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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

PERSONAGENS DE NOVELA CAEM NO SAMBA!

São Clemente apresenta o que há de melhor no horário nobre de nossa tevê: as telenovelas.



Roque quer sambar. Né brinquedo não! Além dele, Sinhozinho Malta, Viúva Porcina (sambando igual mulata), a doce Isaura, a fogosa Tieta, a morena sensual Gabriela, o Astro na imagem da televisão, Perpétua e sua peruca e outros milhões de imortais também presentes na tela da São Clemente! É isso mesmo! Estes e outros personagens inesquecíveis vão cair no samba e desfilar diante de nossos olhos pela Marques de Sapucaí na próxima segunda-feira, dia 11, às 21 horas. Imperdível para todos os amantes do samba e de nossa teledramaturgia.

Fabio Ricardo, carnavalesco da escola
O enredo “Horário Nobre”, idealizado pelo sempre genial Milton Cunha e desenvolvido pelo carnavalesco Fábio Ricardo promete trazer de volta muitas de nossas melhores lembranças televisivas traduzidas nas telenovelas de maior sucesso da Rede Globo. Um grande acerto da São Clemente, pois o tema é riquíssimo e praticamente inédito na passarela do samba, exceto pela Leão de Nova Iguaçu, que em 1992, homenageou a grande dama de nossas telenovelas, Janete Clair.

No desfile da São Clemente, não só grandes novelas de Janete, como “Sétimo Sentido”, “O astro”, “Selva de Pedra” e “Pecado capital” vão estar representadas, como também grandes sucessos de nossos principais autores como Dias Gomes, Ivani Ribeiro, Gilberto Braga, Aguinaldo Silva, Silvio de Abreu, Gloria Perez, Manoel Carlos, entre outros, através de 40 alas divididas em 7 setores.

O primeiro deles, “Vale a pena ver de novo”, vem apresentando o enredo, mostrando os telespectadores e o Projac, a grande fábrica de sonhos da Rede Globo. Já nesse início, há boas surpresas como o 1º casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira vestidos de Vlad e Natasha, os vampiros que conquistaram o Brasil com a novela “Vamp”.

O segundo setor, “Mistérios do interior” lembrará novelas rurais e interioranas como “Irmãos Coragem”, “O rei do gado” e “O bem amado”. Adorei saber que “Tieta” vai ter um carro alegórico só pra ela! Dá-lhe, cabrita!

Alegoria representando "Tieta"

Do interior, passamos para a cidade grande através do setor 3, “Vidas Urbanas”, que vai relembrar tramas passadas em nossas metrópoles que mobilizaram o país como “Vale Tudo”, “Pecado Capítal” e “Dancin’Days”, entre outras. O “quem matou” e “quem morreu” de “A próxima vítima” também será lembrado nesse setor.

A seguir, é hora de rir com o quarto setor, que apresentará comédias hilariantes como “Cambalacho”, “Ti Ti Ti”, “A gata comeu”, “Feijão Maravilha” e “Guerra dos Sexos”. É nesse mesmo setor que vem uma das grandes atrações: a bateria toda caracterizada de Crô, personagem de Marcelo Serrado em “Fina Estampa”. É o mundo do samba apoiando a diversidade. Um luxo!

O setor 5, “Estrela Guia”, mostrará novelas com temática mística ou paranormal, dentre as quais, “O astro”, “Mandala”, “A viagem” e “Alma gêmea”. O carro “Caminho das índias” promete ser um dos grandes destaques com a encenação de um casamento indiano em plena avenida.

Alegoria representando a novela "Caminho das Índias"
As novelas de época também serão lembradas com o sexto setor, “Há muito tempo atrás”, que vai destacar novelas passadas em diversas épocas como os anos 50 e 60 que serão representados por “Bambolê” e “Estúpido Cupido”, os anos 20 com “Chocolate com Pimenta” e também as famosas novelas de temática abolicionista como “A Escrava Isaura” e “Sinhá Moça”.

