Mostrando postagens com marcador O astro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador O astro. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

PERSONAGENS DE NOVELA CAEM NO SAMBA!

São Clemente apresenta o que há de melhor no horário nobre de nossa tevê: as telenovelas.



Roque quer sambar. Né brinquedo não! Além dele, Sinhozinho Malta, Viúva Porcina (sambando igual mulata), a doce Isaura, a fogosa Tieta, a morena sensual Gabriela, o Astro na imagem da televisão, Perpétua e sua peruca e outros milhões de imortais também presentes na tela da São Clemente! É isso mesmo! Estes e outros personagens inesquecíveis vão cair no samba e desfilar diante de nossos olhos pela Marques de Sapucaí na próxima segunda-feira, dia 11, às 21 horas. Imperdível para todos os amantes do samba e de nossa teledramaturgia.

Fabio Ricardo, carnavalesco da escola
O enredo “Horário Nobre”, idealizado pelo sempre genial Milton Cunha e desenvolvido pelo carnavalesco Fábio Ricardo promete trazer de volta muitas de nossas melhores lembranças televisivas traduzidas nas telenovelas de maior sucesso da Rede Globo. Um grande acerto da São Clemente, pois o tema é riquíssimo e praticamente inédito na passarela do samba, exceto pela Leão de Nova Iguaçu, que em 1992, homenageou a grande dama de nossas telenovelas, Janete Clair.

No desfile da São Clemente, não só grandes novelas de Janete, como “Sétimo Sentido”, “O astro”, “Selva de Pedra” e “Pecado capital” vão estar representadas, como também grandes sucessos de nossos principais autores como Dias Gomes, Ivani Ribeiro, Gilberto Braga, Aguinaldo Silva, Silvio de Abreu, Gloria Perez, Manoel Carlos, entre outros, através de 40 alas divididas em 7 setores.

O primeiro deles, “Vale a pena ver de novo”, vem apresentando o enredo, mostrando os telespectadores e o Projac, a grande fábrica de sonhos da Rede Globo. Já nesse início, há boas surpresas como o 1º casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira vestidos de Vlad e Natasha, os vampiros que conquistaram o Brasil com a novela “Vamp”.

O segundo setor, “Mistérios do interior” lembrará novelas rurais e interioranas como “Irmãos Coragem”, “O rei do gado” e “O bem amado”. Adorei saber que “Tieta” vai ter um carro alegórico só pra ela! Dá-lhe, cabrita!

Alegoria representando "Tieta"

Do interior, passamos para a cidade grande através do setor 3, “Vidas Urbanas”, que vai relembrar tramas passadas em nossas metrópoles que mobilizaram o país como “Vale Tudo”, “Pecado Capítal” e “Dancin’Days”, entre outras. O “quem matou” e “quem morreu” de “A próxima vítima” também será lembrado nesse setor.

A seguir, é hora de rir com o quarto setor, que apresentará comédias hilariantes como “Cambalacho”, “Ti Ti Ti”, “A gata comeu”, “Feijão Maravilha” e “Guerra dos Sexos”. É nesse mesmo setor que vem uma das grandes atrações: a bateria toda caracterizada de Crô, personagem de Marcelo Serrado em “Fina Estampa”. É o mundo do samba apoiando a diversidade. Um luxo!

O setor 5, “Estrela Guia”, mostrará novelas com temática mística ou paranormal, dentre as quais, “O astro”, “Mandala”, “A viagem” e “Alma gêmea”. O carro “Caminho das índias” promete ser um dos grandes destaques com a encenação de um casamento indiano em plena avenida.

Alegoria representando a novela "Caminho das Índias"
As novelas de época também serão lembradas com o sexto setor, “Há muito tempo atrás”, que vai destacar novelas passadas em diversas épocas como os anos 50 e 60 que serão representados por “Bambolê” e “Estúpido Cupido”, os anos 20 com “Chocolate com Pimenta” e também as famosas novelas de temática abolicionista como “A Escrava Isaura” e “Sinhá Moça”.

Finalmente, o sétimo e último setor, “Por amor” mostrará, não somente o amor romântico de tramas como “Sangue e areia” e “A moreninha”, mas também o amor materno em “Barriga de Aluguel”, o amor à nação em “O salvador da pátria” e também o amor lascivo em “Pedra sobre Pedra”. O último carro, “Final Feliz” vai fechar com chave de ouro e apresentar os grandes personagens de nossa telinha. A última ala, é claro, será dedicada à “Avenida Brasil”. Será que Carminha vai comparecer? Como diz Dona Milú: “mistéééério”.

Grandes personagens virão no último carro da escola
Este melão que vos fala não poderia ficar de fora. Vou estar lindo e glamouroso na ala “Irmãos Coragem”, logo após o carro abre-alas. Não poderia estar mais feliz, pois vou fazer parte ao mesmo tempo de dois universos que sempre me encantaram: o samba e as novelas. A ansiedade é tremenda, mas a festa promete ser emocionante. Dance bem, dance mal, dance sem parar! É hora de sambar e se emocionar. Odete, chegou sua hora! Dona Redonda vai explodir de tanta emoção. Então, o encontro está marcado. Espero todos presentes na tela da São Clemente!

Olha eu de "Irmãos Coragem".
Abaixo a letra do samba. Pra todo mundo saber de cor! 

HORÁRIO NOBRE
Compositores: Gabriel Mansilha, Nelson Amatuzzi, Victor Alves, Floriano do Caranguejo, Beto Savana, Guguinha e Fabio Portugal

Nem adianta me ligar agora
Eu estou grudado na tela
Antiga história de amor
Orgulho da gente
Ajeita a poltrona, chegou... São Clemente!
No espelho, a magia atravessa gerações
Está no ar a mística das grandes emoções
Coragem, irmãos, que a viagem
Tem os dramas da vida que imitam a arte
As lutas de um povo e suas bandeiras
Amores e risos por todas as partes

Dance bem, dance mal, dance sem parar
Roque quer sambar... Não é brinquedo não
Quero ouro, muito dez, Inshalá
O Astro na imagem da televisão

Bem lembro a me seduzir
A morena sensual Gabriela
Fogosa Tieta e a doce Isaura
Branca escrava, tão bela
Em Bole-Bole quem não viu?
Dona Redonda explodiu!
Segura a peruca, Perpétua
Odete, chegou sua hora
O Brasil parou! Quem matou?
Já vai terminar do jeito que eu quis
Vilão não tem vez, final feliz

Olha quem chegou, Sinhozinho Malta
Viúva Porcina sambando igual mulata
Milhões de imortais também presentes
Na tela da São Clemente


Acesse www.saoclemente.com.br e saiba mais sobre o desfile de 2013.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Melão circula por aí...




Amigos, concedi uma entrevista ao querido Naian Lopes para o site “Almanaque da TV”.
Falei um pouco de tudo: do blog, de minha trajetória, de projetos futuros em teatro e TV, enfim, ficou bem bacana.

Espero que gostem! Segue o link:



segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Em 2012, o melão preferiu...



2012: O ANO DAS EMPREGUETES!





Empregadas domésticas protagonistas de novelas não são propriamente uma novidade em nossa teledramaturgia, afinal ainda nos anos 60, nossa querida Rosamaria Murtinho já protagonizava uma novela, “A moça que veio de longe”, na pele de uma empregada. Nos anos 70, além da clássica babá Nice (Susana Vieira) em “Anjo Mau”, o autor Mário Prata dedicou uma novela inteiramente a elas chamada “Sem lenço, sem documento”.

Porém, nunca elas brilharam tanto e em todos os horários como em 2012. Em um determinado momento, as quatro novelas globais apresentavam, simultaneamente, empregadas domésticas como heroínas: Camila Pitanga em “Lado a Lado”, na pele de Isabel, empregada de Madame Besançon (Beatriz Segall); as empreguetes propriamente ditas em “Cheias de Charme”; a sombria Nina (Debora Falabella), em “Avenida Brasil”, que se infiltrou como empregada na mansão de sua algoz, Carminha (Adriana Esteves); e “Gabriela”, que tinha a personagem-título, vivida por Juliana Paes, moça faceira que servia ao seu patrão Nacib (Humberto Martins) algo mais que iguarias e quitutes. Por isso, melão, ao apresentar sua retrospectiva do ano, não podia deixar passar esse curioso fato despercebido. Sem mais delongas, vamos às atrações que o melão preferiu em 2012?

Ø  CHEIAS DE CHARME: FRESCOR E DIVERSÃO NO HORÁRIO DAS SETE.


 Já escrevi tanto sobre essa novela durante todo o ano que qualquer coisa que diga ficaria redundante. De longe, foi minha novela favorita do ano. “Cheias de Charme” trouxe de volta ao horário das sete uma grande comédia digna dos grandes clássicos oitentistas de Silvio de Abreu e Cassiano Gabus Mendes, mas ao mesmo tempo trouxe frescor, novidade e originalidade ao contar a saga das três empregadas domésticas que viraram cantoras. Sobretudo, nos fez de novo torcer e admirar as heroínas em uma época em que as vilãs são a grande sensação das novelas. Não que Claudia Abreu não tenha brilhado intensamente: sua Chayene já se tornou um personagem épico. Mas as três mocinhas vividas por Leandra Leal, Taís Araújo e Isabelle Drummond não ficaram devendo nada. Além disso, revelou um novo e promissor talento: Titina Medeiros. Além delas, muitos foram os destaques do elenco e as qualidades da novela como um todo. Só me resta desejar vida longa à dupla Filipe Miguez e Izabel de Oliveira.


Ø  AVENIDA BRASIL: A NOVELA QUE FEZ O BRASIL PARAR



Se “Cheias de Charme” trouxe a diversão de volta para o horário das sete, o que dizer do furacão “Avenida Brasil”? A novela trouxe de volta a catarse coletiva promovida por grandes novelas que se podem contar nos dedos. Há muito tempo o Brasil não parava, vibrava, torcia, se emocionava e assistia tão atentamente a uma trama. Mais uma vez, João Emanuel Carneiro mexeu com as estruturas do folhetim e fez o público voltar a discutir novela na rua. Adriana Esteves, em atuação arrasadora, fez de sua Carminha uma personagem inesquecível e entrou definitivamente para o rol das grandes atrizes desse país. E além da “empreguete” Nina (Debora Falabella, defendendo com garra sua heroína), as outras duas empregadas da Mansão do Divino, Zezé (Cacau Protássio) e Janaína (Claudia Missura) também brilharam intensamente (não disse que 2012 foi o ano das empreguetes?). Direção genial, elenco em estado de graça e cenas sempre na mais alta tensão garantiram o sucesso estrondoso da novela. O #OiOiOi dificilmente será esquecido e “Avenida Brasil” já faz parte da galeria das grandes telenovelas.

Ø  JOSÉ WILKER E LAURA CARDOSO: EXCELENTES MOTIVOS PRA SE FICAR ACORDADO



O remake de “Gabriela”, escrito por Walcyr Carrasco, rendeu bons índices para o horário das onze e garantiu a diversão de muita gente que ficou acordada até tarde para assistir à novela. Mas dois nomes em especial brilharam intensamente: Laura Cardoso e José Wilker. Além de colocarem seus bordões na boca do povo em 2012, também brilharam intensamente nas cenas em que protagonizaram. Laura, como a hipócrita e moralista Dorotéia, conseguia transmitir toda a antipatia da personagem, causando asco, mas também divertindo muito o público. Já Wilker conseguiu dar dimensão humana a seu dificílimo personagem, Coronel Jesúino, sobretudo nas cenas do seu julgamento pela morte da esposa Sinhazinha (Maitê Proença), em que ele tinha que transmitir, ao mesmo tempo, a dureza e a rudeza do homem daquela época, mas também amor e saudade pela mulher que amava. A expressão de Wilker, contida, a cara fechada, mas os olhos marejados, cheios de amor e saudade: um trabalho de gênio, digno de grandes atores. Em um ano de grandes e brilhantes atuações, Wilker foi o ator do ano, na humilde opinião deste melão.


Ø  LADO A LADO: O BOM E VELHO FOLHETIM


Lado a Lado”, da dupla João Ximenes Braga e Claudia Lage, pode não ter o ritmo alucinante de “Avenida Brasil”, nem o humor hilariante e o frescor de “Cheias de Charme”, mas também vale a muito a pena ser assistida: é um novelão, e dos bons! Reconstituição de época perfeita de um período pouquíssimo explorado em nossa teledramaturgia, direção de arte primorosa, texto saboroso e elenco afiado fazem da novela uma grande atração no horário das seis.

Ø  BRADO DE QUALIDADE


Em se tratando de séries, também foi produzido um verdadeiro biscoito fino em 2012: “Brado Retumbante”, de Euclydes Marinho, um thriller político de primeira que não deixou nada a dever aos similares americanos, mas com a cara e o jeito do Brasil. O dia-a-dia do presidente, com seus problemas pessoais e familiares no melhor estilo “The west Wing”. Texto primoroso e direção bem cuidada, com ótimas atuações de Mariana Lima e Maria Fernanda Cândido. Destaque, é claro, para Domingos Montaigner, que desponta como um dos grandes galãs da atualidade.


Ø  O SHOW DE FAFY


Depois de Maysa, Dalva de Oliveira e Herivelto Martins, mais uma grande artista ganhou uma caprichada biografia em uma microssérie na Rede Globo: a grande Dercy Gonçalves, que pela pena de Maria Adelaide Amaral, teve sua emocionante trajetória passada a limpo. Reconstituição de arte primorosa e personagem muito bem defendida por Heloísa Perissê na fase jovem da comediante e Fafy Siqueira, que deu um verdadeiro show na pele da Dercy que todos nós conhecemos. A fusão das imagens com a própria Dercy e as cenas de Fafy comprovaram o primoroso trabalho da atriz.


Ø  TERAPIA DAS BOAS


Em tempos de interatividade, alta movimentação e narrativas de videoclipe, Selton Melo e a equipe de roteiristas liderada por Jaqueline Vargas conseguiram uma verdadeira proeza: prender a atenção do público apenas pela palavra, já que as cenas de “Sessão de Terapia” eram focadas apenas nos diálogos de Théo (ZéCarlos Machado) com seus pacientes, quase sem nenhuma ação. Com um elenco excelente, quem assistiu à versão brasileira do seriado israelense “Be Tipul” não se arrependeu.

Ø  A VOLTA DOS (BONS) MUSICAIS

A "deusa" Rosana: uma das presenças mais frequentes no programa
ü  Como se não bastasse nos presentear durante todo o ano com novelas e minisséries que fizeram parte de nossa história, o Canal Viva marcou mais um golaço em 2012 ao reprisar alguns programas do “Globo de Ouro”. Numa época em que o cenário musical brasileiro não se resumia apenas aos poucos e popularescos estilos, o programa era uma deliciosa salada musical que ia desde grandes nomes da MPB como Gal Costa, Rita Lee e Gilberto Gil, passando por expoentes do nosso rock Brasil como Paralamas do Sucesso, Titãs e Legião Urbana, até os grandes vendedores de discos da época como Wando, Rosana e Fábio Junior. E a reprise do programa fez o maior sucesso, também em grande parte graças ao visual anos 80, hoje exóticos e inacreditáveis, causando riso e espanto na plateia mais jovem. Além de causar grande comoção no twitter, ainda influenciou a programação da tevê aberta, fazendo com que o TV Xuxa produzisse programas temáticos dos anos 80 e 90 e o Caldeirão do Huck fizesse sua própria edição do “Globo de Ouro”. Ainda há um grande acervo do programa ainda não exibido. Esperamos que o Canal Viva continue nos brindando com essas pérolas em 2013.

Ellen Oléria, vencedora da 1ª edição do "The Voice Brasil"
ü  Outra grata surpresa no cenário musical de nossa tevê em 2012 foi o “The Voice Brasil”, que a exemplo do “Globo de Ouro”, também causou rebuliço nas redes sociais. O grande diferencial do programa foi valorizar o talento e a voz ao invés de ficar perdendo tempo com tipos bizarros e pretensamente engraçados. Vida longa para o “The Voice”, que prova que o público está ávido por novidade e por boa música e não quer apenas canções sertanejas “universitárias” vazias de sentido e cheias de vogais e onomatopeias.

Ø  “DOCE DE MÃE”: IGUARIA SABOROSA PARA O PÚBLICO


E já às portas do novo ano, o público foi brindado com um presentão: o telefilme “Doce de mãe”, de Jorge Furtado, estrelado por Fernanda Montenegro e um ótimo elenco. Sensível, comovente e muito divertido, o filme agradou em cheio e  mostrou uma Fernanda Montenegro com a corda toda na pele da adorável Dona Picuxa, um papel em que ela pode, mais uma vez, dar um verdadeiro show, mostrando todas as suas potencialidades cômicas e dramáticas, mostrando por que é uma das atrizes mais respeitadas do mundo. Fica a torcida para que “Doce de mãe” se transforme em uma série em 2013 e que a emissora aposte cada vez mais nesse formato de telefilme.

Ø  PEDRA AMETISTA BRILHANDO COMO NUNCA!

E pra fechar a retrospectiva com chave de ouro, não posso deixar de mencionar a vitória de “O astro” no Emmy Internacional como melhor novela de 2011. Viva a pedra ametista que continua a brilhar mundo afora!


 ___________

Agora, o melão quer saber? O que vocês preferiram em 2012?

________

LEIA TAMBÉM: 

Em 2011, o melão preferiu...





domingo, 23 de dezembro de 2012

TOP 10 – REGINA DUARTE




Impossível pensar em teledramaturgia brasileira sem que seu nome não venha imediatamente à cabeça. Regina, rainha absoluta da televisão. São tantas Reginas em uma só que, assim como outros dois homenageados recentemente, Betty Faria e Lima Duarte, foi uma tarefa hercúlea eleger apenas 10 personagens de sua riquíssima galeria de mulheres inesquecíveis. Românticas, loucas, passionais, idealistas, exuberantes, guerreiras... Em 50 anos de carreira, Regina Duarte deu vida a todos os tipos e todas as emoções, com sua interpretação corajosa, visceral e sempre genial. Pra fechar o ano com chave de ouro, confira esse TOP 10 Especial de Fim de ano! Vamos relembrar algumas dessas grandes mulheres vivida por essa grande mulher:


10) HELENA DE “HISTÓRIA DE AMOR” (1995)


A Helena mais “gente como a gente” de todas. Ela ia à feira, reclamava do preço do chuchu (e do melão), saía com os amigos, se divertia, não levava desaforo pra casa... enfim, uma mulher como outra qualquer do planeta, mas não seria Helena se não tivesse um grande segredo, uma falha trágica. Na verdade, ela não era a verdadeira mãe da mimadíssima Joyce (Carla Marins) e sim, sua tia, segredo que foi revelado no último capítulo. A lembrança mais forte que tenho da personagem é de seu romance com o médico Carlos (José Mayer) embalado pela voz de Gal em “Futuros Amantes” sob um Rio ensolarado e feliz.


9) CHIQUINHA GONZAGA DE “CHIQUINHA GONZAGA” (1998)


De que a vida da célebre compositora foi inspiradora e apaixonante ninguém duvida. Mas a interpretação sensível de Regina fez com que se tornasse mais fascinante ainda aos olhos do espectador. A atriz sempre interpreta muito bem esse tipo de papel: mulher guerreira, sofrida, lutadora, que dá a cara a tapa, rompe barreiras e preconceitos. Apaixonante também foi o romance da compositora com seu “mancebo imberbe” Joãozinho, vivido brilhantemente por Caio Blat. Chiquinha Gonzaga ficou conhecida pela nova geração graças à minissérie de Lauro Cesar Muniz e Marcilio Moraes e La Duarte soube defender a personagem com a maior dignidade.


8) LUANA CAMARÁ / PRISCILA CAPRICE DE “SÉTIMO SENTIDO” (1982)

Uma de minhas primeiras lembranças televisivas. Na verdade, não me lembro de quase nada da novela, a não ser de Luana Camará incorporando Priscila Caprice. Até então com 5 anos de idade, os gritos de Regina Duarte me causavam medo e fascínio. Ao meu ver, a personagem fez uma espécie de transição para o que viria depois na carreira da atriz, a inesquecível Porcina.



7) HELENA DE “POR AMOR” (1997)

Regina e a filha Gabriela em cena de "Por amor"
Praticamente uma personagem de tragédia grega, a mais polêmica das Helenas talvez tenha carregado a mentira mais grave de todas. Helena, no início, parecia uma mulher comum, alegre, que via no romance com Atílio (Antonio Fagundes) uma nova oportunidade para o amor. Amor que não foi mais forte do que o amor cego e irracional que ela sentia pela filha Eduarda (Gabriela Duarte) chegando ao ponto de trocar o bebê morto da filha pelo seu filho saudável que acabara de nascer para que a filha não sofresse. Uma verdadeira leoa, capaz de tudo para preservar a cria. Quando Atílio descobriu toda a verdade, disse a Helena uma das frases mais emblemáticas da história da teledramaturgia: “você não sabe amar, mas pode aprender”. Obra prima de Manoel Carlos e mais um show de interpretação de Regina Duarte.


6) MALU DE “MALU MULHER” (1979)



Temas que, às vezes, nos parecem tão distantes, mas ainda tão presentes na sociedade como a violência contra a mulher, a questão do divórcio, independência feminina, mulher no mercado de trabalho... assuntos que parecem banais hoje em dia na época eram tabus que foram quebrados por Malu, emblemática personagem que Regina Duarte, mais uma vez, defendeu com garra e vigor e que representa um divisor de águas em sua carreira, dando um adeus definitivo ao eterno título de namoradinha do Brasil e adquirindo um respeito cada vez maior como uma de nossas mais importantes atrizes. Viva Malu!


5) CLÔ HAYALLA DE “O ASTRO” (2011)

Não resisti e beijei Clô na exposição da carreira da atriz
Como não incluir essa linda na lista? Claro, que, por motivos óbvios, Clô Hayalla sempre vai fazer parte da minha lista de personagens favoritas da atriz, mas independente disso, a matriarca dos Hayalla é o melhor personagem de Regina em anos. Louca, passional, impulsiva, vingativa, Clô já seria um prato cheio para qualquer atriz. Em se tratando de uma atriz superlativa como Regina Duarte, o prato cheio se transforma em um verdadeiro banquete, que ela oferecia diariamente a um público fiel e apaixonado na forma de uma atuação que dava o tom arrebatado e melodramático da novela de Janete Clair adaptada por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro. Verdadeiro show em cena e um talento monstro, que pude comprovar de perto. Uma atriz genial que consegue dar cores e texturas ao texto que surpreende até mesmo os autores.


4) MARIA DO CARMO DE “RAINHA DA SUCATA” (1990)


Prima da Viúva Porcina, Maria do Carmo também era uma força da natureza. A filha de sucateiro que transformou o negócio do pai em um verdadeiro império arrebatou o Brasil e chamava a atenção para o início da ascensão da classe média tão valorizada nos dias de hoje. Os novos ricos estavam tomando conta do Brasil e Maria do Carmo era a representante dessa classe emergente versus a decadência da aristocracia, representada por Laurinha Figueiroa, brilhantemente interpretada por Gloria Menezes. O choque entre esses dois mundos e o duelo dessas duas grandes atrizes renderam momentos antológicos de nossa teledramaturgia. Maria do Carmo era deliciosamente cafona, adorava ostentar sua riqueza e Regina estava muito à vontade em cena. A atriz parecia estar se divertindo tanto quanto o público. Já estou contando os dias para rever a sucateira em 2013 no Canal Viva.


3) RAQUEL DE “VALE TUDO” (1988)


Tudo bem que Odete Roitman e Maria de Fátima se eternizaram como duas das maiores vilãs de todos os tempos, mas se a novela tem uma alma, essa alma é a de Raquel Accioly, que ganhou através de Regina Duarte uma das interpretações mais viscerais da história da teledramaturgia. O Brasil chorou, sofreu, se emocionou com Raquel e também foi à forra na catártica cena em que a personagem, aos gritos, rasga o vestido de noiva da filha na véspera do casamento. Raquel simboliza a mulher brasileira e o espírito guerreiro do nosso povo, mostrando que vale a pena, sim, ser honesto no Brasil. Um papel perigoso, que tinha tudo pra cair no estereótipo, mas a personagem, cheia de nuances, foi muito bem construída pelos autores e muitíssimo bem defendida por La Duarte. Impossível ver alguém vendendo sanduíche na praia e não se lembrar da batalhadora Raquel.


2) SIMONE DE “SELVA DE PEDRA” (1972)

Regina Duarte e Francisco Cuoco em cena da novela
Mesmo não fazendo parte de minha memória afetiva, essa importante personagem não poderia ficar de fora, pois até hoje Simone Marques representa o protótipo de heroína em nossas novelas. E já há 40 anos atrás, Janete Clair construía uma mocinha nada boba, que tinha uma profissão, ia à luta por seus objetivos e dava a volta por cima, jurando vingança a seus inimigos. E Regina, ainda muito jovem, soube dosar doçura e força na medida certa e conquistou definitivamente o coração dos brasileiros. Impossível não se comover nas cenas românticas de Simone e Cristiano (Francisco Cuoco) ao som de “Rock and roll lullaby”, tema romântico mais emblemático da história de nossa teledramaturgia.


1) VIÚVA PORCINA DE “ROQUE SANTEIRO” (1985)


Pense em todos os adjetivos superlativos. Talvez ainda seja pouco para definir Porcina. Escandalosa, exuberante, fogosa, irreverente, sensual, lasciva e politicamente incorretíssima, a personagem significou um giro de 180 graus na carreira da atriz, acostumadas a tipos mais delicados e sofredores. Na pele da operística viúva que foi sem nunca ter sido, Regina já não precisava provar nada pra ninguém há muito tempo, mas mesmo assim provou que é capaz de absolutamente TUDO em se tratando da arte de representar. Na célebre trama criada por Dias Gomes, Porcina era um verdadeiro carrossel de emoções, indo das cenas mais dramáticas às mais irreverentes: um verdadeiro manancial para as impagáveis caras e bocas da atriz. Graças à Regina Duarte, Porcina virou dona, não só do coração de Roque (José Wilker) e Sinhozinho Malta (Lima Duarte), mas de todos os brasileiros.


MENÇÕES HONROSAS:

Ø  ANDRÉA, DE “VÉU DE NOIVA” (1969)
Ø  RITINHA, DE “IRMÃOS CORAGEM” (1970)
Ø  PATRICIA, DE “MINHA DOCE NAMORADA” (1971)
Ø  CECÍLIA, DE “CARINHOSO” (1972)
Ø  NINA, DE “NINA” (1977)
Ø  SHIRLEY, DE “INCIDENTE EM ANTARES” (1994)
Ø  HELENA, DE “PÁGINAS DA VIDA” (2006)


___________

MELÃO APROVEITA PARA DESEJAR BOAS FESTAS A TODOS OS SEUS LEITORES E PERGUNTA: QUAIS SÃO SEUS PERSONAGENS FAVORITOS DE REGINA DUARTE?
______

LEIA TAMBÉM: 

Top 10 - LIMA DUARTE





quinta-feira, 29 de novembro de 2012

OS MELHORES PRIMEIROS CAPÍTULOS – Ponto de partida para uma boa novela.



Por Wesley Vieira – Blogueiro convidado


O primeiro capítulo de uma novela, obviamente, é o chamariz para toda a história que irá se desenrolar ao longo dos próximos meses. Quando bem amarrado, fisga o telespectador de imediato. Alguns clichês são necessários para chamar a atenção, como as cenas de ação e os amores à primeira vista. Também é essencial um melhor acabamento estético para impressionar o público. Não necessariamente um bom primeiro capítulo é sinal de novela boa, assim como um primeiro capítulo ruim não é sinal de novela ruim. Aqui no Melão, listei 10 melhores primeiros capítulos na minha humilde opinião. Claro que muitos excelentes ficaram de fora, mas citarei apenas aqueles que eu vi e gostei. 


Celebridade – Primeiro capítulo exibido no dia 13/10/2003




Fama, inveja e vingança eram os temas centrais dessa moderníssima trama de Gilberto Braga. Nesse excelente primeiro capítulo, como sempre, a agilidade na apresentação das tramas e personagens - marca registrada do autor: Considero esse primeiro capítulo como uma espécie de prólogo para mostrar, logo de imediato, o que seria a espinha dorsal da novela: as armações de Laura (Claudia Abreu) para pegar o lugar de Maria Clara (Malu Mader) em um misto de inveja e vingança. Um curioso recurso foi utilizado para “familiarizar” os personagens: na medida em que eles iam aparecendo, a imagem congelava e seus nomes eram grafados na tela. O capítulo, resumidamente, mostra as artimanhas de Laura para conseguir um emprego de secretária na produtora de Maria Clara Diniz, famosa empresária do mundo da música. Humilde, a jovem disputa uma vaga, mas não obtém êxito. Ela, então, parte para o plano B: Marcos (Marcio Garcia) seqüestra Maria Clara e Laura surge para defendê-la. O seqüestro, aliás, vira um acontecimento televisivo, algo tipicamente hollywoodiano, afinal Maria Clara é uma celebridade. Tiros, explosões, muitos flashes... E a promoter consegue escapar do bandido. Em forma de agradecimento, Laura ganha o cargo de secretária. Um brinde! Mas nesse primeiro capítulo, personagens como Darlene (Débora Secco) e o bombeiro Vladimir (Marcelo Farias) também eram apresentados. Ela queria ser famosa. Ele, o namorado, não. Por ironia do destino, é Vladimir quem salva Maria Clara de uma explosão e por esse ato, ele será reconhecido. Outro importante personagem é o arrogante jornalista Renato Mendes (Fábio Assunção) disputando o seu alto ego com Maria Clara. O capítulo fecha com o prenúncio do que viria pelos próximos capítulos: Laura e Maria Clara brindam pela felicidade: “Você vai ter tudo o que sempre mereceu”, dispara a falsa boazinha. Capítulo perfeito!


Tieta – Primeiro capítulo exibido no dia 14/08/1989




Inesquecível novela baseada no livro de Jorge Amado, “Tieta” arrebatou o público ao mostrar as deliciosas histórias criadas pelo grande autor baiano. De forma simples, mas interessante, os autores centralizaram o capítulo em Ascânio (Reginaldo Faria) e seu retorno a Santana do Agreste. Após muitos anos vivendo no Rio, ele está de volta e reencontra todos os amigos que deixara para trás. Seria óbvio iniciar a novela justamente com a protagonista-título, porém o reencontro de Ascânio com os amigos serviu para que eles contassem o que aconteceu com aquela “cabritinha apetitosa”. Entra o flashback mostrando os assanhamentos de Tieta envolta com os homens da cidade. Assim, o público já reconhece que sua irmã, Perpétua, é a grande invejosa da história. É ela a responsável pelo flagrante que o velho Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos) dá em Tieta, no momento de prazer com Lucas (Herson Capri). Quem não se lembra do “ypsilone duplo”? Diante dos moradores da cidade, Zé Esteves dá uma surra na filha e a expulsa da cidade. Ela jura que voltará para se vingar. A ação volta aos dias atuais e com a morte do pai, Ascânio decide ficar de vez na cidade. Ele volta para o Rio e se casa com Helena (Françoise Fourton), que opõe radicalmente à mudança. O capítulo termina em Helena desesperada com a nova vida que Santana do Agreste lhe reservará dali em diante. 


Fera Ferida – Primeiro capítulo exibido no dia 15/11/1993



Vingança, tema recorrente em muitas histórias, também era o pilar principal desta trama baseada em histórias de Lima Barreto e escrita pelo trio Aguinaldo Silva, Ana Maria Morethzon e Ricardo Linhares. Este primeiro capítulo, forte e conciso, iniciava com Raimundo Flamel (Edson Celulari) a caminho de Tubiacanga, sua cidade natal, de onde teve que fugir quando ainda era criança. Gusmão (Ewerton de Castro), seu fiel escudeiro, ouve a sua triste história e entra flashback, revelando a saga do rapaz. Seu pai, Feliciano Mota da Costa (Tarcisio Meira), o prefeito, acredita que a cidade possui minas de ouro e tendo o apoio dos companheiros poderosos, entre eles o Major Emiliano Bentes (Lima Duarte), revela uma grande pepita de ouro para a população que fica alvoroçada com o achado. Logo, ele convence o povo a entregar suas economias para a construção de uma mineradora em Tubiacanga. No entanto, a cidade é invadida por garimpeiros que souberam da notícia e quando Feliciano volta da capital com o dinheiro do povo convertido em dólares, todos descobrem que a pepita era falsa. Clímax. Feliciano é perseguido pelo povo e para piorar, o dinheiro some misteriosamente. Além de mentiroso, todos o chamam de ladrão. Encurralado, ele foge com a esposa e o filho numa canoa, mas é atingido por um pistoleiro. Sua esposa também morre e Feliciano Júnior enterra os pais. Ele jura se vingar de todos. Quase ao final do capítulo, a ação volta para a atualidade e Raimundo Flamel faz mistério de seu retorno à cidade para curiosidade dos poderosos que foram responsáveis pela derrocada de sua família.  


Corpo a Corpo – Primeiro capítulo exibido no dia 26/11/1984

A novela que contava a história da mulher ambiciosa que faz pacto com o diabo para ascender profissionalmente, teve um primeiro capítulo excelente e muito bem amarrado. Em um tom bastante ágil, conhecemos os personagens principais, entre eles, Eloá (Débora Duarte) que trabalha na Fraga Dantas como engenheira e tem aspirações maiores que o marido Osmar (Antonio Fagundes). Por não ter sido escolhida para ir ao Japão, inconscientemente, ela deseja a morte de todos da família e no mesmo dia, descobre que a esposa de Alfredo Fraga Dantas (Hugo Carvana) morreu. Uma sequência de tirar o fôlego é a enchente em Santa Catarina, fato que levará Rafael (Lauro Corona), sua mãe e sua noiva ao Rio. A discreta aparição de Tereza (Glória Menezes) revela que há algum mistério ao redor daquela mulher, que, de forma suspeita, aborda Bia (Malu Mader) após o término da missa de sétimo dia de sua mãe. Quando Cláudio (Marcos Paulo) sofre um espancamento, é Tereza a escolhida para cuidar dele. O capítulo termina com Eloá em uma festa conhecendo o suposto diabo – entrecho que vai permear toda novela.


Vereda Tropical – Primeiro capítulo exibido no dia 23/07/1984


Sem dúvida, a minha novela das sete preferida tinha que entrar nessa lista. Anárquico e movimentado, o capítulo de estreia da primeira novela de Carlos Lombardi com supervisão de Silvio de Abreu, teve todos os bons ingredientes para torná-lo memorável. Cenas rápidas e divertidas deram o tom que seria característica principal do folhetim. A novela começa no ano de 1976, em Belém do Pará, onde mora Silvana (Lucélia Santos), uma simples operária que se apaixona por Vitor (Lauro Corona), rapaz rebelde, filho do poderoso Oliva (Walmor Chagas). Como Vitor gosta de se sentir livre, ele foge enquanto Silvana dá à luz na beira do cais. Nesse momento, uma bonita sonoplastia de Ave Maria sobrepõe aos berros da mocinha (esse recurso foi utilizado porque os censores não gostaram de ouvir os gritos de Silvana. Os autores, então, prometeram inserir a música para que a cena não fosse cortada). Desde então, Silvana vive fugindo do sogro e em 1984 ela está em João Pessoa onde mora com a avó e o filho, Zeca (Jonas Torres). Conhecemos o atrapalhado Oliva e suas três filhas, entre elas, a ambiciosa Catarina (Marieta Severo) e Verônica (Maria Zilda), femme fatale, que está na Espanha aproveitando a vida e, de quebra, seduzindo os homens. Uma das melhores cenas é quando ela provoca uma briga no cassino e consegue se livrar, linda e poderosa, do local. Claro, o capítulo, também, apresenta Luca (Mario Gomes), o jogador de futebol correndo atrás da sorte e se metendo em muitas confusões, principalmente com a feiosa Clô (Regina Casé), filha do diretor do time, que descobre o romance e coloca os capangas para pegá-lo. Ligando todos os núcleos, está a Vila dos Prazeres onde a fábrica de perfumes CPP, de propriedade de Oliva, e a cantina italiana La Tavola de Michele, comandada por Bina (Georgia Gomide), a mãe de Luca, estão instaladas. Oliva consegue raptar o neto e o leva para São Paulo. Em ritmo de muita ação, o capítulo fecha com Luca se livrando dos capangas.


Vale Tudo – Primeiro capítulo exibido no dia 16/05/1988


Gilberto Braga é mestre em excelentes primeiros capítulos. Ele sabe, como ninguém, mexer com todos os recursos folhetinescos para fisgar o telespectador já no início de suas narrativas.  Nessa célebre novela, o capítulo número um não seria diferente. Poucos personagens foram apresentados nesse início. Basicamente, o capítulo mostra Raquel (Regina Duarte) começando uma nova vida ao lado da filha em Foz do Iguaçu, após uma separação traumática. Anos depois, Maria de Fátima (Glória Pires), sua filha, é uma jovem ambiciosa, cansada da vida modesta e com vergonha da mãe que trabalha como guia turística. Sonhando com o Rio de Janeiro, ela conhece o modelo César Ribeiro (Carlos Alberto Ricceli) e vê nele a chance para sair daquela vida. Na base das artimanhas, Maria de Fátima consegue fazer figuração para uma sessão de foto e descobre que César precisa de alguém que arrume um jeito para passar uns produtos pela alfândega. É assim, que entra em pauta um importante debate sobre corrupção que dará o tom à novela inteira. Salvador (Sebastião Vasconcelos) morre e deixa a casa como herança para a neta. Nos minutos finais, Raquel descobre que a filha vendeu o imóvel e levou todo o dinheiro. Um capítulo simples, mas deliciosamente bem amarrado. 


A Gata Comeu – Primeiro capítulo exibido no dia 15/04/1985




Simplesmente Ivani Ribeiro. E isso já diz muito. Ivani, uma das maiores novelistas da televisão brasileira, prezava pela simplicidade e por isso mesmo arrasava. E A Gata Comeu é um clássico do horário das 18 horas. O capítulo começava enquadrando o Pão de Açúcar, localizado na Urca, bairro que centraliza a ação da novela. O professor Fábio (Nuno Leal Maia), em sala de aula, cita o nome de todos os alunos que irão participar de uma excursão com a lancha emprestada pelo importante empresário, Horácio Penteado (Mauro Mendonça). É quando entra em cena, a linda Jô Penteado (Cristiane Torloni) – ao som de “Só Pra o Vento”, música do Ritchie - moça mimada que, por ironia do destino, sugere ao noivo um passeio na mesma lancha no próximo feriado. Nesse ínterim, o impagável casal Gugu (Claudio Correia e Castro) e Tetê (Marilu Bueno) aparece e já arrancam risadas dos telespectadores. Tipos adoráveis que viviam às turras, eles são convidados a participarem da mesma excursão e soltam um “Topo, Gugu!” que adotei pra minha vida. Depois, descobrimos que Paula (Fátima Freire), a noiva de Fábio, trabalha na agência de turismo que pertence a Horácio. Está amarrada a teia. Após uma discussão com Jô, ela é demitida, mas tem a chance de participar da excursão como convidada do noivo. Jô, que se tornou a sua arquiinimiga, a barra na entrada do cais causando tremenda confusão. É nesse momento que Fábio e Jô se conhecem e a antipatia é recíproca. O capítulo termina com o motor da lancha explodindo em alto mar, gancho para os próximos capítulos, quando essa turma ficaria perdida durante muitos capítulos em uma ilha deserta. 

Louco Amor – Primeiro capítulo exibido no dia 11/04/1983

Em uma narrativa bastante ousada para a época (e incrivelmente inovadora, até, para os dias de hoje), Gilberto Braga utilizou o recurso do “flashback dentro do flashback”, fazendo deste, um dos melhores primeiros capítulos já exibidos (em minha opinião, claro). Já em tom de flashback, a trama começa durante a festa de 17 anos de Patrícia (Bruna Lombardi). Ali está o mocinho, Luiz Carlos (Fábio Junior), apaixonado pela aniversariante, mas obrigado pela madrasta da moça a servir os convidados. A partir daí, ele relembra os primeiros momentos de sua chegada à mansão de Edgar Dumont (José Lewgoy), quando ainda era criança, passando para a descoberta do amor até chegar ao primeiro clímax quando a malvada Renata (Teresa Rachel), totalmente contra o relacionamento, pega o casal em flagrante. A ação volta para festa. Luiz Carlos, humilhado, solta os cachorros em Renata e nos convidados. Esta é, em minha opinião, uma das melhores cenas da teledramaturgia brasileira. Impressionante. É esse fato que o separará de Patrícia. Fim do epílogo. Nos “dias atuais”, o mocinho trabalha numa sapataria, vive longe da mãe e está prestes a se formar em jornalismo. Também conhecemos Claudia (Glória Pires), colega de classe de Luiz Carlos. Ela tem uma difícil relação com o Alfredo (Fernando Torres), seu pai, que sensibilizado com a situação de Luiz, o convida para dividir um quarto. Após seis anos longe do Brasil, Patrícia retorna ao Brasil e Luiz Carlos invade a mansão, descobrindo que ela teve um filho.


O Astro – primeiro capítulo exibido no dia 12/07/2011




A ganhadora do Emmy de melhor telenovela em 2012 também teve um capítulo de estréia exemplar. Nessa versão baseada no antigo texto de Janete Clair (Ave Janete!), e escrita por nosso amigo Alcides Nogueira, o Tide, e Geraldo Carneiro, muitas cenas de ação e a apresentação corretíssima de todos os personagens, sobretudo do protagonista Herculano Quintanilha (Rodrigo Lombardi). As primeiras cenas, em flashback, o mostram em apuros na pequena cidade de Bom Jesus. Após dar um golpe nos fieis da igreja, Herculano descobre que fora enganado pelo seu companheiro, Neco (Humberto Martins). Sozinho, ele é perseguido por todos. Impressiona a ferocidade dos populares. Muitos takes espetaculares dessa fuga e de repente, a única solução é entrar na delegacia e pedir ajuda. Na cadeia, ele conhece Ferragus (Francisco Cuoco), um homem misterioso, misto de mágico e bruxo, que se torna o seu mentor. Aos poucos Herculano aprende todas as técnicas com ele e após uma passagem de tempo, está livre. Agora ele se tornou o Professor Astro e faz sucesso com shows de ilusionismo na casa de espetáculos Kosmos. É lá que Amanda (Carolina Ferraz), procurando se distrair, o conhece e apesar de negar, fica impressionada com seu desempenho. Conhecemos Marcio Hayalla (Thiago Fragoso) tocando seu flugelhorn pelo metrô e encantado pela beleza de Lili (Aline Moraes). É no universo dessa mocinha que encontramos Neco, o mesmo mau caráter que enganou Herculano no passado e agora está casado com a sua irmã. O empresário Salomão Hayalla (Daniel Filho) está inaugurando um novo supermercado ao lado de sua família, incluindo a esposa Clô (Regina Duarte) e seus irmãos ambiciosos. É quando Márcio surge liderando uma multidão de pessoas pobres que adentram o supermercado numa fúria avassaladora. Salomão fica irado e desconta a sua raiva na esposa. Porém, o maior clímax desse irresistível capítulo acontece no final, quando Marcio fica nu diante de todos os convidados na festa preparada por sua mãe na mansão dos Hayalla. Escândalo!  


Belíssima - Primeiro capítulo exibido no dia 07/11/2005



A primeira cena dessa novela já me chamou a atenção: uma linda modelo no topo de um prédio segurando a bandeira de São Paulo. Tudo não passava de uma ousada e polêmica campanha de marketing pelos principais pontos da grande Sampa para comemorar o jubileu da Belíssima. A ação chamou a atenção da mídia e de grupos de protesto contrários com as “performances indecentes” das modelos praticamente desnudas. O mais interessante foi apresentar os personagens conforme uma sequencia da campanha rolava em locações diferentes. E para dar um charme, um jornalista em off explicava o que estava acontecendo. Conhecemos a protagonista Julia Assunção (Glória Pires) contrária à campanha idealizada por sua avó, Bia Falcão (Fernanda Montenegro). O noticiário na televisão, explicando a confusão pelas ruas de São Paulo, serviu para apresentar os personagens mais a fundo, inclusive com a apresentação do núcleo de Katina (Irene Ravache). Capítulo seguindo e vimos o misterioso André (Marcelo Antony) cruzar o caminho de Cemil (Leopoldo Pacheco). E algumas cenas depois, a trama vai para a Grécia onde Vitória (Claudia Abreu) e Pedro (Henri Castelli) vivem felizes com a filha, longe dos despautérios de Bia, a tirana que fora contra o relacionamento. Eles estão de casamento marcado e temem pela aproximação da vilã. Julia descobre que a avó tem planos para destruir a cerimônia e vai para a Grécia antes. O capítulo termina com Bia Falcão chegando e ficando frente a frente com a neta disposta a tudo para impedir qualquer plano que ela tenha em mente para acabar com a felicidade dos noivos. Um capítulo forte, criativo e com tramas muito bem desenvolvidas.


O Salvador da Pátria – Primeiro capítulo exibido no dia 09/01/1989

Uma das minhas novelas preferidas também teve um primeiro capítulo excelente. Lauro César Muniz e Alcides Nogueira souberam amarrar os núcleos e desenvolvê-los com cuidado de nos apresentar todos os personagens e tramas principais. Primeiro take de um sol nascendo sobre a plantação de laranja e surge o icônico Sassá Mutema (Lima Duarte) acordando e indo para o trabalho com Off do locutor Juca Pirama (Luiz Gustavo) dando bom dia para os trabalhadores do campo em seu programa “Meninos eu vi!”. Em seguida, a linda Clotilde (Maitê Proença) está perdida pelas estradas a caminho de Tangará e encontra o engenheiro Paulo (saudoso Marcos Paulo) que decide ajudá-la. Ele é o elo para o núcleo da empresária Marina Cintra (Betty Faria) e suas filhas. Enquanto isso, em sua rádio, Juca Pirama brada sobre as mazelas políticas da cidade e os outros núcleos são apresentados. Na escola, Clotilde se apresenta aos alunos e é nesse momento que nós, telespectadores, somos brindados com a apresentação de Sassá, esse lindo personagem que conta toda a sua trajetória de vida. Ele é convocado para arrumar o jardim da casa do patrão, o deputado Severo Blanco (Francisco Cuoco), que descobrimos ser a principal vítima dos comentários de Juca. Ele é casado, mas mantém um caso amoroso com a ninfetinha, Marlene (Tássia Camargo). O radialista explora o caso e sob as ameaças do pai da moça, Severo é instruído pela própria esposa a encontrar um marido para a amante. Depois de uma tentativa frustrada, Gilda (Suzana Vieira) tem a mirabolante ideia de mandar justamente o ingênuo Sassá para a fazenda.


Cordel Encantado – primeiro capítulo exibido no dia 11/04/2011


Cinema perde! Assim defino o primeiro capítulo desse grande sucesso escrito pela dupla Thelma Guedes e Duca Rachid. Junção perfeita dos elementos do cangaço e dos contos de fada, “Cordel Encantado” começou, literalmente, já trazendo fogo para a telinha. Um cometa corta o céu e cai no sertão nordestino na visão do profeta Miguezin (Matheus Nachtergaele). Do chão, brota a flor de açucena, “a certeza de um novo tempo que o rei vai trazer”. Imediatamente somos remetidos para o distante reino de Seráfia do Norte, onde o Rei Augusto (Carmo Dalla Vechia) relata sobre essa mesma visão que tivera na noite anterior. Amadeus (Zé Celso Martinez) revela que ele fará uma viagem ao Brasil. Logo, o rei é informado que o exército de Seráfia do Sul está invadindo o palácio sob o comando do Rei Teobaldo (Thiago Lacerda). Em seguida, takes espetaculares de uma guerra entre os dois reinos. Definitivamente, uma sequência fantástica que não deixa nada a dever para o cinema americano. Nesse mesmo momento, a Rainha Cristina (Aline Morais) dá a luz a uma menina que recebe o nome de Princesa Aurora. Seráfia do Norte vence a batalha e Teobaldo morre após assinar um acordo que prevê o casamento entre seu filho Felipe e a princesa para a união dos dois reinos. A Duquesa Ursula (Débora Bloch), a grande vilã também é apresentada demonstrando muita inveja de Cristina. Após descobrirem que há um tesouro perdido no nordeste brasileiro, eles decidem embarcar e são alertados para os perigos do sertão, sobretudo pelo ataque dos cangaceiros.  Esse é o mote para ligar ao drama do Capitão Herculano (Domingos Montaigner), o cangaceiro, rei do sertão que deixa o filho Jesuíno aos cuidados do Coronel Januário (Reginaldo Faria). A comitiva de Seráfia chega a Brogodó e é atacada pelos cangaceiros. A Rainha Cristina sofre um atentado em armadilha engendrada pela Duquesa Úrsula e deixa a filha aos cuidados do casal de sertanejos, Virtuosa (Ana Cecília Costa) e Euzébio (Enrique Diaz). O tempo passa e Açucena (Bianca Bin) é uma linda jovem apaixonada por Jesuíno (Cauã Raymond). Augusto sofre pelo desaparecimento da filha, enquanto a duquesa comemora o fato de sua filha estar de casamento marcado com o Príncipe Felipe (Jaime Matarazzo). No Brasil, Zenóbio (Guilherme Fontes) encontra uma medalha de Santa Eudóxia e acredita que a princesa está viva. Ele interrompe o casamento para dar a grande notícia para o rei. O capítulo termina com o profeta Miguezin discursando como um louco que o rei chegará. Perfeito!

____________



Wesley Vieira é um dos blogueiros convidados mais frequentes do melão. Não por acaso, é considerado o Editor-Chefe da Sucursal Minas deste blog.
Jornalista, roteirista, noveleiro, blogueiro, dramaturgo, escritor... esse moço vai longe!




Chegou a sua vez! Melão quer saber: quais seus primeiros capítulos de novela inesquecíveis?

LEIA TAMBÉM:

CORAÇÃO DE ESTUDANTE – Minas para o Brasil






Prefira também: