sexta-feira, 26 de março de 2010

Enfim, BBB.

Queridos, não é segredo pra ninguém que o reality em questão nunca foi dos meus programas favoritos. Até acho o formato bem legal, mas raramente encontro participantes e situações interessantes a ponto de me fazer acompanhar religiosamente como faz grande parte do país. No entanto, é praticamente impossível conviver no meio virtual sem se contaminar ou se influenciar pelas diferentes torcidas, uma mais apaixonada do que a outra, lembrando os tempos aúreos do rádio em que as torcidas das rainhas Marlene e Emilinha de degladiavam em defesa de sua favorita.
Como não sou expert no assunto, deixo a palavra com a roteirista Ana Paul, cujo comentário em uma lista de discussão da qual fazemos parte, me chamou muito a atenção pela concisão, objetividade e precisão. Não saberia explanar melhor sobre o assunto. Ana, querida, obrigado por permitir que eu compartilhasse suas ideias com meus amados leitores. Abaixo também há um link para o blog da AC (Autores de cinema), que contem um artigo do também roteirista Thiago Dottori. O artigo é imenso, mas vale a pena ler por completo. É inteligente e revelador.

Enfim, BBB por quem entende! Bon apetit:

"O BBB é uma narrativa, com personagens, protagonistas, coadjuvantes, figurantes, conflitos.
Mas nem sempre a visão de mundo que se extrai dessa fábula é controlável, ao contrário das dramaturgias que nós mesmos criamos.
O melhor BBB que teve foi o 7, aliás um modelo bem clássico. Mocinha é mal vista porque não segue modelos de conduta, é uma Elizabeth Bennet da Barra da Tijuca. Antagonistas conseguem separá-la do herói. Herói ainda vê seus aliados serem derrubados um a um, mas no final consegue derrubar os vilões, vence e fica com a mocinha.
O BBB atual, contudo, tem uma moral muito obtusa. Personagens são derrotados não porque se opuseram a um herói, eles caem pelas suas próprias características, tidas como inaceitáveis aos olhos do público: são gays, ninfomaníacas, pornógrafos. O herói não é, contudo, alguém de moral alta ou qualidades superiores, simplesmente representa um senso comum, cheio de preconceitos e idiossincrasias. Triste". (Ana Paul)

"O dia em que Dourado me deu uma aula de Shakespeare" , por Thiago Dottori:

Por fim, só tenho mais duas coisas a declarar:
1- Falta menos de uma semana pra acabar, graças a Deus! Poderemos voltar a cuidar das nossas próprias vidas!
2- Meu dedo cai, mas o Dourado sai! (ai, meu Deus, o BBB me pegou na reta final....)

terça-feira, 23 de março de 2010

Aplausos mil para o CQC!



Foi realmente sensacional o primeiro “Proteste Já” do ano do programa comandado por Marcelo Tás. E para a infelicidade da Prefeitura de Barueri, que impediu judicialmente que o quadro fosse ao ar na primeira semana, o efeito foi mais devastador ainda, já que a repercussão e a expectativa para a exibição do quadro aumentaram consideravelmente.

Confesso que sou admirador do CQC desde sua estréia. Os caras são muito bons e provam que é possível unir jornalismo e humor sem perder de vista a qualidade, sem precisar resvalar para a vulgaridade ou para o sensacionalismo gratuito, como fazem similares do gênero. Todas as pautas, mesmo quando não são totalmente originais, são muito inteligentes e eles dão muito mais bolas dentro do que fora.

Mas se atendo ao quadro “Proteste Já”, que pode ser considerado o quadro mais “sério” do programa foram inúmeras as denúncias feitas (algumas de arrepiar), mas nenhuma delas se comparou ao que foi exibido nesta segunda-feira. Resumo rápido da ópera: eles doaram para a Secretaria de Educação da cidade uma televisão que continha um GPS, que informava tudo, desde sua localização, até se ela estava ligada ou desligada. E com isso acabaram descobrindo que a doação nunca foi para escola alguma e ficou durante meses na casa de uma funcionária sendo usada por ela. Mas sem saber desse GPS, o que se viu foi um festival de mentiras e desculpas por parte de todos os envolvidos, inclusive uma tentativa de transportar a TV às pressas para o colégio em que deveria estar, mas foram flagrados no melhor estilo folhetinesco. Climão e fortes emoções. Mais estarrecedora ainda foi a reação do prefeito, indignado, chamando a todos do programa de babacas, sem talento e outros impropérios, se vangloriando de ser um dos responsáveis pela democracia. Realmente foi de embrulhar o estômago.

O mais triste e flagrante nessa história toda é que o produto do desvio foi uma simples televisão. Imagina o que não se desvia por aí país afora. Triste constatar que a corrupção está entranhada na nossa cultura e tida como algo normal por muita gente. Como um país pode reclamar de Arrudas e mensalões da vida se em todas as instâncias de poder, busca-se levar vantagem, prevalece o individual frente ao coletivo? Tudo isso foi desmascarado pelo CQC de maneira tragicômica. Mais tragicômico ainda é constatar que, aparentemente, apenas a funcionária será punida. Qualquer pessoa que conhece ou já trabalhou em órgão público (me incluo nessa) sabe que é impossível colocar um objeto do setor debaixo do braço e sair normalmente (quanto mais uma TV daquele tamanho). Ou seja, há muito angu debaixo desse caroço. Mas será que vai ser descoberto? É nesses momentos inspiradíssimos que todos nós, amantes da televisão, devemos bater muitas palmas, pois se consegue realizar um programa super bem feito, inteligente, engraçado, mas consciente, que coloca o dedo na ferida, expõe nossas piores misérias (pior do que a miséria da carne é a miséria da alma) sem apelar para o sensacionalismo ou para o grotesco. O CQC, nessa segunda-feira, atingiu o ápice do que se espera de um programa de TV: divertir, entreter, informar e conscientizar. Parabéns, Rafinha Bastos, Danilo Gentilli e a todos os rapazes e moças do programa. Golaço de placa para ser emoldurado.

sábado, 20 de março de 2010

Homenagem à Betty Faria do Jornal "O dia", publicado no domingo passado.


Cortesia do amigo Aladim Miguel. Bom final de semana a todos!
(para ver maior, clique na figura)

quinta-feira, 18 de março de 2010

Série Memória Afetiva: meus casais favoritos da TV!

10) Caê e Débora (Lauro Corona e Beth Goulart) de “Baila comigo” (1981)
Edu e Helena (Reynaldo Gianecchini e Vera Fischer) de “Laços de Família (2000)

Sim, não consegui eliminar nenhum dos dois e resolvi agrupar dois casais de novelas do Maneco na mesma colocação. Os primeiros são uma espécie de pré-Nando e Milena, de “Por amor”. Rapaz pobre se apaixona por moça rica e precisa enfrentar a mãe megera. No caso, não era qualquer megera. Ninguém menos que Tereza Rachel que vivia a Marta da vez...rs! E as sequências dos dois namorando na praia ao som de “Living Inside myself” são tão numerosas quanto as de Nando e Milena ao som de “Palpite” em 97.

Já Edu e Helena, mesmo não ficando juntos no final, encantaram muita gente e esse romance fez com que muitos se antipatizassem com Camila (Carolina Dieckmann), fazendo coro com Iris (Debora Secco) ao chamá-la de “Judas” por ter “roubado” o namorado da mãe. Particularmente, adorava as tórridas cenas de beijos dos dois. Línguas não faltavam e o sofrimento de Helena ao som de “Como vai você” me comoveu e fez com que os dois entrassem pra essa lista de meus favoritos.


9) Xica e João Fernandes (Taís Araújo e Victor Wagner) de “Xica da Silva” (1996)
Seguindo uma linha totalmente anti-convencional, a escrava Xica não deixava de ser uma espécie de Cinderela ao conquistar o poderoso contratador do Arraial do Tijuco e se tornar uma espécie de rainha de lá.. A novela como um todo era maravilhosa e deixou muitas saudades. Fidelidade não era o ponto forte do fogoso contratador, mas o modo como Xica se livrava das amantes do marido era maravilhoso. Até Adriane Galisteu teve suas orelhas cortadas. Mas do amor de João Fernandes por Xica ninguém duvidava. Ele a enchia de jóias, mimos, satisfazia todos os seus caprichos e mandou fazer nada menos do que um “mar” para sua rainha. As cenas de sexo do casal falavam por si. Amor e poder total!!!


8) Olavo e Bebel (Wagner Moura e Camila Pitanga) de “Paraíso Tropical” (2007)

O último grande casal coqueluche da TV. Desses casos em que ninguém espera tamanho sucesso. O vilão e a prostituta roubaram a cena dos insossos mocinhos e protagonizaram grandes cenas: algumas cômicas e outras pra lá de sensuais. Camila Pitanga foi alçada definitivamente para o posto de grande estrela. Entre tapas e beijos, esse amor bandido pegava fogo e conquistou o Brasil.



7) Clara e Rafaela (Aline Moraes e Paula Picarelli) de “Mulheres Apaixonadas” (2003)

Quem disse que casal precisa ser necessariamente homem e mulher? Muito pelo contrário. O amor proibido das duas adolescentes conquistou a todos, passando longe de qualquer tipo de preconceito. As duas atrizes ótimas em cena, aliadas ao texto pra lá de sensível de Manoel Carlos conseguiram fazer com que suas personagens rompessem paradigmas em nossa TV e o assunto foi discutido amplamente na trama. Tudo bem que a sequência do beijo foi pra lá de frustrante, mas as meninas abriram mais espaço para a aceitação popular desse tipo de relacionamento.


