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segunda-feira, 1 de julho de 2013

Blogueiro convidado: Marcelo Rissato relembra “Locomotivas”, marco da independência feminina nas telenovelas.



 Mais um convidado pra lá de especial, que nos brinda com um texto INCRÍVEL sobre uma novela, que representa um marco da emancipação feminina: “Locomotivas”, de Cassiano Gabus Mendes. Marcelo Rissato, jornalista, roteirista, fã nº 1 de Norma Blum e enciclopédia viva da teledramaturgia brasileira, não se limita a falar apenas da novela e nos brinda com todo um panorama da história das conquistas da mulher até culminar no ano de 1977, ano em que a novela estreou e não por coincidência, mesmo ano em que a Lei do Divórcio no Brasil foi aprovada. Vale lembrar que, no ano anterior, Janete Clair já tinha escrito uma novela chamada “Duas Vidas”, na qual a protagonista Leda (Betty Faria), já era separada e criava o filho sozinha. Mas a partir da trama de Cassiano Gabus Mendes é que a mulher deixou definitivamente a posição de mocinha que precisava ser salva e foi, definitivamente, à luta através da empreendedora Kiki Blanche, estreia de Eva Todor na tevê em grande estilo como a dona de um salão de beleza que era o principal cenário da novela. Marcelo, querido, obrigadíssimo pelo seu incrível texto, que não é apenas uma deliciosa viagem pelo universo da novela. É, praticamente, um tratado sobre o panorama da mulher em nossas telenovelas. Parabéns! Sem mais delongas, vamos ao texto:


MULHER, A LOCOMOTIVA MODERNA
Por Marcelo Rissato



Quando ainda estava no ar a novela “Estupido Cupido”, uma linda e divertida trama de Mário Prata em preto e branco, que teve apenas o penúltimo e último capitulo em cores, “Locomotivas”, de Cassiano Gabus Mendes, era anunciada como a nova novela das sete, “totalmente em cores”.

Assim era o primeiro anuncio da novela no dia 11 de fevereiro de 1977: Estúpido Cupido, últimos capítulos e vem ai: Loco-Motivas. Com: Aracy Balabanian, Walmor Chagas e a participação especial de Lucélia Santos. Loco-Motivas, a nova novela das sete da noite. A CORES.


 Uma trama envolvente e deliciosa que conquistava os telespectadores da época. A história girava em torno dos salões de beleza e os núcleos se encontravam nesse universo. Não era uma novela com grandes acontecimentos, porém colocava as mulheres, não só como as protagonistas da história, mas também na posição de independência e empreendedorismo, através do salão de beleza de Kiki Blanche (Eva Todor). Além disso, a novela apresentava um novo visual e uma nova forma de se expressar. Uma nova era estava começando para a televisão e para o país.

Talvez esse contexto envolvendo a mulher não tenha sido adotado em vão pelo autor Cassiano Gabus Mendes. Era uma época de mudança e a mulher estava em evidencia. Se destacava em vários segmentos da sociedade e o ano de 1977 era o protagonista para elas.

Mulher – A História

Sabe-se que o mundo sempre pertenceu aos homens e que a mulher de acordo com a história ficou limitada aos afazeres do lar, ficando habitualmente excluída de papéis relevantes para a sociedade. Também é conhecido o fato de homens estarem acostumados a justificar seu predomínio não somente ressaltando que a sua posição dominadora é a natural, como também que a sua dominação resulta da inferioridade da mulher. Contudo, sabe-se hoje que o rótulo de inferioridade teve como causa o contexto histórico, a falta de acesso à cultura e, como consequência, o confinamento no lar.
Acredita-se que desde os primórdios dos tempos, a discriminação feminina acabou exercendo sobre a sociedade uma conscientização e, a partir daí, surgiram reflexões sobre o que o assunto pode ajudar na luta em prol da igualdade social, política e liberdade de expressão das mulheres. No entanto, foi a partir do inicio do século passado que a situação começou a mudar.

Dia Internacional da Mulher

Talvez o episódio na Fábrica de Tecidos Cotton nos Estados Unidos em 8 de Março de 1857, tenha sido o ponto de partida para que em 8 de março de 1910, na Dinamarca, fosse finalmente instituída essa data como o “Dia Internacional da Mulher”, devido às mortes que ocorreram em virtude da greve que resultou no desaparecimento de aproximadamente 130 tecelãs que foram carbonizadas propositalmente pelo proprietário da fábrica e pela policia.


Com a eclosão do movimento feminista e os estudos de gênero, se constituíram nos fatos que forçosamente provocaram na sociedade uma mudança de atitude, diante das reivindicações que se fazia. A luta dos grupos de mulheres contra o preconceito parecia, assim, tomar forma. Apesar de importantes conquistas, a condição da mulher, ainda na sua maioria, era de submissão e explorada pelo próprio sistema. Há que se considerar, também, que na espécie feminina e dentro de cada mulher, ainda restam as sobras da teimosa crença de que todas as mulheres são inferiores a qualquer homem; e em cada homem, seja ele liberal ou libertino, uma antiga voz interior ainda concorda com essa inferioridade.

