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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Blogueiro convidado: Aladim Miguel e a trilha sonora de “Cambalacho”



Desde semana passada, o “Novelão”, quadro do “Video Show” que vem fazendo muito sucesso entre os noveleiros de carteirinha, está exibindo a célebre “Cambalacho”, megassucesso de Sílvio de Abreu nos anos 80. A novela permanece como uma de minhas favoritas e o melão já publicou um texto sobre ela, que inclusive também faz parte da seleção  de textos para o livro, lançado em março desse ano.
Uma curiosidade é que a trilha sonora foi composta especialmente para a novela. Com isso, ajudou a contar a história a a revelar o perfil de alguns dos principais personagens da trama. Para comentar as canções, uma a uma, melão convocou novamente Aladim Miguel, o fã nº 0 de Lucélia Santos, noveleiro inveterado e especialista em tudo o que diz respeito aos anos 80. Portanto, preparem suas vitrolas e vamos relembrar todas as canções da trilha nacional de “Cambalacho”.


SEGUINDO A TRILHA: CAMBALACHO NACIONAL


 Palavra muito popular em 1986, quando a novela “Cambalacho” - um dos maiores sucessos audiência do grande Sílvio de Abreu para o horário das 7 – foi ao ar. Cambalacho significa: armação ou trambique, mas quase ninguém sabia da existência deste termo na época, porém depois de uma semana da novela no ar não saiu mais da boca do povão.
Vamos analisar a trilha sonora nacional – produção musical de Zé Rodrix - mais que original dessa novela que marcou demais a minha adolescência, quase furei o vinil, é isso ai mesmo, só existia em discos ou fita cassete Som Livre he he he... de tanto escutar, sabia todas as canções do inicio ao fim, essa semana com a volta de “Cambalacho” no novelão do “Vídeo Show”, editado pelo nosso amigo Raphael Machado, achei essa maravilhosa trilha sonora disponível para baixar na internet e pude me reencontrar com essas músicas inspiradíssimas. Agora siga a trilha de “Cambalacho” comigo e com o “Eu Prefiro Melão” – do querido amigo Vitor de Oliveira, que gentilmente cedeu esse espaço para esse post sobre uma de suas novelas preferidas.

PERIGOSA (Syndicatto) – O tema da perigosíssima Andréa Souza e Silva (um inesquecível desempenho de Natália do Valle), a música foi feita sob medida para as armações e vilanias dessa linda mulher, que como um trecho da música falava era a própria “elegância e ação, secreta ambição”. Matou o marido, seduziu cunhado, traiu a irmã e por ai foi...

Natália do Vale: diabólica como a vilã Andréa

Armando Eu Vou (Cida Moreira)  – Era o tema de ambientação para São Paulo, onde se desenvolvia toda a trama.  Os outdoors que mostravam as passagens do tempo eram o máximo, com um toque de placar de jogos de futebol diziam: “enquanto isso...” ou “amanheceu...” entre as cenas com essa música ao fundo. Foi também a trilha sonora do musical que encerrou a novela, com vários bailarinos vestidos com os figurinos de personagens da novela nas ruas de São Paulo. Ainda por cima música citava o nome da novela em sua letra: “Tô com ciúme de você. Cambalacho“. Um show!

Jerônimo (Germano Mathias) – A letra dessa malandra música é a própria narração da vida do armador Jerônimo Machado (o saudoso Gianfrancesco Guarnieri), o Gegê, o grande parceiro de Leonarda Furtado, a Naná - uma criação estupenda de Fernanda Montenegro - nos cambalachos.

Ótima dobradinha de Fernanda Montenegro e Giafrancesco Guarnieri
  
Parece Mais Não É (Carbono 14) – Essa música serviu de fundo para uma das maiores criações da telenovela brasileira, a inacreditável Albertina Pimenta ou Tina Pepper, como ela gostava de ser chamada (Regina Casé, que deitou e rolou com o grande personagem à altura de sua pegada de humor), uma espécie de clone paulista da cantora Tina Turner. A personagem odiava pobreza e detestava a vila em que morava, e os vizinhos, sabendo disso, viviam perturbando sua vida. Muito engraçada, a popular Tina roubou a cena geral e se tornou uma figura emblemática da trama, tanto que foi parar até no “Cassino do Chacrinha”!