6) Marcos e Lurdinha (Felipe Camargo e Malu Mader) de “Anos dourados” (1986)
Talvez o mais romântico e tradicional da lista. Gilberto Braga conseguiu construir de forma adorável e longe de ser chata, a bela história do casal de jovens que fazem de tudo para ficar juntos numa década marcada pelo preconceito e pela hipocrisia como foi a década de 50. Tudo era apaixonante, desde o primeiro encontro dos dois, na pista de dança ao som de Nat King Cole, desde o envolvimento, a descoberta da sexualidade, as idas e vindas...enfim... um deslumbre!




5) Juba, Zelda e Lula (Kadu Moliterno, Andréa Beltrão e André di Biase) de “Armação Ilimitada” (1985)
Rui e Vani (Luiz Fernando Guimarães e Fernanda Torres) de “Os normais” (2001)

Mais uma vez não consegui me decidir entre um ou outro. Então dediquei a quinta colocação em homenagem ao humor. Os primeiros também fogem completamente à configuração tradicional de casal. Em uma história totalmente moderna, transgressora e ousada, os surfistas Juba e Lula dividiam o amor da atrapalhada jornalista Zelda Scott numa boa. Aliás, Andréa Beltrão é mestre em relações a três ou mais. Suas personagens em “Rainha da Sucata”, “Pedra sobre Pedra” e “A grande família” também eram adeptas do “poli-amor”...rs! Mas a naturalidade, a leveza de “Armação Ilimitada” é imbatível.

Rui e Vani dispensam comentários. De longe o casal mais louco da TV, protagonizaram cenas hilárias e inesquecíveis, com destaque para a conversinha no final de cada episódio da série, que de tão hilária e natural, mais parecia improviso. Química perfeita e talento à toda prova.




4) Jô Penteado e Prof. Fábio (Cristiane Torloni e Nuno Leal Maia) de “A gata comeu” (1985)

Já nos primeiros capítulos da novela, em que os personagens trocaram tapas e protagonizaram altas brigas, já se notava que não se tratava de um casal tradicional. Ivani Ribeiro, inspirada pela “megera domada” já havia colocado no ar esse casal na primeira versão da novela chamada “A barba azul”, em 75, na Tupi. Mas é inegável que “A gata comeu” marcou toda uma geração e as desventuras de Jô e Fábio pelo bairro da Urca até hoje têm uma legião de fãs saudosos e apaixonados. A maravilhosa inocência de Ivani cativava e fez o Brasil inteiro torcer por esse par que vivia às turras, mas não deixava de ser adorável.



3) João Maciel e Carolina (Paulo Gracindo e Yara Cortes) de “O casarão” (1976)

Quem nunca assistiu à emocionante sequência final da novela no Video Show em que Carolina chega afobada ao encontro com o amado e pergunta se o fez esperar muito. A resposta dele é fulminante: “40 anos”. Nem é preciso ter assistido ao restante da novela para se arrepiar com a cena. Os olhares dos dois atores, a belíssima “Fascinação” e o brilhante texto de Lauro César Muniz são componentes de um momento único na TV.


2) Lucinha e Carlão (Betty Faria e Francisco Cuoco) de “Pecado Capital” (1975)
Basta assistir a algumas cenas disponíveis da novela na rede para nos darmos conta do primoroso trabalho dos dois atores, que deram vida a um perfeito casal suburbano. O final dos dois não foi feliz, mas poucos casais na TV tiveram tanta química quanto esse. Cuoco, um machão à moda antiga; Betty, uma cinderela ambiciosa. Longe de serem perfeitinhos. O sucesso de Lucinha e Carlão se deu, sobretudo, porque eram extremamente humanos. E o precioso texto de Janete Clair dispensa comentários...


1) Sinhozinho Malta e Viúva Porcina (Lima Duarte e Regina Duarte) de “Roque Santeiro” (1985)
Para uma pessoa afeita a casais não-convencionais como eu, não podia eleger outro casal como primeiro do ranking. Deliciosamente incorretíssimos, irreverentes, safados, impostores e muito engraçados. Exuberante da cabeça aos pés, Porcina era a única capaz de fazer o poderoso coronel ficar de quatro e lamber literalmente sua mão tal qual um odediente cachorrinho. Os caricatos anti-heróis conquistaram a simpatia do público e são vencedores absolutos no quesito “grandes casais”.




