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quinta-feira, 26 de abril de 2012

Blogueiro convidado: Raphael Scire analisa a classe C em “Avenida Brasil”.



Depois de um instigante texto que deu o que falar sobre a metalinguagem em “Ti Ti Ti”, o blogueiro convidado Raphael Scire está de volta e dessa vez, aprofunda a tão comentada questão sobre a chamada “invasão” da classe C no mundo da teledramaturgia, relembrando alguns aspectos da trama de “Insensato Coração” e “Fina Estampa” para, finalmente, desembocar em “Avenida Brasil”. Raphael defende a naturalidade com que João Emanuel Carneiro retrata essa importante parcela da sociedade em sua trama. Confira mais esse texto instigante, arguto e muitíssimo bem escrito de nosso querido Raphael. Melão agradece mais essa participação.

O retrato natural
Por Raphael Scire



Muito se fala sobre a nova classe C e a ânsia das emissoras de conquistar esse público cada vez mais ascendente no Brasil. “Avenida Brasil”, de João Emanuel Carneiro, nem tinha estreado e uma enxurrada de reportagens já vendiam a novela como mais um símbolo desse estrato social. De fato, a trama retrata, sim, a classe média, das periferias das grandes cidades, mas não se restringe apenas a isso.
O que me espanta é que simplesmente esqueceram de que o grande público das telenovelas sempre foi composto pela classe média. A diferença é que antes, majoritariamente os ricos eram retratados no universo televisivo e, desde “Insensato Coração”, há uma tentativa de incluir a classe C como protagonista das obras (vale lembrar que Aguinaldo Silva sempre teve uma pegada no popular, sem, com isso, ser populacho).

Gilberto Braga e Ricardo Linhares, à época do lançamento de “Insensato”, declararam que a novela iria retratar esse público. Não fizeram tanto, afinal, é difícil tirar de Braga o estigma de autor do grande-monde (ninguém escreve tão bem sobre ricos como ele) e a história de Norma (Gloria Pires), depois que ficou rica e viúva, e sua ânsia por vingança fisgou o público.

Aguinaldo Silva, esse sim, fez um retrato desse novo perfil do brasileiro, ainda que caricatural. Griselda (Lilia Cabral) era a personificação dos valores morais e éticos, ficou rica depois de um golpe de sorte na loteria, mas nem por isso esnobe. Sequer contratou empregada doméstica para limpar a mansão para onde se mudara.
Já em “Avenida Brasil”, Monalisa (Heloisa Perrissé) assume o papel da self-made woman: saiu da Paraíba, foi para o Rio de Janeiro ganhar a vida, trabalhou, conquistou bens e hoje “manda no controle remoto da televisão”. O subúrbio criado por Carneiro é verossímil, apresenta personagens passíveis de serem encontrados pelas ruas e por isso gera identificação com o grande público. A cenografia do bairro é primordial para essa identificação.

O humor da história ficou deslocado para o núcleo rico, de Cadinho (Alexandre Borges) e suas desventuras conjugais. Reparem que, antigamente, muitas novelas usavam o núcleo pobre para fazer rir. Hoje, o drama foi para lá e o riso ficou com os abastados. Até mesmo “Fina Estampa”, guardada as devidas proporções, invertia essa lógica. Tereza Cristina (Christiane Torloni), com toda sua empáfia, era responsável por momentos de diversão ao lado de Crô (Marcelo Serrado) e os outros serviçais.
Mas o que mais chama atenção é a família de Tufão (Murilo Benício). Dinheiro eles têm de sobra, já refinamento, fica em falta. Basta olhar a decoração de gosto duvidoso da mansão – aqueles abacaxis de vidro que decoram a mesa de jantar parecem ter saído de “A Grande Família”. Carneiro criou uma família de classe média tal qual ela é. Falam alto, um por cima do outro, atropelam-se, vivem se cruzando nos cantos da casa, proferem barbaridades e acham que estão por dentro de todos os assuntos que são jogados em pauta. Não há mais aqueles momentos de café da manhã serenos que Manoel Carlos escreve tão bem.

Isso, no entanto, não é demérito, pelo contrário: traz ânimo (e graça, por que não?) à trama. Fora que Eliane Giardini (Muricy) e Marcos Caruso (Leleco) dão show em cena. Faz-se necessário ressaltar o figurino dos dois, brega até dizer chega.  
Outra personagem que salta aos olhos dos telespectadores é Suélen (Isis Valverde). A morena escandalosa, vulgar e gostosona não é difícil de ser encontrada pelas periferias do Brasil. É uma personagem real, que usa roupas curtas, calças coladas, unhas gigantes e pintadas de esmaltes extravagantes.



E João Emanuel Carneiro retrata tudo isso de maneira natural, sem levantar estandartes dizendo que sua novela é para a classe tal ou que tal (na verdade, nenhum autor faz isso; quem faz é a imprensa, que rotula cada um, etiquetando estilos). Sem querer, Carneiro conquista todos os públicos e cria uma história instigante, que prende o telespectador frente à tela e o faz querer acompanhar as cenas do próximo capítulo. 
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LEIA OUTROS TEXTOS DE RAPHAEL SCIRE:


Blogueiro convidado: Raphael Scire e o "gran finale" de "Ti Ti Ti"










segunda-feira, 2 de abril de 2012

MARILDA CONTA TUDO!!! Deliciosa Entrevista com KATIA MORAES!!!


Foto: site da atriz

Como já disse outras vezes, as entrevistas do melão são sempre especiais. Todas têm uma razão de ser. Como não sou jornalista, tampouco entrevistador, posso me dar ao luxo de entrevistar apenas pessoas a quem admiro muitíssimo ou com quem me identifico de alguma forma. No caso da entrevistada em questão, ela preenche plenamente esses dois requisitos. Além de admirá-la de montão como profissional, ela também me serve de inspiração como pessoa. Engraçado que tive pouquíssimas vezes com ela, mas nossos encontros sempre foram plenos de carinho e torcida mútua e nossas trajetórias artísticas, de certa forma, caminham lado a lado. Nos encontramos em um momento em que nossos destinos estavam sendo traçados e, apesar de otimistas, também estávamos incertos do que estaria por vir e nos desejamos boa sorte. Para nossa felicidade, voltamos a nos encontrar em um momento muito feliz, em que eu havia saído de uma empreitada bem-sucedida como colaborador de “O astro” e estava lançando meu primeiro livro e ela, simplesmente, ar-ra-sou como a hilariante empregada Marilda de “Fina Estampa”. Daquelas atrizes que agarram as oportunidades com unhas e dentes e fazem maravilhas com o que possuem, foi crescendo a cada capítulo até se tornar um dos destaques positivos de “Fina Estampa”. E isso é só o começo. Sei que vem mais coisa boa por aí. Mas, por hora, fiquem com essa deliciosa e, por que não dizer, emocionante entrevista. Ela fala sobre o longo caminho que percorreu, dos colegas de trabalho e de suas cenas favoritas de Marilda. Katia também se revela uma noveleira de mão cheia, destacando suas novelas e atores favoritos. Sua trajetória e garra mostram que ela veio pra ficar. Senhoras e senhores, melão orgulhosamente apresenta... Katia Moraes

Apesar de ser sua estreia na televisão, você possui uma carreira longa em teatro.  Destacaria algum trabalho favorito?
O meu trabalho favorito é e sempre será a Marilda de FINA ESTAMPA. Nenhuma personagem me trouxe tantas alegrias na vida e no "palco" como ela. É claro que me apaixonarei de novo e virão novos amores. Mas o meu primeiro amor, que me fez ser reconhecida pelo povo e pela crítica, foi ela. Amo a todas as minhas personagens, mas antes da Marilda destaco a Margarida, do Musical "Muito Barulho por nada", de Shakespeare. Foi um trabalho maravilhoso e que tudo me ensinou. Fiz parte do Grupo de Teatro Mosaico e ficamos com essa peça por três anos, viajando o país todo e com quatro temporadas bem-sucedidas no Rio de Janeiro. 

Como foi sua trajetória até chegar na Marilda de “Fina Estampa”? Fez muitos testes?  Já desanimou alguma vez?
A trajetória foi longa, comecei a estudar teatro aos 16 anos no Tablado, mas tive a sorte de estudar numa escola que tinha Artes Cênicas no quadro curricular. Então, o exercício começou quando era criança. Passei por muita coisa, minha estreia com temporada num teatro (O extinto Teatro de Lona da Barra e Anfiteatro do Morro da Urca) foi aos 19 anos como protagonista num infantil premiado chamado "Flor de Maio", onde fiquei cartaz por um ano. Fiz também um ano do preparatório da CAL. E muitas apresentações isoladas (como todo ator no início da carreira) pra citar umas: no Circo Voador, na campanha do Betinho com um grupo que se chamava Prato Feito. Veio a época do vestibular e prestei pra Artes Cênicas (lógico - risos) na UNI-RIO, onde me formei em Interpretação. Logo que entrei pra faculdade tive o privilegio de ser convidada pra integrar um grupo de teatro que eu amava (Teatro Mosaico), onde fiquei por três anos e tudo aprendi, como já relatei acima. Nós varríamos palco, montávamos cenário, nos maquiávamos e passávamos nosso próprio figurino. Além de cantar, tocar instrumentos e dançar. Ganhamos muitos prêmios em vários festivais desse Brasil todo, além das temporadas bem-sucedidas no Rio de Janeiro (Espaço dos Correios, Casa de Cultura Estácio de Sá, SESC Copacabana e Teatro Gláucio Gil). Depois o diretor-produtor do grupo voltou para o Mato Grosso do Sul, sua terra natal, e eu integrei mais cinco grupos diferentes. Um com temporada no Teatro da ABL (O Alienista), outro fazendo teatro de rua na Central do Brasil e em praças (chamado Tupinambás Urbanos), outro excursionando pontos da orla da praia (A Presença Cia de Teatro), outro fazendo temporadas em shoppings (Macacos de Imitação- era uma ralação!), outro onde eu também era produtora, e fiquei cartaz na Sala Paraíso do Teatro Carlos Gomes, dentro do projeto Nova Dramaturgia do Roberto Alvim, com a peça "Três Contos de fé ou Os Bons para o Inferno" de Fernando Borba. Além de der dado muita aula em ONGs como a Ação Comunitária do Brasil. É importante dizer também que durante as práticas de montagens na UNI RIO, aprendi com grandes mestres como Léo Jusi e José Renato. 

Bom, cada qual com seu cada um (risos), e a verdade é que vida de ator não é bolinho não! Eu tinha um sonho que era ser descoberta no teatro. Venho de uma geração onde ainda era possível se sonhar com isso. Mas a coisa não é tão simples e enfim, o mundo mudou, os recursos mudaram e pra estar em boas produções, ou seja, ser patrocinado, é fundamental que se tenha visibilidade. E isso não é tarefa fácil. Fiz alguns testes, mas não muitos, porque a verdade é que nem sempre os testes (nem vou comentar de televisão!) em teatro são abertos a todos (e nem daria devido a tanta gente no mercado). Por tudo isso, pensei, sim, em desistir muitas vezes, mas sempre vinha alguém que me trazia de volta. Como aconteceu agora em FINA ESTAMPA e foi assim também quando entrei em cartaz pela primeira vez. Não dá pra fugir do destino, e mesmo dizendo que pensei em desistir, a verdade é que nunca desisti dele.  

O que te atrai em um personagem?
O fato dele ser um personagem (risos). Quem são os personagens? São retratos de nós, que estamos aqui, ali e em toda esquina. Todos têm uma característica mais forte, que pode ser mais explorada. E eu gosto disso, de explorar as características deles. 

Como surgiu o convite para atuar em “Fina Estampa”?
Bom, num desses momentos precisando me sustentar e não me ausentar da minha carreira, fui fazer licenciatura. Eu fui professora de Artes Cênicas do Município do Rio de Janeiro por quatro anos. Sai de lá e fiquei, sabe? Sem rumo... Até que apareceu o Aguinaldo na minha vida. Eu estava passando roupa quando ele foi no Sem Censura falar da Martes Class. Eu não passei, enfim, também gosto de escrever e como disse, estava sem perspectiva. Mas a partir daí fiquei o acompanhando, me apaixonei mesmo. 
Pra encurtar a história, o Aguinaldo me observou numa palestra que ele deu sobre dramaturgia. E no dia seguinte me chamou pra fazer um teste pra novela dele. Coisas que não tem explicação, como ele mesmo me disse no lançamento da novela: "Estava escrito". E Vitor, simplificando a análise, não tem explicação, ESTAVA ESCRITO! 

Katia caracterizada de Marilda de "Fina Estampa"

Sua personagem em “Fina Estampa” começou praticamente muda em cena e, aos poucos, foi ganhando espaço até cair definitivamente nas graças do público com suas ótimas tiradas e suas caras e bocas. Que estratégias você usou para isso? Se inspirou em alguém ou em algum personagem para compor a Marilda?
Não. Eu me inspirei no texto. Quando a gente lê um livro, a gente não imagina a personagem citada? Foi exatamente assim. Quando eu recebi os textos, o que eu percebi? A patroa da minha personagem era vilã. Então, ela deveria temer a ela. E assim fui. Teve uma cena em que Marilda entrava em cena e dizia somente isso: "Chamou, Dona Tereza Cristina?" Mas creio que Marilda demonstrou tanto medo, que "Tereza Cristina" criou a cena da Marilda se escondendo por trás da pilastra. Assim as coisas vão, é uma troca eterna. A Marilda foi tomando conta de mim, vivenciando tudo, dia apos dia, como numa novela (risos). 

