sábado, 29 de maio de 2010

Melão Express: Rapidinhas, mas saborosas! – Edição 7


Antes tarde do que nunca

Como esqueci de avisar antes, informo depois. Nessa segunda, participei do X Seminário Salínguas, do Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Faculdade de Letras da UFRJ, do qual faço parte e apresentei o trabalho "NOVELAS E ORKUT: NOVAS PERSPECTIVAS DE LETRAMENTO E HIBRIDIZAÇÃO".

Ainda é um reconhecimento de terreno, uma apresentação do cenário e dos personagens de minha futura dissertação de Mestrado. Apesar de nervoso, acho que a apresentação foi satisfatória e me deu a boa sensação de finalmente unir minha carreira acadêmica à minha grande paixão, a telenovela. Vamos ver no que dá. Desde já agradeço aos compenheiros da comunidade "Teledramaturgia" pela colaboração e peço que continuem me ajudando.

Prometo divulgar as cenas dos próximos capítulos dessa minha árdua jornada. Até mais!
Mais informações sobre o X Seminário Salínguas em: http://salinguasufrj2010.blogspot.com/
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- VIVA O VIVA!

 Tudo bem que não é aquele canal só com reprises de novelas, sonho de 11 entre 10 telemaníacos. Mas há duas boas novelas sendo reprisadas. Tudo bem também que essas novelas não são lá tão antigas assim: são da década de 90, aliás, década da maioria da programação do canal. Mas mesmo assim, é mais que bem vindo esse novo canal da Globosat. Confesso que não estava sentindo a menor saudade de rever as intermináveis idas e vindas de Raí e Babalú em “Quatro por quatro”. Mas a novela de Carlos Lombardi foi sucesso indiscutível e tem seu retorno merecido. Além disso, o novo canal proporciona outras sessões nostalgia como os ótimos seriados “Mulher”, “Sexo Frágil”, “Comédia da Vida Privada” e “Sai de baixo”. Mas meu grande deleite mesmo é poder rever a excelente “Por amor”, dos bons tempos de Manoel Carlos. Só na primeira semana de exibição a novela teve mais acontecimentos do que “Viver a Vida” inteira. Estou amando odiar Eduarda (Gabriela Duarte) novamente. Bem que o “Viva” podia abrir mais horários de exibição para as novelas, afinal de contas, à tarde é só pra quem não trabalha fora ou pra quem possui gravador. De qualquer forma, estamos em festa e torcendo para que o “Viva” nos traga muitas outras velhas novidades.


“PASSIONE”: A VOLTA DO NOVELÃO.


Em sua segunda semana de exibição e com índices de audiência nada animadores (será o trauma pela novela anterior?), “Passione”, de Sílvio de Abreu tem o grande desafio de recuperar índices de audiência cada vez mais distantes de outros tempos e de outras novelas do horário nobre. Ainda que não traga grandes novidades com relação à trama e aos personagens, Sílvio tem seus trunfos: excelente elenco  e um novelão típico, com direito a ganchos, filhos desconhecidos, triângulos amorosos e conflitos familiares.  Dizem que o sotaque italiano não está agradando. A mim, não incomoda em nada. Confesso que elegi minha própria heroína: Stela, a bela da tarde (e da noite também) da cada vez mais linda Maitê Proença (foto). Torço para que a trama da personagem possa ser desenvolvida a contento, uma vez que foge do lugar comum. A novela ainda não está imperdível, mas altamente assistível. E trouxe de volta um ingrediente indispensável ao gênero: ganchos. Só no capítulo de hoje foram três. Já é um bom começo.


RIBEIRÃO DO TEMPO: NOVOS TEMPOS NA RECORD.

Ainda falando de estreias, uma nova novela de Marcílio Moraes é sempre aguardada com ansiedade e otimismo. E sempre podemos esperar ótimo texto e personagens nada óbvios. Valorizado na Record por suas tramas que abordam violência urbana, Marcílio estreou na emissora com a primorosa “Essas Mulheres” e agora sabiamente promove uma nova guinada com uma trama política, irônica e bem humorada, que mescla bem mistério e romance, mas parecendo brincar com os gêneros. Tais características podem trazer para a emissora parte dos públicos A e B que ainda transitam pouco por lá. “Ribeirão do Tempo”, em seu início, já apresenta uma identidade própria e se mostra diferente de tudo que a Record produziu até então. Como ex-aluno de Mestre Marcílio e privilegiado por comprovar seu talento de perto, torço para que colha bons frutos com sua nova empreitada.


- "MOTHERN" ESTÁ NO AR.

Como já disse, sempre que posso acompanho a reprise de “Por amor” às 16:30 no Viva. Mas assim que a novela termina, corro pra GNT pra conferir a reprise dos episódios de “Mothern”, excelente série que, infelizmente, as pessoas pouco conhecem. A série é uma delícia: leve, inteligente, engraçada, bem escrita, bem dirigida, enfim, tudo de bom. Vale também pelo elenco: as quatro mães do título são ótimas, com destaque para Fernanda D’umbra e Melissa Vettore (desperdiçadíssima como a acompanhante de Lolita Rodrigues em “Viver a Vida). Melissa é ótima e garante, não só momentos engraçados, como os mais intensos da série. Também podemos ver Klara Castanho, cujo talento e profissionalismo já saltava os olhos aos 6 anos, arrasando como e esperta Bel, e Rafinha Bastos do CQC como um dos maridos da série. Portanto, pra quem ainda não viu, eis uma excelente oportunidade.

- LIGANDO O NOME À PESSOA.

 Com certeza, você já viu esse rosto muitas vezes na TV, mas talvez nunca tenha ligado o nome à pessoa. Figura simpática e marcante em tudo o que faz, Nica Bomfim tem agora uma oportunidade melhor pra mostrar seu talento e seu carisma com um ótimo personagem em “Escrito nas estrelas” na pele da adorável mãezona Magali. A primeira vez que prestei atenção na atriz foi em “História de amor” (1995), como a prestimosa auxiliar da Helena da vez, vivida por Regina Duarte. Desde então foram muitas participações em produções como “Eterna Magia” e “Zorra Total”, mas é Magali quem está proporcionando a Nica vôos teledramatúrgicos maiores. Não há como não cair de amores pela personagem fãzoca de Fábio Júnior e dona da macarronada mais cobiçada da novela. Pelo andar da carruagem, promete muita emoção por aí. Magali ainda nos fará rir e chorar muito, aposto, pois é daquele tipo de personagem alto astral e do bem que todos nós gostaríamos de ter por perto. Parabéns pra Nica e que muitos outros personagens como esse possam surgir daqui pra frente.