MENÇÕES HONROSAS:

  • Afonso e Solange (Cássio Gabus Mendes e Lídia Brondi) de "Vale Tudo" (1988)
  • Rosália e Adriano (Glória Pires e Lauro Corona) de "Direito de amar" (1987)
  • Raí e Babalú (Marcelo Novaes e Letícia Spiller) de "Quatro por quatro" (1994)
  • Otávio e Charlô (Paulo Autran e Fernanda Montenegro) de "Guerra dos Sexos" (1983)
  • André e Carina (Tony Ramos e Elizabeth Savalla) de "Pai herói" (1979)
  • Catarina e Petrucchio (Adriana Esteves e Eduardo Moscovis) de "O cravo e a rosa" (2000)
  • Riobaldo e Diadorim (Tony Ramos e Bruna Lombardi) de "Grande sertão: veredas" (1985)
  • Luca e Silvana (Mario Gomes e Lucélia Santos) de "Vereda Tropical" (1984)

CASAIS FAVORITOS CATEGORIA HORS-CONCOURS:

  • Simone e Cristiano (Regina Duarte e Francisco Cuoco) de "Selva de Pedra (1972)
  • João Coragem e Lara/Diana/Márcia (Tarcísio Meira e Glória Menezes) de "Irmãos Coragem" (1970)
E então? De quem esqueci? E quais são os seus casais favoritos? Ansioso pelos comentários....

sábado, 13 de março de 2010

Com a palavra, Mestre Lauro!

O melão tem o orgulho de anunciar um “blogueiro convidado” mais do que especial que dispensa apresentações. Simplesmente um dos grandes mestres de nossa teledramaturgia de todos os tempos, que teve a delicadeza e gentileza de ceder seu belo artigo escrito inicialmente para o site da A.R (Associação dos Roteiristas) e que agora será compartilhado pelos leitores do melão. Quis muito publicar o texto por aqui também, não só pela figura ímpar que Lauro representa para nossa cultura, mas porque também compartilho totalmente de suas idéias e também escrevi algo parecido (salvo as devidas proporções, é claro!) no texto “Teledramaturgia atual: falta de criatividade ou motivação comercial? http://www.artv.art.br/informateca/escritos/televisao/teledrama.htm sobre a falta de ousadia e o medo de correr riscos por que passa nossa teledramaturgia. Por isso, Lauro, além de sua escrita competente e personalíssima, suas idéias também são uma inspiração para nós.
Deixo as melhores palavras para o Mestre Lauro. Obrigadíssimo, mais uma vez! Apreciem:

Teledramaturgia: "A arte como risco, aquela que ousa, afronta".


Lauro César Muniz

No Brasil, a telenovela é o produto mais cultuado pelas massas, carro-chefe da programação da nossa TV aberta. Impossível negar que a telenovela é cultura popular. Bem ou mal, reflete e dissemina nossos costumes, é ponto de referência em todos os segmentos sociais. Atrelada hoje ao megashow global, a partir da década de 1990, perdeu qualidade. Por que?

As décadas de 1970 e 80 marcam a busca de qualidade da telenovela, quando discutimos uma nova estética: a intenção deliberada de propor uma nova visão, de renovar tudo, de mexer com a cabeça das pessoas com temas e formatos mais arrojados, num claro desafio ao marasmo conservador da ditadura militar. E, na TV Globo, matriz principal dessa transformação, éramos estimulados a correr riscos, ousar e exercitar novas fórmulas com o claro apoio da direção artística, através do Boni e do Daniel Filho. Ao Boni é atribuída uma frase que define bem o que a TV buscava: “a televisão deve estar sempre um passo à frente do telespectador”. De certa forma resolvíamos muito bem a contradição entre a arte e o processo industrial.

Na década de 1990, depois do “desmanche” do império Soviético, o vitorioso sistema capitalista cunhou o eufemismo globalização, como sugestão de um final feliz para a humanidade unida. A relação entre os países passou a ser priorizada pela ação mercantilista: logo ficou claro, que a globalização tinha base mais econômica do que de interação social ou cultural. E a arte é uma vitrine dessas relações, um espelho dessa gritante infra-estrutura econômica que norteia todos os nossos passos. A tecnologia envolveu o planeta com uma malha de satélites de comunicações e gerou um megashow onipotente e onipresente que brilha na televisão, com o controle remoto nas mãos, interagindo digitalmente, conferindo ao sistema ares de democracia. A internet, multifacetada, aparentemente caótica, complementa, a varejo, o show da vida. O mundo virou um hipermercado. A arte, basicamente utilitária, está hoje a serviço dessa ideologia imperial dominante.