Finalmente, o sétimo e último setor, “Por amor” mostrará, não somente o amor romântico de tramas como “Sangue e areia” e “A moreninha”, mas também o amor materno em “Barriga de Aluguel”, o amor à nação em “O salvador da pátria” e também o amor lascivo em “Pedra sobre Pedra”. O último carro, “Final Feliz” vai fechar com chave de ouro e apresentar os grandes personagens de nossa telinha. A última ala, é claro, será dedicada à “Avenida Brasil”. Será que Carminha vai comparecer? Como diz Dona Milú: “mistéééério”.

Grandes personagens virão no último carro da escola
Este melão que vos fala não poderia ficar de fora. Vou estar lindo e glamouroso na ala “Irmãos Coragem”, logo após o carro abre-alas. Não poderia estar mais feliz, pois vou fazer parte ao mesmo tempo de dois universos que sempre me encantaram: o samba e as novelas. A ansiedade é tremenda, mas a festa promete ser emocionante. Dance bem, dance mal, dance sem parar! É hora de sambar e se emocionar. Odete, chegou sua hora! Dona Redonda vai explodir de tanta emoção. Então, o encontro está marcado. Espero todos presentes na tela da São Clemente!

Olha eu de "Irmãos Coragem".
Abaixo a letra do samba. Pra todo mundo saber de cor! 

HORÁRIO NOBRE
Compositores: Gabriel Mansilha, Nelson Amatuzzi, Victor Alves, Floriano do Caranguejo, Beto Savana, Guguinha e Fabio Portugal

Nem adianta me ligar agora
Eu estou grudado na tela
Antiga história de amor
Orgulho da gente
Ajeita a poltrona, chegou... São Clemente!
No espelho, a magia atravessa gerações
Está no ar a mística das grandes emoções
Coragem, irmãos, que a viagem
Tem os dramas da vida que imitam a arte
As lutas de um povo e suas bandeiras
Amores e risos por todas as partes

Dance bem, dance mal, dance sem parar
Roque quer sambar... Não é brinquedo não
Quero ouro, muito dez, Inshalá
O Astro na imagem da televisão

Bem lembro a me seduzir
A morena sensual Gabriela
Fogosa Tieta e a doce Isaura
Branca escrava, tão bela
Em Bole-Bole quem não viu?
Dona Redonda explodiu!
Segura a peruca, Perpétua
Odete, chegou sua hora
O Brasil parou! Quem matou?
Já vai terminar do jeito que eu quis
Vilão não tem vez, final feliz

Olha quem chegou, Sinhozinho Malta
Viúva Porcina sambando igual mulata
Milhões de imortais também presentes
Na tela da São Clemente


Acesse www.saoclemente.com.br e saiba mais sobre o desfile de 2013.

sábado, 24 de novembro de 2012

Melão entrevista NORMA BLUM: “o ator deve se apaixonar perdidamente por seu personagem”



 Ela, humildemente, recusa o título de grande dama, mas poucas atrizes possuem uma carreira tão rica, tanto no teatro quanto na televisão, veículo em que participou desde os primórdios. Norma Blum ainda hoje é bastante lembrada por suas mocinhas das novelas de época dos anos 70 como a Aurélia de “Senhora” ou a Malvina de “Escrava Isaura”, papel que até hoje lhe rende reconhecimento popular. Mas já provou que seu talento e versatilidade estão a serviço de qualquer personagem, como a cultuadíssima vilã Frau Herta de “Ciranda de Pedra” ou a mãe sofredora Walkíria de “Anos Rebeldes”. Nessa deliciosa entrevista, Norma faz um passeio por toda a sua carreira, revela o desejo de viver uma vilã cômica e se mostra uma noveleira de primeira, antenada com os mais recentes sucessos de nossa teledramaturgia. Norma foi uma das atrizes biografadas no livro “As grandes damas e o teatro brasileiro”, de Rogéria Gomes e, na companhia da autora, tem viajado a muitas cidades para tardes e noites de autógrafo. Além disso, já marcou sua volta às telas de cinema em 2013, gravando uma participação em um filme esse ano. Com muito orgulho e muita alegria, melão estende o tapete vermelho pra essa grande dama em todos os sentidos: Norma Blum.


Você faz parte da história da tv participando praticamente desde o início ainda criança e também fez parte do elenco da primeira novela diária da Rede Globo, “Ilusões Perdidas” (1965). Além das enormes diferenças tecnológicas, que mudanças considera significativas da televisão do início para a televisão de agora?
Norma Blum - No início era tudo improvisado. Estavam todos aprendendo a fazer tevê ao vivo. Não existia o videoteipe e a adrenalina estava sempre a mil. Parecia teatro ao vivo transmitido pela tevê. Aconteciam erros, pequenos acidentes imprevisíveis e, claro, a tevê era em preto e branco. Apesar das limitações tecnológicas como estúdios, equipamentos, produção, grandes programas foram gerados. No Rio de Janeiro foram doze anos de pioneirismo até a chegada da tecnologia de gravação em fita. Hoje contamos com o HD, a alta definição da imagem a cores e inúmeras mídias repetidoras, trucagens e malabarismos na edição, além da possibilidade do registro para a memória já que tudo é gravado e arquivado para as futuras gerações.

Norma em cena de "Senhora" (1975) ao lado de Claudio Marzo

Mesmo atuando em muitas tramas contemporâneas, suas personagens em novelas de época são muito marcantes. Tem especial predileção por esse tipo de papel e que lembranças você tem das antigas novelas das seis dos anos 70 como “Senhora” e “Vejo a lua no céu”?
Norma Blum - Adoro fazer época, os figurinos, os cenários e o tratamento cinematográfico da fotografia recriam épocas diferentes, vide “Lado a Lado”, que nos remete ao início do século passado e usa o recurso de transformar fotos antigas em cenário. E o que dizer da deliciosa “Cordel Encantado” que misturou época com atualidade? Para os atores, há o desafio no gestual e no emprego da linguagem como em Escrava Isaura e principalmente em Senhora de José de Alencar, ambas adaptadas genialmente por Gilberto Braga. Em “Senhora” todo o tratamento era na segunda pessoa do singular e do plural. Um primor e um banho de cultura. Geralmente são personagens densos e situações arquetípicas que favorecem a interpretação.

Uma das cenas mais marcantes e comentadas em nossa teledramaturgia até hoje foi a da morte de sua personagem Malvina em “Escrava Isaura” (1976). Como foi a repercussão na época? Até hoje você é lembrada pela novela e por essa personagem?
Norma Blum - Até hoje sou parada em lugares públicos porque as pessoas se lembram de Malvina, Leôncio (Rubens de Falco) e de Isaura (Lucélia Santos). Na época, havia uma bolsa de apostas entre muitos espectadores que garantiam que Malvina e Tobias (Roberto Pirillo) teriam escapado do incêndio e retornariam ao final da novela.

Rubens de Falco e Norma Blum em "A Escrava Isaura" (1976)

A terrível governanta Frau Herta de “Ciranda de Pedra” (1981), brilhantemente interpretada por você, entrou para a galeria das vilãs memoráveis de nossa tv. Como foi viver essa personagem? Sente vontade de interpretar outras vilãs?

 Norma Blum - Ao ser convidada por Herval Rossano para essa novela, num primeiro momento rejeitei o personagem emocionalmente. Minha família fugiu dos nazistas na Segunda Guerra. Senti que, para a atriz, interpretar uma nazista fanática seria um grande desafio. Na verdade o ator deve se apaixonar perdidamente por seu personagem. Então busquei alguns resquícios de humanidade nessa vilã e ela acabou sendo votada como um dos personagens favoritos da novela. Quando conseguimos imprimir muitos tons à vilã ou à mocinha o personagem adquire uma dimensão muito maior porque supera o maniqueísmo entre o Bem e o Mal. Adoro fazer vilãs. Gostaria novamente desse desafio. Mas gostaria de representar uma vilã que inicialmente pareceria um anjo de bondade para o espectador enquanto trama a destruição de outros. Isso é um personagem rico a ser explorado. Quando, durante os dez primeiros anos da TV Tupi, fazíamos pelo menos três tele-dramas por semana tive vários personagens onde pude exercer essa fascinante dualidade. Ajudada pelo fato de ser muito bonita na época e da carinha inocente. Em toda mocinha também consegui colocar umas pitadas de diabinho. Achava as simplesmente “ingênuas” muito chatas. Então vamos acrescentar mais uns tons à sua humanidade, certo? Foi um exercício constante no aprendizado da atriz.

Você esteve no elenco da clássica minissérie “Anos Rebeldes” no papel de Walkiria, mãe do militante João (Cassio Gabus Mendes) e protagonizou cenas emocionantes quando ele foi perseguido pelos militares. Você sofreu algum tipo de repressão durante os anos de chumbo? Usou alguma experiência vivida nessa época para compor a personagem?
Norma Blum - Com certeza, apesar de Walkíria pertencer a uma família conservadora. Pessoalmente participei muito do movimento contra a censura assim como inúmeros colegas e todos nós sofremos repressão. Nos laboratórios para as gravações os atores veteranos puderam compartilhar com os jovens atores do seriado a experiência que foi a luta contra a ditadura. Foi muito enriquecedor e uma grande sacada do diretor Dennis Carvalho.

Norma Blum e Denise del Vecchio em "Anos Rebeldes" (1992)
Pergunta do leitor Rodrigo Ferraz: Você esteve no elenco das novelas “Floribella”, “Malhação” e atualmente está em “Carrossel”. Como foi trabalhar com artistas jovens e crianças? E o que você acha de obras feitas especialmente pra esse publico infanto-juvenil?
Norma Blum - Sempre trabalhei com e para crianças e adolescentes. Durante os primeiros dez anos de carreira pisei nos palcos em inúmeros espetáculos infantis. Participei de programas infantis na tevê e durante seis anos fui princesa e/ou mocinha do Teatrinho Trol, dirigido por Fábio Sabag. Era transmitido nos domingos das 14 às 15 horas e a praia do Rio de Janeiro esvaziava porque todos corriam para assistir. Depois das 15h a praia voltava a encher. Foi considerado o primeiro fenômeno de massa associado à televisão no Brasil, isso na década de cinquenta, devido ao enorme sucesso do programa. Depois, em 1975, com direção de Geraldo Casé, inauguramos o horário infantil das 17h na TV Globo com a minissérie “Pluft, o Fantasminha” em vinte capítulos. Fiz a menina Maribel. O horário foi depois ocupado pelo “Sítio do Pica Pau Amarelo”.

Recentemente você fez uma participação no episódio “A culpada de BH” da série “As Brasileiras” interpretando uma personagem cômica, mostrando uma faceta ainda pouco conhecida do grande público. Você se sente à vontade fazendo comédia? Gostaria de fazer com mais frequência?
Norma Blum - Adoro comédia embora me considerem mais uma atriz dramática em virtude dos papéis que fiz nas novelas. Assim como uma vilã adoraria fazer papéis cômicos. Ah, porque não uma vilã cômica? Esse foi o personagem que gravei recentemente em “Carrossel” numa participação de seis capítulos. Divertido.

Norma Blum, ao centro, em recente participação em "As Brasileiras" (2012)
Você acredita que a oferta de bons papéis diminui para os veteranos e por quê?
Norma Blum - Não. Basta ver Eva Todor, Laura Cardoso, Juca de Oliveira e Luiz Gustavo na ativa além de muitos outros. Os bons papéis por enquanto só andaram diminuindo para mim. Ah, lástima! E eu que adoro tanto trabalhar!

Você é uma das atrizes biografadas no livro “As Grandes Damas e um perfil do teatro brasileiro” de Rogéria Gomes e vai viajar com a autora dando palestras por várias cidades. Como foi convidada para o projeto e que tal ser considerada uma grande dama?
Norma Blum - Nunca me considerei uma dama de nada a não ser da paciência e da boa educação. Foi uma surpresa quando recebi o convite para dar meu depoimento para Rogéria. Depois da surpresa uma honra de estar reunida a colegas maravilhosas.

Você é noveleira? Quais as novelas e personagens favoritos da Norma telespectadora?
Norma Blum - Recentemente “Cordel Encantado”, “Amor Eterno Amor” e o remake de “Tititi”. Cláudia Raia em “Tititi” e Cláudia Abreu como Chayenne. Muito boa. Destaque para o Crô de “Fina Estampa”. Hilário e impagável.

