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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Entrevista: José Marques Neto, um arqueólogo televisivo!

                                                                                                                                                                    
DO MOFO PARA O MELÃO...


Não é exagero chamar meu querido amigo Neto de um verdadeiro arqueólogo da TV. Além do cara gostar e saber tudo do assunto, possui um invejável acervo de pérolas televisivas, como podemos constatar na foto ao lado, que vão desde cenas e momentos inesquecíveis de novelas e programas em geral até àqueles momentos totalmente “cult”, que seriam totalmente esquecidos se não existisse o Canal “Mofo TV”, que ele criou e mantém no Youtube e há muito já ultrapassou os milhões de acessos.  Além disso, mantém um blog com o mesmo nome, que também privilegia o melhor de nossa memória televisiva.

José Marques Neto nos concedeu uma bela entrevista, na qual nos conta um pouco de tudo:  sua experiência em programas como “Domingão do Faustão” e “Video Show”, de como surgiu a ideia de criar o “Mofo TV”, de suas melhores lembranças televisivas e quais os rumos da teledramaturgia na opinião dele. Como se não bastasse todo o conhecimento e sabedoria acumulados, Neto é um ótimo papo e um amigo à toda prova. Hoje é mais um dia de festa e mais um presente ganho pelo melão. Netão, a palavra é sua!


      Eu prefiro melão - Quais são suas primeiras lembranças televisivas?
Neto - Vítor, que bacana ganhar este espaço para falar um pouco da televisão, que sempre foi a minha melhor companhia. Em ocasiões quando fui forçado a ficar longe desse aparelhinho me senti realmente mal. Mas vamos lá: As minhas primeiras lembranças são aquelas de assistir Perdidos no Espaço no final da tarde dos sábados no colo da minha avozinha Arlette e também do National Kid, já em reprise pelas manhãs da Globo no início dos anos 70. Lembro de programas de auditório dessa época como Alô Brasil Aquele Abraço e do Show da Girafa comandado pelo Murilo Néri, que nada mais era que o Jogo da Velha que voltaria em outras temporadas. Lembro ainda do Clube do Capitão Aza, do Aérton Perlingeiro Show e do Sendas do Saber na Tv Tupi carioca, dos sensacionais e setentistas FICs da Globo e de que só descia para brincar com meus coleguinhas depois do dominical Quem Sabe Mais? O Homem ou A Mulher? do Silvio Santos, usando o cast da emissora do Roberto Marinho. Tenho remotíssimos flashes das novelas da Glória Magadan como o Emiliano Queiroz chegando faminto num castelo e devorando uma bacia de frutas ou então do ator Paulo Gonçalves cumprimentando a si mesmo num incrível efeito chromakey para a época. Não me pergunte quando isso aconteceu nem a(s) novela(s). A primeira que acompanhei foi O Primeiro Amor em 1972 e talvez o falecimento de Sérgio Cardoso tenha sido meu primeiro e televisivo trauma de infância.

      Eu prefiro melão - Como surgiu a ideia da criação do canal Mofo TV?
Neto - As ideias aparecem quando acordo, e numa manhã de sábado em novembro de 2006 um anjo me pegou sonolento e me cantou a pedra, soprando até o nome do canal, um mofo que nunca foi depreciativo mas que alude ao material arquivado que precisava espanar e botar pra rodar, além de me parecer sonoro. Simples assim.

Eu prefiro melão - Como grande conhecedor do assunto, você já venceu vários quizzes e programas do gênero. Conte-nos como foi sua experiência no Faustão participando do “Controle Remoto” e, posteriormente, “TeleTrívia”, o pai do atual “Video Game”. Foi daí que surgiu o convite para trabalhar no Domingão do Faustão?
Neto - Foi o contrário. Fazia faculdade de Odontologia na UFF mas em 1986 e em 1988 já tinha trabalhado para a   Globo nas eleições como fiscal de apuração. Naquela época as cédulas eleitorais eram em papel, a apuração levava dias e a Globo sempre divulgava os resultados na frente do TSE porque montava equipes de fiscais com universitários, então em cada junta apuradora havia um de nós processando números oficiosos na frente do resultado oficial. Quando surgiu o Domingão em 1989 selecionaram 40 daqueles universitários para serem Orelhinhas do Faustão, atendíamos ligações telefônicas do público que respondia qual é o maior inimigo do He Man ou o nome da namorada do Popeye. Era um deleite chegar às 11 da manhã no Teatro Fênix, assistir artistas como Ivan Lins passando o som ou deparar com uma Cláudia Raia já vestida aquela hora como uma árvore de Natal, e ainda ganhar lanche e cachê. Num desses domingos o produtor Marcelo Coelho nos avisou que haveria teste para participação no game Controle Remoto, aí enxerguei a oportunidade de testar meus conhecimentos televisivos. Acertei absolutamente tudo, inclusive fui o único a identificar Alice Cooper nas fotos que exibiram, o que até levou outro produtor a duvidar do meu conhecimento e suspeitar que já conhecesse as respostas. Onze anos depois participaria do Tele Trívia dentro do Video Show Festa que ia aos sábados, ainda com  Miguel Falabella, plateia e gravado na Tycoon.