O Divórcio e a Locomotiva

Constatou-se que a época decisiva para que a mulher pudesse conquistar um lugar merecido na sociedade, se desse nos primórdios do século XX. Muitas foram as batalhas enfrentadas, contudo a conquista se deu com o que pode-se chamar de “Lei Áurea Feminina”, ou seja, uma metáfora de sua libertação que ocorreu em 1977. A mulher casava para se livrar do cativeiro do pai e se tornava cativa do marido. Com a Lei 6515 de 26 de dezembro de 1977, a Lei do Divórcio, ela adquiria finalmente sua independência, iniciando assim uma nova fase no seu comportamento, no qual transformou a figura feminina na “locomotiva moderna”, desempenhando o papel de comandante.  Apesar de tantas dificuldades, as mulheres conquistaram um espaço de respeito dentro da sociedade, mesmo que as relações entre o gênero feminino e o masculino ainda não sejam de total igualdade e harmonia. 

Entretanto, evoluindo o homem através dos múltiplos fatores que impulsionaram o gigantesco progresso da ciência, da arte, da filosofia e da moral, a subordinação feminina foi-se tornando quase inexistente. Assim, vê-se hoje a mulher, senão ao lado do homem no desempenho de todas as atividades que a este diz respeito, pelo menos desfrutando de uma liberdade maior, quer como companheira no lar ou no mercado de trabalho, com direitos e garantias que lhe foram negados no passado.

Assim, na luta pela legitimação dos seus direitos, muitas barreiras ainda precisam ser quebradas, muitos direitos precisam ser conquistados e muitas medidas preventivas e punitivas precisam ser levadas a cabo, mas enquanto ainda não acontece, a admiração e o respeito pelas mulheres devem prevalecer.
  
Anos “70” - A Mulher Locomotiva


 Para a mulher, os anos 70 representaram um marco na sua independência perante a posição masculina no âmbito social. Isso se refletiu na literatura e automaticamente na televisão. Em 1977 o saudoso Cassiano Gabus Mendes trazia para a TV uma novela que retratava exatamente esse universo feminino. Era o tempo das Locomotivas. Ao som da música “Maria Fumaça”, interpretada pelo grupo “Black Rio” na abertura, embalada ainda na trilha pela música de mesmo nome da novela, Locomotivas, por Rita Lee, a novela encantava homens e mulheres com a saga da ex-vedete Kiki Blanche (Eva Todor), que tinha apenas uma filha legitima e um filho e as outras eram adotadas. Com muito charme, uma novela deliciosa e sofisticada que trazia as cores para o horário das sete. Era o inicio de uma nova era para a televisão e para as mulheres.

A ex-vedete Kiki Blanche / Maria Josefina Cabral (Eva Todor) possuía no Rio de Janeiro um salão de beleza onde muitas das personagens se encontravam. Sua filha legitima Milena (Aracy Balabanian) e os adotivos Paulo (João Carlos Barroso), Renata (Thais de Andrade), Fernanda (Lucélia Santos) e a caçula Regininha (Gisela Rocha) conduziam os encontros e desencontros dessa deliciosa história. O grande conflito ficou em torno de Fernanda, que se apaixonou por Fábio (Walmor Chagas), que amava Milena. Essa por sua vez, abria mão do amor em prol da irmã adotiva, uma vez que sabia que Fernanda, na verdade, era sua filha legitima. A revelação só veio no último capitulo, quando Fernanda desistiu de vez de Fábio ao descobrir que sua irmã era a sua verdadeira mãe.

Triângulo amoroso central da novela

 Em outro núcleo, Netinho (Denis Carvalho) vivia cercado pelo amor possessivo de sua mãe (Miriam Pires), ao som da música “Filho Único”, interpretada por Erasmo Carlos, o jovem se apaixonou por Patrícia (Elisângela) e não teve seu amor abençoado pela mãe, sem perceber que o seu grande amor morava ao lado: era a sua vizinha Celeste (Ilka Soares). Quando Dona Margarida descobriu, o casal sofreu, lutou por esse amor e ficou junto no final.

Ainda tinha o português Machadinho (Tony Corrêa) que namorava com Gracinha (Maria Cristina Nunes) e sofria com as intrigas de sua falsa amiga Lurdinha (Teresa Sodré), porém o rapaz acabou se rendendo aos encantos da antagonista da trama, Fernanda (Lucélia Santos). 