Como foi a recepção dos atores veteranos à sua chegada e como está sendo o processo de trabalho em conjunto?
A primeira cena que gravei foi com a Lília Cabral, ela me recebeu lindamente. Foi logo batendo texto comigo e quando acabou a cena me deu um lindo abraço de boas vindas, que jamais esquecerei. O processo de trabalho foi sempre muito intenso como vocês puderam ver na tela, nós todos estávamos realmente apaixonados e entregues completamente as nossas personagens. Então a troca era intensa tanto no ensaio quanto na gravação. A Christiane Torloni foi extremamente generosa comigo e devo muito a ela também. De cara, na nossa primeira cena, ela sugeriu ao diretor me dar um susto atrás da pilastra. E essa cena fez a Marilda, minha personagem, ir pra chamada da novela, antes dela entrar no ar. Então, nossa sintonia foi imediata e tudo indicava de prima que daria certo como deu. Ela é minha musa eterna. 

Katia em cena com Christiane Torloni
Tem alguma cena favorita da Marilda? Qual?
Tenho algumas, várias! kakakakaka! Tem a primeira, que foi quando a Marilda abriu a boca mesmooooo (risos). Que foi a primeira mostra de quem era a Marilda. Ela falava sozinha, quando a Tereza Cristina saia de perto, insinuando que o Seu Rêne tava era pulando a cerca. (risos) Marilda adorava isso. Ela dizia, puramente, as maldades que todo mundo estava pensando (risos). Nessa cena, os câmeras ficaram todos felizes, comentaram, foi o maior barato! Ninguém esperava, né? (risos) Ela a principio sempre com medo da outra, de repente soltar essa. A segunda foi logo depois, foi numa cena com o Crô, e lembro até hoje a fala: " Não é porque a rainha saiu, que você vai bancar a princesa!" , simplesmente o estúdio foi abaixo de tanta risada. Nessa cena, eu ganhei a Marilda. Lembro como se fosse hoje, o diretor, meu grande parceiro Ary Coslov, virou-se, quase em câmera lenta, me olhou e quase que me disse com o olhar: "Vai, que é sua! Pode brincar!" Outra, foi uma que amo demais, Chapliniana como gosto. Foi dirigida pelo Marcus Figueiredo, e de uma criatividade ímpar. A cena era pra o Antenor entrar na casa, ponto. Mas pra isso, Marilda tinha que sair e deixar a porta aberta. Pois ele criou toda uma mise en scene pra mim. Carregar sacos de lixo, reclamar, limpar as mãos, enfim, AMO ESSA CENA!!!!! Ele me deu OPORTUNIDADE de ser Chaplin TOTAL (e eu sou chegada nisso, risos)! E lógico, claro e evidente a minha maior cena foi: A VINGANÇA DA MARILDA! Dirigida pelo Marco Rodrigo, que foi um parceirão. Tem a cena da faca, que o Wolf criou, foi a primeira vez que vi um diretor criar cena pra mim. Foi muita coisa boa!

Você é noveleira? Se sim, quais suas novelas e atores favoritos?

Roque Santeiro: uma das novelas favoritas
Mega, hiper, totalmente noveleira. Eu amo novela e assisto todas, quando posso. Fico passada com ator que diz que não vê e não gosta de novela, como assim? (risos) Bom, eu amo novela e todos os autores, mas não dá pra citar de todos, então citarei algumas, as que por algum motivo me marcaram: FINA ESTAMPA, ROQUE SANTEIRO, VALE TUDO, PANTANAL e PÁGINAS DA VIDA . ROQUE SANTEIRO é a novela, e anseio, desejo, faço mandinga e mangalô três vezes pra que invistam em novelas desse gênero novamente. Claro que não temos mais o genial Dias Gomes, mas temos o genial Aguinaldo Silva, que escreveu a novela junto a ele, e que provou agora com FINA ESTAMPA o quanto o povo gosta desses personagens farsescos (ambientados no urbano), aliás TIETA, é outra das minhas favoritas. VALE TUDO, era outra com personagens muito bem definidos num ambiente urbano, e Maria De Fátima Forever, merecia final feliz assim como Tereza Cristina. PANTANAL é lindooooooo!!!!! Não sei se sou do mato, acho que sou (sou sim), mas nossa, eu vivia aqui lá só de assistir. E PÁGINAS DA VIDA foi num momento muito especial da minha vida, eu estava grávida, adoro aquelas conversas na cozinha refletindo sobre a vida das novelas do Manoel Carlos, eu quase que converso com as personagens (risos). Amei AMÉRICA, mas fiquei brava no final porque a Sol não terminou com o Tião (sou careta pra cacete com isso, pra mim casal que começa se amando na novela tem que terminar junto, e ponto final. risos). A única vez que abri exceção foi pro Giovanni Improtta, em Senhora do Destino, e não abri agora não, pro Guaracy. O ator é maravilhoso, mas eu queria Grizelda com Renê. adorava a Norminha da grande Dira Paes EM CAMINHO DAS ÍNDIAS. E A FAVORITA foi maravilhosa. No final eu aplaudi de pé, sério mesmo! Estava minha irmã e meu marido em casa e eu levantei pra aplaudir, mas confesso que ela me cansou no meio, não gosto de vilão que se dá bem demais. 
Atores favoritos tenho muitos, então citarei minhas musas e musos que me receberam: Eva Wilma, Christiane Torloni,  Lilia Cabral e José Mayer. Te mete? Contracenei com todos eles! Mas vou citar outra que jamais conheci e simplesmente amo o trabalho: Drica Moraes.

