sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Lembranças de uma novela cheia de amor

Por Wesley Vieira
Cá estou eu de novo, nesse saboroso Melão, fazendo mais uma participação a convite do Melão-Chefe, o amigo Vítor. Resolvi falar de uma das muitas novelas que marcaram a minha infância. Será que alguém adivinha a novela em questão?

Lembra da Genuína Miranda, mais conhecida como Genu? "Vem chegando, minha gente, que já tá ficando quente... Compra madame, na minha barraca, panela bem útil e bem mais barata..." E de sua filha, a Mercedes, uma moça pobre e ambiciosa? Provavelmente a memória vai te trair em relação a essas personagens, mas se eu falar sobre a translumbrante e fofa Kika Jordão, com certeza você vai se lembrar de “Lua Cheia de Amor”, novela das 19h, exibida pela Rede Globo entre dezembro de 1990 e julho de 1991 com exatos 191 capítulos.

Escrita por Ricardo Linhares, Ana Maria Moretshon e Maria Carmem Barbosa, “Lua Cheia de Amor” era uma reedição bem disfarçada de outro antigo sucesso da emissora, “Dona Xepa”, exibida em 1977, escrita por Gilberto Braga, que nessa versão atuou como supervisor nos primeiros capítulos. A novela apostava numa inédita parceria entre Globo em co-produção com a Radio Television Espanhola e a RTSI da Suíça.

A Dona Xepa que era feirante na história original, virou Dona Genu, interpretada por Marília Pêra, uma mulher que perdeu sua loja por conta dos desatinos do marido viciado em mesas de jogos. Muito honesta e batalhadora, Genu pegou a mercadoria que restou da loja e foi para rua vender panelas e outros objetos. Virou “a dona da muamba”, tal como exemplificado na divertida música-tema de abertura, “La Miranda” cantada magnificamente por Rita Lee.

Genu é uma daquelas heroínas de novela bem simplória, quase sem instrução, mas muito sábia e generosa. Filha de mãe espanhola com pai brasileiro, ela foi muito maltratada pela vida e sem o apoio do marido, criou os dois filhos sozinha. Seu sonho é reencontrar Diego, que volta após 15 anos de sumiço sob a alcunha de Esteban Garcia. Mulherengo e amoral, Diego se envolve com várias mulheres deixando Genu cada vez mais desiludida com seu retorno. Seu filho, Rodrigo (Roberto Battaglin) namora a jovem Flávia (Renata Lavíola) e se sente na obrigação de casar com ela após a morte do sogro. No entanto, ele conhece a rica empresária Rutinha (Sylvia Bandeira) e desiste do casamento.

Mercedes (Isabela Garcia), a filha caçula, tem um pouco de vergonha do jeito pobre da mãe e a esnoba. Romântica na medida certa, seu sonho é encontrar um bom partido, mas como os corações são bastante insensatos, ela se apaixona por Augusto (Mauricio Mattar) e o rejeita por achar que ele é apenas um pobre motorista de táxi que foi morar na mesma vila onde ela vive. Mas ledo engano. O rapaz idealista e independente é herdeiro de uma das maiores agências de publicidade do Brasil. Filho de Conrado (Claudio Cavalcanti) e da sofisticada Laís (Suzana Vieira), ele não liga para o dinheiro da família e seu sonho é montar o próprio negócio tendo suas idéias revolucionárias como característica.

Sem saber a verdade sobre Augusto, Mercedes, ambiciosa ao extremo, se envolve por interesse com Douglas (Rodolfo Bottino), o enteado da tresloucada nova rica Kika Jordão, interpretada magistralmente por Arlete Salles, que queria a qualquer custo ser uma colunável como a sua ídola, a socialite Laís Souto Maia. Ao som de “Alpinista social” do então desconhecido Lenine, Kika aprontava das suas e tinha como intuito impressionar Laís. Uma de suas investidas aconteceu durante o noivado de Douglas e Mercedes, quando Kika mandou preparar strogonoff de lagosta – “Feito com muita lagosta mesmo!” – e viu todos os convidados terem dor barriga por causa da sabotagem que sua filha preparou pra se vingar do noivo, por quem era apaixonada. A festa de casamento também foi outro vexame que deixou Kika de cabelo em pé. Com um vestido cafona estilizado de Carmem Miranda, ela viu tudo ruir após refrear os ânimos de um casal briguento e acabou caindo sobre a mesa do bolo. É claro que todos os fotógrafos presentes registraram o acontecimento e publicaram notas inclementes nas colunas sociais do dia seguinte. E lá se foi o sonho de ser a mais chique da sociedade...
Mercedes, totalmente apaixonada por Augusto, resolve se render ao amor no dia de seu casamento com Douglas. Porém, Augusto, achando que ela descobriu a verdade sobre sua origem, resolve lhe dizer muitos desaforos e escurraçá-la de sua vida. Arrasada com a revelação, ela tenta convencê-lo de que não sabia de nada, mas já é tarde demais... Como novela com casal unido não tem graça, Mercedes opta por levar o casamento adiante e se casa com Douglas.