Lucélia Santos e Tony Correa em cena
Cassiano Gabus Mendes foi um mestre na teledramaturgia brasileira e responsável por grandes sucessos da televisão com obras memoráveis, como “Anjo Mau, Elas por Elas, Tititi, Brega & Chique, Que Rei Sou Eu?” e muitas outras. “Locomotivas” não foi uma novela em vão, muito menos teve um texto banalizado. Ela marcou sua época trazendo a mulher como comandante de um trem que podemos chamar de “Trem da vida”, esse que até então tinha como maquinista os homens e com a novela, Kiki mostrava que as mulheres eram capazes de assumir esse comando com maestria. Na época, talvez muitas pessoas não entendessem a razão da novela levar o nome ligado a um trem e o logotipo ser uma mulher com a parte inferior de um biquíni a mostra, que soava ousado para aqueles tempos. Mas, Cassiano já tinha os olhos voltados ao futuro, pois com a Lei do Divórcio (6515/77) do mesmo ano da novela, a mulher adquiria sua liberdade podendo tomar as rédeas de sua vida, casando-se, separando-se, tendo filhos com pai ou sem e ainda trabalhando livremente, saindo de um cativeiro em que vivia e sendo a cabeça desse trem, ou seja, sendo a Locomotiva. 

Elenco feminino da novela
As Mulheres na Televisão 

Não só em Locomotivas que a mulher estava sendo representada naquela época. A TV Globo trazia a mulher em muitas de suas obras. Às 18 horas Dona Xepa, que era escrita por Gilberto Braga e adaptada da obra de Pedro Bloch, mostrava a mulher feirante e sem o marido que trabalhava para manter a casa e sendo a comandante do seu lar. Várias outras novelas da época principalmente do horário das 18 horas trazia a mulher como a protagonista, muitas eram adaptações de obras literárias como Nina, Sinhazinha Flô, Maria-Maria, Gina, A Sucessora, Cabocla e várias outras. Era o inicio de uma mudança que não só na dramaturgia estava presente, mas numa sociedade que durante muito tempo deixou a mulher numa camada neutra e que naqueles tempos, marcava uma nova era.

Nas séries a mulher também estava presente. Ciranda Cirandinha mostrava uma juventude em busca de sonhos e liberdade e em 1979 era a vez de Malu Mulher que representou muito bem a mulher separada, uma vez que já no episódio piloto era abordado o processo de separação de Malu (Regina Duarte) e Pedro Henrique (Dennis Carvalho), intitulado “Acabou-se o que Era Doce”.

Após os anos 80, a mulher vinha sendo representada com mais ênfase, podendo trabalhar, casar, separar e ir em busca de seus sonhos como qualquer ser humano na televisão e na sociedade. Mas isso já é outra história...

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ALGUMAS CURIOSIDADES:


  • “LocoMotivas” foi a primeira novela das sete totalmente em cores;
  • Nos créditos, Eva Todor assinava ainda como Eva Tudor, porém seu nome verdadeiro é EVA FODOR, que foi alterado logo que chegou ao Brasil devido à conotação errônea que poderia acontecer.
  • Nos créditos todas as escritas vinham em letra maiúsculas.
  • Era a segunda novela de Lucélia Santos
  • Eva Todor estreava.
  • A televisão exibia as cenas dos próximos capítulos e não do próximo capitulo como nas novelas dos anos 80.
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MARCELO RISSATO é escritor, jornalista, fotógrafo e colunista da Revista “Super Novelas”.

Marcelo Rissato, o melão e eu.
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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Melão entrevista Rogéria Gomes: uma dama a serviço de grandes damas.




Rogéria Gomes é jornalista de formação e fã de teatro desde criancinha. Professora universitária, uniu suas duas paixões pela primeira vez ao levar os alunos ao teatro, fazendo com que eles conhecessem os atores e realizassem trabalhos sobre os espetáculos. Recentemente, ela uniu essas duas paixões mais uma vez ao lançar o livro “As grandes damas e um perfil do teatro brasileiro”, que narra a trajetória de nosso teatro através do depoimento de nove grandes damas de nossa dramaturgia: Bibi Ferreira, Eva Todor, Eva Wilma, Beatriz Lyra, Norma Blum, Laura Cardoso, Ruth de Souza, Nicette Bruno e Beatriz Segall, estrelas também sempre presentes em nossa televisão. Imperdível para quem aprecia o talento dessas grandes atrizes! Melão estende o tapete vermelho para essas grandes damas e reverencia Rogéria Gomes pelo incrível trabalho de preservação de nossa memória cultural. A autora concedeu uma deliciosa entrevista. Confiram!

Pra começar, fale um pouco de sua trajetória profissional e de que forma você uniu sua carreira com a paixão pelo teatro.
Rogéria Gomes - Escolhi ser jornalista como primeira opção mesmo. Desde pequena sempre gostei de escrever e minha brincadeira predileta era ser ‘professora’ das minhas bonecas e das avós. Era uma delicia! Acho que desde esta época fui gostando da ideia. Além disso, sou uma pessoa que gosto de gente, de conhecer pessoas, de observar fatos, uma característica bem peculiar do ramo jornalístico. Decidi-me pelo jornalismo cultural ainda na universidade, pois reafirmei o que sempre acreditei: sem memória não se constrói uma nação.
Quanto ao teatro, creio que devo à minha mãe, uma apreciadora e frequentadora assídua de teatro. Com ela assisti às primeiras peças infantis que até hoje povoam meu imaginário criativo. Daí pra frente nunca parei, sou uma boa plateia. É um grande prazer estar no teatro e ter a oportunidade de ver o mundo com os olhos da arte. Por esta paixão comecei a estudar e pesquisar o assunto.



Como surgiu a ideia do livro e como se deu a escolha das atrizes retratadas?
Rogéria Gomes - O livro surgiu por esta lamentável lacuna cultural que vivemos tão de perto em nosso país. Quando professora universitária percebia a total falta de informação de meus alunos na área cultural, em especial às artes cênicas. E eram alunos do curso de jornalismo, e muitos nunca haviam ido a um teatro, assistido a uma peça sequer. Isso me chamava a atenção de forma negativa. Com eles iniciei um processo pouco feito ate então, sugeria aulas a partir de peças teatrais. Íamos ao teatro, muitas vezes os atores conversam após os espetáculos com eles e depois eu solicitava um trabalho curricular.  Ao deixar a universidade fiquei com esta questão sempre latente. Assim surgiu a ideia de escrever um livro que guardasse a memória tão importante e rica do teatro brasileiro e que de alguma forma despertasse o interesse das pessoas pelo teatro.  As atrizes escolhidas vieram em decorrência da parte histórica do livro, pois todas fizeram parte da construção do teatro relatada nesta primeira parte.

Como foi o processo de escritura do livro? Você se encontrava periodicamente com as atrizes? Quanto tempo durou essa fase de entrevistas e coleta de informações?
Rogéria Gomes - O processo foi gratificante e prazeroso, tive a chance de conhecê-las ainda mais. Decidi por depoimentos individuais e os encontros não foram tantos, pois estas atrizes eu já havia entrevistado algumas vezes ao longo da profissão. Do inicio a conclusão levei em torno de um ano, excluindo a parte de pesquisa que já vinha acontecendo.

O que destacaria de cada uma das atrizes selecionadas? O que faz de cada uma delas uma grande dama?
Rogéria Gomes - Em todos percebi muita coisa comum, mas especialmente a dedicação, o aprimoramento profissional e a determinação. Sem contar a paixão pelo  oficio que exercem, exalam até no olhar.  São incansáveis nestes quesitos.  Essas virtudes aliadas ao talento pessoal as credenciam, sem dúvida, ao patamar das ‘grandes damas’ que são.

A autora com algumas das damas do livro: Eva Todor, Ruth de Souza, Norma Blum e Bibi Ferreira
  
Todas as atrizes do seu livro também possuem uma sólida carreira na televisão. Você contemplou também um pouco da carreira televisiva delas ou deu total ênfase ao trabalho nos palcos?
Rogéria Gomes - Procurei privilegiar as atuações cênicas onde todas começaram, e podemos dizer é a base mais sólida do ator, já que a proposta central do livro é contar a história do teatro no Brasil. Mas ao longo dos depoimentos falamos também dos importantes papeis que interpretam na tevê. Vale comentar que Bibi Ferreira é a única exceção, nunca fez televisão, apenas quando apresentou um programa de variedades  nos anos 60 na TV Excelsior com sucesso.

Pretende dar continuidade ao projeto com novos volumes contemplando outras grandes damas ou, até mesmo, ícones masculinos de nosso teatro?
Rogéria Gomes - Sim, já estamos em fase de negociação para dar continuidade ao projeto e contemplar também os atores, igualmente importantes e talentosos e algumas outras atrizes de mesmo porte. Ainda não temos previsão do lançamento, mas já estamos alinhavando. Ainda sou muito convidada a falar deste primeiro, que graças a Deus tem dado ótimos frutos, superando nossas expectativas.

Além de amante do teatro, você também é noveleira?  Na sua opinião, qual o papel da telenovela na vida do brasileiro?
Rogéria Gomes - Gosto de novela sim, em especial as que tratam de temais atuais e das chamadas de ‘época’ pela importância histórica. Não sou telespectadora assídua, mas sempre que posso assisto, em especial quando o tema me é relevante. Acredito que a telenovela influencia muito a sociedade em sua forma de pensar e agir, podendo mudar conceitos e opiniões, daí a importância do conteúdo que propõe. A tevê ainda é o veiculo de comunicação mais presente, está na vida cotidiana de todos nós e, portanto, deve estar atenta a cumprir o dever de informar e fazer pensar.