Eu prefiro melão - Você também teve uma rápida passagem no Video Show como pesquisador. Que tal esse momento? Tem pretensões de voltar a trabalhar na TV?   
 Neto - Fiz o mês de férias da pesquisadora do Video Show em 2008, quando confirmei de que é realmente o que quero fazer doravante. Tenho conteúdo, capacidade e falta de modéstia. Tudo o que preciso é de um novo convite para tal. Talvez se o formato clássico do programa, que era o de resgatar o baú da emissora ainda fosse primazia na atração. Programas como o Som Brasil, Por Toda a Minha Vida e Domingão do Faustão também fazem a minha cabeça

Neto no MTV Debate - 14/09/10
      Eu prefiro melão - Seu canal já foi retirado do ar a pedido de uma grande gravadora por exibir    clipes de artistas contratados por ela. Por que você acha que essas grandes corporações continuam confundindo preservação da nossa memória com pirataria?
Neto - Depois que derrubaram quase simultaneamente a minha MofoTv - com 1080 videos e 17 milhões de acessos até dezembro de 2008 - e também outros como o Memória da Tv do Guilherme Staush e o Aberturas de Novelas do Fábio Sexugi, orgãos como o Estadão e a Folha abriram espaço para nossa perplexa indignação, principalmente porque bastava se retirar tais vídeos sem sacrifício de outros milhares, além do fato de não existir nenhuma intenção comercial, quiçá sermos tratados como pirataria. 99% do material que compunha o canal sequer estava disponível em qualquer mídia e a intenção explicitamente era divulgar a memória pop da televisão. Talvez por isso o YouTube mudou o procedimento de bloquear e impedir a exibição de vídeos que têm direitos autorais de terceiros. Mas é aquilo, servimos de bucha!


Eu prefiro melão - Que novelas e autores você considera emblemáticos e primordiais para a história da nossa TV?
Neto - Dos que já fazem parte do panteão da tevê meus favoritos são Dias Gomes, Janete Clair e Ivani Ribeiro. Dos que estão na ativa admiro o texto de Miguel Falabella e João Emanuel Carneiro. Vale lembrar que além de autores fantásticos a televisão brasileira dispõe de atores incríveis e diretores e produtores incansáveis e da melhor qualidade. Teledramaturgia é o feliz encontro de cada um desses membros, trabalho de equipe.


 Eu prefiro melão - De que forma você analisa o atual panorama da produção teledramatúrgica? Falta a criatividade e ousadia de outros tempos? Por que?
Neto - Não sentia nas novelas de outrora o ritmo industrial de hoje, parece existir primordialmente necessidade do departamento comercial sorrir pro que vai ao ar, nem que para isso uma torta precise ser arremessada a cada capítulo. Contudo quando umA Favorita ousa mexer na estrutura de se contar diferente uma história, como O Rebu e O Casarão ousaram há décadas, e diga-se que talvez por isso não sejam lembradas como grandes sucessos populares mas como referência de boa dramaturgia, fica claro de que se pode conjugar qualidade e sucesso de crítica , aceitação popular  e o necessário sorriso do departamento comercial. 

Eu prefiro melão - Classificação indicativa é uma forma de censura?
Neto - Sim, contudo reflexo do mundo globalizado e do jeito politicamente correto que se impôs com a facilidade digital. Aconteceu agora na China e em segundos está a uma clicada de você. É o Big Brother real, onde qualquer deslize te joga no paredão. Existem excessos? Sim, mas em ambos os lados.


Eu prefiro melão - Em tempos de novas mídias como internet e TV digital, para onde caminha a teledramaturgia?
Neto - Caminham juntas. Fica claro, contudo, que no passado, com menos opções de entretenimento, a novela tinha maior repercussão. A tevê ainda tem na novela seu principal produto e ainda quando mais do mesmo resistirá por muito tempo. Muita gente assiste o episódio que perdeu de sua série ou novela pela Internet, que ainda não tem a mesma qualidade de som e imagem, mas eu disse ainda.


Neto prefere...

