e ilusionismo na casa noturna Kosmos.

FERRAGUS (Francisco Cuoco) - Um velho homem que já está preso há quinze anos. É quem ensina, na cadeia, a Herculano (Rodrigo Lombardi) os segredos do ilusionismo, da magia, os fundamentos teóricos da astrologia e do tarô. Tudo que Herculano mais tarde irá usar para subir na vida.

Que Nossa Senhora das Oito nos abençoe!

Janete Clair e os protagonistas da versão original
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"O ASTRO"


De ALCIDES NOGUEIRA E GERALDO CARNEIRO
Baseado em uma história de JANETE CLAIR


Colaboração: TARCÍSIO LARA PUIATI e VITOR DE OLIVEIRA
Direção: FRED MAYRINK, ALAN FITTERMAN e NOA BRESSANE
Direção geral: MAURO MENDONÇA FILHO


Núcleo: ROBERTO TALMA
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sábado, 2 de julho de 2011

Blogueiro convidado: Ronaly Júnior relembra “Chiquinha Gonzaga"



 Uma das maiores alegrias desta seção que convida pessoas a publicarem seus textos é o fato de poder contar com grandes amigos. E o nosso atual convidado é um deles (no sentido literal e, principalmente, no figurado). Da pessoa Ronaly, posso dizer que é uma das mais generosas, nobres e sensíveis que conheço. Do colunista convidado, suas credenciais também são as melhores: é daquelas pessoas que conhecem e falam de televisão com a propriedade de quem vivenciou e aprendeu assistindo à televisão, ou seja, na prática. Ronaly também é admirador e conhecedor de novelas mexicanas (o espaço também está aberto pra elas, viu?) e um dos maiores fãs de “Os normais” que conheço. Mas ele faz sua estreia aqui no melão (sim, pois espero que seja o primeiro de muitos textos) sobre “Chiquinha Gonzaga”, uma minissérie que encantou a todos, não só pela riqueza da história da compositora, mas também pela competente produção, pelo texto inspirado e pelo elenco de primeira, que contou com Regina e Gabriela Duarte, excelentes, vivendo o papel-título em fases diferentes. O melão abre alas para o queridíssimo Ronaly e brinda seus leitores com essa oportuna lembrança.


“Ô abre alas, que eu quero passar...”

Por Ronaly Reginaldi Júnior



Foi em 1999!
Engraçado falar de coisas que aconteceram no século passado, uma vez que parece que ainda nem o deixamos para trás. Imagine, então, estar próximo ao novo século e contar uma história que aconteceu no século anterior. Sim, muita loucura, mas esta foi a proposta de Lauro César Muniz e Marcílio Moraes quando apresentaram a sinopse de “Chiquinha Gonzaga” à direção da Rede Globo.

Com direção de Jayme Monjardim e com uma trilha incidental especialmente composta por Marcus Vianna, “Chiquinha Gonzaga” fazia com que o mês de janeiro de 1999 fosse bem especial. A minissérie é uma das melhores e mais bem produzidas pela Rede Globo em termos de detalhes de roupas e cenários, escalação de elenco, tramas, qualidade e fidelidade. Era o ‘padrão globo’ sendo cada vez mais aprimorado em suas minisséries. Esse ‘padrão’ já tinha sido excelente com ‘Hilda Furacão’ no ano anterior, mas em ‘Chiquinha’ houve um esmero maior!
Além desse capricho todo, sempre é interessante ver uma obra que retrata algo de nossa própria história, tendo em vista que muitos não se esforçam para conhecer ou tem memória curta para isso!
Interessante comentar sobre “Chiquinha” justo numa época (2011) em que a discussão sobre preconceitos está tão em alta, como bullying e afins. Afinal, Francisca Edwiges Neves Gonzaga foi uma mulher muito a frente de seu tempo e que sofreu toda sorte de preconceitos (ou seria azar?).