Foto: Marcelo Rissato

Agradecimentos: Marcelo Rissato
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Entrevista: Nilson Xavier – enciclopédia televisiva.




terça-feira, 18 de setembro de 2012

“Top Model”: valeu a pena ver de novo



Os filhos de Gaspar: Olívia (Gabriela Duarte), Elvis (Marcelo Faria), Ringo (Henrique Farias), Jane (Carol Machado) e Lennon (Igor Lage)

Hoje vai ao ar, pelo Canal Viva, o último capítulo da reprise de “Top Model”, novela de Walther Negrão e Antonio Calmon que marcou toda uma geração. E, concidentemente, há exatos 23 anos atrás, dia 18 de setembro de 1989, a Globo exibia o primeiro capítulo da novela, que na época de seu encerramento, deixou muitas saudades e uma legião de fãs, principalmente crianças e adolescentes, todos desejando ser um dos filhos de Gaspar (Nuno Leal Maia), ter nome de astros do rock e do cinema e viver naquela casa super animada à beira da praia.

Pra quem, como eu, era adolescente na época, foi um verdadeiro deleite e um retorno no tempo acompanhar a novela. Mas as gerações seguintes também gostaram de conhecer a trama que sempre ouviram falar bem. Claro que, muitos anos e dezenas de novelas depois, nosso olhar é outro e hoje, bem mais crítico, consigo reconhecer que não se trata de uma novela perfeita. Pelo contrário, a trama muitas vezes, foi conduzida em banho-maria, sustentando-se apenas pelo carisma dos personagens, interpretados por um ótimo time de veteranos e por um surpreendente elenco jovem, talvez o melhor elenco adolescente já reunido em uma novela. Todos os garotos e garotas foram muito bem construídos e pareciam de carne e osso, não ficavam o tempo todo proferindo um amontoado de gírias e tendo atitudes “modernas” que sempre soam forçadas em tramas adolescentes. O mais bacana é que eles não eram apenas filhos de alguém. Todos tinham o mesmo peso dos personagens adultos. A trama das irmãs Olívia e Jane (Gabriela Duarte e Carol Machado), por exemplo, apaixonadas pelo mesmo garoto, Artur (Jonas Torres), foi conduzida com extrema sensibilidade, sem vilanizar nenhuma das duas, mostrando, sobretudo, que o amor que uma sentia pela outra sempre foi maior do que qualquer rivalidade.



Maria Zilda: destaque positivo
 Outro aspecto positivo da trama foi a ausência de maniqueísmo e estereótipos. A mocinha não era tão mocinha, o vilão, muitas vezes, foi humanizado, o herói tinha um pé na marginalidade e o grande paizão da trama, em vários momentos, não passou de um garotão irresponsável. Um bom exemplo disso foi a personagem Marisa (ótima atuação de Maria Zilda Bethlem), que começou a trama parecendo ser mais uma vilã corriqueira, mulher interesseira que abandona o irmão pobre, a quem ama, pra ficar com o irmão rico. Mas Marisa foi muito além e teve uma trajetória bastante interessante, chegando, em um determinado momento, a assumir o controle dos negócios da família, para depois se tornar riponga, desmemoriada, chegando ao cúmulo de aconselhar a rival Naná (Zezé Polessa) a conquistar seu próprio marido. E em todos esses momentos, Maria Zilda se saiu muito bem, sempre imprimindo leveza e bom humor. Zezé Polessa e Drica Moraes foram as grandes revelações adultas da novela. Zezé, como uma adorável faz-tudo eternamente apaixonada por Gaspar. Quem não gostaria de ter uma Naná em casa? Já Drica, na pele da “empreguete” Cida, provocou muitas gargalhadas como a doméstica apaixonada por bandido que virou cantora (quem disse que a Cida de “Cheias de Charme” foi a pioneira?).

Eva Todor e Zezé Polessa: diversão garantida na trama

Outro grande destaque do time dos veteranos foi Eva Todor, que brilhou na pele da atrapalha avó Morgana e fez uma dupla adorável com o saudoso Luiz Carlos Arutin. Nos momentos em que a trama não andava, era Morgana quem garantia a diversão, sempre com um texto inspirado. E para fazer justiça, é impossível não citar Cecil Thiré, que simplesmente arrasou como o doentio vilão Alex Kundera, outro personagem muitíssimo bem construído. Alex não era um monstro 100% do tempo. Claro, era um psicopata que não conseguia conviver com a inveja que sentia pelo irmão, mas também tinha dimensão humana: sofria por amor e demonstrava afeto pelo filho Alex Júnior (Rodrigo Penna). Um papel que só podia mesmo ter sido vivido por um grande ator como Cecil Thiré.

Cecil Thiré na pele de Alex Kundera com Rodrigo Penna: ator brilhou na pele de vilão
Já o par romântico central da trama não funcionou como deveria. A heroína Duda (Malu Mader) começou forte e decidida, mas foi enfraquecendo no decorrer da novela e desistiu com muita facilidade de seu amor por Lucas (Taumaturgo Ferreira), mostrando-se, muitas vezes, mimada e egoísta. Além disso, os autores mantiveram o casal separado na novela por muito tempo. Nesse meio tempo surge Giulia (Alexandra Marzo em seu melhor momento na tevê), para arrebatar o coração de Lucas e promover o antagonismo com Duda. Nesse caso, a ausência de maniqueísmo contou a favor de Giulia, já que ela estava bem distante das características de uma vilã. Ao contrário, Giulia era amiga, simpática, companheira, generosa, determinada, enfim, adorável, tudo o que Duda não foi. Resultado: houve uma imensa torcida para que Lucas ficasse com Giulia e não com Duda, que chegou a ficar ausente da trama justamente nos capítulos finais. Até mesmo a reconciliação de Lucas e Duda foi promovida por Giulia que, se não foi a heroína da trama, teve mais atitude de heroína do que a mocinha original, que nada fez para lutar por seu amor.