Aliás, os desencontros entre Augusto e Mercedes eram pontuados pela linda “Heal the pain” do astro George Michael. As trilhas sonoras eram recheadas de grandes sucessos dos anos 90 como "Só Você Vai Me Fazer Feliz (Can't Help Falling In Love)" do Julio Iglesias; "Luz da Lua (Prendi La Luna)" na voz da espanhola Ana Belén; "You Gotta Love Someone" do britânico Elton John; I'm Free" do The Soup Dragons e a velha boyband New Kids On the Block com “Let´s try again”. Lembro perfeitamente das inúmeras vezes que a propaganda da trilha internacional era veiculada e meu desejo era ter o disco da novela. Foram preciso 10 anos para conseguir o tão sonhado disco, ou melhor, o cd com as ótimas músicas.

Mas “Lua Cheia de Amor” também tinha outros personagens interessantes como a recalcada Emília (Bete Mendes), a “boca de aranha” que teve um caso com Diego e vivia às turras com a vizinha Genu. Wagner (Mário Gomes) era o vilão da história e sua meta era roubar a agência de publicidade de Conrado. Além disso, ele vivia infernizando a vida da esposa Isabela (Drica Moraes), a filha cleptomaníaca de Laís e apaixonada por Lourenço (Felipe Martins).

Ao final, Diego se envolve numa rocambolesca trama e todos pensam que ele morreu num acidente após perder dinheiro que trouxe da Suíça. No entanto, ele reaparece na Espanha como crupiê de um cassino, enquanto Genu refaz sua vida ao lado do dedicado Túlio (Geraldo Del Rey).

Depois de muito vai e volta, Mercedes e Augusto resolvem dar uma chance ao amor que ambos sentem. Já a translumbrada Kika consegue entrar de vez para o hall das colunáveis socialites ao lado de Laís, sua mais nova amiga de infância.

Assim, sob a luz da lua cheia de amor, casais selavam suas uniões com muitos beijos e todos foram felizes para sempre...

8 comentários:

Daniel Pepe disse...

Uma novela que pouco lembro, pois não me atraiu tanto na época. Mas certamente daria uma chance agora. Mais uma vez uma grande participação especial do Wes no Melão. Parabéns pelo ótimo texto!

Eddy Fernandes disse...

Eu sou tão babaca. Maior fã dessas comediazinhas românticas, desses filmes água com açúcar. Acho que até Kenny G, eu tô topando =P

Essa novela eu tenho muita vontade de ver. Acho simples do ponto de vista narrativo, sem um pingo de originalidade, e com uma cara mais seis do que sete. Ainda assim, creio eu, bem desenvolvida, teve ter sido cativante.


A trilha internacional é mela cueca até debaixo d'água, com direito a canção corta-pulso do Kenny Rogers.

Parabéns pelo texto, Wesley!!!

TH disse...

Tenho grandes memorias de Lua Cheia de Amor. Assisti a novela ante a resistencia da familia, que era louca por "DONA XEPA" e nao aceitava a "cópia". Hoje, talvez, eu concordasse que Kika Jordão realmente levou a novela nas costas, mas na epoca eu amava subtramas como as de Isabela (Drica Morais) e o casal Mercedes e Augusto!

You Gotta Love Someone e Heal The Pain realmente eram as mela -cuecas totais da trilha internacional, que eu amava!

Belissima recordação, querido Wes! Parabens pelo texto!

Blog ZAPPIANDO disse...

Translumbrante! Lembro muito pouco da novela, mas, simpatizo com ela. Tenho vontade de assistí-la.
Parabéns ao Wesley e ao Vitor. O texto ficou sensacional.
Por essas e por outras que eu também prefiro melão.

Walter de Azevedo disse...

Na época a novela não despertou muito interesse do público, mas era bem agradável. Eu gostava bastante e me divertia com a translumbrante Kika Jordão e sua obsessão por Laís Souto Maia. Gostaria muito de rever. Como dito no texto, a trilha sonora era ótima. A música de Ana Belén tocava em duas versões, uma em português, incluída no disco da novela e outra em espanhol, que não entrou na trilha internacional. Consegui essa versão no ano passado. Música linda cheia de lembranças sobre a época e a novela.
Uma curiosidade: Genú deveria ter sido interpretada por Joana Fomm, mas Marília Pêra ficou com o papel.

Anônimo disse...

Uma das novelas mais marcantes do começo dos anos 90! Apesar de ser a chamada 'cópia disfarçada' de Dona Xepa, a novela agradou muitos (assim como desagradou outros) e cumpriu bem a sua tarefa! Uma ótima recordação que tenho desta novela era a Kika Jordão disfarçada de reporter na casa da Lais perguntando qual sabonete ela usava no banheiro.
Adorava essa novela e até hj acho que a Globo fez a besteira de não ter reprisado essa novelinha tão bacana!
Parabéns, meu caro Wesley! Aliás não só parabéns, mas muito obrigado por ter trazido à tona bons momentos dessa novela! Seu texto me fez ficar nostalgico!
=]

Duh Secco disse...

Eu tenho uma lembrança tão viva da novela que sempre pensei que a mesma tivesse sido reprisada no Vale a Pena Ver de Novo. Hoje, acredito que tais lembranças tenham sido influenciadas pelas cenas exibidas no Vídeo Show e a trilha sonora, que minha tia possuía, em fita K7. rs. Além disso, acho o título ótimo e sempre tive o mesmo, bem como a abertura, gravado em minha lembrança.

Ótimo post, Wes! O Melão sempre abrindo espaço pra gente que manda muito bem!

alex monteiro disse...

E a Isabela Garcia então linda e talentosa, fez da Mercedes uma vilã-heroína!!!!!!

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