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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Blogueiro convidado: Rodrigo Ferraz celebra a vitória d'O Astro no Emmy Internacional



Melão hoje está em festa e não consegue disfarçar. “O astro” foi, simplesmente, o vencedor do Emmy Internacional na categoria “telenovela”. Mal tinha me recuperado quando, na calada da noite, meu amigo Rodrigo Ferraz me manda esse texto para ser publicado no melão. Emocionado, deixo a modéstia de lado e publico, dedicando a todos os meus amigos, ao próprio Rodrigo e ao meu querido Tide, que sempre terá meu amor, minha amizade e minha gratidão. E viva a pedra ametista! Que ela continue brilhando mundo afora.

Vivas Infinitos para o Astro e para a Amizade!

Por Rodrigo Ferraz


Segundo o dicionário...
Amizade: Sentimento de quem é amigo, amor, dedicação, benevolência.
Astro: Qualquer corpo celeste, que tem marcha regular. Pessoa ilustre.
“O Astro” ganhou o premio de melhor telenovela de 2011 pelo Emmy. E como eu tenho orgulho disso... querem saber o porquê?

É simples...  Vitor já é meu amigo há uns seis anos e recentemente começamos parceria numa peça em que o texto é dele e a direção é minha. Em breve, se você não sabe, você saberá “O Que Terá Acontecido A Nayara Gloria?”.  Então, fim de 2008. Depois de um árduo e lindo trabalho em “Ciranda de Pedra”, Alcides Nogueira deu uma palestra no CCBB do Rio de Janeiro, em que o dono do Melão, Vitor de Oliveira, estava presente.  Vitor chegou no dramaturgo, conhecido por muitos pelo gentleman que é, comentando dos amigos em comum que tinham, no caso, era o querido Wesley Vieira e eu. Tide, como é conhecido e já é simpático por natureza, o tratou como amigo de infância...

Vitor de Oliveira e Alcides Nogueira
E dessa amizade nasceu uma bela parceria de trabalho. E já na primeira parceria uma grande vitória: “O Astro”, novela de grande sucesso de Janete Clair que ganhou uma nova adaptação pelas  mãos de Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro. Vitor foi um dos colaboradores, ao lado de Tarcísio Lara Puiati, seu companheiro de oficina de autores. Incrível como os astros conspiram a favor... 

Coletiva de imprensa da novela em junho de 2011

O projeto fora idealizado por Roberto Talma, inaugurando um novo horário de novelas: o das 23h, destinado a releituras de grandes clássicos. Hoje em dia, o horário já está solidificado, tanto que ano que vem veremos uma nova versão de “Saramandaia” pelas mãos do competentíssimo Ricardo Linhares!




E “O Astro” nasceu, regido sob o signo de Virgem, guiado pela pedra Ametista e com Santa Janete olhando por todos... Teve no elenco: Rodrigo Lombardi inspirado, viveu meu personagem favorito na sua carreira na TV; Carolina Ferraz e Fernanda Rodrigues esbanjando glamour e talento (Fernandinha, inclusive, mostrou pela primeira vez que era Fernanda, mulher e talentosérrima); Thiago Fragoso, primoroso arrasou; Alinne Moraes linda e com uma Lili impactante; Regina Duarte depois de muito tempo com um papel a altura; Marco Ricca feroz e agressivo na pele de Samir, um vilão como poucas vezes eu vi; Rosamaria Murtinho soberba; Daniel Filho voltando a atuar depois de muito tempo. Também destaco João Baldesserini, Frank Menezes, Bel Kutner, Carolina Kasting, Juliana Paes, Rafael Primot e Francisco Cuoco, o “astro” original, ganhando um papel-homenagem a primeira versão...


Tudo era muito exagerado, mas a direção acertou o ponto.  Eu, como descendente de árabes como os Hayalla afirmo: a “brimaiada” é over, sim (risos). Mas a novela foi no tom certo. Com uma assinatura marcante na direção, Mauro Mendonça Filho mostrou como é eclético mais uma vez, como em “Dona Flor e seus dois maridos”, “Força de um Desejo” e “Toma lá da Cá.



E voltando ao texto, eu não vi a versão original, mas eu amei a segunda versão. Se foi fiel eu não sei... E talvez tenha sido melhor assim! Quando uma novela é boa, merece mais do que premio, merece audiência e essa foi super bem! Mas não bastasse tudo isso, ganhou o Emmy, o Oscar da televisão mundial... Enfim melhor eu tomar vergonha na cara e comprar meu DVD da novela logo... E que venham muitos e muitos trabalhos de Vitor, Alcides e todo mundo que esteve envolvido n’O Astro...

Time que foi representar "O astro" na cerimônia do Emmy



Rodrigo e eu
Rodrigo e Tide


RODRIGO FERRAZ é ator, diretor, produtor e noveleiro de carteirinha. Seus textos inspirados podem ser lidos no excelente blog “O cabide fala”, do também querido Fabio Dias. 



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LEIA TAMBÉM:

Blogueiro convidado: Evana Ribeiro avalia "O astro"





terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Muito além de Sassá Mutema


Relações familiares e amorosas também foram abordadas com bastante competência e sensibilidade em “O salvador Da Pátria” (1989).


Marina e João: paixão avassaladora
Quando se fala de “O salvador da pátria”, novela de Lauro Cesar Muniz, escrita com Alcides Nogueira e Ana Maria Moretsohn (que emendou este trabalho  com "Tieta"), com direção geral de Paulo Ubiratan, a lembrança que vem à tona é a trajetória do simplório boia-fria e sua impressionante escalada, de analfabeto à prefeito de Tangará (e, por um triz, presidente do Brasil). Usado como massa de manobra pelos políticos locais, Sassá Mutema (Lima Duarte, magistral) ganhou popularidade e o amor da doce professorinha Clotilde (Maitê Proença), por quem nutria um amor platônico desde o início da trama. No entanto, há outros aspectos da novela pouquíssimo lembrados, mas que também merecem destaque.

Apesar da forte temática política, Lauro César Muniz também abordou com extrema competência as complexas relações amorosas e familiares dos personagens, sobretudo das famílias dos dois poderosos da cidade e inimigos políticos: Severo Blanco (Francisco Cuoco) e Marina Cintra (Betty Faria). O entrecho criado por Lauro tinha tudo pra cair no clichê: o filho de Severo, Sérgio (Maurício Mattar) apaixona-se por Camila (Mayara Magri), filha de Marina. Mas o que poderia ser mais um insosso “Romeu e Julieta” tornou-se algo interessantíssimo, já que os personagens estavam longe de serem rasos. Eram complexos, falhos, logo, humanos.


 Camila não era uma tradicional mocinha inocente. Pelo contrário, liberadíssima sexualmente, a moça teve vários romances no decorrer da trama, inclusive chegando a confessar à mãe que gostava dessa vida, quando esta lhe pediu satisfações por ter passado três noites fora de casa na companhia de três homens diferentes. Marina conversava sobre sexo abertamente com as filhas Camila e Alice (Suzy Rego), que também tinha uma atribulada vida amorosa. As duas chegaram, inclusive a dar em cima de João/Miro (José Wilker), pretendente da mãe.

Sérgio também não era nenhum santo. Casado com Sílvia (Alexandra Marzo), ele hesitou bastante em abandoná-la para assumir seu amor por Camila. Severo tinha um caso extraconjugal com Marlene (Tássia Camargo) e a relação dos dois era sabida e tolerada por Gilda (Susana Vieira), esposa de Severo. Mas a filha do casal Rafaela (Narjara Turetta, em ótimo momento), com fixação pelo pai e inconformada com a hipocrisia da família, fez de tudo para desmascará-lo. Reprimida sexualmente, Rafaela se casa com Régis (Eduardo Galvão) e tem muitas dificuldades de se entregar a ele. Sequelas do casamento dos pais em uma trama muitíssimo bem construída pelo autor. 

Marina (Betty Faria)  e Lauro (Cecil Thiré) : relação franca

Marina, por sua vez, tinha um relacionamento com Lauro (Cecil Thiré). E em uma das cenas mais ousadas que já assisti, impossível para os caretíssimos dias de hoje, Marina confessa ao amante que fingiu prazer em todas as relações sexuais e que jamais chegara ao orgasmo com ele. Sem sensacionalismo ou apelação, a cena foi delicada e verossímil. Mais tarde, ao se envolver com o misterioso João, Marina, enfim, encontrava o prazer. Interessante que Betty Faria emendou essa novela com “Tieta”, que foi um verdadeiro furacão, mas as personagens eram muitíssimo diferentes. Marina era uma viúva de maia idade, ainda bela, mas com uma sensualidade contida que em nada lembra a esfuziante cabrita do Agreste. Betty soube construir uma Marina com nuances e sutilezas. Uma mulher dura que aos poucos ia redescobrindo o prazer e o amor nos braços de João.



Conhecido por suas tramas essencialmente masculinas, Lauro César Muniz mostrou ser ótimo conhecedor do universo feminino através dos anseios de Marina, Camila, Gilda, Rafaela e Alice e construiu diálogos primorosos, junto com Alcides e Ana Maria, colaboradores da novela na época, distantes de qualquer esquematismo ou maniqueísmo, onde tudo era dito às claras, sem didatismo nenhum, de maneira bastante natural. Os personagens da novela eram riquíssimos de qualidades e defeitos, longe de estereótipos e da tão manjada polaridade “bem contra o mal” que assola as novelas mais recentes.

Enfim, que Lima Duarte deu um show à parte com Sassá Mutema ninguém contesta. Mas é importante que “O salvador da Pátria” também seja lembrada como uma novela ousada, que abordava as relações amorosas e familiares de maneira crítica e consistente, moderna para a época e praticamente impossível para os dias de hoje com a constante patrulha moralista que ronda nossa teledramaturgia. Que o Canal Viva se lembre de reprisar essa novela, que merece ser vista pelo telespectador atual. 

Francisco Cuoco e Susana Vieira: o mulherengo Severo e a submissa Gilda.

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