Tem algum projeto em cinema, teatro ou televisão para 2013?
Norma Blum - Meu projeto é trabalhar muito em 2013. Este mês gravei minha participação no média-metragem “Entre Dois Amores”, direção de Bruno Saglia. Adorei voltar ao cinema apesar de não ser um longa. Adoro a linguagem cinematográfica e gostaria muito de voltar a fazer mais cinema. E também aguardo ansiosa um convite para minissérie ou novela.


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Norma, querida, muitíssimo obrigado por conceder essa entrevista. Saiba que é uma honra para mim e uma grande alegria para os leitores do melão poder conhecer um pouco mais a seu respeito e de sua brilhante carreira. Desejo ainda mais sucesso e que um dia possamos trabalhar juntos. Beijo carinhoso!

Agradecimento: Marcelo Rissato
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sábado, 1 de outubro de 2011

Blogueiro convidado: Aladim Miguel e os 35 anos de "Escrava Isaura"


DOSSIÊ “ESCRAVA ISAURA” 35 ANOS

Por Aladim Miguel



Fada? Anjo? Deusa? O que essa escrava tem que hipnotizou os telespectadores do Brasil e de mais de uma centena de países mundo á fora em uma novela tão simples? Neste dossiê produzido para um pool entre os blogs especializados em teledramaturgia: “Eu Prefiro Melão” de Vitor de Oliveira, “No Mundo dos Famosos” de Jéfferson Balbino, “Posso Contar Contigo?” de Isaac Abda e “Zappiando” de Paulo Ricardo Diniz, vamos desvendar os mistérios e segredos dessa fórmula que resultou em um verdadeiro fenômeno da teledramaturgia mundial. A seguir “Escrava Isaura” Especial 35 Anos.

Links dos blogs para o pool – em ordem alfabética:
EU PREFIRO MELÃO

NO MUNDO DOS FAMOSOS

POSSO CONTAR CONTIGO?

ZAPPIANDO

A Adaptação Para a TV:



O romance “A Escrava Isaura”, de 1875, do mineiro Bernardo Guimarães (1825-1884) é um romance romântico com pretensões a abolicionistas. Seu enredo conta a saga de Isaura, uma escrava branca, que após a morte da mãe passa a ser criada e protegida pela senhora da fazenda onde nasceu. Quando essa senhora morre, Leôncio, o filho dela, insiste em tentar seduzir a escrava a todo custo, como ela resiste, ele parte para castigos e ameaças de violência física e psicológica. O romance apresenta uma seqüência de peripécias ao estilo dos folhetins de época, recheados de personagens unidimensionais (O bom é sempre bom, e o mau é sempre mau). O novelista Gilberto Braga seguiu os conselhos de uma antiga professora do colégio e fez uma adaptação primorosa e muito fiel ao romance original, ele soube captar toda a essência do drama da escrava para criar novas tramas e personagens que pudesse sustentar os 100 capítulos da novela. A novela estreou em 11 de Outubro de 1976 e ficou no ar até 05 de fevereiro de 1977.
  
A Direção:



A novela foi toda armada e dirigida por Herval Rossano (1935-2007), grande responsável pelas adaptações literárias do horário das seis da TV Globo nos anos 70 e 80, até o capitulo 24, em parceria com o ator Milton Gonçalves, depois Herval viajou e Milton tocou a novela até o final. No processo de escalação da protagonista, Herval chegou a pensar nas atrizes Nívea Maria, sua esposa na época, e Elizangela para o papel de Isaura, enquanto Gilberto Braga pensava em Louise Cardoso. O nome de Lucélia Santos surgiu depois de ela ter tido o reconhecimento dos críticos de teatro do “Jornal do Brasil” como uma grande promessa de atriz que estava surgindo no cenário nacional.

As Gravações:
As externas da novela eram feitas, no Rio de Janeiro, na antiga Embaixada da Argentina e em fazendas de Conservatória, Vassouras e Santa Cruz. Algumas cenas de estúdio foram realizadas na extinta TV Educativa do Rio, em decorrência de um incêndio que a TV Globo sofreu na época das gravações da novela.



A Abertura e sua Trilha Sonora Original:

Produzida por Hans Donner, utilizando figuras clássicas do pintor francês Debret, a abertura de “Escrava Isaura” mostra um total entrosamento entre imagens e a forte canção “Retirantes”, um poema de Jorge Amado e Dorival Caymmi. O famoso “Lerê, Lerê”, abria a novela e nunca mais desgrudou do inconsciente coletivo, quem nunca se pegou cantarolando essa canção que virou o hino dos explorados? Uma curiosidade da abertura era uma vela posta por trás de um dos quadros de Debret para que desse o efeito de um poste de rua acesso. Pura criatividade!

Trilha sonora em Portugal
Guerra Peixe foi o responsável pela trilha sonora incidental com várias canções da trilha sonora original em versões instrumentais, ele utilizou somente instrumentos de percussão, uma vez que nem se pensava em acrobacias musicais tecnológicas, tudo era feito artesanalmente.  Por motivos inexplicáveis o compacto da novela não trazia a versão de “Retirantes” que era apresentada na abertura da novela com a Orquestra e Coral Som Livre. Uma pena...
  
Os Protagonistas:



Rosto completamente desconhecido da TV, a jovem atriz paulista Lucélia Santos, então com 19 anos, foi resgatada pelo diretor Herval Rossano do teatro, muito influenciando pela grande propaganda feita pelo saudoso ator Milton Moraes. Lucélia já havia feito testes para outras produções da TV Globo como: “Gabriela” e “Estúpido Cupido”, quando foi convidada pelo diretor Borjalo para assumir a protagonista da novela. Seu carisma e talento foram fundamentais para o grande êxito da trama. Se de um lado Lucélia transbordava pureza na pela da submissa escrava branca, o imbatível Rubens de Falco (1931-2008) tocava o maior terror em todos os personagens, seu Leôncio entrou para a galeria eterna de grandes vilões. A química entre os dois atores foi instantânea e fulminante. Uma dobradinha de sucesso absoluto.



Os mocinhos e galãs Roberto Pirillo, o Tobias, e Edwin Luisi, o Álvaro, tinham torcida por seus personagens. Como o Tobias não existia no romance original e foi um personagem querido do público, foi muito difícil ter que retirar o personagem de Pirillo de cena, isso aconteceu em um incêndio, muito realista para os padrões da época, os telespectadores não acreditavam que ela fosse morrer, é bom lembrar que naquela época não existia o “boom” de informações que temos hoje em dia com internet e centenas de revistas sobre novelas. Já Álvaro, o segundo amor de Isaura marcou a estreia de Edwin na TV Globo em um papel bem ao estilo príncipe encantado, tanto que foi recebido sem ressalvas pelo público que estava “órfão” de Tobias.


Outra que dominou sua personagem de uma forma incrível foi a veterana atriz Norma Blum. Sua linda e delicada Malvina chegou a fazer sombra a Isaura. Era uma sinhazinha que não se conformava com a condição da escrava e fazia de tudo para tentar conseguir a sua carta de alforria. Infelizmente não conseguiu e ainda acabou queimada no mesmo incêndio, provocado por Leôncio, que matou Tobias.

Os Anjos de Isaura:


Duas personagens bastante carismáticas também foram grandes destaques na trama: D. Ester, a madrinha de Isaura, interpretada pela atriz Beatriz Lyra, foi responsável por momentos de grande emoção como na cena da sua morte antes de poder contar à escrava que havia conseguido sua carta como último desejo de sua vida. Já Januária, a mãe preta de Isaura, um show de interpretação de Zeny Pereira (1924-2002), tinha um que de Mamãe Dolores do clássico “O Direito de Nascer” e foi, sem dúvida, o personagem mais popular da novela com suas tiradas pra lá de inspiradas.

O Mal é Mau Mesmo:

Os ótimos desempenhos dos atores Léa Garcia e Isaac Bardavid também deixaram marcas. Os vilões Rosa e Francisco, os dois braços de Leôncio, seguiam o mesmo caminho da maldade do vilão titular. Rosa era uma escrava pra lá de invejosa que não se conformava de jeito nenhum com as mordomias de Isaura e fez de tudo para acabar com ela, chegando até a tentar envenena – lá, mas por um golpe do destino, acabou provando do próprio veneno e morreu no final. Francisco, o terrível feitor da fazenda, também não deu trégua para escrava e chegou à manda - lá para os canaviais em uma cena inesquecível.



Os Subprodutos da Novela:
O sucesso de “Escrava Isaura” foi tão grande no exterior que vários subprodutos foram lançados no rastro da novela. O romance homônimo de Bernardo Guimarães ganhou tradução para todos os idiomas por onde a trama foi exibida e ganhou uma versão em quadrinhos no Brasil. Em Cuba, foi lançado um álbum de figurinhas que fazia parte de uma campanha de reciclagem do país, as figurinhas eram trocadas por lixo reciclável. A trilha sonora, com pequenas alterações, chegou a ser lançada em Portugal e na Venezuela.

Álbum de figurinhas lançado em Cuba

Uma Escrava Made in Brazil:





Vários países tiveram suas rotinas alteradas pela passagem de “Escrava Isaura” em suas terras. Cuba mudou o horário de voos e do racionamento de energia para não atrapalhar a transmissão da novela. Na Rússia a palavra “fazenda” foi incorporada ao seu vocabulário. Na Bósnia, aconteceu um cessar fogo nos horários da novela. Em Portugal, o comércio fechava portas. Na China havia sessões tipo cineminha nas ruas para que a população pudesse ver em alguns aparelhos de TV a novela e a população elegeu Lucélia Santos a atriz do ano e lhe deu o troféu “Águia de Ouro”, primeiro prêmio concedido á uma atriz estrangeira. Na Polônia chegaram a fazer “vaquinhas” para libertar a escrava e também fizeram concursos de sósias de Isaura. Na Itália os muros eram pichados com dizeres de libertação a escrava. Na Alemanha a novela foi exibida 5 vezes e 7 vezes na França tamanho o sucesso. Talvez por identificação ao tema da liberdade, os telespectadores dos países comunistas – China, Rússia e Cuba - tenham sido atraídos pelo drama da escrava. Até hoje “Escrava Isaura” continua sendo uma das campeãs de exportação da TV Globo e conseguiu abrir as portas de todas as emissoras do mundo para os produtos da TV Brasileira.



A Campeã de Reprises:

“Escrava Isaura” mantém o recorde de novela mais exibida no Brasil, foram 5 exibições em horários diferentes. Em 1976, 1977, 1979 – de novo no horário das 18 horas –, 1982 – dentro do programa TV Mulher – e em 1990, como encerramento do Festival 25 anos da TV Globo, com vários astros da novela na apresentação dos capítulos. A versão mais conhecida da novela contém 30 capítulos e foi essa a versão mais exportada.


Outros Personagens Inesquecíveis:

Maria das Graças e Haroldo de Oliveira
Não poderíamos deixar de citar as participações de outros atores que mandaram muito bem na novela como: Átila Iório (Miguel, o pai de Isaura), Haroldo de Oliveira e Maria das Graças (os escravos André e Santa), Mário Cardoso (O gentil Henrique), Carlos Duval (O jardineiro Beltrão) e Gilberto Matinho (O severo Comendador Almeida). Duas participações especiais marcaram a novela: Lady Francisco como Juliana, a mãe de Isaura e Henriette Morineau como a atriz francesa Madame Bensançon, que conseguiu comprar Isaura, mas na hora H, a escrava recuou em nome do amor, tem coisa mais romântica que essa atitude dela?
  
A Volta da Escrava Isaura:
A Globo Marcas, em parceria com a Som Livre, já anunciou na mídia o lançamento do DVD “Escrava Isaura” para este ano ainda, agora novas gerações vão poder comprovar a força e o carisma desse grande sucesso da teledramaturgia brasileira que se ouve falar há 35 anos. Feliz Niver Escrava Isaura!

Repercussão internacional

Visite também o Arquivo Lucélia Santos:

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