Chiquinha Gonzaga era filha de José Basileu e de Rosa Maria. O pai era coronel do exército; a mãe, uma mulata humilde. Seu nascimento acabaria por atrapalhar esse romance escondido do Coronel, que resolve entregar o fruto desse relacionamento a um convento para adoção (uma das cenas mais belas da minissérie, mostrada no primeiro capítulo, tendo a ótima atuação de Odilon Wagner e Solange Couto, nos papéis dos pais de Chiquinha). Após arrepender-se de tal ato, Coronel Basileu resolve oficializar a sua situação junto a Rosa Maria, casando com ela e criando a filha.
Os anos passam e a jovem Francisca, apesar da educação rígida de seu pai, torna-se uma adolescente com ideais muito a frente de seu tempo. Fez seus estudos normais com o Cônego Trindade e aulas de músicas com Maestro Lobo. Mas, sempre que podia, freqüentava rodas de lundu, umbigada e outros ritmos africanos, procurando sua identificação musical. Aos 16 anos, por imposição do pai, casa-se com Jacinto Ribeiro do Amaral, oficial da Marinha brasileira, que apesar de amá-la, privava Chiquinha de sua grande paixão: a música. Com Jacinto, Chiquinha teve três filhos: João Gualberto, Hilário e Maria do Patrocínio.
Devido aos seus ideais, Chiquinha acaba não suportando o autoritarismo e as humilhações do marido e se separa dele, o que foi um escândalo na época. Leva consigo apenas o filho mais velho, pois o marido e a família não permitem que Chiquinha cuidasse dos filhos mais novos (Hilário é criado pela tia de Jacinto – grande momento de Ângela Leal na minissérie, interpretando a tia-amante de Jacinto. Maria é criada como filha do Coronel Basileu, e só descobre toda a verdade já adolescente).
Ela lutou muito para ter os 3 filhos juntos, mas foi em vão. Sofreu muito com a separação obrigatória dos 2 filhos imposta pelo marido e pela sociedade preconceituosa daquela época, que impunha duras punições à mulher que se separava do marido.
Anos mais tarde, reencontra um antigo amor do passado, o engenheiro João Batista de Carvalho. Chiquinha e João Batista viveram juntos por muitos anos e tiveram uma filha, Alice Maria. Porém, devido as traições do companheiro, Chiquinha separa-se dele, e mais uma vez perde uma filha, pois João Batista não permite que Chiquinha criasse Alice. Apesar disso tudo, Chiquinha foi muito presente na vida de todos os seus quatro filhos, mesmo só criando um deles. Ela sempre estava acompanhando a vida deles e tendo contato.
Passa a viver em função da música, tocando em lojas de instrumentos musicais, dando aulas particulares de piano e apresentando-se em festas (junto com seu amigo Joaquim Antonio Callado, interpretado magnificamente pelo saudoso Norton Nascimento) para sustentar seu filho, João Gualberto. Dedicando-se inteiramente a música, obteve grande sucesso, mesmo sofrendo todo preconceito da sociedade. Foi a primeira chorona (pianista de choro), foi autora da primeira marcha carnavalesca e também a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil.
Mas sua vida, tão marcada por paixões ainda lhe reservaria uma surpresa: Chiquinha tem um intenso caso de amor com Joãozinho, um jovem com idade para ser seu filho (ela já estava com 52 anos nessa época e ele com 16). Foi com Joãozinho que ela viveu até o último dia de sua vida.

Dentro deste universo mágico que foi a vida de Chiquinha Gonzaga, os autores resolvem utilizar de um recurso extraordinário: a homenageada assiste a uma peça no Teatro Municipal, onde é contada a sua vida. O artifício dos autores serviu para passagens de tempo dentro da minissérie, porém fez com que, no último capítulo, Chiquinha Gonzaga pudesse fazer um balanço de toda a sua vida e trajetória antes de morrer. O recurso se faz interessante, pois fez com que a minissérie não fosse apenas uma biografia teledramatúrgica.

Mesmo tendo um elenco magnífico, é impossível não destacar algumas atuações: Danielle Winitts deu um show interpretando Suzette na primeira fase da trama. Infernizou o romance de Chiquinha e JB o quanto pôde! Na segunda fase, a personagem foi interpretada por Suzana Vieira e lembro-me de uma entrevista onde ela dizia que era “uma honra dar continuidade a uma personagem que fora tão bem conduzida pela Danielle Winitts, pois ela é uma bonequinha!”. Era a segunda vez que Danielle Winitts interpretava uma personagem jovem que seria vivida por Suzana Vieira. Tal fato já tinha acontecido em ‘A Próxima Vítima’.
Carlos Alberto Riccelli também defendeu bem seu personagem! Aliás, na minha opinião, é o seu último grande trabalho em tv. É impossível falar em Chiquinha Gonzaga e não lembrar da cara de cafajeste que ele fazia ao interpretar o João Batista.
Marcelo Novaes é o grande destaque dentro da trama, na minha opinião. Afinal, ele conseguiu dar vida ao oficial da Marinha Brasileira extraordinariamente! Após tantos anos atuando em comédias, participar de uma trama como um militar rígido foi um grande desafio em sua carreira e, com certeza, um divisor de águas. O interessante foi a escolha de Serafim Gonzales para interpretar Jacinto na velhice, pois o ator tem uma semelhança incrível com Marcelo Novaes.