Luiz Carlos Arutin e Alexandra Marzo: fotografados de minha tevê

A trilha sonora também foi um caso à parte. Poucas vezes, canções e trama combinaram tão bem em uma novela e muitas delas se tornaram memoráveis. Impossível não ouvir “Stairway to Heaven” e “Hey Jude” e não se lembrar de Gaspar e sua família. Ou “Oceano” e “Right here waiting”, que nos remetem imediatamente ao romance de Duda e Lucas, da mesma forma que “Wish you were here”, com os Bee Gees, vai sempre nos lembrar de Giulia. “Stay”, com Oingo Boingo e “À francesa”, com Marina Lima, também são exemplos de canções que sempre irão nos remeter à novela. A lista é grande...

Lucas e Duda: casal ficou distante demais durante a trama
Enfim, mesmo não tendo o ritmo de uma novela que se espera que tenha nos dias de hoje, em que os espectadores querem uma novidade por minuto, “Top Model” manteve seu charme, seu frescor da época com sua trama ensolarada e alto astral. Valeu a pena ver de novo e pra sempre valerá. 

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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Série Memória Afetiva: grandes damas da televisão


Nunca escondi minha predileção por atrizes. Claro que aprecio o trabalho de um grande ator e muitos deles já habitam no panteão de minha memória afetiva. Mas o fascínio que elas exercem em meu imaginário é inexplicável. Nada é mais poderoso e impactante do que uma atuação feminina. Para dar continuidade a essa homenagem a elas, já que eu já criei um post especial sobre as grandes estrelas da tevê (leia aqui), agora resolvi reverenciar as grandes damas, as essenciais, que carregam toda a bagagem teatral e, embora nem sempre ganhem o posto de protagonistas, são imprescindíveis em qualquer novela. Claro que toda lista é subjetiva, sobretudo as deste blog, assumidamente afetivo. Sei que devo estar cometendo alguma terrível injustiça ao ser traído por minha própria memória, mas mesmo as grandes atrizes que não constam nessa lista, toda minha reverência, respeito e admiração.
Mas as favoritas do melão são elas:

ROSAMARIA MURTINHO



Na verdade, é a grande inspiração desse texto. Tudo o que disser será pouco diante do encantamento que tive com sua arrebatadora atuação como Tia Magda em “O astro” (2011). Em contraponto perfeito com o furacão Clô Hayalla (magistralmente vivida por Regina Duarte), a Tia Magda de Rosamaria Murtinho teve sua personalidade introvertida construída nos detalhes, nas sutilezas, de maneira artesanal, que só mesmo uma atriz com grandes recursos seria capaz. Rosamaria conseguia transmitir toda a amargura e a melancolia de Magda apenas pelo olhar. Ela brilhou intensamente durante toda a novela, mas foi no último capítulo que conseguiu arrancar lágrimas do público ao explodir e deixar transparecer todo o seu rancor, seu ressentimento e sua inveja pela sobrinha Clô. E a cena em que Magda se suicida entrou simplesmente para a antologia das grandes cenas. De cara limpa, com uma coragem absurda, Rosamaria mostrou porque é realmente uma das maiores atrizes desse país. Até então, sua esfuziante Romana Ferreto de “A próxima vítima” era minha personagem favorita da atriz. Mas Magda me arrebatou completamente e recolocou Rosamaria no centro das atenções. Minhas primeiras lembranças da atriz datam das comédias oitentistas de Sílvio de Abreu como “Cambalacho” (1986) e “Jogo da Vida” (1981), mas essa moça veio de longe. Desde os tempos da Excelsior, já brilhava na constelação televisiva de nosso país e forma com Mauro Mendonça um dos casais mais simpáticos e admirados de nossa tevê. Foi uma honra trabalhar com você e já estou ansioso pelo próximo encontro.

