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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Dossiê “Dancin’Days”: a novela que fez o Brasil dançar!




Confesso que estava um pouco receoso quando comecei a assistir ao box da novela “Dancin’Days”. Embora soubesse que a novela tinha sido um estrondoso sucesso, um dos maiores até hoje, temia que ela não resistisse a uma exibição nos “frenéticos”, cibernéticos e imediatistas dias de hoje, já que vivemos em outro ritmo de vida e praticamente tudo mudou desde os longínquos anos 1978, que já eram pra lá de “frenéticos” (com trocadilho - risos). Mas já no primeiro DVD, esse receio já foi se desfazendo e me deparei com uma história deliciosa, um texto moderno, inclusive para os dias de hoje. Claro que o ritmo das telenovelas atuais é outro, mas um bom texto e boas atuações resistem ao tempo e foi uma delícia embarcar na rotina daqueles personagens moradores de uma Copacabana que não existe mais, dividida entre a tradição e a modernidade. Me diverti muito com as diferenças linguísticas e do modo de vida comparados com a época atual. Imaginem que, naquela época, era um problema uma mulher ir ao cinema sozinha ou na companhia de outras amigas. Assim como a maioria do elenco, também deu vontade de cair na dança nas cenas de discoteca. Falando em elenco, atuações irrepreensíveis de todos. Lidia Brondi novinha, mas já com um talento descomunal, com uma naturalidade que poucos conseguem emprestar ao personagens. Lauro Corona, uma imensa e eterna saudade sempre! Gloria Pires, também um talento ascendente, que viveu uma das personagens mais mala-sem-alça da história das telenovelas (junte todas as chatinhas “manequianas” que elas não serão páreo para a chatice de Marisa), já dando provas da grande estrela que se tornaria futuramente. E um elenco de veteranos dando um show à parte (destaco uma cena emocionante entre Mario Lago e Lourdes Mayer, cujas lágrimas falavam mais que qualquer palavra). 


Mas tudo isso será dito com mais detalhes pelos nossos dois blogueiros convidados, que aceitaram gentilmente o convite do melão para falarem sobre a novela. Quis que fossem de gerações diferentes para mostrar que uma boa trama conquista qualquer tipo de público: o jovem Diogo Cavalcante e o queridão Ivan Gomes, cujos textos vocês lerão em seguida.

Enfim, terminei de assistir ao DVD de "Dancin' Days" e cheguei à conclusão de que ele é a prova cabal de que uma novela, ao contrário do que dita o senso comum, nem sempre é imediatista e descartável e pode sim ser uma obra memorável. Arte pura! Gilberto Braga, aqui estreando no horário nobre pelas mãos do diretor geral Daniel Filho e com base em uma sinopse da mestre Janete Clair, sempre foi mestre em dar para os personagens a dimensão humana que faz com que nos identifiquemos com eles. A mocinha Julia não era tão santa e a vilã Yolanda nem tão megera. Confesso que tenho saudades de personagens tão bem construídos como esses. Dá até vontade de ter vivido aquela época. Já entra para a série "novelas que gostaria de ter escrito". Pra ver e rever sempre!




Passo agora a palavra para o queridíssimo Ivan Gomes, meu amigo-irmão, que já colaborou (formal e informalmente) inúmeras vezes para o melão, entendedor e apreciador de teledramaturgia como poucos. Ivan, de forma muito pessoal e afetiva, nos dá suas impressões sobre a novela após ter assistido ao DVD. Confiram:


Dançando com as feras

Por Ivan Gomes


 Não tinha idade em 78 para acompanhar a novela Dancin’ Days, de Gilberto Braga, e graças a maravilhosa ideia da Globo Marcas de lançar em DVD novelas antigas, pude acompanhar de fato essa obra e agora que terminei de assisti-la, posso concordar com tudo o que falavam sobre ela! É uma novela maravilhosa, com um texto absolutamente primoroso e com personagens críveis e coerentes. A atmosfera disco da trama é absolutamente arrebatadora. Em DVD foi impossível parar de assistir às cenas de inauguração do Club 17 e principalmente do Dancin’ Days na volta de Júlia, deu vontade de estar la! Assim como se lê sobre a época que as pessoas iam na verdadeira Dancin’ Days, no morro da Urca, em 78, na esperança de encontrar os personagens da novela e viver um pouco desse universo tão charmoso. Uma coisa interessante é que uma novela com um tema tão aparentemente jovem tenha em seu elenco tantos atores maduros, como Mario Lago, Lourdes Mayer, Ary Fontoura, Gracinda Freire, Cleyde Blotta, José Lewgoy (todos ótimos), mas que na verdade tinha muito a ver com a temática moderna da época, principalmente no personagem de Mário (Alberico) um grande saudosista ante as novidades que surgiam.