Impossível não destacar também as atuações de Caio Blat, Christine Fernandes, Daniela Escobar e Murilo Rosa (Joãozinho, Alzira, Amália e Amadeu, respectivamente). Caio Blat e Murilo Rosa já vinham de trabalhos espetaculares: Caio Blat passou pela Globo no começo da carreira, mas se firmou em tramas do SBT, como ‘Éramos Seis’ e ‘As Pupilas do Senhor Reitor’; Murilo Rosa vinha da Manchete. Ambos brilharam com força: o primeiro, interpretando o jovem amante de Chiquinha (quando esta já tinha 52 anos), o segundo como o marginal Amadeu, capaz inclusive de cafetinar a sua namorada.
Christine Fernandes vinha de papéis pequenos. Conseguiu cativar, dando vida a Alzira, namorada de Amadeu. Sua atuação garantiu lugar em ‘Esplendor’, no ano seguinte. Daniela Escobar vinha de papéis secundários, mas teve sua carreira alavancada após interpretar Amália, uma mulher que tentava seguir o exemplo de Chiquinha Gonzaga e também ser uma mulher independente no começo do século XX.



Mas o grande momento mesmo foi de Gabriela e Regina Duarte: impecáveis como Chiquinha Gonzaga nas três fases da trama! As duas já haviam atuado juntas algumas vezes, como mãe e filha. No ano anterior, ambas protagonizaram ‘Por Amor’, mas apesar do sucesso da trama, muitos criticaram a atuação de Gabriela Duarte. Porém, a atriz provou que tem talento (e muito) ao dar vida a jovem Chiquinha. Uma das cenas mais emocionantes da minissérie é quando Chiquinha desobedece as ordens de seu marido, Jacinto, para tocar o piano... Ela senta, abre o teclado e começa a tocar. Jacinto então revolta-se com a esposa e fecha com violência o teclado do piano, machucando as mãos da pianista.
Regina Duarte... Bem... Ela dispensa comentários em sua atuação. Recebeu da filha a missão de continuar com a belíssima história de Chiquinha até os últimos dias de vida da musicista. A maquiagem e a máscara de silicone utilizada para envelhecer fizeram com que a atriz ficasse bem semelhante a Chiquinha Gonzaga.
Sendo esta a história de uma musicista, como não falar em música? Pois a música de Chiquinha Gonzaga esteve muito presente durante toda a trama. Além da trilha composta por Marcus Vianna especialmente para a minissérie, astros da MPB (como Joanna, Emílio Santiago, Daniela Mercury, Beth Carvalho, entre outros) regravaram grandes sucessos da compositora. “Lua Branca”, “Ô Abre Alas”, “Forrobodó”, “Romance da Princesa” e outros sucessos estavam na trilha sonora. Clipes musicais também foram gravados e passavam durante a exibição dos créditos finais de cada capítulo da minissérie.

Chiquinha Gonzaga foi uma mulher forte. Ensinou que devemos sempre lutar pelos nossos ideais. Ter garra, força de vontade e nunca desistir na conquista daquilo que desejamos! Mas, acima de tudo, ter respeito! Respeito por tudo e por todos! Apesar de sempre ter sido atacada pelos preconceitos da sociedade, ela sempre foi uma batalhadora pela conquista de seus ideais particulares e pelos ideais coletivos. Lutou pela liberdade dos escravos, pela república, mas lutou também para que a mulher fosse reconhecida na sociedade.
Morreu aos 87 anos, em casa, ao lado de seu querido Joãozinho, no dia 28 de fevereiro de 1935, as vésperas do carnaval. Morreu... Mas sua música e sua história será eterna!

“... E ela partiu, me abandonou assim. Ó lua branca, por quem és, tem dó de mim!”



Obrigado, Ronaly querido! O melão é todo seu. Volte sempre!!!


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