FERNANDA MONTENEGRO



Talvez seja a grande unanimidade de nosso país. Sua indicação ao Oscar foi um grande reconhecimento mundial, mas o que Hollywood só descobriu há alguns anos atrás, nós, brasileiros já conhecíamos e desfrutávamos de longa data: seu avassalador talento. São muitas Fernandas em uma só: a adorável cambalacheira Naná, de Cambalacho (1986); a terrível Bia Falcão de “Belíssima”(2005); a tresloucada Charlô, de “Guerra dos Sexos” (1993); a mística Vó Manuela de “Riacho Doce” (1990); a aventureira Zazá (1997); a cosmopolita Lulu de Luxemburgo de “As Filhas da Mãe” (2001); a dominadora Chica Newman, de “Brilhante” (1981); a deliciosa Olga Portela de “O dono do mundo” (1991), só pra citar algumas de suas grandes personagens. A cafetina Jacutinga de “Renascer” (1993) é absolutamente inesquecível. Fica até difícil destacar um personagem dentre tantas interpretações perfeitas. Mais difícil ainda é dizer algo de Fernanda que ainda não tenha sido dito. Dona de todos os recursos, referência total de qualidade e competência. Vida longa para La Montenegro.


NICETE BRUNO

 A primeira imagem que temos de Nicete é de seus personagens doces e simpáticos, mas quem a assistiu como a perversa Úrsula de “O amor está no ar” (1997) ou como a amargurada Isolda de “Louco Amor”, conhece o imenso potencial da atriz que atualmente vem dando show como a amorosa Iná, avó das personagens de Fernanda Vasconcelos e Marjorie Estiano em “A vida da gente” (2011). Também podemos comprovar atualmente outra faceta de Nicete como a divertida perua Juju, que não suporta ser chamada de Julieta pelo marido em “Mulheres de Areia” (1993). Provocou risadas na plateia muitas outras vezes, como em “Alma Gêmea”, em que infernizava a vida do genro vivido por Fúlvio Stefanini. Não tem quem admire essa atriz de sorriso cativante. Casada com Paulo Goulart, também forma um dos casais mais queridos do meio artístico.



EVA TODOR

Estamos acostumados a vê-la sempre no papel de senhorinha irreverente e atrapalhada, mas sua Santinha Rivoredo de “Sétimo Sentido” (1982) revelava uma faceta extremamente dramática da atriz e grande capacidade de criar megeras. Verdadeiro ícone do teatro, teve estreia tardia da Rede Globo em Locomotivas (1977) como a matriarca Kiki Blanche, dona do salão onde se passava a maioria dos conflitos da novela. Outro momento de destaque foi na minissérie “Hilda Furacão” (1998) em que deu vida a Loló, uma conservadora senhora da tradicional família mineira dos anos 50, que fazia de tudo para destruir Hilda e toda a zona do baixo meretrício de Belo Horizonte. Mas os papéis irreverentes são realmente sua especialidade, que sempre dão um sabor especial às produções das quais faz parte.



CLEYDE YÁCONIS


Irmã da lendária Cacilda Becker, Cleyde também é daquelas atrizes superlativas, que defendem com dignidade qualquer papel. Ela convence tanto quanto a perua falida Isabelle em “Rainha da Sucata”, quanto as avós amorosas que viveu em “Vamp” (1991) e “Eterna Magia” (2007). A matriarca Guilhermina Taques Penteado, de “Ninho da Serpente” (1982) é um de seus grandes papéis na tevê. Mas a doce Melica, de “Os ossos do Barão”, remake do SBT, também tem um grande número de admiradores. Recentemente, pudemos rever Cleyde como um dos grandes destaques de “Passione” (2010), como Dona Brígida, a assanhada velhinha que mantinha um caso com o motorista Diógenes, vivido por Elias Gleiser. Ela é a razão de ser de produções pouco memoráveis como “Sex Appeal” (1993), mas também pode ter apenas um delicioso momento como em grandes produções como a minissérie “Um só coração” (2005), em que viveu ela mesma. O fato é que Cleyde Yáconis é indispensável e marcante em qualquer produção.


RUTH DE SOUZA



Essa foi uma grande desbravadora. Não chegou a ser a primeira negra a protagonizar uma novela (Yolanda Braga protagonizou “A cor da sua pele”, na Excelsior em 1964), mas certamente foi a mais marcante ao protagonizar “A cabana do Pai Tomás”, em 1969. Ganhou notoriedade no cinema com o filme “Sinhá Moça”, de 1953, inspirado no romance que mais tarde também viraria novela em 1986, na qual fez sucesso como Balbina, ao lado de Grande Otelo, formando um dos mais adoráveis casais da novela. É sempre uma presença agradável em cena, como em “O clone” (2001) em que vivia Dona Mocinha, a avó do clone Léo (Murilo Benício). Também teve um papel marcante em “O bem amado” (1973) ao lado de Milton Gonçalves. Atualmente, tem uma presença bissexta nas telas, mas sempre com muito brilho e interpretando todo tipo de papel, desde juízas a mães de santo. Se hoje temos Taís Araújo, Camila Pitanga e Sheron Menezes em papéis de destaque nas novelas, é porque no passado tivemos Ruth de Souza abrindo caminho para o artista negro no Brasil.


BEATRIZ SEGALL


Talvez as grandes vilãs, sobretudo Odete Roitman, a tenham marcado de maneira indelével em nossa teledramaturgia, mas Beatriz Segall já provou que é capaz de dar vida a diferentes tipos de personagens. Recentemente, a vi no teatro ao lado de Herson Capri no espetáculo “Conversando com mamãe”, em uma atuação comovente e convincente como uma simplória dona de casa. Na tevê, foi desde a alpinista social Lourdes Mesquita em “Água Viva” (1980) à idealista cientista Miss Brown em “Barriga de Aluguel” (1990), passando pela fogosa Stela, frequentadora do Clube das Mulheres em “De Corpo e Alma” (1992). Apesar das grã-finas serem sua especialidade, já foi uma mulher pobre moradora de vila em “Champagne” (1984). Uma personagem que gostava bastante era a quatrocentona falida Clô, da segunda versão de “Anjo Mau” (1997), em ótima dobradinha com a saudosa Ariclê Perez e fazendo um par comovente com José Lewgoy. Embora as madames sejam sua especialidade, La Segall é bem mais do que isso.


NATHALIA TIMBERG



Mais uma representante do que temos de mais nobre em nossa teledramaturgia. Recentemente, voltou a cativar o público na reprise de “ValeTudo” com a doce e submissa Tia Celina, em excelente contraponto com a diabólica Odete Roitman de Beatriz Segall. Mas diabólica é algo que Nathalia também sabe ser, como provou em “Força de um desejo” (1999) como a maquiavélica Idalina. Outra vilã gilbertiana vivida muito marcante foi a mesquinha Constância Eugênia, de “O dono do mundo”. Na primeira versão de “Ti Ti Ti” (1985), pôde flertar com o nonsense ao interpretar a desmemoriada Cecília. A atriz já emociona o país há muito tempo, como no megassucesso “O direito de Nascer” (1965). Em “A Rainha Louca” interpretou tanto a mocinha, quanto a vilã. Como queria ter assistido... O fato é que, mesmo com papéis sem grandes possibilidades como a recente Vitória Drummond em “Insensato Coração” (2011), é sempre uma presença digna e brilhante em cena.


LAURA CARDOSO



Uma das atrizes mais constantes em nossa tevê, que também transita por diferentes tipos desde os tempos da Tupi. Minha primeira lembrança dela foi na novela “Pão pão beijo beijo”, na pele da nordestina Donana. A partir daí, uma infinidade de tipos me vem à mente, como a autoritária matriarca indiana Laksmi de “Caminho das Índias” (2009) ou a simpática Glória, da atual temporada de “A grande Família”. Meus personagens favoritos são a Isaura, mãe das gêmeas Ruth e Raquel, que tinha uma clara preferência pela última em “Mulheres de Areia” (1993) e Dona Guiomar, a amável sogra de Raul (Miguel Falabella), que passa a repudiá-lo após ser possuída pelo espírito de Alexandre em “A viagem” (1994). Uma verdadeira operária da tevê que já viveu praticamente todo tipo de personagem.


ARACY BALABANIAN



Dá pra acreditar que a tresloucada Dona Armênia de “Rainha da Sucata” (1990) e a austera matriarca Filomena Ferreto de “A próxima vítima” (1995) foram vividas pela mesma pessoa? Versatilidade é pouco pra definir essa atriz, que brilha desde os tempos da Tupi. Suas atuações são tão marcantes que até hoje minha tia Marilza comenta sobre uma ou outra cena das mocinhas que interpretadas por Aracy em “Antonio Maria” e “Nino, o italianinho” nos longínquos anos sessenta. Minhas primeiras lembranças são oitentistas, claro, como a amarga Marta de “Ti Ti Ti” (1985) ou a dominadora Helena de “Elas por elas” (1982). Capaz de ir ao mais intenso dos dramas às comédias mais histriônicas como a Cassandra do humorístico “Sai de Baixo”, é uma das atrizes mais completas que temos.


EVA WILMA


Talvez a primeira grande estrela da tevê. Já fazia sucesso nos anos 50 ao lado de John Herbert em “Alô Doçura”, uma das primeiras sitcons brasileiras. Foi estrelíssima na Tupi, principalmente nas novelas de Ivani Ribeiro como “A barba Azul”, “A viagem” e “Mulheres de Areia”. A partir dos anos 80, viveu papéis de destaque na Rede Globo em novelas como “Ciranda de Pedra” (1981), “Elas por elas” (1982) e “Roda de Fogo” (1986). A endiabrada Altiva de “A indomada” (1996) é um de seus papéis mais marcantes, diametralmente oposto à equilibrada médica Marta no seriado “Mulher” (1998). Um de meus personagens favoritos é a submissa Hilda de “Pedra sobre Pedra” (1992). A cena em que ela toca piano para “acalmar” a lua para tentar impedir que Sérgio Cabeleira (Osmar Prado) seja levado por ela é das mais bonitas, emocionantes e delicadas que já vi. Mais uma atriz de múltiplos recursos, que vai dos tipos mais introvertidos às mulheres mais loucas e exageradas. Uma grande estrela que se transformou em grande dama.

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