Beijos, abraços e até a próxima!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Blogueiro convidado: Ivan Gomes fala de "Guerra dos Sexos"


 Mais um queridão no melão. E esse é especialíssimo. Dono de um conhecimento raro sobre novelas que ele nem sempre faz questão de exibir, bem como sua capacidade crítica em falar delas com inteligência e estilo. Esse é Ivan Gomes, telemaníaco apaixonado que deixa transcender toda sua paixão naquilo que escreve. E o foco de sua escrita não poderia ser mais especial: a inesquecível “Guerra dos Sexos”, marco indiscutível da teledramaturgia brasileira, que conseguiu unir popularidade e ousadia. Uma das novelas mais cultuadas de todos os tempos e que, segundo seu autor, o genial Silvio de Abreu, promete voltar em 2012. Só nos resta ficar na torcida. Enquanto isso, vamos apreciar e telembrar, através do ótimo texto de Ivan, esse grande sucesso de 1983, coincidentemente publicado no dia do aniversário de uma das estrelas da novela, Lucélia Santos! Então, fica também como singelo presente do melão para a atriz. Vamos ao texto:

Série Memória Afetiva: Guerra dos Sexos

Por Ivan Gomes


Acabei de rever essa novela, uma versão editada de Portugal, que meu irmãozinho Vitor emprestou para mim.
Foram meses deliciosos , relembrando essa comédia que tive o privilégio de acompanhar na exibição original em 83 e na reprise de 89. Gostaria de dividir minhas impressões com vocês: Acredito que hoje a comédia de Guerra dos Sexos foi tão reutilizada, tanto pro bem qto pro mal, que para o pessoal mais novo a novela não teria nada demais. Mas em 83 foi um choque! Substituiu a convencional, mas deliciosa Final Feliz, da craque Ivani Ribeiro, e de repente a tela era invadida por um bando de malucos deliciosos.

Criança, eu não tinha noção da importância de uma Fernanda Montenegro e de um Paulo Autran, mas achava bacana na abertura o “e pela primeira vez juntos’’ que antecedia os nomes deles, me despertando a atenção para o trabalho desses maravilhosos artistas. Esses dois estavam muito bem acompanhados por um elencaço e é deles que eu queria comentar: Glória Menezes era minha heroína, talvez uma das personagens que mais gosto até hoje. Torcia muito pela sua Roberta Leone, sofria e ria junto com ela. Roberta tinha um amor, uma generosidade, uma alegria de viver que me encantavam, seu amor verdadeiro, honesto e sincero pelo Nando (Mario Gomes) me comovia e talvez o meu lado romantico tenha surgido da identificação com os sentimentos da Roberta, minha personagem favorita da trama. Tarcisão também esteve muito bem num tipo infantilóide que todos aqui na minha casa adoravam! Amava quando o chamavam de “pipinho”. Foi o primeiro trabalho desse ícone que acompanhei de fato!

 Lucélia Santos interpretava Carolina, uma vilã em que ela pode mostrar todo seu potencial, principalmente quando ela vai deixando a vilania por seu amor por Felipe (Tarcisio Meira). Muitas cenas dela me impressionaram muito. Não era uma vilã gratuita, mas que, de certa forma, debochava um pouco desse tipo de personagem, hoje tão idolatrado. Lucélia tem uma força, uma entrega ao personagem indiscutível, e mostrou muito mais de seu talento ainda na mudança de comportamento da personagem. Quando Carolina muda de atitude e se arrepende dos seus atos, ficou crível, não ficou forçado.

Fernanda e Paulo sem comentários, eu torcia mais pra Charlô, achava-a genial, amiga, inteligente e muito, muito engraçada! Na época acabei vendo o Otavio do Paulo, como uma espécie de vilão. Nas cenas finais quando Otavio revela toda sua solidão entendi o porquê de tantas malandragens contra a Charlô: era um amor encubado que ele não acreditava que fosse se realizar, ao ver a amada casando-se tantas vezes com outros homens.

O casal Tarcísio e Glória entre Maitê Proença

Cristina Pereira e sua Frô eram demais, talvez a personagem que mais me fez rir na novela, com sua auto-estima lá em cima e sua cara de pau! Maitê Proença e Maria Zilda lindas e divertidas também, destacando a Zilda com uma personagem ousada pra época, mais liberal, livre. Acredito que muitas mulheres tenham se sentido ‘’defendidas’’ por essa personagem (Vânia), tirando a mulher da condição de capacho sexual , presa a convenções matrimoniais e podendo viver a vida (eheheheheh) como bem entendessem. A Juliana de Maitê era o grande toque romântico da novela, única personagem que carregou consigo um tema musical marcante: "ANJO", do grupo Roupa Nova. Doce, medrosa num amor proibido no inicio, acabou revelando-se uma mulher que evita se envolver com seu amor por puro preconceito, sem conseguir aceitá-lo como é (daí meu favoritismo pro casal Nando e Roberta) tornando-se mais tarde uma mulher insegura e ciumenta, o q acaba custando seu grande amor.Um outro grande destaque pra mim e um ator bastante discutido foi Mario Gomes, com um Nando perfeito, acredito até que um ator bom, com mais recursos, não teria feito tão bem. Nando tinha uma humanidade que eu achei genial, integridade, valores, e uma característica que me chamou a atenção agora que revi a trama: ele não olhava no interlocutor quando precisava ‘’se abrir’’, falar dos seus sentimentos, apenas algumas vezes. Isso mostra uma interpretação pensada para o personagem, criando um tipo, estudando o papel. Parabéns para ele!



Não dá pra falar de todos porque senão esse texto não termina nunca! Mas deixei pro final a maravilhosa Yara Amaral, uma das maiores perdas das nossas artes. Que atriz é essa, meu Deus! Faz comédia e drama como ninguém, que dona Nieta real, humana, divertida, contraditória! Fez um casal maravilhoso com o grande Ari Fontoura (o tímido Dinorah). Saudades eternas!

Pra encerrar, falo um pouco do texto de Silvio de Abreu que escreveu uma historia onde assumiu a comédia rasgada sem deixar  de lado uma certa sofisticação, em meio a tortas voando, perseguições de diamante e calores sexuais muitas referências sutis a filmes e músicas. Silvio uniu o pastelão a um humor mais fino, principalmente em alguns momentos de Charlô e Otávio, agradando ao povão e a quem tem uma certa cultura geral! Valeu mesmo! Também é importante destacar que todos os personagens, mesmo estando em uma comédia, tinham alma, nada era gratuito. É só vê-los com mais atenção que a gente se reconhecia, percebia atitudes e sentimentos parecidos com os nossos, entendia as razões os motivos de seus atos e, ainda por cima, se divertia muito!!! Uma pena que os textos estão se empobrecendo e humor hoje em telenovela anda beirando a debilidade mental e, de certa forma, contribuindo pra manter o gosto popular (que deveria ser mais estimulado) no mesmo patamar pouco exigente!


Valeu, Silvio de Abreu, Jorge Fernando, Guel Arraes, TV Globo e toda turma que criou esse clássico da TV!



Mansão de Otávio e Charlô. A trama se passava em Sampa, mas a casa fica em Petrópolis - RJ

FIM

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Flor de Lótus


Certa vez, em um exercício de curso de roteiro, criei uma protagonista que tinha por volta de 40 anos, bem casada e estabilizada. Algo acontece e ela é obrigada a dar uma virada em sua vida. Mas ao apresentá-la, a professora nem quis ler e foi taxativa: “mocinha de 40 não rola!”. Surpreso e chocado com tal declaração, nem quis gastar energia citando Tieta, Viúva Porcina, Charlô, Raquel, Helenas do Maneco e outros exemplos bem sucedidos. Como queria agradar, desisti da ideia momentaneamente e fiz a vontade da mestra, voltando para as mocinhas puras de 18 anos.

Mas essa mulher ficou na minha cabeça e um belo dia sua história começou a se delinear melhor em minha mente, vários personagens foram sendo criados à sua volta e uma sinopse completa com primeiro capítulo surgiram. Resolvo agora publicar a primeira cena desse primeiro capítulo, que é a apresentação da personagem, o que é sempre muito difícil, pois a gente precisa começar a contar a história pro espectador sendo o menos didático possível. Criei dois momentos: ela, jovem aos 23 anos às portas de se casar e 15 anos depois, com uma aparente frustração. Não sei se faria diferente hoje, mas foi assim que comecei...


FLOR DE LÓTUS Capítulo 1 Pag.: 1


CENA 01. MANSÃO DOS TREBIANI. JARDIM. EXTERIOR. DIA.



CAM PASSEIA POR ENTRE AS FLORES DO BELO JARDIM DA MANSÃO, COM GRANDE VARIEDADE DE FLORES, DE TODOS OS TIPOS, FORMATOS, CORES E TAMANHOS DIFERENTES, FORMANDO UM CONJUNTO MUITO BONITO. CAM PERCORRE TODO O JARDIM ATÉ UM PEQUENO LAGO ONDE HÁ UMA BELA FLOR DE LÓTUS. A ÁGUA EM TORNO DA FLOR SE AGITA. CAM VAI ATÉ A UMA MÃO JOVEM E FEMININA. É LUÍSA COM 23 ANOS. DUAS MÃOS TAPAM O ROSTO DE LUÍSA. É ARNALDO. LUÍSA COLOCA AS MÃOS SOBRE AS MÃOS DELE.

LUÍSA — Como se eu não fosse adivinhar que é você, meu amor.


LUÍSA SE VIRA PRA ARNALDO E ELES SE BEIJAM


ARNALDO — Amanhã a gente casa. Tá feliz, Luísa?


LUÍSA — Feliz? Eu estou nas nuvens! Arnaldo, eu te amo!


ARNALDO — Eu também, minha flor. E eu prometo te fazer feliz por todos os dias da sua vida.


NOVO BEIJO. LUÍSA COM EXPRESSÃO PREOCUPADA.


ARNALDO — O que foi, amor? Tô te achando um pouco tensa. Vai me dizer que já tá se arrependendo?


LUÍSA — Bobo! Não é isso, não Arnaldo! É muita coisa acontecendo. De uma hora pra outra, a minha vida vai dar um giro completo. Largar o trabalho, casar com você, e principalmente /


ARNALDO — E principalmente...


LUÍSA — (T) Mudar pra essa casa. Cê sabe que a tua mãe não vai com a minha cara.


ARNALDO — É o jeito dela, Luísa. Cê ainda não notou? E eu não posso sair de casa nesse momento que eu vou assumir a presidência da empresa.


LUÍSA — (DEBOCHADA) Quem diria que Arnaldo Trebiani se tornaria o rei do papel higiênico Sedoso, o mais amado do Brasil.


ARNALDO — Isso, vai debochando. E se eu vou ser o rei do papel higiênico, adivinha quem vai ser a rainha?


LUÍSA — Fazer o quê? São as ciladas do amor.


LUÍSA E ARNALDO SE BEIJAM. CAM VOLTA PARA O LAGO LENTAMENTE E DÁ CLOSE NA FLOR DE LÓTUS.
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 CENA 02. MANSÃO DOS TREBIANI. JARDIM. EXTERIOR. DIA.



MESMA IMAGEM DO LAGO DA CENA ANTERIOR. INICIANDO NA FLOR DE LÓTUS SOBRE A ÁGUA. AS MESMAS MÃOS, AGORA COM UMA ALIANÇA, BRINCAM COM A ÁGUA. É LUÍSA, 15 ANOS DEPOIS, COM EXPRESSÃO PENSATIVA, OLHAR DISTANTE, PERDIDO, LEVEMENTE TRISTE. DUAS MÃOS TAPAM SEU ROSTO.

LUÍSA — Arnaldo?


RITA, NUM ROMPANTE, TIRA AS MÃOS DOS OLHOS DE LUÍSA.


RITA — Que é isso, garota? Vai dizer que as mãos do Arnaldo são delicadas desse jeito?


LUÍSA — Rita! Não acredito. Você veio, prima! Dá um abraço!


AS DUAS SE ABRAÇAM CALOROSAMENTE.


RITA — Diretamente do Rio de Janeiro, meu amor! E você achou que eu fosse perder o evento mais importante dos últimos anos da cidade de Recanto?


CORTA PARA:
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Cena 3?
Quem sabe um dia não possamos vê-la no ar! O que terá acontecido a Luísa? E o que vai acontecer na tal festa? Sim, a novela ainda vai começar, mas a personagem foi apresentada.


Para relembrar outra cena postada aqui no melão, um animado chá de senhoras nos anos 50, clique em:
http://euprefiromelao.blogspot.com/2010/01/elegante-cha-de-senhoras-nos-anos-50.html

sábado, 8 de maio de 2010

Feliz aniversário, Betty Faria!


Musa do melão em qualquer estação (o muso é Alcides Nogueira, nosso querido Tide!) e minha atriz favorita desde sempre, Betty Faria completa mais um ano de vida. Seria redundante citar seus grandes momentos da carreira. Apesar de bissexta no teatro, quando está no palco é sempre marcante: sua “Shirley Valentine” a levou a uma indicação ao Shell desse ano. Um dos grandes ícones de nosso cinema, além de ser uma das nossas principais musas. Em se tratando de TV então, sua carreira se confunde com a própria história da televisão.

No ano passado, tive o privilégio e a grande honra de conhecê-la pessoalmente. Nesse dia, apesar de ter ficado em estado quase catatônico, pude confirmar a impressão que tive quando li sua biografia da coleção Aplauso “Rebelde por natureza”: Betty é uma estrela na vida e na arte. Simpática, alegre, esfuziante, e muito, muito calorosa, nos recebeu com um carinho genuíno e emocionado. Aliás, graças à sua simpatia, criou em torno de si a "Família Betty", composta por seus fãs que se juntaram na comu do orkut e no blog.  Agora, aos 69 (hummm) enfrenta um novo desafio na carreira e vive em “Uma rosa com amor” a “amélia” Amália, indo na contramão da maioria dos tipos sensuais que interpretou na TV. Faz uma dona de casa devotada e sofrida, abrindo mão de sua vaidade e, de cara limpa, nos emociona diariamente com uma interpretação tocante, e como sempre, visceral. Nada mais tenho a dizer, senão desejar um feliz aniversário com votos de saúde, sorte e sucesso sempre. Abaixo, segue um banner que meu amigo Douglas (www.twitter.com/DougieTwittie ) criou e me presenteou com tanto carinho. Guardei durante meses para postá-lo nesse dia.

Enfim, Feliz aniversário, Betty, e tudo de bom que a vida possa lhe oferecer!!! Sempre!

(clique na imagem para ampliá-la)

E quem quiser conhecer ou relembrar a carreira da diva, seguem abaixo alguns quizzes a ela relacionados:


Link para comunidade da Betty no orkut, cujo dono e moderador é este que vos fala: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=391826

Link para o blog da Betty (que anda meio desatualizado, mas vale a visita): http://www.bloglog.globo.com/bettyfaria/

Homenagem à Betty de um de meus queridões favoritos, Walter de Azevedo:
http://historiasdetatu.blogspot.com/2010/05/estrela-permanece.html

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Entrevista especial - Do blogão para o melão, Aguinaldo Silva!



Aguinaldo Silva: "o mais amplo e abrangente retrato da vida brasileira nos últimos quarenta anos está nas telenovelas".


Mais um presente para os leitores do melão!
Aguinaldo Silva, um dos mais bem sucedidos autores de nossa teledramaturgia, em exclusivíssima entrevista, fala sobre vários assuntos de maneira direta, mas sempre muito simpática, dentre os quais sobre o papel da telenovela da vida do brasileiro, dos frutos obtidos com sua Master Class, da enorme repercussão de seu blogão, e, claro, das lembranças de grandes novelas como “Tieta” e “Vale Tudo”, entre muitos outros. E revela ter mudado de ideia sobre o fim do realismo fantástico nas novelas após ter feito uma viagem à Carpina, sua cidade natal, revelando surpreendentemente: “não se espante se muito em breve eu voltar ao gênero”.
E como em toda entrevista de Aguinaldo, não pode faltar uma boa dose de polêmica, o autor fala do desdém da Academia, da imprensa e da crítica especializada à telenovela. Sobre a polêmica em "Duas Caras" envolvendo a pole dance, sem a menor cerimônia, diz na lata:"Não há perseguição à novela, há perseguição à Rede Globo. E a questão não é moral, e sim política". Também revela que sempre quando falam que a telenovela está em decadência, responde sem pestanejar:"o que está em decadência é o gosto do público".


Agradeço demais ao autor por dispor de um pouco de seu tempo para nós. Com vocês, o mestre, o realista, o fantástico, o sempre necessário, Aguinaldo Silva!


Eu prefiro melão - Em Senhora do Destino, você homenageou sua mãe batizando a protagonista com o nome dela. O que o motivou a isso? Sua mãe, de certa forma, também foi uma senhora do destino?

Aguinaldo Silva – Minha mãe não foi uma senhora do destino, mas era uma personalidade forte, e que exerceu grande influência em minha vida. Batizar com seu nome uma personagem tão positiva foi o modo que encontrei para homenageá-la. Ela foi muito bem casada a vida inteira, e nunca se viu numa situação tão extrema quanto a Maria do Carmo da novela. Mas se isso acontecesse, tenho certeza de que ela estaria apta a mostrar sua fortaleza.


Eu prefiro melão - Mesmo se atendo em fatos totalmente ficcionais, você diria que toda obra é autobiográfica? Se sim, até que ponto?


Aguinaldo Silva - Toda obra de ficção é também autobiográfica, porque tem muito da vivência (ou da falta de) do autor. Quanto mais ele viveu, mais tem histórias para escrever. Do contrário, se ele é um ficcionista, está apto a inventá-las, mas na minha opinião o produto final nunca é tão autêntico quanto aquele que é fruto de experiências pessoais. Eu vi e vivi muito, e acho que isso influi decisivamente em tudo o que escrevo.


Eu prefiro melão - Em recente bate-papo na FNAC do Barra Shopping, você declarou que “Tieta” foi sua grande alegria como autor. Confesso que é a minha novela favorita de todos os tempos. Uma feliz junção de história, texto, elenco, direção, parte técnica, etc. Que lembranças você tem da novela e da época em que a escreveu?


Aguinaldo Silva - Eu tinha saído de “Roque Santeiro” com um certo trauma, por conta de ocorrências que já não vale mais a pena relembrar. E achava que precisava provar o fato de que havia escrito aquela novela e influído decisivamente nos seus rumos. Isso foi possível quando me chamaram para escrever “Tieta”, e eu dei a ela o mesmo tom de “Roque Santeiro”. Mas importante mesmo é que “Tieta” foi a primeira novela das oito escrita após o fim da censura e eu a transformei numa metáfora: a volta da filha pródiga à cidade que a expulsou e a humilhou é também a volta da liberdade de expressão após anos de censura na tevê. “Tieta” é tudo isso, mas principalmente, é uma grande novela.


Eu prefiro melão - Você também escreveu “Vale Tudo” em co-autoria com Gilberto Braga, um verdadeiro marco da televisão brasileira, novela mítica para os mais jovens e emblemática para quem assistiu. Mesmo sendo uma novela concebida por Gilberto Braga e você afirmou ter respeitado o estilo dele, o que você apontaria na novela como tendo sua marca pessoal? Como era a divisão de trabalho entre vocês dois e Leonor Basséres?


Aguinaldo Silva - “Vale Tudo” tinha um tom bem mais popular que as outras novelas do Gilberto. Tinha mais a cara do povo e o seu dia-a-dia, e acho que isso aconteceu por influência minha. Acho que foi uma reunião feliz de dois autores de estilos diferentes que se juntaram e resultaram num terceiro, entre os quais Leonor Basséres, com sua sabedoria, figurava como fiel da balança. A divisão de trabalho era simples: Gilberto fazia o resumo do bloco, eu fazia as escaletas e distribuía as cenas que nós três escrevíamos. Gilberto escrevia menos, mas quando o fazia era arrasador.


Eu prefiro melão - Ricardo Linhares e Ana Maria Moretsohn, dois de seus co-autores mais famosos, sempre reafirmam sua generosidade no trabalho em equipe e na liberdade de criação que você sempre deu a eles em suas novelas. O que mudou do tempo deles para os dias de hoje com equipes mais numerosas? Como é a divisão do trabalho entre os seus colaboradores atuais?


Aguinaldo Silva - Nada mudou. Trabalhar com Ricardo e Ana, claro, foi um luxo em minha vida, e foi por isso que eu, mesmo enfrentando algumas resistências, dei aos dois status de co-autores. Mas hoje em dia tenho dois colaboradores tão competentes quanto eles a trabalhar comigo: Maria Elisa Berredo e Nelson Nadotti. Quando digo que nada mudou é porque escrever novela continua a ser a mesma estiva: mesmo que a equipe de colaboradores seja maior, todos nos esfalfamos. O que mudou foi trabalhar com computador e internet, que nos permite caprichar ainda mais no trabalho. Há quem diga, vendo as novelas que estão no ar, que não se nota isso, que as novelas estão em decadência, mas eu discordo. O que está em decadência é o gosto do público.


Eu prefiro melão - Você afirmou na entrevista para o livro “A seguir cenas do próximo capítulo” que o gênero realismo fantástico foi definitivamente suplantado e que não tem mais intenção de escrever nada nesse estilo. Será mesmo que o pragmatismo e o desejo pelo realismo exacerbado de nossos dias não deixaram nem uma brechinha para que o gênero possa voltar reformulado? Pergunto isso porque achei que o realismo fantástico de “Fera Ferida” já era muito diferente de tudo o que foi criado anteriormente, uma vez que era mais lírico, mais poético. Diante disso, não seria possível uma nova reinvenção desse tipo de narrativa?


Aguinaldo Silva - Depois de vinte anos sem ir a Carpina, Pernambuco, a cidade onde nasci e que serviu de fonte para todas as minhas novelas do gênero “realismo mágico”, estive lá no mês de fevereiro, e essa visita, ainda que rápida, fez com que eu mudasse de opinião sobre o gênero. Tudo bem, qualquer cidadezinha hoje em dia tem telefone celular e internet, mas a modernidade pára por aí, porque a mentalidade das pessoas continua a mesma. Ou seja: as pessoas andam de Pajero, mas pensam como se estivessem numa charrete. Ouvi, durante essa visita, histórias do arco da velha, suficientes para escrever a mais enlouquecida de todas as novelas: puro realismo mágico. Por isso, não se espante se muito em breve eu voltar ao gênero.


Eu prefiro melão - A Master Class, que está em sua segunda edição atualmente, foi uma grata surpresa e representa uma oportunidade única para quem quer ingressar no mercado. O que o motivou a empreender esse tipo de projeto? Além de ensinar, você também tem aprendido algo com a experiência?


Aguinaldo e o alunos da Master Class II

Aguinaldo Silva - Eu disse no meu blog recentemente que ensino para aprender. Isso não é nenhuma novidade, todo bom professor faz isso. Mas também ensino porque me preocupa a falta de novos autores de novela. Minha experiência no ramo é puramente prática, e é isso que eu procuro passar para os meus alunos: como se faz para escrever uma novela. A essa altura já tenho bastante experiência sobre o assunto, e é isso que eu ensino. O curso é grátis porque seria imoral que eu cobrasse o preço justo. E já me deu muitas alegrias, não apenas pela belíssima sinopse de “Marido de Aluguel”, que saiu da primeira “master class”, mas também pela evidência de que existem muitos autores prontos para deslanchar se tiverem a oportunidade.


Eu prefiro melão - O que podemos esperar de “Marido de aluguel”, fruto da primeira Master Class? Já escolheu os alunos que vão escrever a novela com você? Que critérios utilizou para essa escolha?


Aguinaldo Silva - Ainda estou a meio do processo de escolha. O processo foi o da competência, o mesmo que me levou a selecionar, dentre 1134, os 30 que fizeram os dois cursos. Não houve nenhum tipo de apadrinhamento, e eu me orgulho disso. Claro que, além desses 30, muitos outros estavam perfeitamente aptos a fazer o curso, e eu sofri muito quando tive que eliminar a maioria deles. Mas é como eu disse na resposta anterior: há muita gente boa pronta para escrever novelas por aí, é tudo uma questão de chance.


Eu prefiro melão - Você alcançou uma popularidade e comunicabilidade maior com o público através de seu blog. Como freqüentador assíduo, percebo que muitas vezes você fala dos mais variados assuntos com genial sarcasmo e bom humor, mas é frequentemente mal interpretado, característica da linguagem escrita que, em tom coloquial, às vezes é prejudicada por não revelar de forma clara aspectos da linguagem oral como entonação, por exemplo. Enfim, percebo que em muitas ocasiões você brinca, ironiza, mas é levado a sério demais e acaba despertando polêmica com isso. Até que ponto você gosta de alimentar tais polêmicas e manter, de certa forma, sua “fama de mau”? Isso acaba contribuindo para que o blog obtenha um maior alcance?



Aguinaldo Silva - Tudo o que eu queria, quando me chamaram pra fazer um blog, era evitar o tom pessoal, do tipo “acordei, tomei café e fui no banheiro”, e ser mais opinativo e jornalístico. Claro, o blog me dá liberdade total, porque nele eu sou o que escreve e sou também o dono. Posso dizer coisas que não diria nas minhas novelas ou nos artigos que de vez em quando me são encomendados. Com o tempo eu descobri e aprimorei um tom muito pessoal de escrever que se tornou a cara do blog. Sou sempre sincero e direto, mesmo quando parece que estou apenas brincando. E sou polêmico. Isso, além do fato de que o blog fez muito sucesso, provoca uma certa ira em outros comunicadores, que fazem tudo pra me derrubar, mas imagina se eles conseguem...


Eu prefiro melão - Você é um dos autores que mais escrevem para mulheres. Suas personagens femininas são inesquecíveis e proporcionaram grandes momentos para grandes atrizes como Betty Faria, Renata Sorrah e Suzana Vieira, só pra citar três de suas “musas” mais presentes em suas novelas. O universo feminino é mais interessante? Que fascínio o feminino exerce em você?

Tieta (Betty Faria), Pilar Batista (Renata Sorrah) e Maria do Carmo (Suzana Vieira): grandes heroínas.

Aguinaldo Silva - Eu sempre digo, talvez simplificando demais o assunto, que “homem é muito chato”. O que eu quero dizer é que os homens continuam presos na camisa de força do machismo, sem conseguir entender o fato consumado de que as mulheres estão mudando. Esse processo de mutação das mulheres é que as torna mais interessantes. O universo feminino não para de se expandir, as mulheres ainda estão se descobrindo, é isso o que as torna, para um ficcionista como eu, mais fascinantes.


Eu prefiro melão - Como fã de seriados americanos, você já declarou inclusive que estudou a fundo alguns deles para escrever “Cinquentinha”. Quais são os seus favoritos e que elementos deles conseguiu transpor para a minissérie que, a princípio, seria um seriado?


Aguinaldo Silva - O número 1, e creio que ele não vai perder nunca esse posto, é “Os Sopranos”. Mas há outros seriados inesquecíveis. A primeira parte de “Deadwood”, “The Closer”, “Donas de Casas Desesperadas”, a primeira temporada de “The Riches”. “House” é um personagem e mais nada, “Anatomia de Grey” e “Brothers and Sisters” dois novelões mais caprichados, mas todos eles, juntos, são o que de melhor se faz atualmente, em matéria de audiovisual, no mundo, incluindo o cinema hollywoodiano. Vejo todos, nem seja pra dizer: “não gosto”. São verdadeiras aulas de roteiro. Pena que no Brasil ainda não se produza nada parecido.



Eu prefiro melão - Em “Duas Caras”, novela das nove destinada ao público adulto, a personagem Alzira, vivida por Flávia Alessandra, gerou polêmica por ser dançarina de pole dance, chegando inclusive a ter cenas cortadas em função disso. No entanto, basta assistirmos a alguns programas dominicais vespertinos, cuja classificação é livre e são assistidos por toda a família, para vermos que dançarinas de pole dance executam suas performances sem maiores problemas. Diante disso, você acredita que há uma perseguição à telenovela? Se sim, por que?



Aguinaldo Silva - Não há perseguição à novela, há perseguição à Rede Globo. E a questão não é moral, e sim política. A enorme audiência da Globo lhe dá um “poder” que não é visto com bons olhos. É preciso, como alguns dizem abertamente lá no Planalto Central, “destruí-la”. Isso já teria acontecido, por exemplo, se vivêssemos, como a Venezuela, numa “revolução bolivariana” (seja lá o que isso significa). O autor prejudicado, como eu fui, tem que ter uma visão mais ampla da história e perceber que seu trabalho é só um dado e ele é apenas um joguete no meio disso tudo.


Eu prefiro melão - Você é noveleiro? Quem são suas maiores referências no gênero? Quais novelas (não valem as suas) você julga serem memoráveis?


Aguinaldo Silva -. Vou lhe contar um segredo: vi pouquíssimas novelas. Antes de ir para a televisão, e isso aconteceu por puro acaso, eu era jornalista e trabalhava de quatro da tarde às onze da noite. Por isso as novelas estavam fora do meu universo. Escrever novelas nunca foi pra mim nem mesmo um objetivo remoto. Por isso só posso falar de novelas que vi, ou entrevi, a partir do instante em que, levado pelas mãos de Boni, aderi ao gênero. Sem contar as minhas não tenho referências no gênero.


Eu prefiro melão - Até que ponto o público interfere na criação do autor? Teria algum exemplo de novela sua que foi modificada pela interferência do público?


Aguinaldo Silva - O público, e não o produtor ou o autor, é o verdadeiro senhor da novela. É para ele que escrevemos e produzimos. Ele interfere na criação o tempo todo. Não tive nenhuma novela cujos rumos fossem totalmente mudados por causa da interfência do público, mas tive que mudar muitas situações por causa dele.


Eu prefiro melão - Inegavelmente, a novela é o grande fórum de discussão de nossa sociedade. Muitos assuntos polêmicos considerados tabus já foram apresentados em diversas tramas. E você, sem dúvida, é um dos autores mais ousados e transgressores, sempre contestando valores, desestabilizando noções cristalizadas e retrógradas do que seja moral, o que sempre incomoda os mais conservadores. Quais as maiores contribuições que você acredita ter dado através de suas novelas para o avanço da discussão de temas socialmente relevantes?


Aguinaldo Silva - Quando escrevo uma novela não penso em temas, mas sim nas minhas histórias. Sou um ficcionista desvairado. O problema é que sou também um cidadão, tenho gostos, preferências e posição política, e isso se reflete constantemente no meu trabalho. Se eu fosse falar de alguma contribuição que eu tenha dado em minhas novelas para o avanço da discussão de temas socialmente relevantes, eu citaria a minha obsessão em denunciar todas as formas de preconceito. O preconceito, como a inveja, é uma merda que nos tolhe a todos, vítimas e algozes. Gosto de pensar que em minhas novelas ajudei, de forma sempre cáustica e bem humorada, a denunciá-lo e a combatê-lo.


Eu prefiro melão - Você acha que o gênero telenovela é tratado com o devido respeito que merece por parte das instituições, tendo em vista que as primeiras iniciativas para se preservar a memória do gênero partiram de verdadeiros abnegados sem apoio institucional algum como o Nilson Xavier, criador do site Teledramaturgia, que contém informações de simplesmente TODAS as novelas produzidas no Brasil até hoje, José Marques Neto, criador do canal Mofo Tv, que divulga vídeos de novela e programas antigos, ou Guilherme Stauch, dono do famoso blog “Memória da TV”? O que acha de iniciativas como essas? Acredita que elas estão aumentando? Esse tipo de trabalho não deveria ser feito também pelo Ministério da Cultura?


Aguinaldo Silva - A telenovela é desdenhada pela universidade, que a ignora totalmente em seus cursos de roteiro. É desdenhada pela crítica que se diz especializada em televisão, que a considera o pior dos gêneros. É desdenhada até pelos jornalistas que cobrem o assunto, e o fazem de nariz torcido. Até os atores, quando querem brincar de ser sérios, dizem que vão dar um tempo nas novelas e que o cinema é o sonho de consumo deles... Pobre cinema brasileiro. As novelas são a preferência nacional, mas a importância do gênero nunca é reconhecida. Por isso iniciativas do gênero das que você citou são bem vindas. Não se iludam: o mais amplo e abrangente retrato da vida brasileira nos últimos quarenta anos não está no cinema, nem mesmo na literatura ou no teatro, está nas telenovelas.


Eu prefiro melão - Que conselho daria a um jovem roteirista que aspira a trabalhar na TV?


Aguinaldo Silva - Estude, viva, veja tudo que puder – filmes, seriados, novelas -, cole em alguém que já chegou lá e, quando sua hora vir, porque, se você for bom ela virá, esteja no lugar certo.


Eu prefiro melão - Por fim, gostaria de te agradecer muitíssimo pela generosidade em ceder a entrevista. Como autor, nem tenho o que comentar, afinal minha novela-xodó foi escrita por você. Mas nunca vou me cansar de elogiar sua coragem e sua postura admirável com a criação da Master Class e, principalmente, com o cumprimento das propostas e com os frutos que ela rendeu e ainda está rendendo. Como já disse em texto publicado aqui mesmo no melão, você provou ser “sujeito-homi”. Que bom que estou tendo a oportunidade de te dizer isso. Mesmo não fazendo parte diretamente do projeto, gostaria de te agradecer em nome de todos que buscam uma oportunidade em um mercado tão restrito e desejo mais sucesso ainda em tudo o que você realizar.

Aguinaldo Silva - Obrigado por ser tão generoso comigo. E não esqueça que outras “master classes” virão, e que, nelas como nas duas que já fiz, o que sempre valerá na escolha de alunos será o critério que mais prezo: o da competência.


Já responderam ao quiz sobre Aguinaldo Silva? Teste seus conhecimentos sobre as novelas do autor em:
http://www.quizyourfriends.com/take-quiz.php?id=1002200109044641&a=1  
Por Vitor Santos de Oliveira.
Agradecimento especial: Jackeline Barroso Pires
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quarta-feira, 5 de maio de 2010

Promoção “Guia Ilustrado TV Globo” no melão!



 Como agradecimento a todos vocês, leitores que contribuem diariamente para o sucesso deste blog, o melão resolveu agraciar um de vocês com um "Guia Ilustrado TV Globo - novelas e minisséries", que traz informações sobre todas as 252 novelas e 66 minisséries produzidas pela emissora até hoje. Vale a pena se ter em casa!





O vencedor do exemplar será o primeiro a gabaritar o seguinte quiz:


http://www.quizyourfriends.com/take-quiz.php?id=1005051953154731&a=1&


MAS ATENÇÃO ÀS REGRAS DO CONCURSO:


1) Para ser considerado vencedor, o leitor deverá concorrer utilizando NOME E SOBRENOME ou ENDEREÇO DO TWITTER para facilitar a identificação. (Ex: Vitor Santos ou @vitorolive)


2) NÃO SERÃO CONSIDERADOS VENCEDORES AQUELES QUE CONCORREREM COM APELIDOS, FRASES OU OUTROS NOMES QUE DIFICULTEM A CORRETA IDENTIFICAÇÃO.

O vencedor será anunciado nesse post a qualquer momento. Obrigado a todos pela participação, boa sorte e divirtam-se!
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Parabéns, FÁBIO COSTA, você foi o vencedor da promoção (por que será que não estou surpreso? rs...)!!! Envie um e-mail para vitor77@gmail.com informando seu endereço completo para que o envio do seu prêmio possa ser providenciado.

A todos que participaram o meu muito obrigado. Aceito sugestões para um próximo concurso. Super abraço e até a próxima!

Ah, mesmo com a promoção encerrada, quem quiser testar seus conhecimentos, vale a pena responder o quiz.

domingo, 2 de maio de 2010

Série Memória Afetiva: O sexo dos anjos



Ivani Ribeiro (Santos, 20 de fevereiro de 1922 — 17 de julho de 1995) adorava escrever histórias ingênuas, inocentes, no melhor estilo “água com açúcar”, ainda que dois de seus grandes sucessos na Rede Globo, “Mulheres de areia” (1993) e “A viagem” (1994), fugissem desse estilo. No entanto, escrever histórias ingênuas e simples nunca significou que elas fossem tolas, simplórias. Um dos grandes méritos de Ivani foi o de nunca menosprezar o espectador. Suas tramas, mesmo que fantasiosas, primavam pela coerência e fidelidade ao estilo proposto e eram sempre aliadas a um envolvente texto.

