sábado, 30 de abril de 2011

VALE TUDO: A NOVELA DAS SETE MULHERES



A maioria das vezes em que “ValeTudo” é lembrado pelo senso comum, os primeiros personagens que vêm à cabeça são, basicamente, as antológicas vilãs Odete Roitman e Maria de Fátima, vividas respectivamente por Beatriz Segall e Gloria Pires. Mas seria injusto dizer que “Vale Tudo” se resumiu a elas, como é igualmente injusto o título desse artigo, já que também tivemos personagens masculinos maravilhosos e igualmente complexos, como Ivan (Antonio Fagundes) e Marco Aurélio (Reginaldo Faria). O primeiro era o mocinho da trama, mas com quase tantos defeitos quanto o segundo, que era o vilão. Ivan era ambicioso, egoísta, carreirista e nem tão honesto assim. Já Marco Aurélio, o vilão, apesar de injusto, machista, desonesto e cínico, por outro lado, era um pai zeloso e preocupado, inclusive com o enteado. Esta é a prova de que, em “Vale Tudo”, nada é óbvio ou clichê. Tudo é mais complexo e mais humano, como a própria vida. Por isso, mais do que um retrato da corrupção no país, “Vale Tudo” continue cativando tanto o público até hoje: apesar das tramas rocambolescas, como toda boa novela, os personagens poderiam ser cada um de nós. Partindo desse princípio, uma rápida olhada no universo feminino da trama nos mostra como sete mulheres foram fundamentais para a trama. Diferentes entre si, são, praticamente, arquétipos de comportamento de nossa sociedade e merecem destaque, já que, poucas vezes em uma novela, tivemos sete personagens femininas tão fortes e cheias de possibilidade.


Não é exagero dizer que Raquel Acioly, a grande heroína da trama, que após sofrer um golpe da própria filha, perde tudo e reconstrói sua vida do nada, é a alma e o coração da novela. Das tripas coração, ela toma para si as rédeas de sua vida e é o grande exemplo positivo da trama e fez com que o público se solidarizasse com ela, vibrasse com suas viradas e se emocionasse com seu triunfo. Excessivamente ingênua, no início da trama, Raquel aprende através da dor e do trabalho e sempre renasce após cada derrota. Uma verdadeira fortaleza. E, certamente, toda essa intensidade de emoções não seria a mesma se sua intérprete não fosse ninguém menos que Regina Duarte, a atriz mais popular do Brasil, que não teve medo do ridículo, se entregou de corpo e alma, de maneira intensa, flertando muitas vezes com o patético, mas dando uma verdade impressionante ao papel. O público jamais ficou indiferente a ela, seja se irritando com seus gritos e com sua inocência exagerada, seja sentindo na própria pele, o drama da mãe sofredora e da mulher valente que segura seu destino à unha. O interessante é que, mesmo Raquel, o baluarte dos bons valores da novela, também dá suas derrapadas éticas, ao se encontrar com o amante na pousada de uma amiga em comum da esposa dele. Enfim, em um mundo cheio de falhas e imperfeições, Raquel não foi exceção.



Do outro lado da arena, está Maria de Fátima, a filha desnaturada, cuja ambição e vontade de ascender socialmente, eram maiores do que tudo, inclusive do que o amor pela própria mãe. Um aspecto interessante dessa personagem é que, diferente da maioria das vilãs, Fátima não é vingativa, nem rancorosa. Seus atos de vilania eram movidos, pura e simplesmente pela ambição. Fátima deu um golpe na própria mãe, roubou o namorado da melhor amiga, vendeu o próprio filho, mas nada disso era pessoal. Tudo tinha como foco a vitória e, para isso, ela não via obstáculos. Outro aspecto incomum dessa vilã é que ela sofria e se dava mal o tempo todo, até mais do que a heroína, o que fazia com que o público torcesse muitas vezes para que suas armações dessem certo. Fátima se metia em enrascadas o tempo todo e sempre escapava delas por um triz. Mas o que realmente é fascinante na personagem também é sua complexidade. Fátima tinha seu calcanhar de Aquiles: o amor por César (Carlos Alberto Ricceli), que lhe rendeu sua derrocada. Além disso, Fátima sofria cada vez qua fazia mal à mãe e tentou várias vezes se reaproximar dela. Dentro de seu conceito de moral, Fátima nunca desejou fazer mal a Raquel, embora, muitas vezes, isso fosse necessário para que alcançasse seus objetivos. E nem preciso dizer que Gloria Pires deu um show. A atriz compreendeu todas as nuances e complexidades da personagem e fez o público vibrar e reagir o tempo todo com seus atos. Com muita justiça, Gloria entrou definitivamente para o rol das grandes atrizes com a personagem.


Símbolo da injustiça, da corrupção e do poder dos ricos sobre os pobres, Odete Roitman, a princípio, nos parece o verdadeiro cão chupando manga. Implacável com os inimigos, insensível ao sofrimento humano e com um conceito bem deturpado de moral, a vilã diz frases desconcertantes sobre o país, por quem nutre um profundo desprezo. Há quem concorde com muitas dessas declarações, mas o fato é que, por trás dessa imponente couraça, se esconde uma mãe zelosa, sofre com a infelicidade dos filhos. Em uma das melhores cenas da novela, vimos uma Odete frágil, desarmada, impotente diante do alcoolismo da filha, pedindo perdão à irmã Celina, de quem tanto tripudia. Verdadeiro show de Beatriz Segall, que viveu Odete com tanta perfeição, que precisa provar até hoje que é capaz de viver personagens de outra natureza.



Falando em show de interpretação, talvez a grande injustiçada da novela seja Nathalia Thimberg, que viveu a doce e cordata Celina, irmã da megera Odete e constantemente dominada por ela. Apesar de uma personagem aparentemente fraca, a interpretação de Nathalia esteve longe de ser apagada. Nem sempre tão doce assim, Celina, muitas vezes, precisou ser sonsa e dissimulada para sobreviver à dominação da irmã megera e durante boa parte da trama foi a responsável por tirar o sono de Maria de Fátima, ao ameaçar desmascará-la perante todos. E Celina se revelou dona de um humor irônico e de um sarcasmo tão inteligente quanto o da própria Odete. A atriz conseguiu construir uma Celina apaixonante, aparentemente tola e alienada. Mas em certos momentos, vimos que, mais do que essência, era uma estratégia de sobrevivência da personagem. A atuação de Nathalia Thimberg, a exemplo das atuações de Regina Duarte, Renata Sorrah, Gloria Pires e Beatriz Segall, merece entrar para o panteão das grandes interpretações da novela.



E como se não bastasse, o clã dos Roitman ainda conta com outra personagem marcante: Heleninha. Disparada a melhor atuação de todos os tempos de uma personagem alcóolatra, Renata Sorrah deitou e rolou com as inúmeras possibilidades de sua personagem. Frágil, insegura e completamente dominada pela mãe, Heleninha convive com a culpa de se achar responsável pela morte do irmão, sem saber que a culpa de tudo fora da própria mãe. Em seus momentos sóbrios, a pergonagem tem sido chamada de chata pelos usuários do Twitter que acompanham a exibição da novela e publicam seus comentários simultaneamente. Mas a cada porre, é uma explosão de elogios à atriz, cuja entrega ao sofrimento da personagem, é absolutamente impressionante. Heleninha vai da angústia à euforia em um passe de mágica, o que poderia ser um trampolim para a caricatura, se fosse defendida por uma atriz mediana. Mas em se tratando de Renata Sorrah, o público também acompanha e compartilha desse carrossel de emoções, indo ás gargalhadas com a divertida embriaguez de Heleninha e também sofrendo com suas terríveis consequências. Personagem complexo, atriz superlativa.



No meio de tanta fera, coube à Lídia Brondi o mais ingrato dos personagens: o de mocinha romântica. E com tantas personagens femininas fortes e avassaladoras na trama, seria até normal que a “chérie” Solange Duprat ficasse totalmente ofuscada. Mas não foi o que aconteceu. Sim, Solange era lindinha, meiga, amiga, adorável, mas também soube ser lutadora e não se intimidou diante dos golpes da falsa amiga Maria de Fátima e enfrentou Odete de igual pra igual algumas vezes. Além do talento e carisma da atriz, também foi fundamental a construção de uma mocinha moderna, que lutava pelo que queria e não hesitava em partir para uma produção independente (muito em moda na época) quando quis ser mãe. Suas roupas, penteados e sua gíria “chérie” viraram mania na época e até hoje, há quem diga que Solange é uma das melhores mocinhas de novela, já que foi uma perfeita combinação dos valores positivos que uma mocinha deve ter, mas sem se render à chatice, na maioria das vezes, inerente a esse tipo de personagem.


Fechando o timaço, está Leila, que se manteve discreta na maior parte da trama. No início da novela, fazia um sutil contraponto com a Raquel. Enquanto esta última, não hesitava em arregaçar as mangas e trabalhar, Leila queria o caminho mais cômodo e não via problema algum em ser sustentada pelo ex-marido. Chegou a trocar o homem que amava, Renato, por outro que lhe oferecia mais estabilidade emocional e financeira. Leila nunca foi uma vilã, tampouco tinha a integridade de uma Raquel ou de uma Solange. No meio desse caminho, Cassia Kiss, uma excelente atriz em franca evolução, soube dar coerência a essa personagem que se mostrou fleumática na maior parte da trama até sua explosão ao assassinar Odete Roitman em seu único momento de descontrole emocional da trama. Isso garantiu a Leila o passaporte para a galeria de personagens antológicos de nossas novelas.
Por essas e outras, “Vale Tudo”, até hoje continua sendo uma novela exemplar que, se não subverteu a fórmula surrada do folhetim como “Roque Santeiro”, por exemplo, ao contrário, se apropriou dessa fórmula como poucas novelas, dando um gás totalmente novo e criativo. Mesmo que tenha contado com atrizes maravilhosas, que defenderam tão bem seus personagens, merecem aplausos efusivos o trio de autores, Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, por criar personagens tão densas e ricas do universo de “Vale Tudo”, uma verdadeira aula de roteiro, direção e interpretação.

Vitor de Oliveira 


terça-feira, 26 de abril de 2011

Temas e Trilhas: NANA CAYMMI




Antes de mais nada, para os fãs de boa música, de bom cinema e de boas histórias, recomendo o ótimo documentário em cartaz “Nana Caymmi em Rio Sonata”, de Georges Gachot (mesmo diretor de “Maria Bethânia – música é perfume”). O filme mostra Nana de maneira intimista, mesclando com belas paisagens e cenas do cotidiano carioca  e ainda conta com participações pra lá de especiais. Imperdível! Confesso que o filme foi inspirador para que eu criasse mais essa edição do “Temas e Trilhas”, já que Nana Caymmi é presença constante nas trilhas sonoras de nossas novelas há muito tempo. Atualmente, Nana nos encanta com a bela “Sem poupar coração”, tema de Pedro e Marina (Eriberto Leão e Paola Oliveira) de “Insensato Coração”. Ainda que o casal não ande lá agradando tanto assim, é sempre uma delícia ouvir o canto arrebatado e cheio de emoção dessa grande diva de nossa música. Foi dificílimo enumerar apenas dez canções dentre tantas e tantas que já embalaram tantos romances folhetinescos. Foi um verdadeiro parto ter que deixar de fora canções lindíssimas como “Doce Presença”, da novela “Champagne”, “Cais”, da novela “Sinal de Alerta” e “Canção da manhã feliz”, da novela “Brilhante”, mas o melão não se furtou a essa tarefa e apresenta seus dez temas favoritos interpretados por Nana Caymmi:


10) SUAVE VENENO (Cristóvão Bastos / Aldir Blanc) – “Suave Veneno” (1999)

Embalados pelo sucesso de “Resposta ao tempo”, a dupla de compositores deu a Nana outro grande sucesso em sua carreira. Apesar da novela não ter ido lá muito bem das pernas, o tema de abertura foi um de seus pontos altos e até hoje é lembrado e cantarolado por muita gente. Além disso, a faixa rendeu a Nana seu primeiro disco de ouro, sendo o carro-chefe do álbum “Os maiores sucessos de novela”. Segue a abertura pra matar as saudades:



9) DOIS CORAÇÕES (Ronaldo Bastos / André Sperling) – “Renascer” (1993)



Apesar de ser o tema de João Pedro (Marcos Palmeira) na novela, minhas lembranças dessa canção são das vezes em que ela tocava no encerramento da novela e das belas paisagens da Bahia que ela emoldurava. Aqui Nana está doce, suave, romântica. Impossível não enternecer o coração ao ouvir a música, que investiga de que é feito o amor.



8) MUDANÇA DOS VENTOS (Ivan Lins / Vitor Martins) – “Por amor” (1997)

Era o tema de Sirléia (Vera Holtz) de “Por amor” e fechava o CD. Apesar de ser uma gravação bem antiga, integrou-se perfeitamente às demais canções da novela e uma de minhas preferidas da trilha sonora. Em mais um show de interpretação de Vera Holtz, a música traduzia perfeitamente o casamento de Sirléia com um homem bem mais jovem e todas as angústias e inseguranças que viam junto com o relacionamento.

7) VEM MORENA (Danilo Caymmi / Paulo César Pinheiro) “Tieta” (1989)


Integrante do segundo volume da trilha da novela “Tieta”, era o segundo tema de Carol (Luiza Tomé). A lembrança que tenho mais forte da canção é a cena em que Carol observa, enciumada, um animado passeio à praia, seguido de um banho de mar de Tieta (Betty Faria) e Osnar (José Mayer). As rivais se observam e esbanjam sensualidade, enquanto a bela paisagem da praia de Mangue Seco deleitava o espectador. A voz quente de Nana reforçava ainda mais esse clima de calor e sensualidade.




6) SAUDADE DE AMAR (Dori Caymmi) “Porto dos Milagres” (2001)



Essa bela e triste canção me cativou logo de cara quando ouvi na novela. Era o tema da terrível Adma (Cássia Kiss), ao perceber que estava prestes a perder seu grande amor, Félix (Antonio Fagundes) para a rival Rosa Palmeirão (Luiza Tomé). Essa melancolia era o que humanizava a personagem, implacável com os inimigos. A canção serviu como uma luva. Dava até pra sentir pena de Adma...rs!


5) BEIJO PARTIDO (Toninho Horta) “Pecado Capital” (1975)

Se eu disser que essa música me traz lembranças da novela, estarei mentindo, já que sequer era nascido na época. Era o tema de Eunice (Rosamaria Murtinho). Mas de tanto ouvir a música, impossível não incluir na seleção. Daquelas de rasgar coração, em que é sempre ótima de cantar em voz alta, apesar de tristíssima. Mas quem nunca se identificou e se fez de vítima em uma relação mal-sucedida? É incrível como Nana consegue tocar nosso coração.


4) FRUTA MULHER (Vevê Calazans) “Roque Santeiro” (1985)


Era o tema de Matilde (Yoná Magalhães) e uma das minhas favoritas do segundo volume da trilha sonora da novela. Não me lembro necessariamente da música na trama, mas lembro que era uma das que eu mais ouvia e que tenho mais carinho, afinal os dois LP’s da novela foram os primeiros que, de fato, eram meus, já que os anteriores eram das minhas primas. Lembro de ouvir bastante essa música aos 8, 9 anos em minha vitrola portátil. Imediatamente me vem à mente doces lembranças daquela época. Essa é memória afetiva mesmo!

3) FASCINAÇÃO (F.D. Marchetti / M. de Feraudy – vs. Armando Lousada) “Fascinação” (1998)

Depois da deslumbrante interpretação de Elis Regina, julgava impossível gostar de alguma outra gravação dessa música. Mas não é que Nana conseguiu dar uma leitura completamente diferente desse verdadeiro clássico e nos emocionar de novo? Sem contar que a própria aparece, chiquérrima, cantando na abertura da novela “Fascinação”, do SBT. Um verdadeiro luxo.



2) NÃO SE ESQUEÇA DE MIM (Roberto Carlos / Erasmo Carlos) – “Pecado Capital” (1998) e “Caminho das Índias” (2009)



Confesso que não dei muita bola para essa música quando fez parte de uma trilha sonora pela primeira vez. Mas ao entrar novamente em uma novela, no caso “Caminho das Índias”, a canção foi mais executada e emocionou em cheio o público. E o dueto com Erasmo, fazendo um doce contraponto com o canto derramado de Nana foi uma combinação perfeita. Mesmo que o romance de Maya e Bahuan (Juliana Paes e Marcio Garcia) não tenha ido adiante, a canção é linda demais. Impossível não ouvir várias vezes.

1) RESPOSTA AO TEMPO (Cristóvão Bastos / Aldir Blanc) – “Hilda Furacão” (1998)


Poucas vezes na história da teledramaturgia, uma canção combinou tanto com um personagem. Nesse caso, a música combinou com a minissérie inteira. Hoje em dia não há como dissociar a canção da inesquecível personagem-título, vivida por Ana Paula Arósio. Sem contar que a letra é poesia pura e a melodia consegue tocar profundamente nossa alma. Considero “Resposta ao tempo”, uma obra-prima, talvez a canção mais bonita da década e, com certeza, o grande sucesso da carreira de Nana, que aqui mostra todo o seu potencial interpretativo, indo da serenidade à paixão. Arrisco dizer que a saga da moça da tradicional sociedade mineira que virou prostituta não teria o mesmo êxito sem esse belíssimo tema. É o meu favorito disparado.


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E vocês? Quais seus temas e lembranças favoritos de Nana Caymmi?

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Leia Também:

Temas e Trilhas: Gal Costa






quarta-feira, 20 de abril de 2011

MELÃO EXPRESS – RAPIDINHAS, MAS SABOROSAS – ED. 15 – ESPECIAL ESTREIAS:


Ø  UMA NOVELA ENCANTADA


Expectativas nem sempre são positivas, pois muitas vezes espera-se muito de uma atração e nos frustramos rapidamente. No entanto, a enorme expectativa que se criou em torno da estreia de “Cordel Encantado”, novela da dupla Duca Rachid e Thelma Guedes se confirmou completamente após a estreia. A inusitada mistura de cangaço com realeza também gerou algum frisson e também nos deixou com a sensação de que as autoras estariam arriscando alto. Porém, pelo que se comprovou nesses primeiros capítulos, o risco foi totalmente calculado. Os dois temas não são novidade em teledramaturgia, bem como a alusão a fábulas como “A bela adormecida”, “Rapunzel”, tramas como o mascate que tem três mulheres (impossível não se lembrar do genial Ney Latorraca e seu Quequé de “Rabo de Saia”) ou cidades com tipos pitorescos e incomuns. Sim, tudo isso já foi mostrado, contado e recontado. Mas juntar todos esses elementos em uma mesma novela, em perfeita harmonia, fazendo todo o sentido, isso sim, é altamente criativo e genial. 


O humor da novela é extremamente popular, mas não menospreza a inteligência do espectador, com explicações em demasia ou o uso de expedientes surrados e forçados pra fazer rir. O que o público tem visto é uma novela leve, agradável, divertida e apaixonante. A audiência ascendente comprova isso. O elenco é um show à parte. Seria injusto destacar alguém, mas seria igualmente injusto não mencionar que, quando Debora Bloch e Zezé Polessa entram em cena, o espectador se deleita. Também é um prazer rever ótimos atores bissextos na telinha como Ana Cecília e Enrique Diaz. Domingos Montagner, que conheci em “Mothern”, é uma ótima revelação. Enfim, tudo lindo: direção, trilha sonora, figurinos, cenografia. Com um apuro técnico e visual incomum, me arrisco dizer que “Cordel Encantado” é a mais feliz empreitada televisiva do primeiro semestre do ano. De dar orgulho! Parabéns a todos!


Ø  DIVÃ: JÁ VIREI FREGUÊS



Entre as séries lançadas, minha favorita é “Divã”, com roteiro de Marcelo Saback, com direção de José Alvarenga Júnior. A crítica que Ivan Gomes fez para a série é irrepreensível (para ler, clique aqui), por isso nem vou me estender muito, mas apenas destacar que, apesar de não ser novidade, não tem como não se deixar conquistar pelo deslumbre que é a atuação de Lília Cabral, pela direção dinâmica e pelo texto que nos faz rir de maneira espontânea e também nos emociona na mesma proporção. E cá pra nós: estava mais do que na hora de Lília Cabral protagonizar uma trama televisiva. E com a chegada de “Fina Estampa”, constatamos que finalmente descobriram que, além de atriz excepcional, Lília também é uma estrela de primeira grandeza. Imperdível.


Ø  ENQUANTO ISSO, NO “VIVA”...

A reestreia de “Vamp” vem corroborar a sensação que tivemos com “Vale Tudo”. Ao contrário do que se pensava, as novelas mais antigas (pelo menos as que datam da década de 80) eram bem mais dinâmicas do que as de hoje em dia. As coisas não demoravam a acontecer e as cenas proporcionavam uma maior progressão na trama. Claro que capítulos e duração mais curta contribuem para isso.  E a julgar pela repercussão no Twitter (sim, a exemplo de “Vale Tudo”, “Vamp” também tem mobilizado uma legião de internautas comentando a novela simultaneamente à sua exibição), não sei se procede essa tese defendida pelo “Vale a pena ver de novo” de que novelas mais antigas espantariam a audiência por conta do ritmo e da qualidade técnica. Digo isso porque os twitteiros que comentam as novelas, que estão sempre entre os tópicos mais comentados, não são apenas de noveleiros saudosos, mas de jovens que nunca tinham assistido antes. Enfim, para refletir...


Ø  E VEM AÍ...O ASTRO!

Claro que, dessa estreia prevista para julho, sou suspeitíssimo pra falar. Mas deixo aqui o link com reportagem e vídeo de apresentação da minissérie. Confesso que, quando assisti, fiquei arrepiado! Espero que curtam:

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Bom feriadão e inté a próxima, queridos! 

sábado, 16 de abril de 2011

Blogueiro convidado: Eduardo Vieira analisa “Macho Man”



 Mais um querido amigo me dá o prazer de publicar um texto no melão. Trata-se de Eduardo Vieira, um santista apaixonado por televisão, que conhece e acompanha novelas desde os anos 70 e sempre nos brinda com seus valiosos comentários nas comunidades virtuais das quais fazemos parte.

Edu nos escreve sobre “Macho Man”, nova série da dupla Fernanda Young e Alexandre Machado, com direção geral de José Alvarenga Jr. Estrelado pelo impagável Jorge Fernando, a trama gira em torno dos dilemas de um ex-gay que precisa lidar com sua nova condição. O texto, sabiamente, aponta para os aspectos da série que vão além de clichês e estereótipos e nos oferece uma reflexão mais densa, ainda que seja através do riso. O melão agradece a Edu e espera que ele retorne com mais textos.
  

“Macho man”, de Fernanda Young e Alexandre Machado.

Por Eduardo Vieira

Folder promocional da série

A ideia sempre foi curiosa... um homossexual está dançando e após uma pancada, é mudada a sua condição sexual, de gay assumidíssimo ele tem tendências heterossexuais, tendo atração por corpos femininos.

Haviam convidado Rodrigo Santoro para o papel. O ator declinou por razões desconhecidas. Entrou Jorge Fernando, mais conhecido como diretor e ator do espetáculo quase sem roteiro Boom!!! A autora Fernanda Young sempre disse que gostaria de trabalhar com ele.

Todos se espantaram: Jorginho Fernando, um homem bem extrovertido, digamos assim, fazer um ex gay? Claro que as pessoas, entre elas, eu, pensaram na possibilidade de ele virar um estereótipo do machão, pegador, com jeito masculino. E é aí é que mora a surpresa do seriado. Os autores, corajosamente, dissociaram a vontade, a libido, da identidade que cada pessoa tem, seja ela hétero ou homo. Ou seja, fizeram um saco de gatos com tudo o que separa a identidade do macho man, o verdadeiro, daquele homem mais sensível que culmina por enxergar o mundo de um modo um tanto  bifocal, pensa como um gay, com tudo o que acarreta pensar como um gay: tem rapidez de raciocínio, humor camp, auto comiseração, clichês muito bem trabalhados dentro do texto. Não há como negar, por exemplo, que os gays pensam diferente sobre um bocado de coisas!

E aquele outro homem recém-descoberto,  que  tem sentimento e  instinto de  latin lover , vem causar uma grande confusão em sua cabeça, pois são duas pessoas  aprisionadas (outro clichê sexual) num corpo só. Aliás, o seu cérebro que ainda é gay controla o corpo, este louco pra experimentar o corpo feminino, então, sua única escolha lógica.

Daí vêm os dilemas: socialmente ele nega ter “virado” hétero, pois não pegaria bem no seu emprego de cabeleireiro e depilador. Os preconceitos são vistos de forma divertida e irreverente. E no jogo também entram a melhor amiga, uma ex-gorda que ainda não se acostumou na sociedade a viver o papel com seu novo corpo, pois mudou sua aparência, enquanto a essência continua dentro dela. Assim como Zuzu ou Nelson, que pensa como homo, Valéria( Marisa Orth) pensa ainda como gorda e dessas reflexões é que surgem os diálogos mais engraçados e por vezes agridoces dos dois amigos.

Ainda no ótimo elenco de coadjuvantes, estão Venetta (Rita Elmor), uma ex- top model quase anoréxica, sempre na rebordosa, que diz deliciosas  calamidades aos dois amigos. Está sempre no salão falando abertamente sobre sua vida; Frederick (Roney Facchini), o dono do salão, paranóico, que sempre está à margem de tudo o que acontece; e enfim, a divertida e séria  recepcionista gótica (Natalie Klein, em ótima interpretação), que também esconde uma divertida identidade, pois tem medo de ser rejeitada, como se o rótulo de gótico fosse muito bem aceito!

A dupla de escritores, mais uma vez, alterna entre piadas com diálogos inspirados, contrabalançando o olhar homo e hétero, sobre  as coisas mais banais, como um modo de vestir até um lugar para se paquerar, até o humor com uma conotação mais agressiva e um tanto escatológica, como já acontecia em Os Normais e no último Separação?! . Porém, acho que Macho Man está mais para o primeiro no sentido de longevidade.


quinta-feira, 14 de abril de 2011

Série Memória Afetiva – 10 vilãs memoráveis - PARTE III – ANOS 2000


Depois das maravilhosas malévolas das décadas de 80 e 90, encerro essa “série memória afetiva” com as minhas vilãs favoritas da última década, que foi pródiga no assunto. Por isso mesmo, já prevejo polêmicas, já que é inevitável que as favoritas de muitos fiquem de fora. Outro item que vai dar o que falar é a posição no ranking, já que há praticamente um empate técnico entre as quatro primeiras. Qualquer uma dessas quatro poderia ser a primeira, já que fizeram um sucesso retumbante. Antes de mais nada, um agradecimento especial ao querido amigo Duh Secco, do blog “Agora é que são eles”, pela luxuosa colaboração. Vamos a elas:


10) NORMA (Carolina Ferraz em “Beleza Pura)


 Na época da exibição de “Beleza Pura”, só se falava em Rakelly (Isis Valverde). A maluquete roubou a cena da novela, deixando em segundo plano a trama central, na qual Norma era encarregada das mais terríveis vilanias. Mas bem depois da novela, Norma virou febre com o surgimento do vídeo “Eu sou rica”, no qual nossa belíssima vilã deixa bem claro para o mocinho Guilherme (Edson Celulari) o motivo pelo qual não iria presa. “Eu sou rica” ganhou as pistas de dança, virou hit na internet e colocou Norma na galeria das grandes vilãs.



9) VILMA (Lucinha Lins em “Chamas da Vida”)


Uma mãe dominadora, uma empresária ambiciosa e uma incendiária insana. Assim era Vilma Oliveira Santos, que não hesitava em botar fogo, literalmente, na vida de seus inimigos. Brilhante desempenho de Lucinha Lins, Vilma dominou a ação em Chamas da Vida, desde o início, quando todos sabiam que ela era a responsável por inúmeros incêndios envolvendo seus inimigos, até o fim, quando passou a ser perseguida por um segundo incendiário e se viu completamente louca com a hipótese de ser eliminada da mesma forma que eliminava seus rivais. (Por Duh Secco)


8) SÍLVIA (Alinne Moraes em “Duas Caras”)

 Ela foi chegando de mansinho na novela, mostrando-se dócil e amável no início, para logo depois revelar uma personalidade obsessiva e crimonosa. Sílvia usava de seu charme para conseguir o que queria com Ferraço (Dalton Vigh) e não hesitava em querer eliminar seus inimigos. Dois momentos da vilã são muito marcantes pra mim: o primeiro, no qual ela deixa seu enteado Renato se afogando em um lago com a desculpa de que não pode molhar o cabelo (como amo ironia!!!); e o segundo, seu embate com a governanta Bárbara (Betty Faria), braço-direito de Ferraço, que detectou de cara a boa bisca que ela era. Vibro com aquela cena em que Sílvia tenta dar um tapa em Bárbara e leva uma chave de braço da governanta, que arremata com a melhor definição possível para a vilã: “diabinha”.
  

7) MAÍSA (Daniela Escobar em “O clone”)

 Maísa não é daquelas vilãs clássicas que trama coisas mirabolantes em meio a gargalhadas malévolas. É uma vilã, a la Gloria Perez, que foge desses estereótipos: amargurada, rancorosa, ressentida e humana. Mãe dominadora, faz de tudo para impedir o namoro da filha com seu segurança. Sem o amor do marido Lucas (Murilo Benício) e humilhada pela paixão deste por Jade (Giovana Antonelli), Maísa compensa sua frustração torrando o patrimônio do maridos com joias e vestidos caros e age silenciosamente, seduzindo Said (Dalton Vigh), marido de Jade, para se vingar da Odalisca. Uma cobra, que espera pacientemente pelo bote e um trabalho intenso e bem realizado de Daniela Escobar.


6) MARTA (Lília Cabral em “Páginas da Vida”)


 Outra vilã que foge do modelo clássico. Aliás, há quem nem a considere uma vilã, tamanha a humanidade que a genial Lilia Cabral emprestou à personagem. Frustrada pelas expectativas que depositou no marido e nos filhos, Marta era uma mulher comum e foi até compreendida por grande parte da audiência, que a via como uma batalhadora que carregava a família nas costas. Mas o fato dela rejeitar a neta portadora de Síndrome de Down, revelando todo o seu preconceito foi inaceitável. E com isso, nossa “querida” Marta foi contemplada com um passaporte para ingressar no rol das grandes vilãs da década.


5) ADMA (Cássia Kiss em “Porto dos Milagres”)



Mais uma vilã “aguinaldeana”. Adma era fria, calculista, minimalista. Transpirava crueldade pelos poros e era capaz de tudo para proteger seu amado Félix (Antonio Fagundes) dos inimigos. A arma? Uma boa dose de veneno que carregava em seu anel. O público vibrou com mais essa atuação espetacular de Cássia Kiss e esperava apreensivo para saber quem seria a nova vítima da terrível Adma.


4) BIA FALCÃO (Fernanda Montenegro em “Belíssima”)

“Pobreza pega”. Sim, queridos, agora começa o desfile das maiores vilãs. O quarto lugar pode até soar injusto para Bia, mas acreditem, até o primeiro lugar foi quase um empate técnico. Espécie de Odete Roitman do terceiro milênio, Bia tinha todas as características da histórica vilã “valetudista” (desprezo pelo Brasil, corrupção, instintos assassinos e sede por garotões). E com um agravante: o total desprezo pela filha legítima Vitória (Claudia Abreu). Bia fez e aconteceu: simulou a própria morte, prejudicou a neta Júlia (Gloria Pires) o quanto pôde e ainda protagonizou uma cena digna de tragédia grega ao rejeitar solenemente a filha pela segunda vez. Terminou feliz em Paris nos braços de um garotão aos brados de “bando de idiotas”. Mais um excelente trabalho para a já extensa galeria de personagens inesquecíveis de Fernanda Montenegro.


3) LAURA (Claudia Abreu em “Celebridade”)


Essa adorável “cachorra” causou frisson na época da novela e até hoje é lembrada como um dos melhores desempenhos de Claudia Abreu. Sonsa, dissimulada, com uma ironia e sarcasmo únicos, Laura movimentou a novela até ser assassinada no último capítulo. Totalmente inspirada em Eve Harrington, clássica personagem que infernizava Bette Davis em “A malvada”, Laura tinha objetivo destruir a vida de Maria Clara Diniz (Malu Mader) e, para isso, contava com a ajuda de um bom michê, Marcos (Marcio Garcia), como toda vilã gilbertiana que se preza. A surra que Laura levou de Maria Clara (inspirada em uma antiga cena de “Água Viva”) foi memorável, mas a melhor lembrança que tenho de Laura é dela arrasando, linda, na pista de dança, comemorando seu triunfo sobre a inimiga.


2) FLORA (Patricia Pillar em “A Favorita”)



Essa é cult! Flora deu a sua intérprete Patrícia Pillar inúmeras possibilidades de interpretação. E a atriz não desperdiçou: deu um banho como psicopata vingativa da genial trama de João Emanuel Carneiro, obstinada em destruir a vida de Donatela (Claudia Raia), por quem tinha um misto de ódio e admiração. Flora não poupava ninguém, nem a própria filha Lara (Mariana Ximenez), por quem tinha um profundo desprezo, e não teve escrúpulos em usá-la para colocá-la contra Donatela. Flora foi um show: irônica, sempre com ótimas tiradas, divertiu o público pra valer e também foi responsável por cenas eletrizantes em que o limiar entre a vida e a morte estava sempre em jogo. A intérprete de “Beijinho Doce” arrebanhou uma legião de fãs e até hoje deixa saudade.

1)           NAZARÉ TEDESCO (Renata Sorrah em “Senhora do Destino”)


O que dizer dessa linda raposa felpuda? Dona de uma invejável autoestima, Nazaré Tedesco foi a responsável pelo sofrimento de décadas da “anta nordestina”, como gostava de chamar Maria do Carmo (Susana Vieira), pelo sequestro de sua filha Lindalva (Carolina Dieckmann), a quem criou cercada de amor, como se fosse sua própria filha. E para proteger esse segredo, Nazaré foi capaz de tudo, inclusive matar o próprio marido José Carlos (Tarcisio Meira) e sua antiga colega dos tempos de prostituta, Djnenane (Elisângela), ambos rolando escada abaixo. Além disso, infernizava a vida de enteada Claudia (Leandra Leal). Nazaré era deliciosamente lasciva, debochada, insana, engraçada, divertida, enfim, um show à parte de Renata Sorrah, que soube aproveitar o genial texto de Aguinaldo Silva como ninguém. Pra o melão, é a campeã pelo seguinte motivo: apesar de extremamente caricata, Nazaré era, antes de tudo, humana, e movida pelo amor incondicional que tinha pela filha, a ponto de abrir mão de sua própria vida por causa dela. Portanto, se você cruzar em uma esquina com uma bela loira com uma tesoura na mão, fuja! Mesmo depois de morta, Nazaré pode ser capaz de tudo! Palmas para Nazaré, a incontestável campeã da década.




MENÇÕES HONROSAS:

Ø  FRAU HERTA (Ana Beatriz Nogueira) em “Ciranda de Pedra"
Ø  CRISTINA (Flávia Alessandra) e DEBORA (Ana Lucia Torre) em “Alma Gêmea”
Ø  JEZEBEL (Elizabeth Savalla) em “Chocolate com Pimenta”
Ø  LAILA (Christiane Torloni) em “Um anjo caiu do céu”
Ø  YVONNE (Leticia Sabatella) em “Caminho das Índias”
Ø  DJANIRA PIMENTA (Betty Faria) em “América”
Ø  LEONA (Carolina Dieckmann) e  MILU (Marília Pera) em “Cobras e Lagartos”
Ø  SOFIA (Zezé Polessa) e BEATRIZ (Debora Falabella) em “Escrito nas estrelas”
Ø  MARCELA (Drica Moraes) em “O cravo e a rosa”
Ø  BÁRBARA (Giovana Antonelli) em “Da cor do pecado”
Ø  ESTER (Zezé Polessa) em “A lua me disse”
Ø  AUGUSTA EUGÊNIA (Arlette  Salles) em “Porto dos Milagres”
Ø  ZILDA (Cassia Kiss) em “Eterna Magia”
Ø  TAÍS (Alessandra Negrini) em “Paraíso Tropical”
Ø  JUDITH (Debora Evelyn) em “Caras e Bocas”
Ø  CLARA (Mariana Ximenes) em “Passione”


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quarta-feira, 6 de abril de 2011

Sinhá Moça comemora 25 anos!


"O Arquivo Lucélia Santos  (Por Aladim Miguel) promove um "pool" inédito entre os blogs especializados em teledramaturgia para a comemoração do Jubileu de Prata da clássica versão de "Sinhá Moça". O melão, claro, não poderia ficar de fora dessa e abre espaço para nosso querido Aladim relembrar esse, que foi um dos grandes sucesso da carreira de sua querida Lucélia Santos. Parabéns a essa inesquecível novela!


O IMPACTO DE “SINHÁ MOÇA
(Por Aladim Miguel)



O romance “Sinhá Moça”, de Maria Dezonne Pacheco Fernandes (1910-1998), foi primeiramente adaptado para o cinema, com sucesso, em 1953 pelos estúdios da Vera Cruz e tendo Eliane Lage e Anselmo Duarte nos papéis centrais com direção de Tom Payne. Mas foi em 1986 que o romance tornou-se muito popular com a ótima superprodução adaptada por Benedito Ruy Barbosa (com colaboração de sua filha Edmara Barbosa) para o clássico horário das seis da TV Globo, que retornava ás novelas de época - que havia produzido tantos sucessos nos anos 70 sob a batuta do diretor Herval Rossano – estilo que havia sido abandonado em 1981, com a adaptação de Walter George Durst para o romance de Jorge Amado, “Terras do Sem Fim”.  O diretor Nilton Travesso assumia o comando do núcleo e convidou os diretores Jayme Monjardim e Reynaldo Boury para comandar a trama. Antes da estreia no Brasil, “Sinhá Moça” já tinha sua venda reservada para mais de 50 países, todos atraídos pela presença da dupla exportação formada pela atriz Lucélia Santos e pelo saudoso ator Rubens de Falco (1931-2008), hoje em dia ela já foi vista em mais de 90 países 
do mundo inteiro.


A trama, situada em Araruna (SP) em 1886 contava a história da meiga e doce Sinhá Moça (Lucélia Santos, em mais um momento iluminado de sua carreira), ou Maria das Graças, que enfrentava com toda coragem seu pai, o temido escravocrata Coronel Ferreira (Rubens de Falco, ótimo em sua atuação segura), o Barão de Araruna, em defesa dos escravos e a favor da abolição. Em seu regresso, de trem, á sua cidade natal ela conhece e se interessa pelo advogado Rodolfo (Marcos Paulo), que se passa por escravocrata para tentar impressiona - lá, mas na verdade esconde o seu envolvimento com os movimentos em defesa da libertação dos escravos, este segredo foi revelado mais adiante e os dois começaram a agir mascarados na abertura de várias senzalas da cidade.

Também era mostrada a luta do escravo alforriado Dimas (Raymundo de Souza), ou Rafael, sua verdadeira identidade. Ele retorna á Araruna para se vingar de seu pai, o Barão de Araruna, que o rejeitou quando ele era criança (vivido nesta fase por Selton Mello) e o vendeu junto com sua mãe, a escrava Maria das Dores (Dudu Morais).



Uma das tramas paralelas que chamou atenção foi a de Ana do Véu (Patrícia Pillar), que mantinha seu rosto coberto por um véu por causa de uma promessa feita por Nina (Norma Blum), sua mãe, á Santa Rita. A promessa consistia em que a jovem só poderia revelar seu rosto a seu futuro marido, mas por pressão de Manoel (José Augusto Branco), o pai da moça, isso aconteceu antes do previsto em um baile de gala organizado pela família dela para toda a cidade de Araruna.



“Sinhá Moça” esteve no ar entre 28 de Abril e 14 de Novembro de 1986, somando 172 capítulos.

No seu elenco destaque para as atuações de Elaine Cristina, Mauro Mendonça, Chica Xavier, Daniel Dantas, Tony Tornado, Ruth de Souza (que havia participado da versão cinematográfica do romance), Grande Otelo, Neuza Amaral, Sérgio Viotti, Solange Couto, Gésio Amadeu, Milton Gonçalves, Tato Gabus, Tarcisio Filho, Zeny Pereira e da pequena, na época, Lizandra Souto que deu vida a Sinhaninha criança.



Algumas curiosidades deste grande sucesso:
  • ·         A novela obteve picos de 72 pontos de audiência em sua exibição original.
  • ·         Lucélia Santos e Rubens de Falco voltavam a se encontrar, desta vez como pai e filha, 10 anos depois do mega sucesso “Escrava Isaura”.
  • ·         Fábio Júnior era a primeira opção para o papel de Rodolfo, ele não pode aceitar por compromissos musicais.
  • ·         O hoje ator Pedro Neschling, filho de Lucélia Santos, fez figuração nas cenas do baile de Ana do Véu
  • ·         A atriz Jacyra Sampaio, a eterna Tia Nastácia do “Sitio do Picapau Amarelo”, chegou a ser escalada para viver a Virgínia, a ama de leite de Sinhá Moça, que acabou ficando com Chica Xavier e ela ficou sendo Ruth, a Bá de Rodolfo.
  • ·         Foi exibida no “Vale a Pena Ver de Novo” em 1993 e voltou a alcançar altos níveis de audiência.
  • ·         Primeira novela da atriz Luciana Braga.


  • ·         Recebeu vários nomes em alguns países onde foi exibida, entre eles: ”Little Missy” (EUA), “Mademoiselle” (França), “El Camino De La Libertad” (Espanha) e “La Padroncina” (Itália).

  • ·         Em 1988, na Alemanha o romance ganhou o subtítulo “Die Tochter des Sklavenhalters” – “A Filha dos Escravos”.
  • ·         Durante a exibição da novela o programa “Fantástico” promoveu o encontro entre a atriz Lucélia Santos e a saudosa escritora Maria Dezonne.

  • ·         Em sua trilha sonora nomes do primeiro time da MPB como: Fafá de Belém, Gilberto Gil, Clara Nunes, Claudio Nucci, Dori Caymmi, Roberto Ribeiro e Ronnie Von em canções feitas especialmente para a novela.
  • ·         A cantora Denise Emmer, filha de Janete Clair e Dias Gomes, marcou presença na trilha sonora da novela com a canção “Companheiros”.
  • ·         As externas das Fazendas foram feitas em Conservatória (RJ), Itatiaia (RJ) e São João Del Rei (MG).
  • ·         A moça que estampava a capa da trilha sonora original da novela, muito parecida com Lucélia Santos, era na verdade a modelo Juana Garibaldi Carvalho.

Video de Lucélia relembrando a novela para o projeto "Memória Globo":



Mais vídeos:

CENA DA NOVELA 

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Zappiando (Por Paulo Ricardo Diniz)
http://zappiando.wordpress.com


No Mundo dos Famosos (Por Jéfferson Balbino)
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