Regina Casé e sua inesquecível Tina Pepper.
Estrela de Bastidor (Ângela Maria) – Responsável por momentos antológicos de humor na trama, a aspirante a cantora Lili Bolero (a saudosa Consuelo Leandro), matinha uma inveja eterna da “sapoti” Ângela Maria (responsável por seu tema na novela, aí está a grande sacada!), a quem acusava ser a culpada por sua carreira nunca ter “decolado”. Uma das cenas mais bacanas foi a reconciliação das duas cantando juntas essa música. Um show! Lili Bolero precisava brilhar, nem que seja para ela, como dizia a canção.

Consuelo Leandro: impagável como Lili Bolero

Vila Curiosa (Passoca) - Um dos núcleos mais populares foi o da Vila, onde os personagens pobres e mais divertidos da novela moravam. Toda semana tinha baixarias clássicas como vizinhos se pegando aos tapas na rua, discussões nas sacadas das janelas e outras situações inusitadas que o subúrbio produz.

Cambalacho (Walter Queiroz) – O que dizer dessa música? Simplesmente demais! Tinha uma sincronia perfeita com a abertura, que mostrava Fernanda Montenegro se passando por uma vidente com uma grande bola de cristal, afinal toda a concepção da abertura era produzida através de objetos redondos. O trecho da música “é tudo banana, olha eu acho que é tudo do mesmo cacho, é tudo farinha, olha eu acho que é tudo mesmo saco”, é sensacional e super atual!

Flavio Galvão era o ambicioso Athos
Filho da Cidade (Sergio Dias) – Athos (Flávio Galvão), o sobrinho mais canalha do Tio Biju (Emiliano Queiroz), foi o grande parceiro de Andréa Souza e Silva em suas trapaças. A canção falava que o personagem tinha esse comportamento por causa da sociedade injusta, o filho da cidade, era o que a cidade tinha feito dele, uma pessoa sem caráter e oportunista, um boneco nas mãos da vilã.

Só Eu Sei (Gillard) – Essa linda canção romântica serviu de pano de fundo para as incertezas da personagem Ana Machadão (Débora Bloch, uma gracinha de macacão sujo de graxa), uma menina que sofria preconceito pela sua profissão de mecânica, dai seu apelido. Era a grande inversão de profissões discutida pela novela, uma vez que ela se apaixona justamente por Tiago (Edson Celulari), que fazia balé e também sofria com esse tipo de preconceito.

A mecânica Ana Machadão e o baiularino Tiago (Edson Celulari): improvável romance
O Ganso Que Dança (Zona Sul) – Acompanhava as cenas de balé de Tiago (o excelente Edson Celulari). Nossa, como esse personagem aguentava barras duras, como ser rejeitado e deserdado pelo próprio pai, o milionário Antero Souza Filho (Mário Lago), por ser bailarino e não ser empresário como era o sonho do pai. A música também seguia o tom do preconceito “vai jogar bola amigo!” rs. rs. rs...

Jardins (A Voz do Brasil) – Outro cenário importantíssimo da novela era a academia e clinica de estética “Physical”, de propriedade da empresária e advogada Amanda (Susana Vieira, em um dos seus personagens mais simpáticos de sua carreira). Muito movimentado e frequentado por boa parte dos personagens da novela. Ganhou esse tema com um arranjo de solo de sax e um coral belíssimo. Super chique e estiloso como a academia, que tinha todas as cores vibrantes dos anos 80, só para se ter uma noção dos exageros, o uniforme dos funcionários era coral, uma cor super em alta nessa década.

Deus Nos Acuda (Fundo de Quintal) – Interpretado pelo Fundo de Quintal, um dos grupos mais tradicionais do samba carioca, o pagode de Naná e Gegê era uma delícia, e a sua letra mostrava a complicada relação entre um casal que brigava muito e mesmo assim não deixavam de ser parceiros, como em um grande jogo de futebol, assim também era a relação de companheirismo dos protagonistas da novela.

Rogério (Claudio Marzo) e Amanda (Susana Vieira): par romântico
Alguém Que Olhe Por Mim (Emílio Santiago) – Essa belíssima canção (uma versão de “Someone to watch over me”, clássico de George e Ira Gershwin) que teve a interpretação perfeita do grande Emílio, foi muito tocada na novela quando o advogado Rogério (Claudio Marzo), deu uma grande mancada em sua vida e se deixou envolver emocionalmente pela ardilosa cunhada Andréa e com isso jogou fora seu casamento estável de anos com Amanda. Arrependido e tentando a todo custo reconquistar a ex-mulher, depois de conhecer a verdadeira face de Andréa, ele sofreu muito ao som dessa canção, assim como Amanda. No final eles conseguiram se perdoar e reconstruir a relação de amor. Claudio, Susana e Natália formaram um triângulo amoroso familiar muito complicado, mas sensacional, graças ao talento do trio em cenas de tirar o fôlego.


“Cambalacho” esteve no ar de 10 de Março a 04 de Outubro de 1986, com 174 capítulos, na TV Globo. A direção ficou a cargo de Jorge Fernando.

Aladim Miguel
Setembro/ 2012.

Melão, eu e Aladim em dia de festa! 
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ARMANDO EU VOU, ARMANDO COM VOCÊ...





sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Série Memória Afetiva: 10 Trilhas Sonoras Nacionais de Novelas


Estava devendo esse post há muito tempo. Quando Wesley Vieira me propôs, logo disse que já tinha falado a respeito, mas na verdade falei de meus temas preferidos e não de trilhas sonoras inteiras. Como sei que o rapaz é aficionado por trilhas internacionais, deixei a tarefa pra ele e fiquei com as nacionais, que sempre foram minhas preferidas.
Mais do que um apanhado de hits do momento, minha seleção se baseou em trilhas que ajudam a contar a história e que mais se adequam ao estilo da trama. Lógico que também levei em conta meu gosto pelas canções. Desde os oito anos, quando adquiri meu primeiro LP, acompanho os lançamentos com frequência, mas já ouvia antes disso, através dos discos de minhas primas. Foi muito difícil escolher dez e já estou esperando pelas eventuais reclamações. Mas como sempre digo, listas são subjetivas, pessoais e intransferíveis. Cada um tem a sua e cada um sabe o que toca mais em seu coração. Vamos à minha:

10) TOP MODEL (1989)

Uma trilha sonora jovem bastante marcante, cheia de hits muito executados na época e que, principalmente, combinavam com a atmosfera leve e solar da novela, que misturava moda e surf. A princípio, todos se lembram de “Oceano” (Djavan), tema de Duda e Lucas (Malu Mader e Taumaturgo Ferreira); “À Francesa” (Marina Lima), delicioso tema de Duda nas passarelas; e “Hey Jude”, versão de Kiko Zambianchi do clássico dos Beatles, tema do surfista Gaspar (Nuno Leal Maia) e seus filhos, as três canções mais tocadas do álbum. Mas também há outros hits do momento que hoje em dia não são tão lembrados, como “Fica Comigo” (Placa Luminosa) e “Vida” (Fábio Jr.), tema da hilária doméstica Cida, interpretada pela genial Drica Moraes. Mas há canções mais obscuras que também gostava muito, como “Independência e Vida” (Rita Lee), “Babilônia Maravilhosa” (Evandro Mesquita), talvez a que mais combine com a novela; e “Bobagem”, com Léo Jaime”. Também tinha a pérola “Nega Bom Bom” (Os cascavelletes), tema do típico adolescente Ringo Starr (Henrique Farias) e seu curioso verso “punhetinha de verão”, que todo mundo adorava repetir na vitrola (risos). Mas talvez a canção que tenha envelhecido melhor e minha preferida até hoje é “Essa noite, não”, de Lobão, que vira e mexe, ouço em meu setlist. Em tempo: a trilha internacional também é incrível, mas isso já é assunto para nosso amigo Wesley.

9) CORDEL ENCANTADO (2011)
Descobri essa trilha tardiamente. Começou a me chamar a atenção na medida em que ia assistindo à novela e constatando uma incrível identificação entre as tramas e as canções. Além de canções nordestinas tradicionalíssimas e simbólicas como “Xamego”, com Luiz Gonzaga, também há o melhor da nova safra de músicos e compositores como Silvério Pessoa, Otto (com a emblemática “Carcará”) e Karina Buhr (com a deliciosa “Tum Tum”). Destaque também para a já cultuada “Maracatu Atômico”, com Chico Science e Nação Zumbi. Sem esquecer de ícones nordestinos da MPB como Caetano, Lenine, Gil (em dueto com a ótima Roberta Sá, cantando o tema de abertura), Alceu Valença (com a intensa “Na primeira manhã”), Maria Bethânia (“Estrela Miúda”, antigo sucesso do repertório de Marlene), Zé Ramalho (“Chão de Giz”) e a simplesmente arrebatadora “Melodia Sentimental”,  de Villa Lobos, com interpretação soberba de Djavan, o ponto alto da trilha. Todas casando perfeitamente com a trama. Há outras deliciosas canções interpretadas pela nova geração da MPB: “Coração”, com Monique Kessous; “Saga”, lindo arranjo e voz impressionante de Filipe Catto, “Quando assim” (Nuria Mallena) e “Beija-Flor”, com a incensada Maria Gadu, tema do par romântico central. Um acerto do começo ao fim.


8) FERA FERIDA (1993)

Lembro que minha primeira aquisição dessa trilha foi em fita k-7. Colocava à noite em meu moderno micro-system e ouvia até dormir. Tirando esse atestado de idade avançada que acabei de passar, fala muito em minha memória afetiva.  A começar pela canção-título interpretada com belíssimo arranjo e interpretada com vigor por Maria Bethânia. Um dos temas de abertura que mais combinou com a novela. Gosto de “Rio de Janeiro”, com João Bosco e “Sangue Latino”, com Renata Arruda, mas são as canções mais lentas e doces que me tocam mais nessa trilha como a magistral “Rosa”, de Pixinguinha, na voz de Marisa Monte; a arrebatadora “Corpo e Luz”, com Itamara Koorax, tema da sofrida Margarida Weber; a doce “Noites com sol”, com Flavio Venturini, tema de Áureo e Frida (Claudio Fontana e Deborah Evelyn) e a belíssima “Flor de Ir embora”, com Fátima Guedes, tema de Clara dos Anjos (Érica Rosa), canção que merecia uma personagem melhor. Mas o ponto alto da trilha é um clássico das canções de amor: “Al di la”, com Emilio Pericolli, tema do filme “Candelabro Italiano”, que aqui na novela foi belissimamente aproveitado como tema da romântica e atrapalhada Ilka Tibiriçá, em mais uma interpretação inesquecível de Cássia Kiss. A novela ainda teve um bom segundo volume de trilha nacional, mas o primeiro foi imbatível.


7) BAILA COMIGO (1981)



Curiosamente, uma das mais antigas da lista, mas que só me cativou recentemente. Na verdade, sempre fui apaixonado pela trilha internacional dessa novela que pertencia à minhas primas. Passei a infância ouvindo aquelas canções e morrendo de curiosidade pela novela. Recentemente, pude assistir e comprovar o feliz casamento das canções, todas solares, com a trama, a cara do verão da zona sul carioca do início dos anos 80.  A canção que abre o álbum, “O lado quente do ser”, com Maria Bethânia, é o tema da médica Lúcia (Natália do Vale), mas sempre achei que combinava mais com a professora de dança Joana (Betty Faria), que também tinha seu tema, “Deixa Chover”, sucesso de Guilherme Arantes e “Lua e estrela”, com Caetano Veloso, tema de Mira (Lídia Brondi). Nessa linha verão e alto astral, Marina comparecia com “Corações a mil”. Mas minhas favoritas são as mais dramáticas como “Viajante”, em visceral interpretação de Ney Matogrosso, tema do sofrido João Victor (Tony Ramos). A trilha incidental também ilustrava o drama da anti-heroína Helena, vivida pela inesquecível Lilian Lemmertz. Uma das mais curiosas é “Vida”, interpretada por Beth Goulart, uma das atrizes da novela. E também tinha a simpática “Vira Virou”, com Kleiton e Kledir, que tocava nas cenas gravadas em Lisboa, no início da novela. E pra coroar meu amor pela trilha, a capa com Betty Faria é a cereja desse delicioso bolo.


6) MANDALA (1987)

 Uma das mais comentadas e mais ouvidas em minha antiga vitrolinha. Claro que a referência maior é “O amor e o poder”, clássica, cult e tudo o mais na voz de Rosana, tema da “deusa” Jocasta (Vera Fisher). Essa, juntamente com “A paz”, com Zizi Possi, foram as faixas que arranharam de tanto que eu ouvia. Nessa linha “hit”, também há a bela e sofrida “Um dia, um adeus”, tema de Vera (Imara Reis), uma das minhas favoritas de Guilherme Arantes. Outros destaques são: a soturna “Mitos”, tema de abertura com César Camargo Mariano, talvez a que carregue maior identidade com a novela; “Bobo da Corte”, com Alceu Valença, tema do Vovô Pepê (Paulo Gracindo), que a TV Pirata pegou emprestada para ser tema do lendário Barbosa (Ney Latorraca), de “Fogo no Rabo”. Aliás, várias músicas dessa trilha também tocavam em “Fogo no Rabo”. Antes de “Celebridade” (2003), “Tema de Don Don” aparecia aqui na voz de Zeca Pagodinho. Outras faixas bastante lembradas são “Eu já tirei a tua roupa”, que só podia ser interpretada por Wando; e “Personagem”, mais uma daquelas baladas oitentistas de Fafá de Belém. Mas uma de minhas faixas favoritas é “Preconceito”, com Via Negromonte, que continua atualíssima e é uma ode contra todos os hipócritas e moralistas de plantão. Uma curiosidade totalmente pessoal e afetiva é que, na época, usava várias dessas músicas, como temas dos personagens das novelinhas que já criava naquela época. Não tem como não amar e como não lembrar.

5) LAÇOS DE FAMÍLIA (2000)


Tudo nessa trilha remetia à novela: desde as ensolaradas bossas-novas, passando pelos hits ensolarados até as baladas mais românticas. Tudo tinha cara de sol, mar e Leblon. E particularmente, também uma de minhas favoritas porque coincidiu com a época em que vim morar no Rio. Portanto, todas as músicas também ecoavam em minha fase de descoberta e encantamento pela Cidade Maravilhosa. O tema da protagonista Helena, “Como vai você”, antiga balada de Antonio Marcos, ganhou um belíssimo arranjo e uma interpretação tocante de Daniela Mercury e é uma de minhas favoritas. Impossível ouvir a canção sem se lembrar dos beijos de Vera Fischer e Reynaldo Gianecchini e o posterior sofrimento de Helena, ao abrir mão de Edu em favor da filha. Como já disse, a trilha exalava bossa-nova, desde a tradicional “Corcovado”, tema de abertura, aqui em uma versão híbrida de português e inglês na voz de João e Astrud Gilberto, com participação de Tom Jobim e Stan Getz; a adorável “Samba de Verão”, que ficou linda  e romântica na voz doce de Caetano Veloso; e “Baby”, na cultuada versão em inglês dos Mutantes, tema de Camila (Carolina Dieckmann). Outra canção que também ficou “bossanovada” foi o hit oitentista de Léo Jaime, “Mensagem de amor”, aqui na voz de Lucas Santana, num arranjo lindo demais, que foi tema da garota de programa Capitu, personagem que alçou Giovanna Antonelli ao primeiro time de atrizes globais. Fora do estilo bossa nova, tínhamos Deborah Blando, com “Próprias Mentiras”, que caiu como uma luva para a endiabrada Íris (Deborah Secco); “Solamente uma vez”, bolerão clássico na voz de Nana Caymmi, tema de Alma (Marieta Severo); “Perdendo dentes”, com Pato Fu, que também combinou perfeitamente com a personalidade de Cissa (Julia Feldens); a bonitinha “Balada do amor inabalável”, do Skank; e o pagode “O pai da alegria”, com Martinho da Vila, tema do casal popular Ivete e Viriato (Soraya Ravenle e Zé Victor Castiel). A trilha ainda trazia alguns temas internacionais como “Man, I feel like a woman”, delicioso country de Shania Twain, tema de Cíntia (Helena Ranaldi) e o clássico dos clássicos “My way”, pouquíssimo aproveitado na novela. Enfim, uma trilha pra se ouvir do início ao fim.


4) ESTÚPIDO CUPIDO (1976)


O que dizer dessa maravilha? Cresci ouvindo e até hoje morro de curiosidade pela novela, a qual só assisti aos dois primeiros capítulos, em relação às músicas. Bateu todos os recordes em seu lançamento, vendendo mais de 1 milhão de cópias e trouxe de volta todas aquelas canções memoráveis, relançando a carreira de Celly Campello, que emplacou dois de seus maiores sucessos: a canção-título e a deliciosa “Banho de Lua”, que abre o disco. Impossível ouvir e não sair dançando. Lembro que embalou várias festinhas de aniversário em minha casa. Embora o LP seja de minhas primas, acho que ouvi muito mais do que elas e talvez tenha sido o grande responsável pela minha paixão pelos anos 50 e 60. Tem opções para todos os gostos, desde as lendárias divas Maysa (“Meu mundo caiu”) e Sylvinha Telles (“Tetê”), passando pelas divertidas “Neurastênico” (Betinho e seu conjunto) e “Boogie do bebê” (Tony Campello) até os clássicos rocks da época como “Broto Legal” (Sérgio Murilo). Mas minha favorita é “Ritmo da Chuva”. A canção é tão ingênua, tão doce e, talvez por isso, sempre permaneceu em minha memória afetiva. Adoro cantarolar até hoje. Enfim, um álbum pra se ouvir sempre.


3) VALE TUDO (1988)

Outro do tipo em que as canções remetem absolutamente à trama. O tema de abertura, talvez o mais emblemático de todos os tempos, “Brasil”, na voz de Gal Costa, resume toda a novela e nos remete à clássica cena da banana de Marco Aurélio (Reginaldo Faria) para nosso país. Mas os sambas “Isto aqui o que é”, com Caetano veloso e “É”, com Gonzaguinha, também possuem uma fortíssima identidade com a novela. Outro destaque é a deliciosa “Pense e dance”, com Barão Vermelho, que nos faz recordar imediatamente às armações de Maria de Fátima (Gloria Pires), assim como “Terra dourada”, mais conhecida como “Cenário de cor”, com João Bosco, nos transporta imediatamente à Búzios, um dos cenários da novela. As baladas são um capítulo á parte: “Besame”, com Jane Duboc, que embalava o amor bandido de Fátima e César (Gloria Pires e Carlos A. Ricelli); “Todo o sentimento”, com Verônica Sabino, que inevitavelmente nos faz lembrar do sofrimento de Heleninha (Renata Sorrah); “Tá combinado”, na voz de Bethânia, tema do par romântico Raquel e Ivan (Regina Duarte e Antonio Fagundes); e a inesquecível “Faz parte do meu show”, tema de Solange e Afonso (Lidia Brondi e Cassio Gabus Mendes), a mais emocionante das canções de Cazuza. Uma trilha representativa, não só da novela, quanto da época em que foi lançada.


2) ROQUE SANTEIRO – VOLS 1 E 2 (1985/86)

Considerada por muitos a trilha sonora mais perfeita de todos os tempos. E nesse caso, elegi os dois volumes nacionais. Não consegui dissociar um do outro, tamanha a unidade entre eles. Além disso, bate forte em minha memória afetiva por ser os primeiros discos realmente meus (os anteriores a essa data eram das minhas primas ou da minha mãe), por isso, claro, ouvia sem parar na vitrolinha...(risos). E também coincidiu quando eu comecei a escrever minhas novelinhas aos oito anos de idade. Criava tramas usando minha família e meuas amigos como personagens e me apropriei dessa trilha pra ser a canção-tema deles. São tantas canções memoráveis que fica até difícil falar de todas. O volume 1 é absolutamente irrepreensível, com as mais do que clássicas “Dona” , com Roupa Nova (tem como ouvir essa música e não se lembrar da Viúva Porcina?) e “De volta pro aconchego” (Elba Ramalho), que dispensam quaisquer comentários. “Roque Santeiro” (Sá & Guarabira) e “Santa Fé” (Moraes Moreira) são completamente indissociáveis da novela. Só essas canções já bastariam para que a trilha fosse perfeita, mas também tem “Sem pecado e sem juízo” (Baby Consuelo), “Chora Coração” (Wando), “Coração Aprendiz” (Fafá de Belém) e “A outra” (Simone), que também tocavam sem parar. “Isso aqui tá bom demais”, com Dominguinhos e Chico Buarque, também é daquelas em que não imaginamos fora da novela. Como se não bastasse, o segundo volume também é sensacional e também foi um campeão de vendas à reboque de “Vitoriosa”, com Ivan Lins. Mas há outras ótimas canções super adequadas à trama como “Mil e uma noites de amor” (Pepeu Gomes), “Fruta Mulher” (Nana Caymmi) e “Entra e sai de amor” (Altay Velloso), que também foi executada maciçamente nas rádios e era o tema de amor do polêmico casal Tânia e Padre Albano (Lídia Brondi e Cláudio Cavalcanti). “Verdades e Mentiras” seguia a mesma linha da canção de Sá & Guarabira do primeiro volume, mas agora já dialogava com o segredo em torno do mito de Roque (José Wilker). Mas a minha favorita nem é das mais lembradas. Trata-se de “A hora e a vez”, com Claudio Nucci e Zé Renato que, pra ser sincero, me remete mais às lembranças de minha vida na época do que à própria novela. Até hoje quando ouço me emociono e passa um filme em minha cabeça. Inesquecível e obrigatória na coleção de qualquer noveleiro.



1) TIETA (1989)

É uma das grandes razões dessa seção ser intitulada “Memória Afetiva”. Não é necessariamente a favorita geral, mas é a minha favorita. Acho que tem grande contribuição no fato de eu ter eleito “Tieta” minha novela favorita. Todas as canções exalam nostalgia e ecoam boas lembranças em minha mente, tanto da novela, quanto de minha vida pessoal. Vou começar de cara com minha favorita, que não podia ser outra: “Coração do Agreste”, com Fafá de Belém, tema da protagonista e, ao meu ver, o mais perfeito que já existiu, pois além de contar a história da novela com perfeição, consegue descrever com maestria o sentimento de Tieta (Betty faria) com relação ao seu retorno à terra natal.  A cena da volta de Tieta à Santana do Agreste é absolutamente antológica por vários motivos, mas não teria o mesmo impacto se a canção não fosse perfeita. Além disso, a trilha também embalou a despedida da cabrita e todas as suas visitas a Mangue Seco. Impossível não ouvir essa canção e não visualizar as dunas de Mangue Seco em nossa mente. A trilha é toda perfeita, desde o tema instrumental “Segredos da Noite (Ary Sperling), que anunciava que a assustadora Mulher de Branco estava por perto, até os divertidos forrós “Paixão de beata” (Pinto do Acordeom), tema do divertidíssimo trio de beatas Perpétua, Amorzinho e Cinira (Joana Fomm, Lilia Cabral e Rosane Gofman) e “Cadê o meu amor?” (Quinteto Violado), tema da sonhadora e solteirona Carmosina (Arlette Salles). “Meia Lua Inteira” (Caetano Veloso) e “Tieta” (Luiz Caldas)   são a materialização da própria trama. E as canções românticas são um arraso: “Paixão Antiga” (Tim Maia), tema de Helena (Françoise Fourton); “Eu e você” (José Augusto), tema de Elisa e Timóteo (Tássia Camargo e Paulo Betti), “Paixão Escondida” (Fagner), tema de Carol (Luisa Tomé) e duas de minhas favoritas: “Tenha calma”, (Maria Bethânia em interpretação visceral), que embalava o romance proibido de Tieta (Betty Faria) com seu sobrinho seminarista Ricardo (Cassio Gabus Mendes) e “Tudo o que se quer”, lindo dueto de Emilio Santiago e Verônica Sabino, que embalava o romance dos pombinhos Ascânio e Leonora (Reginaldo Faria e Lídia Brondi). A trilha contou com um ótimo segundo volume, mas esse primeiro é imbatível.  Minha trilha favorita para todo o sempre. Amém!



E vocês? O melão sempre quer saber? Quais são suas trilhas nacionais favoritas?

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