Na segunda metade da década de 90 e mais claramente a partir de 2001, o telespectador, bombardeado pelos blockbusters do cinema americano, exibidos fartamente na televisão, ou clicando a internet, buscando respostas imediatas e urgentes, alheios a uma reflexão maior, impacientes, parece anestesiado e disposto a aceitar uma dramaturgia que o estimule permanentemente com fortes golpes, impactos quase a nível físico. As telenovelas passam então, a repetir sempre as mesmas intenções de comunicação, os mesmos clichês: uma novela imita a outra. A nova cúpula das emissoras de televisão, adéqua-se ao mercado, não está disposta a correr risco nenhum. Em vez de correr riscos e estar um passo à frente do telespectador, a emissora coloca-se a reboque do público, valorizando as pesquisas, nivelando as telenovelas por baixo. O vilão de um lado, o herói de outro, a inter-relação maniqueísta: um grupo de personagens do bem e outro grupo dos personagens do mal. Não era assim que trabalhávamos antes os nossos personagens: eles tinham contradições internas, dúvidas, eram humanos. Os personagens de hoje não têm contradição interna nenhuma, são monolíticos, pensam de um jeito só, têm um único caminho. As cenas mais reflexivas foram substituídas por lances fortemente melodramáticos, humor fácil, ação frenética, esquemática, seguindo um modelo único, semelhante ao cinema americano mais comercial.

A avidez de impactar permanentemente, mesmo que seja com truques fáceis, gerou uma dramaturgia que levou o autor a se sentir impossibilitado de conduzir sua escrita, sozinho. Ampliou o número de colaboradores, para criar situações muito envolventes a cada capítulo. A grande preocupação dos autores não é mais o aspecto estético, mas o pleno envolvimento imediatista, mesmo beirando a inverosimilhança, o implausível. Ninguém quer correr risco: o que importa é impactar para sustentar a audiência. Via de regra, cercado de colaboradores, o autor já não coloca mais no seu trabalho as suas emoções mais genuínas, e seu estilo pessoal. Pior: grande parte dos autores está conscientemente trabalhando aquém de seu talento. Os muitos diretores dividem as cenas de um mesmo capítulo, que só vai encontrar alguma unidade, na edição. Processo semelhante a uma linha de montagem. A telenovela sofisticou-se tecnologicamente, e esvaziou o conteúdo temático. Aquele anseio de criar qualidade dos anos 70 e 80 está quase perdido. Alguma qualidade ainda está preservada pelas minisséries, jogadas estrategicamente para um horário avançado, onde é possível correr algum risco.

A televisão digital, interativa, é já uma realidade que proporciona ao telespectador-consumidor, clicar com o mouse na telona e comprar na hora o objeto dos seus sonhos. Nossas novelas logo, logo, serão vitrines para vender muitos modelos de roupa, bijuterias, objetos de decoração, geladeiras. Mas, quem sabe essa interatividade proporcione um diálogo entre a obra e o público, sem perda de dignidade.

Um trabalho feito com preocupação de grande alcance, popular, mas sem fáceis concessões aos clichês por demais explorados, pode conseguir a síntese entre dois pólos aparentemente opostos: a arte e a indústria. Se o autor/produtor focar o homem em toda sua diversidade, poderá atingir a todos indistintamente. É preciso também ter presente que uma telenovela, atingindo um universo tão amplo e diversificado, tem função e responsabilidades sociais muito fortes.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Blogueiro convidado: Wesley Vieira

Dono do excelente "E eu não sei?"(www.eeunaosei.blogspot.com), que é definido pelo próprio como um grande liquidificador virtual, o amigo e parceiro Wesley Vieira, jornalista, aspirante a autor de novelas e telemaníaco de carteirinha, nos brinda com um texto sobre os 20 anos de uma das novelas que marcou sua infância: Gente Fina.
Aproveito para agradecer ao amigo Guilherme Stauch, pela presteza e generosidade em capturar imagens da novela, já que não há fotos disponíveis no Google.   Wesley, a palavra é sua!!!

Quem se lembra de "GENTE FINA"?
Por Wesley Vieira

A ideia desse post partiu do próprio Vítor, o dono deste delicioso melão, enquanto trocávamos mensagens com o amigo Rapha pelo twitter. Convite feito e aceito, eu decidi me aventurar nas minhas doces lembranças televisivas, que nem sempre obedecem ao senso comum (Graças a Deus, porque já disseram que toda unanimidade é burra). Digo isso porque resolvi falar de uma novela que poucos se lembram e muitos torcem o nariz. Talvez porque a história realmente não empolgava ou porque o bendito senso comum manda a gente gostar somente daquilo que todo o mundo fala que é bom. Sei lá...

Pois bem. Lá se vão 20 anos da estreia de “Gente Fina”, exibida às 18 horas pela Rede Globo, uma novela a qual me recordo com sua simpática história que, definitivamente, marcou a minha infância e deixou um gostinho de saudade.

 A história era bem crível naqueles fatídicos primeiros meses de 1990. O Brasil vivia um clima de tensão com as medidas sócio-econômicas tomadas pelo então presidente Fernando Collor de Melo e “Gente Fina” nasceu para dissertar sobre essa classe média brasileira que ia ao purgatório com toda essa transição que o país passava. Daí podemos imaginar que o famoso “jeitinho brasileiro” estava presente nessa história.
Para os que não se lembram (e devem ser muitos) “Gente Fina contava a história de um casal comum da classe média carioca, Guilherme de Azevedo Paiva (Hugo Carvana) e Joana (Nivea Maria). Eles tinham três filhos: a jovem e bela Kika (Lizandra Souto), namorada do rico Mauricio (Guilherme Fontes), o inventivo Beto (Nicolai Nunes) e Tatá (Natália Lage), a caçula espevitada. Eles moravam com Olavo (José Lewgoy), o pai de Guilherme, um professor de geografia aposentado e com mania de escavar terras pelas ruas da Zona Sul com o intuito de fazer pesquisas geológicas.


Guilherme era o típico brasileiro que adorava dar um jeitinho nas coisas e por isso mantinha o seu cargo de funcionário-fantasma na prefeitura com todas as artimanhas que lhe eram peculiares. Mas chegou o governo do Collor e Guilherme estava fadado a perder a mamata, afinal as coisas estavam pretas para todo mundo. Ainda, para ajudar nas despesas da família, ele gerenciava a “Mola de Ouro”, uma oficina mecânica em parceria com seu amigo, o português Joaquim (Paulo Goulart).


Mas a vida não andava fácil e não é que a crise toma conta da família Paiva? Eles se enrolam nas mais variadas dívidas e são despejados do prédio em que moram por conta dos atrasos do condomínio. A situação piora quando Beto, com loucura por invenções, provoca um curto-circuito no prédio. Apesar de receberem a ajuda de Janete (Sandra Bréa), a amiga rica de Joana e eternamente apaixonada por Guilherme, eles vão parar num velho casarão em São Cristovão. É nesse local, cheio de “Gente Fina” e sincera que as tramas começam a deslanchar.

No mesmo bairro, especificamente nos fundos do casarão, fica a oficina de Guilherme. É ali que os empregados, como Michael Jackson (Mauricio Gonçalves) e Dagmar (Tony Tornado) exercitam a veia artística com o grupo de dança “Mola de Ouro”. E Joana acha um absurdo aquela lambada horrorosa rolar nos fundos de sua casa e é ela quem mais sofre com o péssimo padrão de vida que terá dali pra frente. O que mais preocupa essa mãe é o namoro de Kika com o jovem e rico Mauricio. Ambiciosa na medida certa, Joana deseja o melhor para a filha e faz de tudo para esconder essa real situação.

No outro lado da história está Alessandra (Narjara Turetta), uma jovem órfã que procura por um pai de aluguel, pois se sente extremamente sozinha. Cheia de boas intenções, ela coloca um anúncio no jornal com a esperança de preencher o seu grande vazio e lá vai Guilherme, todo esperto, se candidatar a vaga sob a alcunha de Marciano.

E os ricos “Gente Fina” também estavam presentes na novela com a família de Mauricio, o namorado mimado de Kika, filho dos ricos Tufik (Othon Bastos) e Indhira (Sandra Barsotti), o elegante casal de descendência indiana, donos de muitas terras que são invadidas pelo advogado inescrupuloso, Arthur (Gracindo Junior), marido de Janete.

Daí em diante muita coisa acontecia: o nosso casal “Gente Fina” se separava, um concurso de lambada acontecia, um assassinato inesperadamente ocorria, revelações eram bombardeadas e casais velhos e jovens se formavam... No final, a vida, afinal era feliz...

A atriz Isis Koschdoski e as crianças Luã Ubacker e Alexandre Santini também fizeram parte do elenco
(foto: arquivo Mofo Tv- cortesia de José Marques Neto)

Nesse emaranhado de histórias e personagens, “Gente Fina” mostrava a dureza do dia-a-dia ao mesmo tempo em que provava que dava para ser feliz, mesmo com todas as decepções, angustias e desesperos daqueles que lutavam (e ainda lutam) para sobreviver nesse Brasil. A belíssima abertura feita por Hans Donner já revelava essa ideia ao mostrar um casal rico que não deixava de ser feliz mesmo quando ficavam pobres. E tudo isso ao som do maravilhoso samba “Sonhando eu sou feliz”, na voz de Beth Carvalho.



Tudo bem, a novela pode não ter sido boa, ok! Mas a trilha internacional era maravilhosa: “Another Day in paradise” com Phil Collins, “Midnight” da ex-garota prodígio Nikka Costa, a dance “Running” do Infomation Society, “Advice For the Young at Heart” do Tears for Fears, “Oh L’Amour” do Erasure, as meninas da banda Heart com a linda “All I Wanna Do is Make Love to You”, “Angel” com a voz doce de Anne Lennox ainda na banda Eurythimics, entre outras...


Sem esquecer que a trilha nacional (ruim à beça) era recheada de clássicos da temida lambada que hoje nos divertem com aquela suposta sensualidade cafona. E afirmo que não é para qualquer novela ter Sarajane em sua trilha, contando inclusive com sua participação especial durante um concurso de lambada. “Abre a roda morena, não deixa a roda fechar...”. E tinha a baladinha hiper mega brega da dupla Luan e Vanessa cantando "Quatro Semana de Amor". Tanto sucesso e todo domingo lá estavam eles no Faustão.
Então é isso. “Gente Fina”, uma novela de pouca repercussão (que eu jurava ter feito sucesso, pelo menos em Minas, fez!) completando anos de estreia nesse dia 12 de março de 2010. E já que o Vídeo Show não vai homenagear a novela com uma reunião da família Paiva, eu mesmo falo: há 20 anos, direto do túnel do tempo...

quarta-feira, 10 de março de 2010

Melão Express – rapidinhas, mas saborosas – Ed. 5

- HEBE É O PODER!!!
 Quem ainda tinha dúvidas do tamanho do prestígio de Hebe Camargo junto ao meio artístico não tem mais do que duvidar. A reestréia de seu programa, no último dia 8, coincidindo com seu aniversário de 81 anos, foi um acontecimento que, certamente, entrou para a história da TV. Que outro artista seria capaz de reunir em uma só noite todo o cast de sua emissora e ainda grandes representantes da emissora líder de audiência no país como Xuxa, Marília Gabriela e Ana Maria Braga? E no mesmo palco Ney Matogrosso, Ivete Sangalo, Maria Rita e Leonardo! E ainda teve presidente da Coca-Cola, presidente da Nestlé... te mete!!! rs... E a emoção e alegria estampada no rosto de todos na platéia era evidente. Mas, sem dúvida o auge do programa foi a emocionante entrevista com Roberto Carlos, carregada de emoção e afeto genuínos. Realmente foi de chorar! E Hebe mostrou ótima forma ao rebater, com a perspicácia de sempre, a apimentada pergunta de Ratinho e fez questão de manter o alto astral durante todo o programa. Por essas e outras, Hebe mostra porque é a rainha absoluta da nossa TV e ainda tem fôlego de sobra pra reinar por muitos anos. Viva ela! Muita saúde e sucesso para nossa loiruda. Só faltou ela beber uma cerveja gelada no final pra matar saudade dos velhos tempos....rs!

- A HISTÓRIA DE VIVIAN
 Também tenho que dar meus parabéns para minha ex-professora de roteiro e amiga querida, Vivian de Oliveira, pela estreia de sua minissérie “A história de Ester”. Da competência da Vivian, nunca duvidei. Mas o cuidado e a grandiosidade da produção da série impressionou a todos (apesar de algumas barbas postiças...rs!). Grande épico, produção caprichada e história muitíssimo bem contada. Parabéns a toda a equipe e um parabéns especial para a Vivian. Depois de mostrar competência na colaboração, a jovem autora estréia com pé direito em seu primeiro vôo como titular de uma equipe. Fiquei orgulhoso de você por essa conquista. Sucesso!
Os Oliveira, Vitor e Vivian de Oliveira: "não somos parentes...rs". 

-SOBRE “UMA ROSA COM AMOR”:
Essa declaração é do colega Silvestre Mendes para uma lista de discussão da qual fazemos parte. “Fico feliz quando leio opiniões positivas sobre a novela. Acredito que o bom de Uma Rosa Com Amor é relembrar as histórias simples e bem contadas. Hoje em dia a novela ganhou ares de MEGA PRODUÇÃO. (Não que não tenha que ter, não sou contra aos belos capítulos em lugares belíssimos, mas se existe uma história para ser contada... Não importa o lugar onde se passa, vamos assistir do mesmo modo). Existe um clima de NOVELA, que fazia tempo não ver no ar. Tem comédia, mas que não beira ao pastelão... No final, é uma sensibilidade que não tem palavras...”
Silvestre, querido, disse tudo! Onde eu assino?

- CASAL INCOMUM EM “VIVER A VIDA”
Saiu na coluna de Tv do Extra essa semana que vai surgir um romance entre a liberada Alice (Maria Luísa Mendonça, até agora não muito bem aproveitada) e Osmar (Marcelo Valle). Ele vai revelar que é bissexual e ela adora. Achei o máximo a ideia de abordar essa diferente configuração de relacionamento que foge à regra do senso comum. Fico na torcida para que a trama se desenvolva e ganhe espaço na trama.