Que famoso personagem televisivo você teria vontade de interpretar?
Sem dúvida alguma a Marilda de FINA ESTAMPA (risos). Engraçado isso, mas sempre fui tão expectadora que nunca tive isso, de assistir uma personagem e querer interpretá-la (mentira, imitava todas as personagens da Regina Casé, nas aulas de teatro). Salvo duas vezes, uma, que foi a personagem que me fez querer fazer novela, eu tinha 7 anos. A culpada de tudo foi Elizabeth Savalla, com sua Carina, uma bailarina na novela PAI HERÓI, era minha brincadeira predileta imitá-la. E outra, é claro, a maravilhosa Perpétua interpretada pela grande Joana Fomm. Adoro também Dona Pombinha de Roque Santeiro. 

Carina (Elizabeth Savalla) em "Pai Herói" (1979):  inspiração
Já tem novos projetos após o final da novela?
SIM!!!!!!!! Meu monólogo "A REZA O RISO" DE FERNADO BORBA. Vamos excursionar pelo país e E ABALAR BANGU! QUANTO A TV, EU VOLTAREI!!!!!!!!!! KAKAKAKAKAKAKA!!!!!!

Katia, querida, muitíssimo obrigado por sua gentileza em conceder a entrevista, ainda mais nessa reta final da novela em que o tempo é bastante escasso. Saiba que fiquei muito feliz com todo esse sucesso que você está fazendo. Quem diria que, há pouquíssimo tempo atrás, estávamos voltando juntos de um evento cheio de sonhos e agora estamos conseguimos realizá-los. Te desejo muito mais sucesso e tenho certeza de que você tem uma carreira brilhante pela frente. Beijo carinhoso com gostinho de melão!

UM BEIJO ENORME PRA VOCÊ!!!! Lembro bem disso, cheio de sonhos e logo depois você foi colaborador do O ASTRO e eu atriz de FINA ESTAMPA. A vida foi boa pra gente e a gente tem que comemorar!!!!!. 

Katia e eu em "momento ternura"
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LEIA TAMBÉM:

Entrevista especial - TUNA DWEK: “A arte nos captura a despeito de nós mesmos”




segunda-feira, 12 de março de 2012

“Barriga de Aluguel” e “Fina Estampa”: mesmo tema, enredos diferentes.





Há mais de duas décadas atrás, Gloria Perez, sempre visionária, apresentou uma sinopse que abordava um assunto novíssimo na época: barriga de aluguel. Devido à modernidade do tema, a novela só iria ao ar há uns anos depois, em 1990, ainda com ares de novidade e o dilema em torno de quem é a verdadeira mãe de Carlinhos/Junior parou o Brasil: a mãe biológica Ana (Cassia Kiss) ou a mãe que gerou a criança Clara (Claudia Abreu)? Na época, Gloria contou com a ajuda de uma juíza de verdade, a Dra. Ana Maria Scartezzini, que deu o veredito em favor de Ana, contrariando a opinião popular.

Mais de vinte anos depois, o mesmo tema volta à tona em uma trama do horário nobre na novela “Fina Estampa” e, coincidentemente, “Barriga de Aluguel” tem sua reprise exibida no Canal Viva. É um tema antiquíssimo, bíblico, diga-se de passagem, e não estou aqui falando do procedimento de barriga de aluguel propriamente dito, que não é o caso da novela das nove, mas de duas mães que reivindicam a maternidade de uma criança. Ao contrário do Rei Salomão, que decidiu cortar a criança em duas partes, nossos intrépidos autores vão mais fundo nessa questão e avaliam a situação de todas as óticas possíveis para chegar ao desfecho.

Em “Fina Estampa”, não se trata de uma barriga de aluguel, mas de uma inseminação artificial feita por Esther (Julia Lemmertz), no consultório da Dra. Danielle Fraser (Renata Sorrah). O que Esther não sabia, no entanto, é que o óvulo fecundado era da cunhada da médica, Beatriz (Monique Alfradique) e o espermatozoide de seu irmão falecido. O segredo foi revelado por Glória (Monica Carvalho), secretária da médica, o que desencadeou todo o dilema.

Muito mais do que reproduzir uma situação de uma novela de 20 anos atrás, Aguinaldo Silva mostrou que o tema não é fechado e pode apresentar novos desdobramentos e situações diferentes. Se na novela de 1990, ficou claro que a mãe biológica era a que tinha direito à guarda da criança, será que o mesmo veredito pode ser aplicado na novela atual, já que não houve nenhum acordo firmado entre Esther e Beatriz e ambas sequer sabiam da existência uma da outra?

Do ponto de vista ético, “Fina Estampa” também revela modificações na sociedade entre uma novela e outra. Se em 1990, Dr. Baroni (Adriano Reys) foi acusado de antiético por simplesmente ser o responsável pelo procedimento de barriga de aluguel com o consentimento de ambas as mulheres, o que dizer de Dra. Daniele, que premeditou toda a situação e escondeu seu ato de todos, movida pelo desejo de ver um sobrinho seu vindo ao mundo? Dessa vez, qual das mães tem direito à criança? Esther ou Beatriz? Como se vê o tema não é tão simples assim e, a exemplo de “Barriga de Aluguel”, não há uma solução fácil e o final sempre pode ficar em aberto.

A sequência final de “Barriga de Aluguel”, (um dos melhores e mais bonitos finais de novela em minha opinião) mostra o encontro das duas mães e Ana, mesmo com a guarda da criança, propõe a Clara que elas entrem em um acordo e busquem uma solução juntas. A cena da criança caminhando de mãos dadas com as duas mães é sublime e antológica.
Não sabemos qual será o desfecho da trama de “Fina Estampa”, que termina esse mês. O fato é que a dramaturgia é tão rica e está sempre de olho nas modificações pelas quais passa nossa sociedade, que um mesmo tema pode ser recontado de diferentes formas com igual frescor e criatividade. Salve nossa teledramaturgia! 



quarta-feira, 7 de março de 2012

DEU A LOUCA NAS NOVELAS – EDIÇÃO 2



Lembram daquele divertido post de Júnior Sousa propondo um troca-troca de autores das novelas “Cama de gato”, Caras e Bocas” e “Viver a Vida”? Pois ele está de volta propondo mais uma brincadeira, só que com as novelas “A vida da Gente”, “Aquele beijo” e “Fina Estampa”. Com uma imaginação fértil, Juninho, que é professor e roteirista, nos brinda com mais uma edição dessa brincadeira. O que aconteceria se Lícia Manzo, Miguel Falabella e Aguinaldo Silva assumissem um a novela do outro com seus respectivos estilos? Eis a resposta:


A VIDA DA GENTE - escrita por Aguinaldo Silva

Ana se revolta quando vê Rodrigo com Manuela e parte pra cima da irmã no meio da rua. Alice é convidada para ser uma dançarina de grupo de pagode e esconde isso dos pais. A polícia leva Manuela e Ana para a delegacia. Manuela envenena Júlia contra Ana. Iná ensaia um Grupo da Melhor Idade para o Grupo de Carnaval de Gramado. Ana planeja roubar Júlia e fugir com a filha. Eva diz a Ana que no dia de seu parto, colocou uma peruca loira, trocou os bebês na maternidade e que sua verdadeira filha está com uma família desconhecida.

AQUELE BEIJO - escrita por Lícia Manzo

Maruschka entra em depressão por causa de Alberto, não come, não dorme, não vai para a Comprare. Belezinha descobre que tem leucemia e a mãe lhe aconselha a não contar para Agenor. Cláudia sofre um acidente de moto e perde a memória. Lucena comemora. Rubinho e Vicente se compadecem por Cláudia. Belezinha, leucêmica, esconde a gravidez da mãe. Grace Kelly reflete sua vida com Eveva. Todos se unem para ajudar Cláudia a "recomeçar". Quatro anos depois, Cláudia recobra a memória e entende que é casada com Vicente para desespero de Rubinho.

FINA ESTAMPA - escrita por Miguel Falabella

Tereza Cristina ameaça Griselda, mas não passa disso. Teodora ameaça Griselda, mas não passa disso. Crô é hostilizado na rua e dá uma lição de moral filosófica em todos. Tereza Cristina se apaixona por Pereirinha e esquece as maldades (Miguel Falabella narra a redenção da personagem dizendo que na vida todo mundo tem uma chance para se regenerar ).  Solange vence a eliminatória do concurso Miss Jardim Oceânico para a alegria de Celeste. Com medo de hackearem sua fortuna, Griselda retira todo seu dinheiro do banco, guarda numa mala dourada, mas a mala some misteriosamente e todos querem achá-la.


E então, gostaram? Obrigado, Juninho! Volte sempre que quiser aqui no melão!

Junior Sousa e eu
LEIA TAMBÉM:

Blogueiros convidados: Júnior de Souza e Fernando Shimada!


domingo, 5 de fevereiro de 2012

Blogueiro convidado: FABIO DIAS elogia “FINA ESTAMPA”




 Mais um convidado especialíssimo de fina estampa no melão. E esse vai dar o que falar. Diretamente do criativo blog parceiro do melão “O cabide Fala” (clique aqui para conhecer), Fabio Dias não titubeou quando lhe informei que estaria livre para falar sobre o que bem quisesse. Não se fez de rogado: criou esse verdadeiro dossiê ressaltando as qualidades de “Fina Estampa”, atual sucesso de Aguinaldo Silva, novela que vem batendo recordes de audiência, dividindo opiniões e causando verdadeiro furor nas redes sociais, que praticamente param para comentar a novela, seja para o bem ou para o mal. De qualquer forma, “Fina Estampa” está longe de passar despercebida e Fabio apresenta suas razões para acompanha-la. Melão agradece ao dono do Cabide e o convida a voltar sempre que quiser. Melão é seu, querido!

  
FINA ESTAMPA segue divertindo o Brasil!

Por Fabio Dias

Se tem uma coisa que mexe e acaba envolvendo todos, é  uma novela do horário nobre global. Mas ultimamente o horário estava decadente  até surgir com sua simplicidade e despretensão FINA ESTAMPA. A trama segue batendo recordes de audiência, mas divide opiniões. Alguns dos noveleiros mais exigentes a julgam como uma estória simples e banal. Outros a apontam que é dirigida para a “Classe C”. Mas será que faz sucesso somente nessa classe?



A verdade é que Fina Estampa está na boca do povo, o que era seu objetivo desde o início: ser uma história popular. Onde quer que eu passe, lá está alguém comentando sobre a novela, como há muito tempo eu não ouvia. Eu a vejo assiduamente, me divirto e me emociono sempre. Acredito que acompanhar uma novela, seja ela qual for, sem realmente estar sintonizado apenas nela, você não pega a essência e não se envolve com a trama muito menos com os personagens. Hoje em dia com o advento da internet, o Twitter tornou-se o encontro dos noveleiros, onde a maioria acompanha comentando.

E o porquê de tanto sucesso?

Após tantas novelas dramáticas e pesadas no horário o público se depara com uma trama leve, simples, desde o inicio envolvente, com texto afiado e ágil. Na terceira semana ela já teve uma reviravolta. Antenor (Caio Castro) foi desmascarado. Fina Estampa também tem alguns elementos populares que estão na mídia no momento como UFC e o Funk, tem o bom e velho drama com uma mulher batalhadora, uma vilã ardilosa e personagens cômicos como o Crodoaldo Valério. Ela também investe em uma tema inédito até então, a fertilização in vitro que começa a ganhar força na trama a partir de agora. Em meio às qualidades, muitos afirmam que é surreal, mas novela é ficção, não tem compromisso com a realidade.



Porém faço uma ressalva para algumas cenas que abusaram do surrealismo: Amália sofre um acidente, o carro capota várias vezes e ainda descobre que está grávida sem nenhum arranhão? Fred, o suposto amante de Crô, após uma tropeçar na escada morre? É muito comentada a volta da Marcela, após ser assassinada duas vezes, mas nesse caso é melhor aguardar as surpresas que o autor nos reserva. A novela ainda não acabou. Eu ri muito com a cena de Teresa Cristina encontrando a suposta Marcela no cemitério e ainda após o desmaio, acorda acreditando que morreu! A verdade é que gostando ou não, os brasileiros estão diariamente se divertindo com a trama surreal e caricata. O sucesso confirma essa tese.

Audiência é sinônimo de qualidade?

Há quem diga ainda que audiência não é sinônimo de qualidade. Uma simples opinião pessoal e mínima entre os milhões de telespectadores que acompanham a trama. Se formos por esse quesito, obras como A Próxima Vítima, Vale Tudo, Renascer entre outros sucessos não tiveram qualidade? Aguinaldo Silva em seu portal defendeu bem essa questão que é diariamente verbalizada nas redes sociais:


“Quando uma novela, em termos de audiência, dá dez vezes mais que a emissora segunda colocada, bom… Há ou não há que respeitá-la? Pois não existe argumento mais furado que este segundo o qual audiência não é sinônimo da qualidade… Já que estamos falando de televisão aberta, e nesta o que conta é a audiência – ela tem que ir aos píncaros ou os salários atrasam. O que as emissoras abertas de televisão buscam é audiência – a maior possível: esta, segundo os critérios delas, é que é o sinônimo de qualidade.”



As declarações de Aguinaldo sempre causam burburinho nas redes sociais. A “versão” virtual do autor é ácida, convencida e para muitos, arrogante. Engano total, Aguinaldo Silva pessoalmente é calmo, tímido e muito diferente do que possa parecer. Um jovem senhor de Fina Estampa.

Falando em audiência, Fina Estampa se consolida como a maior audiência da Globo nos últimos 5 anos. Confira seu gráfico, comparando com sua antecessora Insensato Coração nos seis primeiros meses.



  
E aí? Em tempo onde a internet e outras mídias têm mais força, uma novela reconquista o hábito da maioria dos telespectadores em acompanhá-la, merece ou não ser respeitada? Agora opinião e gosto são particulares de cada um.

Melão e Cabide bebendo da mesma fonte
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Leia também:

Blogueiro convidado: Carlos Carvalho e a busca da inspiração





quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Especial 60 anos de Telenovela – minha cena favorita


Jamais vou ter a pretensão de elencar as melhores e mais marcantes cenas de todos os tempos de nossa teledramaturgia, afinal, desses 60 anos, devo ter vivenciado, no máximo, 30. Por isso vou escolher a minha cena favorita, que serve pra simbolizar todas as outras tantas e tantas cenas maravilhosas e antológicas que nos fizeram rir, chorar, vibrar, se emocionar. Mensurar a importância da telenovela na vida do brasileiro também é algo quase impossível, visto que ela está tão entranhada em nossa cultura que não conseguimos imaginar tevê sem novela. E foram tantos os astros, estrelas, autores, diretores e demais profissionais que construíram essa história, que também seria injusto mencionar esse ou aquele.



Portanto, minha cena favorita é altamente subjetiva e o principal motivo que fazem dela minha preferida é que ela é muito completa sob todos os pontos de vista. Na verdade, nem é uma cena e sim, uma sequência de cenas: A CHEGADA DE TIETA EM SANTANA DO AGRESTE em “Tieta”, novela de 1989, de Aguinaldo Silva em coautoria com Ricardo Linhares e Ana Maria Moretsohn que guardo com carinho na parte mais preciosa de meu baú afetivo de recordações.

Gosto muito da sequência porque ela carrega vários elementos que uma boa telenovela deve ter: trilha sonora emocionante, belas paisagens, um quê de mistério, apresenta lindamente a protagonista, é emocionante, é engraçada, quase todo o elenco participa e, basta assistir a essa cena para se ter uma ideia bem clara do que é a novela, ou seja, Aguinaldo Silva foi absolutamente certeiro e genial em seu poder de síntese. Não conheço outra sequência de cenas que sintetize uma trama de forma tão perfeita.



Então vamos a ela. Tieta (eterna Betty Faria) chega triunfante na cidadezinha em seu carrão vermelho conversível. Ainda não vemos seu rosto. Enquanto ela chega, vai relembrando os momentos que viveu por ali. Ao som de “Coração do Agreste”, na voz e interpretação emocionante de Fafá de Belém, são inseridas cenas de Tieta quando jovem, vivida por Claudia Ohana. Quando enfim o carro chega na praça, vemos que a Tieta agora é Betty Faria e traz consigo Lídia Brondi a chamando de “mãezinha”. Após isso, vemos um momento hilário com o mendigo Bafo de Bode (um impagável Bemvindo Sequeira), que se impressiona com a voluptuosidade do derriére da moça, manda a antológica frase: “isso não é mulher, é uma plantação inteirinha de xibiu”. Mal sabe Tieta que toda a população está naquele momento celebrando a missa de sétimo dia de sua morte. E ao entrar de forma esfuziante igreja adentro é reconhecida apenas por sua madrasta Tonha (Yoná Magalhães), que explode em emoção. E aos poucos os personagens vão sendo apresentados a Tieta e a todo o público, inclusive a vilã Perpétua (Joana Fomm) e todo o seu cinismo e dissimulação. Enfim, o circo está armado. A partir dessa cena, teremos pela frente uma novela deliciosamente irreverente, emocionante, engraçada e sensual.  

Com essa sequência de cenas, melão celebra os 60 anos da teledramaturgia e parabeniza a todos nós por esse produto genuinamente brasileiro que criamos e que nos faz sonhar por noites e noite a fio. Brindemos!



E vocês? Sei que é difícil, mas qual é sua cena favorita desses 60 anos?

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