Nessa linha é que em 1989, Ivani nos brindou com a bonitinha O sexo dos anjos, novela do horário das 18 horas, com direção geral de Roberto Talma, remake de um antigo sucesso seu na TV Excelsior chamado “O terceiro pecado”. A história sobrenatural  girava em torno da doce Isabela (Isabela Garcia), jovem que foi escolhida pelo anjo da Morte (Bia Seidl) para morrer. Para isso a Morte envia um de seus emissários, Adriano (Felipe Camargo) para cumprir a tarefa e buscar a jovem. No entanto, Adriano acaba apaixonando-se por Isabela e quer levar a irmã da moça em seu lugar, a rebelde e voluntariosa Ruth (Sílvia Buarque). Depois de muito negociar, Adriano consegue um acordo: ele só levará Isabela quando esta cometer três pecados. A partir daí, o que vemos é uma espécie de disputa entre a Morte e seu emissário. Adriano se materializa e se passa por professor de tênis de Ruth, que se apaixona por ele, para poder freqüentar a casa e proteger Isabela, ao passo que a Morte também se materializa e assume a identidade de Diana, também freqüentando a casa da família, já que faz amizade com Leonor (Miriam Pérsia), mãe das jovens. Enquanto Adriano faz de tudo para evitar que Isabela cometa os pecados, Diana faz exatamente o oposto. Leonor tem outros dois filhos: Tomás (Marcos Frota), surdo-mudo de ótimo coração e melhor amigo de Isabela, que vive às turras com Ruth; e Otávio (Humberto Martins, estreando em novelas), que assumiu os negócios da família após a morte do pai. Tomás descobre que Adriano é anjo e faz de tudo para que ele conquiste Isabela, que odeia Adriano, o maltratando permanentemente.


No entanto, Adriano consegue encontrar Isabela nas noites em que o espírito da moça sai de seu corpo e vai ao encontro dele. Dessa forma, os dois fazem juras de amor, mas Isabela nunca se lembra de nada no dia seguinte. Toda vez que aconteciam esses encontros amorosos, o público era brindado com a belíssima canção “Dedicado a você”, de Dominguinhos e Nando Cordel, interpretada com maestria por Zizi Possi. As cenas eram muito bonitas e líricas. No fim, Adriano consegue impedir  morte de Isabela e torna-se um mortal para poder viver seu grande amor. Diana faz com que eles nunca se lembrem de nada.

A questão da ecologia estava muito em evidência na época. E a autora abordou o tema através da história de Renato (Mario Gomes), missionário e ecologista perseguido na Amazônia, que assume a identidade do cunhado de Leonor, Padre Aurélio (Stenio Garcia), após a morte deste. Renato se faz passar por padre e também se integra à família de Leonor e (pasmem!), acaba se envolvendo com Diana, o anjo da Morte. Por mais fantasiosa que a história pudesse parecer, Ivani tinha a capacidade de fazer com que o espectador gostasse de acreditar naquilo tudo e torcesse para que tudo terminasse bem. Uma fábula moderna, cheia de charme e com estilo único e todo especial que só a autora possuía.


A novela ainda tinha outros personagens carismáticos como a fogosa e irreverente Francisquinha (Eloísa Mafalda, sempre ótima!), parente distante que vem para o Rio participar de um concurso de lambada (sim, a lambada estava com tudo!) e ao som de “Adocica”, de Beto Barbosa, protagonizou cenas hilárias com o atrapalhado detetive Aranha (Tonico Pereira), contratado por Rogê (Otávio Muller), namorado de Isabela, para investigar Adriano. O anjo provocava Aranha, desaparecendo na frente dele, deixando o detetive morrendo de medo. O núcleo jovem ainda contava com o casal Gigi e Zé Paulo (Carla Marins e Irving São Paulo), jovens de classes sociais diferentes, que tiveram que enfrentar a resistência das duas famílias para ficarem juntos. Zé Paulo era superprotegido pela amargurada Vera (Norma Bengell), que disputava com a irmã Leonor o amor do médico da família, Durval, vivido por Paulo Figueiredo. No final da novela, descobria-se que Durval era o verdadeiro pai de Tomás. A irmã de Isabela Garcia na vida real, Rosana Garcia, também esteve no elenco da novela, vivendo a ambiciosa Lucinha, filha do porteiro de um prédio chique em Ipanema, que trabalhava no supermercado com Gigi, mas fingia ser rica para o namorado Cássio (Rodolfo Bottino), que também se fazia de playboy, mas era filho do jardineiro Bastião (Lutero Luís, que faleceu durante a novela). Bianca Byington, como a reprimida Neide, Caíque Ferreira, Cosme dos Santos, Ilva Niño, Stepan Nercessian, Paula Burlamaqui, Inês Galvão e João Camargo também faziam parte do elenco, entre outros.

A abertura da novela simulava uma festa no céu em que os convidados eram flechados por cupidos animados ao som da balada de estilo cinquentista “Matiné no Rian”, interpretada por Paula Toller e João Penca e seus Miquinhos Amestrados. Rosana (Onde o amor me leva), Yahoo (Anjo), Lulu Santos (A2), Eduardo Dusek (Sou eu) e Marília Pêra (Amendoim Torradinho)  eram algumas dos nomes que compunham a trilha nacional da novela. Já a internacional, tinha grandes sucessos do pop e do rock da época como “Sweet child o’mine” (Guns n’ roses), “If you don’t know me by now” (Simply Red) e “Listen to Your Heart” (Roxette), que foi o tema internacional dos protagonistas, entre outros. Mas a música que mais tocava era a balada “Namorar”, cantada pela desconhecida Claudia Olivetti, presente praticamente em todas as cenas românticas dos núcleos jovens da novela.  

Mesmo que não tenha sido uma novela memorável para o grande público, “O sexo dos anjos” foi uma novela simpática, romântica e envolvente, que possuía a marca inconfundível de Ivani Ribeiro: a capacidade de sonhar e fazer sonhar sem medo de ser feliz.

"Ainda que eu fale a línguagem dos homens e dos anjos. Ainda que tenha o dom de profetizar, se não tiver amor, eu nada serei" (passagem bíblica que Adriano repetia para Isabela e que era a mensagem principal da novela).

Teste seus conhecimentos sobre a novela em: http://www.quizyourfriends.com/take-quiz.php?id=1004160327537919&a=1&  

sábado, 1 de maio de 2010

Leitores elegem novo banner do melão


A disputa foi acirrada, mas por 8 votos de diferença, o novo banner do melão criado por Felipe Ribeiro é o que homenageia duas grandes novelas: Mulheres de areia, de Ivani Ribeiro e A próxima vítima, de Silvio de Abreu. Eis o resultado final:

Vamp / Ciranda de Pedra                     - 50 votos (46%)
Mulheres de areia / A próxima vítima - 58 votos (54%)

Agradeço a todos que votaram e até a próxima enquete!


Prefira também: