Para marcar a estreia do novo banner do melão, decidimos homenagear essas lindas. Elas não podem faltar em qualquer novela. Podem tanto ser a razão de ser produções em “Sem lenço sem documento” (1977), de Mario Prata e em breve em “Marias do Lar”, próxima novela das sete, quanto entrarem mudas e saírem caladas. As mais falantes e participativas, sem dúvida, são as das novelas de Manoel Carlos. Podem ser cômicas, trágicas, bandidas, amigas, sérias, boazudas... o fato é que são indispensáveis. E como são muitas (lógico que muitas injustiças serão cometidas nesse post), resolvi dividir a autoria da lista com meu amigo Eddy Fernandes, parceiro antigo do melão, já que a ideia foi dele. Pedi para que ele escolhesse 5 de suas favoritas e depois complementei com as minhas 5. Vamos a elas?
AS PREFERIDAS DO EDDY
CONCEIÇÃO (MARIA ALVES) em Baila Comigo (1981):
Impossível deixar de mencionar a primeira das adoráveis domésticas de Manoel Carlos. Como todas as suas sucessoras, Conceição estava sempre disposta a ajudar. Era confidente, conciliadora, amiga. O verdadeiro anjo da guarda da sofrida protagonista Helena (Lílian Lemmertz). A verdade é que muito do mérito da personagem se deve à sensível interpretação da saudosa Maria Alves, que impôs à Conceição um jeito meigo e divertido. Daquela pessoa que está na família há tantos anos que já se tornou parte de casa.
TELEVINA (KLEBER MACEDO) em A Gata Comeu (1985):
A musa de nós, noveleiros! Sem dúvida alguma, Televina formou o caráter da maioria! Lembro que quando assisti a reprise da novela em 2001, me senti absolutamente encantado com a presença de uma personagem viciada em novelas. Tinha pouco mais de nove anos de idade e aquilo era algo absolutamente novo para mim. Só pude ter a exata dimensão da personagem no início do ano, vendo a novela numa espécie de “Vale a Pena Ver de Novo” particular... rs! Televina não era mera ilustração. Tinha importância capital na vida dos patrões, os atores Rafael (Eduardo Tornaghi) e Tony (Roberto Pirillo). Era uma espécie de “mãe” para os dois rapazes. Além de, é claro, prestar uma homenagem ao folhetim eletrônico a cada capítulo com suas referências saborosas. Grande sacada da mestra Ivani Ribeiro, flertando com a metalinguagem.
GERMANA (ARACY BALABANIAN) em Da Cor do Pecado (2004):
A fiel funcionária dos Lambertini era um “cão de guarda” sempre disposto a defender o patriarca Afonso (Lima Duarte) das armações da perigosa Bárbara (Giovana Antonelli). Apaixonada secretamente pelo patrão, Germana criou Paco (Reynaldo Gianechinni) como filho e foi cúmplice de Afonso na trama que separou o problemático herdeiro de seu irmão gêmeo, o irreverente Apolo, e de sua mãe biológica, a Mamuska Edilásia. Apesar das atitudes questionáveis do passado, Germana era uma figura doce e sensata. Sua afetividade é premiada antes do término da trama, quando finalmente realiza sua paixão por Afonso, casando-se com ele. A felicidade, no entanto, dura pouco, pois o empresário é assassinado pelo terrível vilão Tony (Guilherme Weber). A governanta, mesmo destroçada, não se abala, por ter a noção que é o grande estertor emocional daquela família. Grande personagem escrito por João Emanuel Carneiro, brilhantemente defendido pela nossa eterna dona Armênia.
SHEILA (PRISCILA MARINHO) em Caminho das Índias (2009):
A espevitada personagem era a maior fã da patroa, a surtada socialite Melissa Cadore (Christiane Torloni) e sua maior cúmplice nos delírios e ataques de consumismo. Sheila esteve também muito presente durante o processo de avanço da esquizofrenia de Tarso (Bruno Gagliasso), o filho “perfeito” de Melissa. Apesar da tinta cômica, a autora Glória Perez soube manejar a doméstica inteligentemente, usando-a como “orelha” da fútil matriarca, que expunha finalmente um lado mais humano e menos plastificado. Ótima estréia de Priscila Marinho.
CLEONICE (VERA MANCINI) em Morde & Assopra (2011):
A boquirrota serviçal passou grande parte dos capítulos sendo humilhada pela esnobe patroa Salomé (Jandira Martini) e sua filha, a vilãzinha Celeste (Vanessa Giácomo). Cleonice era uma verdadeira escrava. Lavava, cozinhava e ainda agüentava desaforos. É certo que, bastante linguaruda, sempre metia o nariz onde não era chamada. E mantinha uma relação de implicância velada com a avarenta Salomé. Mas uma jogada perspicaz do autor Walcyr Carrasco, levou Cleonice à forra. Ainda no meio da trama, Salomé, para não ter que decretar falência, se viu obrigada a transferir seus bens para a doméstica, acreditando que ela, ingênua, não lhe oferecia risco. Ledo engano. Influenciada por Élcio/Elaine (Otaviano Costa), Cleonice tomou um banho de loja e proporcionando a catarse dos espectadores, transformou sua algoz em empregada, fazendo-a sofrer as mesmas humilhações que lhe impunha. Não preciso nem dizer o quanto foi divertido acompanhar isso... rs! Vera e Jandira deitaram e rolaram em cenas hilárias.
AS PREFERIDAS DO VITOR
ZILDA (THALMA DE FREITAS) E LÍDIA (THALITA CARAUTA), de Laços de Família (2000) e Páginas da Vida (2006):
Empate técnico. Duas adoráveis representantes da nobre linhagem de empregadas de Manoel Carlos. Lídia e seu indefectível “Ô Donelena”, vivida pela talentosa Thalma de Freitas era adorável: companheira, conselheira e fidelíssima à patroa, segurava todas as ondas da casa, apagava os incêndios e mediava os conflitos entre Helena (Vera Fischer) e a filha Camila (Carolina Dieckmann) e desta última com a endiabrada Íris (Debora Secco). Tudo com muito dengo, doçura e um irresistível sotaque baiano.
Já Lídia (Thalita Carauta, muito anterior à babuína Janete do “Zorra Total”), conquistou o público pela desenvoltura e pelo carinho com o qual cuidava de Clarinha (Joana Mocarzel), filha da patroa Helena (Regina Duarte), portadora de Síndrome de Down. Em sua primeira novela, Thalita já demonstrava uma naturalidade impressionante e grande capacidade de improvisação, já que as cenas com Joana, muitas vezes, eram imprevisíveis. Atriz cômica de mão cheia, a personagem Lídia é uma prova da versatilidade de Thalita.
OLÍVIA (MARILU BUENO) em Guerra dos Sexos (1983)
Essa, literalmente, ficava no meio do fogo cruzado dos primos Charlô (Fernanda Montenegro) e Otávio (Paulo Autran). Claro que sobrou torta na cara pra coitada também. De personalidade reprimida, tinha momentos de lascívia ao pensar em Nando (Mario Gomes) e até chegou a trocar beijos com o galã. Muitos méritos para Marilu Bueno, que soube aproveitar a oportunidade e também se destacar em um núcleo repleto de grandes nomes. Impossível se lembrar da lendária novela sem incluir a atrapalhada Olívia.
LUCIMAR (MARIA GLADYS) em Vale Tudo (1988)
Outra que soube se destacar em meio a atuações titânicas. Como diarista, transitava em vários cenários e levava e trazia a fofoca entre eles. Seus comentários cheios de humor e ironia arrancavam gargalhadas do público. Sempre que cruzava com Fátima (Gloria Pires), a filha ingrata da patroa Raquel (Regina Duarte), lhe dizia poucas e boas. A coitada chegou a ficar entre a vida e a morte por causa de uma maionese envenenada, mas teve um final digno de estrela, ao se tornar milionária ganhando no jogo do bicho e se transformando numa espécie de Odete Roitman (Beatriz Segall) da classe C. Maria Gladys viveu outras empregadas e diversos tipos impagáveis, mas sua Lucimar se tornou emblemática na carreira da atriz.
MINA (ILVA NIÑO) em Roque Santeiro (1985)
Até hoje o grito tribal de Porcina (Regina Duarte), “Minaaaaaaaaa”, chamando pela serviçal, ecoa no imaginário do público. E como não amar essa criatura tão fiel, carinhosa e dedicada, apesar dos pontapés que levava da patroa? E se essa figura é vivida pela extraordinária Ilva Niño, o amor é elevado ao cubo. Mina talvez tenha sido a mais fiel e devotada das empregadas. Conhecia todos os segredos da patroa e a ajudava a se livrar das mais diversas enrascadas. E em determinados momentos, era a única a dizer verdades para Porcina de maneira hilária e sutil. Mina é um clássico que não pode faltar em qualquer lista.
NICE (GLORIA PIRES E SUSANA VIEIRA) em Anjo Mau (1976/1997)
A babá mais famosa do Brasil. Como vi pouquíssimas cenas da novela original de Cassiano Gabus Mendes de 1976, vou falar de mais uma atuação espetacular de Gloria Pires na nova versão da novela de 97. Insatisfeita com sua condição social e disposta a tudo para vencer na vida, Nice realizou várias armações para conquistar o coração do patrão Rodrigo (Kadu Moliterno), mas acaba se apaixonando de verdade por ele. Se na primeira versão, Nice não foi perdoada pelas suas artimanhas e foi punida pelo autor com a morte, na nova versão foi perdoada por Maria Adelaide Amaral, afinal não é crime algum uma pessoa querer um objetivo e lutar por ele. Na verdade, essa Nice começou a novela ambiciosa, mas foi se transformando, até se tornar boa e ética. Com isso, o posto de verdadeiro “anjo mau” da novela foi parar nas mãos da maquiavélica Paula (Alessandra Negrini em show de atuação). E a redenção de Nice vem acompanhada do amor de Rodrigo e do nascimento da filha do casal, Vitória. Susana Vieira fez uma participação afetiva no último capítulo como a babá substituta. Os tempos, de fato eram outros e a autora, sabiamente, soube acompanhar essa mudança.
MENÇÃO HONROSA: BÁRBARA (BETTY FARIA) em Duas Caras (2007/2008)
Mais do que uma empregada, Bárbara conhecia todos os segredos do patrão Marconi Ferraço (Dalton Vigh) e era a pessoa em que ele mais confiava na vida, sendo inclusive a responsável pela iniciação sexual do rapaz. Anos depois, permanecia cuidando de Ferraço como a mais fiel das gueixas e, quando foi ameaçada por Sílvia (Alinne Moraes), colocou a vilazinha em seu devido lugar, provando que antiguidade é posto. A cena em que Bárbara dá uma chave de braço em Sílvia, chamando-a de “diabinha” é uma das minhas favoritas da novela. Grande atuação de Betty em um papel aquém de seu talento. Vamos rever a cena?
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Sei que faltaram muitas e inesquecíveis representantes da classe. Por isso, o melão dá a palavra a vocês? Quais são suas domésticas favoritas da ficção?
10 comentários:
Foram tantas as empregadas
mas vou ficar apenas com duas da minha série "memória afetiva".
Durvalina, a pobre e bondosa empregada de Dona Lola na novela Éramos Seis. Estou falando da versão de 1977, da Tupi, a primeira novela que acompanhei na vida, inteira. Vale destacar que a mesma atriz, Chica Lopes, interpretou a mesma personagem no remake da novela feito pelo SBT em 1994.
Minha outra empregada, não era uma mera empregada. Era governanta. E não era bondosa como a de cima.
Era má! Dona Eva, que Nathália Timberg viveu brilhantemente em Elas por Elas, em 1982.
Artigo bem interessante!
Eu também nomearia Zezé Motta, como a sofrida e dedicadíssima Bá de "Sinha Moça", a segunda versão. E a empregada sem quaisquer papas na língua da empregada de Dona Altiva, Florência - Neusa Borges.
listas são sempre subjetivas e nós sempre sentiremos falta de alguma. Mas não posso deixar de citar a Guida (Andreia Bassit), de "Passione". A dobradinha que ela fazia com Flávio Migliaccio (seu Fortunato) e com a Clô da Irene Ravache me arrancava risos.
Belo texto!
bom, eu vou de Aracy , a engraçada empregada de olga Portela em O dono do mundo, feita pela ótima Betty Erthal, também de Zilda, a empregada da Helena, pentelha, mas sempre ali pra dar aquela força, Thalma de Freitas. A Juliana, governanta malévola de A Sucessora e parte integrante da história, a Aspásia, bela interpretação da Flávia Guuedes...adorava o ô dona Mariquinha..puxa , são tantas..a Zeni Pereira em tantas novelas, desde Carinhoso até Pátria Minha.
Adorei o tema! Muitas empregadas, com seu jeitão e sua relação particular para com os patrões, marcaram época!
Destaco as já citadas Mina de Roque Santeiro, Lucimar de Vale Tudo, Zilda de Laços de Família, Germana de Da Cor do Pecado e Cleonice de Morde e Assopra (não gostava da novela em si, mas Vera Mancini estava ótima).
Outras que também gosto são: Aracy, empregada de Olga Portela em O Dono do Mundo; Zilda de Mulheres Apaixonadas (objeto de desejo do filho dos patrões, Carlinhos); a estreia de Juliana Paes como Ritinha de Laços de Família, assediada pelo patrão; a divertida Edileuza de Sai de Baixo; a recente Maria Cesária, que conquistou o coração do Rei Augusto em Cordel Encantado; a fiel escudeira de Jade, Zoraide, em O Clone; a adorável Zezé de Vale Tudo, uma verdadeira mãezona.
Cito também as maquiavélicas Frau Herta de Ciranda de Pedra 2008 e Juliana da minissérie O Primo Basílio; e minha curiosidade pela Frau Herta de Norma Blum na primeira versão de Ciranda de Pedra; Juliana de A Sucessora e a dissimulada Mariúcha (Elizângela)de Jogo da Vida.
Acrescentando como menção honrosa a Índia dA Lua Me Disse - "Índia vai si vingá... India vai si vingá."
Excelentes citações, Eddy e Vitor.
Eu incluiria a bem humorada e sonhadora Cida (Drica Moraes)e a apaixonada Naná (Zezé Polessa), ambas de Top Model.
Um abraço!!!
Muito, muito boa a lista! Eu adorava Lucimar. :D
Suzana Vieira e seu ANJO MAU, não tem pra ninguém, a maldade inocentemente loura. Show inesquecível !!!!
Abração amigo
Aladim Miguel
Ilva Niño pra mim sempre será a Minaaaaaaa hehehe... E eu só assisti Roque Santeiro na reprise de 2001...
Lucas - www.cascudeando.zip.net
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