Novela favorita: Rainha da Sucata
Minissérie: Anos Dourados
Autor: Ivani Ribeiro (in memoriam) e Miguel Falabella
Ator: Jardel Filho (in memoriam) e Antonio Fagundes
Atriz: Dina Sfat (in memoriam) e Nathalia Timberg
Cena marcante: Em Rainha da Sucata - Laurinha Figueroa (foto) voando para a morte do terraço da Sucata, para incriminar Maria do Carmo.
Tema de novela inesquecível: Meu Pai Oxalá, de Toquinho e Vinícius de Moraes, em O Bem Amado.


Eu prefiro melão - Neto, os leitores do melão só têm a agradecer pela sua disponibilidade, simpatia e generosidade. Parabéns pelo belo trabalho de preservação de parte da memória artística de nosso país. Sucesso pra você! 
Neto - É uma grande honra figurar no Melão. Muito em breve quero assistir uma novela assinada por Vitor Santos.


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terça-feira, 29 de setembro de 2009

Melão express: rapidinhas, mas saborosas!




- Que horror! Mataram Aracy Cardoso ao “homenagearem” Dirce Migliaccio. Algum gênio do portal da Globo postou um vídeo da novela “A gata comeu” com cenas de Zazá, personagem de Aracy Cardoso, como sendo de Dirce Migliaccio, que fazia a personagem Ceição. O pior é que as atrizes nem são parecidas. Como disse meu amigo Fernando Russowsky, acho que qualquer um de meus amigos participantas das listas de discussão de Tv das quais faço parte faria bem melhor do que esses jornalistas desinformados que pouco sabem ou se interessam por televisão. Pra onde mandamos nosso currículo? Por essas e outras que o Brasil não é levado a sério, já que trata seu principal produto de exportação com desprezo e menosprezo. Imagina se nos EUA alguém iria publicar uma foto de Patrick Swayze dizendo que ele participou de "Top Gun", por exemplo...rs! Sei que o exemplo é tosco, mas é bem por aí... Desculpem o desabafo. Segue o link para a atrocidade:
http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM1128542-7822-DIRCE+E+DESTAQUE+EM+A+GATA+COMEU,00.html


- Em tempo: sugiro a esses "especialistas em TV" que dêem uma olhada no trabalho desenvolvido por Guilherme Stauch (Memória da TV), José Marques Neto (Mofo TV) ou Nilson Xavier (site e almanaque da Teledramaturgia), que dão um banho em todos esses sites institucionais e colunistas de TV. Tal resgate deveria ser feito pelo Ministério da Cultura, que pouco se importa em preservar nossa memória televisiva. Parabéns a esses bravos e abnegados rapazes e muitíssimo obrigado! Sempre!

- Gente, que edição de “No limite” mais xôxa foi essa? E o pior ainda foi o tal “juízo final” com aqueles participantes eliminados bombardeando as finalistas com seu despeito e inveja. E a emoção da ganhadora? Nossa, acho que até aquelas mocinhas que vendem tapete pela Tv são mais empolgadas...rs! Foi um “No limite” muito BBB. E como anti-BBB que sou, rejeitei...rs! Ao menos o programa nos deixa uma valiosa lição: que, para sobrevivência na selva, de pedra ou não, é mais necessário ser sonso do que ser forte.

- Como não estou assistindo a “Viver a vida” diariamente, pode ser que tenha perdido alguma coisa, mas meu amigo Fellipe me chamou a atenção para algo curioso: se Helena (Taís Araújo) é uma top famosíssima, de renome internacional, por que precisa dividir um modesto apartamento com suas amigas médicas?

- É isso mesmo o que acabei de ver na chamada de “Cama de Gato”? Heloísa Perissê filha de Rosi Campos? Como assim? Estão chamando Rosi de velha ou Perissê vai fazer a Taty?

- E com muuuuuuito atraso gostaria de deixar registrada minha opinião sobre a cena de “Caminho das Índias” em que Sílvia (Debora Bloch) descobre que Raul (Alexandre Borges) está vivo. Um tremendo show de interpretação dos atores, sobretudo de Debora, cuja personagem ficou apática a novela inteira, mas que só essa cena já valeu por tudo. E o mais importante: texto! Glória Perez realmente arrasou nos diálogos. O acerto de contas não deixou nada por ser dito e realmente tudo o que estava engasgado na garganta do público veio à tona. Parabéns pela (minha opinião) melhor cena do ano até agora!

- Por fim, gostaria de recomendar um divertido post do blog do Carlos, “Registros do Cotidiano”, que relembra aquelas antigas manchetes das revistas. Muito legal!
http://registrosdocotidiano.blogspot.com/2009/09/betty-faria-transa-com-tarcisio-meira.html

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