- VALE A PENA É NO “MEMÓRIA”...
Para os telemaníacos uma ótima notícia. O blog “Memória da TV”, grande sucesso do querido amigo Guilherme Stauch, agora está exibindo capítulos inteiros de novelas antigas. E não é preciso instalar programa algum. Basta entrar no blog no momento das exibições. Já passaram por lá capítulos de “A gata comeu”, “Tieta”, entre outras. Portanto, fiquem atentos a acessem o blog sempre no fim de noite que poderão encontrar muitas surpresas. O endereço do blog é conhecidíssimo, mas não custa repetir: http://memoriadatv.blogspot.com/ 

- COM A PALAVRA, MESTRE LAURO!
 Pra terminar, um trecho da entrevista do grande Lauro César Muniz para o ótimo livro “A seguir cenas do próximo capítulo”, de André Bernardo e Cíntia Lopes, que contém entrevistas dos 10 maiores autores de Tv da atualidade. Leitura obrigatória e mais que recomendada para os amantes do gênero. Para dar água na boca, reproduzo aqui um trecho da entrevista do Lauro sobre as novelas atuais que concordo plenamente e até já falei sobre em meu artigo para a AR publicado também por aqui. Deixo vocês com o Mestre Lauro, que nos dá uma verdadeira aula. Boa semana!
 Nos últimos anos, as novelas não estão mais correndo riscos. Ninguém mais arrisca nada, ninguém mais ousa nada (...) Está acontecendo uma coisa que, para mim, é profundamente triste: uma decadência imposta ao texto da telenovela. As emissoras de TV costumam dizer que a telenovela tem de atender ao mercado, e tão somente ao mercado. E o pior que poderia acontecer ao gênero é o mercado determinar o produto. Essa mentalidade está destruindo a qualidade dos textos das telenovelas. Os autores estão á mercê de uma estrutura narrativa fácil, maniqueísta, Bem contra o Mal, nada além disso. O herói é sempre óbvio, e o vilão, eloqüente demais. E as histórias estão se entregando com docilidade ao gosto mais superficial do público. Isso é o que mais me entristece. Ao Boni é atribuída uma frase que eu acho perfeita: “A televisão tem de estar sempre a um passo à frente do telespectador”. A julgar pelas últimas novelas, nós estamos um passo atrás. Estamos fazendo telenovela para servir ao gosto mais superficial e menos exigente do telespectador. Estamos a reboque do gosto do público. E por que isso? Porque estão fazendo novela como se faz publicidade. E isso é um desastre.
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E em abril, o melão cheio de surpresas. Aguardem...

quinta-feira, 4 de março de 2010

Melão 10.000!!!

Para comemorar a marca de 10.000 visitas ganhei esse presente do leitor e amigo, Douglas Chevalier. A todo mundo que já passou por aqui o meu muito obrigado. E continuem preferindo melão!!! rs....

terça-feira, 2 de março de 2010

"Uma rosa com amor": uma estreia esperançosa.


É muito difícil tecer comentários acerca de uma novela apenas tendo como base o primeiro capítulo. Mas as impressões que se tem após assistir ao início de “Uma rosa com amor” é um clima de um admirável esforço e vontade geral para que tudo dê certo. A história original de Vicente Sesso, atualizada por Tiago Santiago, com colaboração de Renata Dias Gomes (ótima dialoguista) e Miguel Paiva, tem tudo para cair no gosto popular. O que vimos no primeiro capítulo foi um texto que não conseguiu escapar do didatismo presente nas estreias, mas que dá chance para atores com talento se destacarem. E foi exatamente o que aconteceu. As cenas do cortiço, sobretudo, as que se passam na cozinha de Amália (Betty Faria) foram as melhores, apesar de muito longas e carecerem de uma edição melhor e de cenas de outros ambientes que as intercalassem.

Quanto aos aspectos técnicos, destaque para a cenografia. A vila ficou muito simpática e bem feita, sem aquele aspecto “clean” e artificial que predomina nos cenários projaquianos. Ainda nota-se aquele antigo problema de som das produções anteriores do SBT. Um eco que não combina com a qualidade das imagens apresentadas.

Já o elenco, destaque para os veteranos. Dos “jovens”, Toni Garrido e Mônica Carvalho são os mais problemáticos. Lúcia Alves e Jussara Freire estão bem à vontade em sua zona de conforto e contribuem para dar à trama um ar agradável e simpático. Edney Giovenazzi está muito bem na pele do patriarca amoroso e Carla Marins soube dar uma dignidade incrível à heroína. Estávamos com saudades de vê-la em um papel realmente bom. Por fim, não posso deixar de falar sobre Betty Faria e sua Amália Petroni. Acostumada a papeis mais desafiadores em cinema e teatro como “Romance da Empregada” e “Shirley Valentine”, respectivamente, a atriz, no entanto, raramente tem na TV, a chance de sair do estigma de mulher sensual e expansiva. No primeiro capítulo, ela esteve adorável e emprestou à personagem a naturalidade necessária a uma abnegada dona de casa. É também louvável sua coragem em aparecer de cara limpa, sem artifícios da cosmética, desprovida de qualquer vaidade para dar mais veracidade ao papel. Ponto para ela. Tem tudo para emocionar.
Enfim, uma boa estréia que já nos deu o recado de que será uma novela leve, romântica e despretensiosa. Sucesso ao SBT nessa nova empreitada. O mercado agradece.

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