Joana Fomm: irrepreensível como a vilã Yolanda Pratini

Muitos personagens são deliciosos: a cara de pau de Yolanda (Joana Fomm, maravilhosa) a super amiga de Júlia, Solange (Jaqueline Lawrence) que tem momentos ótimos, com sua metralhadora verbal da verdade, a complicada Áurea (Yara Amaral) e a cabeça-boa jovem e ‘’transada’’ Verinha (Lídia Brondi), desde iniciante, arrasadora! Alias as gírias da época são um divertimento à parte. Eu particularmente adoro, justamente porque perderam o sentido que tinham, como, por exemplo, ‘’transar’’ que na época significava tudo que se fazia: transar uma conversa, transar um carro, transar uma roupa...

Lídia Brondi e Gloria Pires: talentos em ebulição

E Sonia Braga , a protagonista, estava soberba. A fase em que a personagem volta da Europa, super estrela, bancada pelo personagem Ubirajara (Ary Fontoura) para mim foi deliciosa, tanto que acabei nem torcendo pelo casal Julia / Cacá (Antonio Fagundes) por mim ela continuaria daquele jeito!

Foi bom ver uma dramaturgia correta, coerente em que o sucesso só a fez melhorar, cenas longas de introspecção de personagens, hoje impossíveis de serem feitas novamente, devida a impaciência de parte do publico de hoje, mas que ajudam a o telespectador a entender melhor a ação dos personagens, coisas de um autor que sabia o que estava fazendo. Dancin’ Days é sem dúvida uma novela que mostra que a nossa dramaturgia é a melhor do mundo e que já teve dias melhores.
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 Muitíssimo jovem, Diogo Cavalcante, de apenas 17 anos, foi outro que foi fisgado pelo irresistível folhetim de Gilberto Braga. Sempre com observações inteligentes e espirituosas através do seu twitter (@diogo_cc), este jovem estudante de Recife e noveleiro inveterado, além de nos brindar com ótimas montagens que estão ilustrando esse post, também compartilha conosco suas impressões sobre a novela. Obrigado, querido Diogo, e volte sempre. Melão está às ordens!  


Novelão Macabro! - Essa expressão define Dancin’ Days

Por Diogo Cavalcante


 Por muito tempo a novela, com exceção de quem acompanhou na época, foi injustamente lembrada pelo grande púbico apenas pela discoteca.  Recentemente terminei de assistir ao Box lançado pela Globo todinho. Sinceramente? Apaixonei-me pela obra.

Gilberto Braga – mesmo que diga que não entende como pode ter feito sucesso- estreou com o pé direito no horário das 20h naquele ano de 1978.



O que falar de Júlia Matos? A heroína que luta por sua reintegração na sociedade e pelo amor da filha Marisa. Sofre ao procurar emprego, sofre com a raiva da irmã Yolanda, sofre com o preconceito enfrentado em razão de seu passado... Uma mocinha clássica... Porém, depois de sofrer tanto, viaja para o exterior com o auxílio de Ubirajara (Ary Fontoura), seu admirador e Solange (Jaqueline Laurence). Quando retorna... UAU! Agora segura de si e remodelada, volta com tudo, dando um show na inauguração da boate “Dancin’ Days”, deixando Yolanda e Marisa com a “cara na poeira” (perdoem-me a frase rs). Ótima atuação da Sônia Braga.

Sonia Braga: a protagonista Julia Mattos em dois momentos da novela.

E o Cacá (Antônio Fagundes)? Mocinho que de herói não tem nada. Frágil, inconstante, inseguro, se apaixona por Júlia no primeiro encontro dos dois - o atropelamento de um cachorro. Uma cena nada romântica rs - romance esse que teve várias idas e vindas, mas, no final dá tudo certo.

Antonio Fagundes deu vida ao mocinho Cacá

Yolanda Pratini (Joana Fomm), uma interesseira. Começa rica e casada, porém se separa do marido e dia após dia amarga a decadência, chegando a fazer empréstimo para organizar um jantarcom o objetivo de “manter as aparências” perante a sociedade. Com o tempo, a ficha vai caindo pra Yolanda, e ela vira “pessoa de bem”, se é que me entendem.

Marisa (Gloria Pires): egoísta e mimada 

Marisa (Glória Pires) nos dias de hoje seria uma nova Eduarda de Por Amor. Há momentos que ela conseguia me deixar com uma raiva tão grande... Marisa chega até a sentir recalque da amiga Verinha, quando esta vira modelo fotográfica. Após “quebrar a cara” ao procurar o pai biológico, cai em si e faz as pazes com Júlia. Cena bem emocionante!
Bem, esses quatro personagens sempre têm destaque quando se fala da novela... Mas tem vários outros que merecem ser lembrados. Vou citar alguns deles.

Seu Alberico, interpretado pelo grande Mário Lago, um senhor que já teve muito prestígio no passado, mas que hoje não tem a mesma condição financeira. Vive sonhando alto, fazendo a família sofrer, principalmente a filha Carminha (vivida pela lindíssima Pepita Rodrigues) que vive tendo que se desdobrar pra pagar as dívidas que o pai faz. Finalmente, na conclusão da novela, ele abre uma casa de shows do jeito que ele gosta – com muito glamour e requinte.

Áurea (Yara Amaral) é outra personagem que merece ser destacada. Dizem que ela foi inspirada na mãe do Gilberto Braga. Uma mulher fútil, insegura, preconceituosa... Ao perder o marido, entra em estado depressivo, e quando descobre que o homem com quem ela estava saindo é casado, tem um surto. Ao final da trama ela recupera a saúde mental e muda seus conceitos.

Trio de peso: os soberbos e saudosos Mario Lago, Yara Amaral e Claudio Correa e Castro

E o Franklin (Cláudio Correa e Castro). Casado coma ciumenta Celina (Beatriz, ou melhor, Beatrix Segall como foi creditada na abertura), ele vai apaixonando-se com o tempo por Carminha. Num acidente de carro, Celina morre e, assim, fica livre para namorar a moça. Porém, uma carta - denúncia deixada por Celina cai nas mãos de Neide, empregada obcecada pela patroa, vivida por Regina Vianna. Tempos depois, a carta para nas mãos de Carminha, que, horrorizada com o que leu, rompe em definitivo com Franklin.

Quanto à trilha sonora, pode-se dividir em músicas “normais” e músicas da discoteca. Das “normais” cito “João e Maria” de Chico Buarque, música que mais me chamou a atenção e da qual gostei muito. Caiu como uma luva para o romance jovem entre Marisa e Beto.

Algumas coisas me chamaram a atenção... Como a “modernidade” de Julia em plena época de censura – ainda que tenha sido no período da concessão da Anistia - e o consumo excessivo de cigarros... Cheguei a contar uns 10 na mesma cena...

Desculpem se o texto ficou falho, trash, didático, chato... Mas é apenas a humilde opinião de um jovem apaixonado por novelas... E que faz coro com quem aplaude essa magnífica obra. Dancin’ Days é um novelão macabro. Obrigado ao queridíssimo Vitor pela oportunidade \o/

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Obrigado, queridos! Sei que depois desses textos maravilhosos, todo mundo ficou com vontade de assistir a "Dancin' Days", não ficaram? 

LEIA TAMBÉM: 

Blogueiro convidado: Ivan Gomes reverencia Ivani Ribeiro





quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Especial 60 anos de Telenovela – minha cena favorita


Jamais vou ter a pretensão de elencar as melhores e mais marcantes cenas de todos os tempos de nossa teledramaturgia, afinal, desses 60 anos, devo ter vivenciado, no máximo, 30. Por isso vou escolher a minha cena favorita, que serve pra simbolizar todas as outras tantas e tantas cenas maravilhosas e antológicas que nos fizeram rir, chorar, vibrar, se emocionar. Mensurar a importância da telenovela na vida do brasileiro também é algo quase impossível, visto que ela está tão entranhada em nossa cultura que não conseguimos imaginar tevê sem novela. E foram tantos os astros, estrelas, autores, diretores e demais profissionais que construíram essa história, que também seria injusto mencionar esse ou aquele.



Portanto, minha cena favorita é altamente subjetiva e o principal motivo que fazem dela minha preferida é que ela é muito completa sob todos os pontos de vista. Na verdade, nem é uma cena e sim, uma sequência de cenas: A CHEGADA DE TIETA EM SANTANA DO AGRESTE em “Tieta”, novela de 1989, de Aguinaldo Silva em coautoria com Ricardo Linhares e Ana Maria Moretsohn que guardo com carinho na parte mais preciosa de meu baú afetivo de recordações.

Gosto muito da sequência porque ela carrega vários elementos que uma boa telenovela deve ter: trilha sonora emocionante, belas paisagens, um quê de mistério, apresenta lindamente a protagonista, é emocionante, é engraçada, quase todo o elenco participa e, basta assistir a essa cena para se ter uma ideia bem clara do que é a novela, ou seja, Aguinaldo Silva foi absolutamente certeiro e genial em seu poder de síntese. Não conheço outra sequência de cenas que sintetize uma trama de forma tão perfeita.



Então vamos a ela. Tieta (eterna Betty Faria) chega triunfante na cidadezinha em seu carrão vermelho conversível. Ainda não vemos seu rosto. Enquanto ela chega, vai relembrando os momentos que viveu por ali. Ao som de “Coração do Agreste”, na voz e interpretação emocionante de Fafá de Belém, são inseridas cenas de Tieta quando jovem, vivida por Claudia Ohana. Quando enfim o carro chega na praça, vemos que a Tieta agora é Betty Faria e traz consigo Lídia Brondi a chamando de “mãezinha”. Após isso, vemos um momento hilário com o mendigo Bafo de Bode (um impagável Bemvindo Sequeira), que se impressiona com a voluptuosidade do derriére da moça, manda a antológica frase: “isso não é mulher, é uma plantação inteirinha de xibiu”. Mal sabe Tieta que toda a população está naquele momento celebrando a missa de sétimo dia de sua morte. E ao entrar de forma esfuziante igreja adentro é reconhecida apenas por sua madrasta Tonha (Yoná Magalhães), que explode em emoção. E aos poucos os personagens vão sendo apresentados a Tieta e a todo o público, inclusive a vilã Perpétua (Joana Fomm) e todo o seu cinismo e dissimulação. Enfim, o circo está armado. A partir dessa cena, teremos pela frente uma novela deliciosamente irreverente, emocionante, engraçada e sensual.  

Com essa sequência de cenas, melão celebra os 60 anos da teledramaturgia e parabeniza a todos nós por esse produto genuinamente brasileiro que criamos e que nos faz sonhar por noites e noite a fio. Brindemos!



E vocês? Sei que é difícil, mas qual é sua cena favorita desses 60 anos?

sábado, 10 de outubro de 2009

Melão Express: Rapidinhas, mas saborosas – Ed. 2

> PÁRA O MUNDO QUE EU QUERO DESCER!

O Ministério Público ataca novamente. Notificou Manoel Carlos, que anunciou a idade de uma das vilãs de sua nova novela, “Viver a vida”, a atriz Klara Castanho, de 8 anos.
"Nem todas as manifestações artísticas são passíveis de serem exercidas por crianças e adolescentes. Uma criança de oito anos não tem discernimento e formação biopsicossocial para separar o que é realidade daquilo que é ficção. Isso sem contar com as eventuais manifestações de hostilidade que ela pode vir a sofrer por parte do público e não compreendê-las", explicam as procuradoras Maria Vitória Sussekind e Danielle Cramer.
Caso ignore as recomendações, Manoel Carlos pode sofrer uma baixa em sua trama. O descumprimento obriga o autor à adequação do personagem ou, até mesmo, ao afastamento deste.



> Só fico com pena da Klara Castanho. Tão jovem e com um talento nato, já comprovado em "Mothern" e agora teria a chance de mostrar seu talento para o grande público, vai ter sua participação na novela prejudicada por causa da esquizofrenia desse MP, que tinha mais era que se preocupar com as milhares de crianças carentes cheirando cola, fumando crack e se prostituindo pelas ruas. Reflexos de um mundo assolado pelo politicamente correto que extrapola sempre os limites do bom senso. O que mais irrita nesse caso é menosprezar a criança.

> Por essas e outras é que ando mais voltado para as grandes produções do passado. Estou inebriado de “Tieta”. Desde que recebi de presente a novela completa de meu grande amigo Ronaly, simplesmente não consigo parar de assistir. Que novela deliciosa, irreverente, debochada e extremamente moderna. Inclusive para os tempos de hoje. Muito mais vanguarda do que as produções atuais, tão patrulhadas pelos hipócritas e moralistas de plantão.

> Um exemplo de vanguarda foi uma cena a qual assisti ontem. Ricardo (Cássio Gabus Mendes), o jovem seminarista, desfilando pela cidade de shortinho curto e sendo cobiçado por todas as mulheres que ao vê-lo passar gritam “cabrito”! Cena aparentemente inocente, mas extremamente transgressiva, pois inverte os papéis de gênero que até hoje perduram na sociedade.

> Uma coisa não se pode negar. Aguinaldo Silva é extremamente generoso com seu elenco. Ele escreve sempre novelas de atores, em que as interpretações estão acima até da própria trama. Todo mundo tem chance de brilhar. A cada capítulo de “Tieta”, um show de alguém do elenco, de Armando Bogus a Cristina Galvão (tinha me esquecido de como ela é boa atriz). A impressão que dá é que “Tieta” diverte não só o espectador. O alto astral da novela é tão evidente que o elenco parece também ter se divertido bastante.



> Outra constatação ao assistir “Tieta”. Na maioria das vezes, uma novela é lembrada muito mais por suas cenas iniciais ou finais. Mas há tantas cenas antológicas no decorrer da novela e elas acabam fatalmente caindo no esquecimento. Um exemplo foi um delicioso embate entre Tieta (Betty Faria) e Perpétua (Joana Fomm). Além do texto maravilhoso, as duas atrizes em estado de graça, cada uma ao seu estilo. E o melhor não é o que era dito. Era o que ficava nas entrelinhas, sugerido pelos gestos e olhares das duas. Genial.

> Voltando ao presente, a pedido do leitor e amigo Edu, que assina os comentários como “Aldeia” (!), comento a nova edição do “Brazil’s next top model”. Confesso que gosto muito mais da versão americana, sobretudo pela apresentadora e pela maior diversidade de tipos entre as candidatas. Mas o programa não deixa de ser divertido. Confesso que gosto muito mais das provas propriamente ditas do que a parte “BBB” do programa. Um monte de modelo gritando e brigando numa casa é um pouco duro de agüentar....rs!

> Por fim, algumas palavras sobre a estréia de “Cama de Gato”. Não vi os dois capítulos iniciais. Mas quando comecei a ver consegui me inteirar de toda a história. Mérito total das autoras, Duca Rachid e Thelma Guedes, que conseguem dar agilidade à trama, mas ao mesmo tempo não perder de vista o espectador que chega depois. Além disso, direção super caprichada. Ação na dose certa. Tudo para ser um gol de placa!

> Passo o feriado em Petrópolis e volto na semana que vem. Não reparem se eu voltar a falar de “Tieta”. Bom feriado a todos e até a volta!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

"Eta lelê"!!!!! A cabrita vence a enquete!



Mais uma vez agradeço a todos pela forte adesão à votação da enquete que elegeu o melhor bordão da novela "Tieta".



Em primeiro lugar, "Ete lelê!!!" repetido pela protagonista vivida por Betty Faria sempre que ficava supresa com alguma coisa. A curiosidade é que o mesmo bordão foi repetido anos depois por Ava Maria (Angela Vieira) em "Meu bem querer", de Ricardo Linhares. O bordão conseguiu 52% dos votos.






Com a medalha de prata e não menos marcante, temos o delicioso "Mistééééério", proferido sempre por Dona Milú (a inesquecível Miriam Pires). O bordão pegou tanto na novela que os demais personagens passaram a repetí-lo sempre com a mesma introdução: "como diz Dona Milú, "mistééééério"! Grande momento de Miriam Pires. A esta querida atriz, fica nossa homenagem! Obteve 35% dos votos.

Os demais, mas não menos marcantes bordões: "Nos trinques", do enrolado Timóteo (Paulo Betti) e "Upa lá lá" do saliente Modesto Pires (Armando Bogus), conseguiram 10% e 2% dos votos, respectivamente!

Até a próxima e viva Tieta!!!
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Não poderia deixar de mencionar a matéria do Video Show! Adorei!!!
Que maravilha ver Betty e Joana na telinha de novo! A torcida é grande para que voltem logo o mais rápido possível! Pra quem é fã da novela como eu, foi realmente emocionante!Adorei tb Betty dizendo que André tem um bundão gostoso...rs! Ao vivo não dá pra cortar...rs!


Enfim, foi uma reportagem maravilhosa. Nota 1000 para o Video Show, que soube dar o devido valor à novela, às atrizes e à memória da nossa TV!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Tieta: 20 anos – Parece que foi ontem



Pois, é! Quem diria que já faz 20 anos que a moça da foto de lá de cima que ilustra nosso blog chegava em Santana do Agreste para abalar todas as estruturas. Mesmo sendo um adolescente na época, a sensação que tenho é de que o tempo voou.

No dia 14 de agosto de 1989, entrava no ar pela Rede Globo de Televisão, o primeiro capítulo de “Tieta”, novela de Aguinaldo Silva, adaptada do romance de Jorge Amado, escrita por Aguinaldo, Ana Maria Moretsohn e Ricardo Linhares, com direção de Reynaldo Boury, Ricardo Waddington e Luiz Fernando Carvalho e direção geral de Paulo Ubiratan. Com todas essas feras reunidas, só poderia ser garantia de sucesso! A trama da cabrita rebelde (Claudia Ohana e sua brejeirice) que é expulsa da cidade e volta 25 anos depois para se vingar parou o país.

O elenco é um capítulo à parte. Poucas vezes uma novela contou com um elenco tão bom, vivendo uma galeria de personagens tão carismáticos. Seria até injustiça destacar um ou outro, pois todos os núcleos fizeram muito sucesso. Joana Fomm, inesquecível como o ressentido tribufú Perpétua, deu uma aula de interpretação. Ela soube transitar entre o dramático e o farsesco texto de Aguinaldo com uma competência ímpar. Moralista ao extremo e viúva eterna do Major Cupertino, usurpava a irmã Tieta, moralizava a cidade, mas escondia um mistério dentro de sua caixa branca. Verdadeiro show!



Mas Joana não brilhou sozinha. Como esquecer da adorável solteirona Carmosina (Arlette Salles), melhor amiga de Tieta, que vivia no “caritó” à espera de um marido? As cenas de Carmosina emocionaram o país e Arlette fez ótima dupla com Miriam Pires, a inesquecível Dona Milu e seu bordão “Mistéééério”! Cinira (Rosane Goffman) e Amorzinho (Lília Cabral), as fiéis escudeiras de Perpétua, também entraram para a galeria de tipos inesquecíveis. Talentosas, as atrizes souberam driblar a caricatura fácil de suas personagens e mostraram a faceta humana existente nelas. Para os mais românticos, tinha Imaculada (Luciana Braga), a rolinha mais rebelde que o Coronel Artur da Tapitanga (Ary Fontoura, esplêndido) jamais conseguiu domar. Imaculada vivia à espera de seu príncipe Ricardo (Cássio Gabus Mendes) e ele veio de cavalo branco e tudo no último capítulo. A Madalena arrependida Leonora (adorável Lídia Brondi), que chegou à cidade com sua “mãezinha” Tieta, também encantou na luta por seu amor pelo prefeito Ascânio (Reginaldo Faria). No quesito “saliência”, Modesto Pires (Armando Bogus) era catedrático e divertiu nas cenas com sua teúda e manteúda Carol (Luíza Thomé, um pitel), que por sua vez, não resistiu aos encantos do garanhão Osnar (José Mayer). A maltratada Tonha (Yoná Magalhães), que antes de se transformar em “uma nova mulher”, sofreu bastante nas mãos do marido, o avarento Zé Esteves (Sebastião Vasconcellos, perfeito!) também ganhou a simpatia do público. Inesquecível. E a galeria de personagens e atuações antológicas não param por aí. Como esquecer de Paulo Betti e seu hilário Timóteo, Tássia Camargo e sua sonhadora Elisa, Cláudio Correa e Castro, Ana Lúcia Torre, Elias Gleiser, Flávio Galvão, Cláudia Alencar, Renato Consorte, Bete Mendes, Otávio Augusto, Maria Helena Dias, Françoise Fourton e Roberto Bonfim? Ainda no elenco, Bemvindo Sequeira, como o endiabrado Bafo-de-Bode, que bem lembrado por Guilherme Stauch, era o único personagem que sabia de tudo, sobre a vida de todos, e, apesar de ser um pudim de cachaça, era um dos mais lúcidos habitantes de Santana do Agreste. Interessante como no decorrer da novela, ele, por diversas vezes, falava pelo próprio autor.



“Tieta” foi uma novela que, sobretudo representou o sentimento de liberdade que o Brasil experimentava naquele período de abertura política. Tramas ousadas desfilavam em nossa tela tranquilamente como a relação incestuosa entre tia e sobrinho, um coronel que abusava sexualmente de meninas, uma mulher que se vestia de branco e atacava os homens à noite e um triângulo amoroso entre um comandante da Marinha e duas mulheres. Mas tanta ousadia não seria possível sem o inspiradíssimo e delicioso texto de Aguinaldo Silva e sua equipe. A novela tinha um tom deliciosamente malicioso e sensual, sem nunca descambar para o vulgar. A direção, além de saber compreender e captar perfeitamente a essência sacana e brincalhona sugerida pelo texto, nos brindou com imagens de Mangue Seco de tirar o fôlego.

A trilha sonora também é um show. Com mais de 1.100.000 cópias vendidas na época, as canções foram escolhidas a dedo e até hoje, quando ouvidas, dão um nó na garganta dos admiradores mais entusiasmados (como eu) e nos transportam imediatamente para aquela época. Destaco a belíssima “Coração do agreste”, que marca a volta triunfal de Tieta com arranjo belíssimo e interpretação inspirada de Fafá de Belém. O sucesso foi tanto que na reprise da novela foi lançada uma compilação dos dois volumes da trilha.


Agora, como falar de “Tieta” sem mencionar aquela que considero a alma e o coração da novela? A protagonista, vivida magistralmente por Betty Faria. Bruno Barreto já disse uma vez, acertadamente, que Betty Faria não interpreta, ela se transforma na própria personagem, tamanha a sua entrega. Na pele de Tieta não foi diferente. Certamente a personagem mais marcante de sua vitoriosa carreira na televisão, a atriz esbanjou vigor, beleza, sensualidade e talento, tanto nas situações hilárias em que sua heroína se metia, quanto nos momentos mais emocionantes e intensos. Aliás, intensa é a palavra que a melhor define. Betty Faria soube fazer de sua Tieta um manifesto ao amor e à liberdade e suas cenas emocionam até hoje.



Alem do retumbante e indiscutível sucesso popular, “Tieta” merece sempre ser lembrada como uma novela que representou uma feliz união de todos os seus elementos: texto, elenco, direção, trilha sonora, equipe técnica, tudo funcionando na mais perfeita harmonia. Lembranças felizes de uma época de exacerbação de liberdade e criatividade.



Colaboraram neste post: Aladim Miguel, Guilherme Stauch e Ivan Gomes.

Aos três, meu muito obrigado!

Segue como "bonus track" a abertura da novela com Isadora Ribeiro deliciosamente sensual em perfeita integração com a natureza ao som de Luiz Caldas. O caráter transgressor da novela já estava presente desde sua abertura. Divirtam-se!

http://www.youtube.com/watch?v=RyqP_dUmYTI

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