sexta-feira, 20 de abril de 2012

“Cheias de Charme” traz o frescor da novidade


Isabelle Drummond, Leandra Leal e Taís Araújo fazem jus ao título da novela

A mais acalorada discussão que domina o universo teledramatúrgico no momento é a que a tese de que a televisão deve atender à demanda e aos anseios da novíssima classe média, chamada de classe “C”. A verdade é que ninguém sabe ao certo quem é essa nova classe. O que querem de fato? Classe C ou não, todo mundo gosta de se identificar com algum personagem, mas ninguém gosta de se sentir menosprezado com uma história rasa e narrativa esquemática. Isso, definitivamente, não é o caso de “Cheias de Charme”, novela que marca a estreia de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira como autores titulares. A dupla acertou em cheio, a começar pelo trio de protagonistas.

Diferentes entre si, mas igualmente encantadoras, pensou-se, a princípio, que elas seriam ofuscadas pelo brilho de Claudia Abreu e sua esfuziante Chayenne. Não que Claudia Abreu não esteja maravilhosa. Com um papel diferente de tudo o que já fez, a atriz chegou com tudo e vem dando um show em todas as cenas e parece estar se divertindo tanto quanto o público, mostrando vigor e irreverência em cada aparição. O Brasil já ama odiar Chayenne: fato! Mas o fato de Claudia Abreu ser um furacão em cena não tira o brilho do trio das três domésticas cheias de charme da trama. Taís Araújo já disse a que veio com sua Penha: o tipo mais popular das três parece já ter ganhado a torcida instantânea do público: bonita, autêntica, lutadora, despachada, que quando desce do salto bota pra quebrar, ou seja, mais brasileira, impossível. Sua trama lembra muito a trama de Fausta, personagem de Betty Faria em “Romance da empregada”, aclamado filme de Bruno Barreto, inclusive pelo fato de Penha também ter um marido malandro; já a Rosário de Leandra Leal é tão sonhadora quanto Mia Farrow em “A rosa púrpura do Cairo”, mas está longe da ingenuidade da personagem do filme de Woody Allen. Rosário é esperta, determinada e vai à luta pelos seus ideais; e à Isabelle Drummond coube o papel da Cinderela da trama, o que seria uma cilada pra uma atriz limitada, mas não é o caso. Isabelle sabe emprestar romantismo e doçura à sua Cida na dose certa, sem ser chata ou monótona. Já estamos torcendo fervorosamente pelas três, mas não por serem mocinhas sofredoras como nos folhetins tradicionais. O fato de serem domésticas poderia ser uma grande armadilha para se tornarem vítimas e as patroas seus algozes. Ao contrário, são determinadas, batalhadoras, espertas e sabem o que querem: mocinhas modernas, atuais e refletem exatamente a mulher contemporânea. Bingo!

Claudia Abreu: impagável como Chayenne
O time masculino também está dando ótima conta do recado, com destaque para Ricardo Tozzi, muito bem em seus dois personagens: o astro canastrão Fabian e o herói misterioso Inácio. Marcos Palmeira ainda não teve oportunidade de mostrar a que veio, mas a julgar pelas primeiras cenas, parece ter feito uma composição interessante e diferente de tudo o que já fez. Direção, figurino, trilha sonora e produção de arte parecem em total sintonia com a proposta da trama, conferindo identidade à novela.

E o que dizer do texto? Ágil, inteligente, popular sem ser apelativo, engraçado sem os clichês do gênero. A equipe de roteiristas está de parabéns. Sempre que começa uma novela buscamos identificar o estilo do autor. Quando são estreantes, tentamos buscar referências em autores consagrados. “Cheias de Charme”, mesmo tendo todo o jeitão de uma novela das sete, parece original, única, moderna e traz o frescor da novidade.


É inegável que a novela tem uma pegada popularíssima, com todos os ingredientes de uma trama das sete: alegre, divertida, colorida e altíssimo astral. Quem disse, afinal, que, pra ser popular, uma novela precisa ser inferior, feita nas coxas? O espectador não se sente em momento algum subestimado com uma trama previsível e burocrática. A classe C está sim representada, mas a novela diverte todas as classes, cumprindo assim, a função primordial de um produto de TV aberta: agradar  a todo tipo de público, desde a socialite da Pauliceia à dona de casa do interior de Roraima. Há tempos não ria alto com alguma cena de novela como estou rindo agora. “Cheias de Charme” é uma delícia para todos os públicos e plateias, é irreverente sem abrir mão do bom folhetim, que traz em si aquela magia que faz com que esperemos ansiosamente para conferir as cenas dos próximos capítulos. Eu não vou perder de jeito nenhum! 
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11 comentários:

dani ornelas disse...

tb concordo vitor! cheias de charme veio trazer originalidade à tv e ao horario... evidenciar o mundo das domesticas em vez do das patroas, como nas outras novelas, é inovador. isso sem contar q é popular sem ser apelativa!
bjs

Walter de Azevedo disse...

Cheias de Charme me parece um retorno às grandes novelas das sete. A leveza, graça e humor da história me lembram as tramas de Cassiano e Sílvio nos anos 80, mas com uma pegada mais moderna. Realmente, a novela tem uma identidade própria e que agrada todas as classes. Cheias de Charme está aí pra divertir e consegue. Cláudia Abreu é mesmo um furacão. Isso ficou claro desde a primeira cena como Chayenne, mas Taís Araújo não fica atrás e o embate entre as duas promete. Aliás, a cena de ontem entre Taís e Malu Galli foi ótima, emocionante. Leandra Leal e Isabelle Drummond, como foi dito, também estão seguras e já ganharam a torcida do público. Destaco também o trabalho de Titina Medeiros como Socorro.

Efe disse...

Concordo com toda a tua opinião, Vitor. Cláudia Abreu arrasadora como a deliciosamente odiosa Chayene, o que não impediu de as 3 protagonistas, cada qual encantadora à sua maneira, também fisgar o público na mesma medida.

Gostando bastante da estrutura diferenciada do texto de Cheias de Charme: uma história deliciosa, com uso de flashbacks, transformado em ótimas e coloridas imagens por meio de uma direção bem criativa e vívida.

Como o Walter citou no comentário dele, destaque também para a estreante Titina Medeiros, que faz parte do cenário teatral daqui de Natal-RN: sua sacana e atrevida Socorro ainda deve causar bastante na novela! E Malu Galli excelente como a advogada dividida entre fazer o que é justo e fazer o que o superior manda.

Que Cheias de Charme continue com essa ótima e adorável pegada popular aliada à qualidade.

O Midiático disse...

O pouco que vi, gostei muito. É uma novela gostosa, diferente. Destaque também para Malu Galli, num papel interessante. É bacana ver novos autores dando um gás a teledramaturgia: imprimem novos estilos e saem da mesmice que alguns velhos autores ainda possuem.
O texto está ótimo!

André Luís Cia disse...

Vitor,
Vou repetir aqui o mesmo comentário que fiz no ASD Sobre essa questão da inserção da chamada classe C na dramaturgia. Penso que uma boa história prende o telespectador independententemente dele ser de qualquer classe social.
Tanto ricos quanto pobres gostam de boas tramas, haja visto que Fina Estampa foi um sucesso e agora Avenida Brasil tem obtido excelentes índices de audiência. Apesar de serem histórias completamente diferentes, elas prenderam a atenção do público desde o início.
FE retratava a trajetória de uma batalhadora que mesmo depois de milionária não abandonou seu caráter e dignidade (belo retrato de milhoes de brasileiras espalhadas Brasil afora).
Avenida Brasil traz a história de uma vingança, mas não deixa de ser algo crível, pois vemos milhões de injustiçados nesse país. Não estou aqui para fazer apologia à vingança, pelo contrário, mas dramaturgicamente isso funciona, tanto que Tereza Cristina passou a novela toda com sede de vingança contra Griselda e, desta vez, será Nina que lutará contra Carminha.
Prá mim não serve esse discurso de que pobre não quer ver sua realidade refletida na TV até porque se quisermos assistir uma fábula podemos comprar inúmeros desenhos infantis.
Está certo que a novela é uma obra de ficção e que não tem nenhum compromisso ou dever com a realidade, mas não podemos negar que se não existirem temas do nosso cotidiano não haveria história. Se quisermos apenas histórias bonitinhas, infantis e sem conflitos, uma boa pedida são as do Monteiro Lobato, que é incontestável neste quesito do lúdico.
Também concordo que não é porque FE, Avenida Brasil e Cheias de Chame- todas com representação forte da classe C- estão fazendo sucesso, que todas as tramas seguintes deverão seguir pelo mesmo caminho porque senão ficará algo chato de se ver, mas não podemos fechar os olhos para a nossa realidade e que aponta cada vez mais a ascenção dessa classe.
Tudo nessa vida tem que ser bem dosado e , na minha opinião, as três novelas citadas acertaram em cheio na escolha dos seus temas.
Quem sabe, a sucessora de Salve Jorge não será uma trama rural ou no estilo da fábula de Que rei sou eu? Apesar de amar novelas urbanas também confesso que estou com saudades de uma boa trama rural bem ao estilo do Aguinaldo para quebrar um pouco a sequencia das últimas novelas das 21h.
Especificamente sobre Cheias de Charme, posso dizer que novela boa é aquela que a gente quer ver o capítulo seguinte sem descanso. Ela realmente está resgatando o brilho das tramas das 19h que deixaram saudades, como Sassaricando, Cambalacho, Vereda Tropical, Brega e Chique, dentre tantas outras. Fiquei viciado na trama e todos os atores estão muito bem entrosados em seus respectivos núcleos. Destaque para a sempre talentosa Claudia Abreu (não esperava outra coisa vindo dela) e para o trio de protagonistas (todas muito bem em cena), assim como o Tozzi que veio de um trabalho cômico na TV e está fazendo muito bem dois personagens tão distintos.
Estou muito feliz também por saber que as emissoras estao apostando em novos talentos. Haja visto o sucesso recente das tramas de Duca Rachid, Telma Guedes, Licia Manzo, dentre outros. Vida longa à essa abertura de mercado.

Sérgio Santos disse...

Concordo, Vitor. A novela é colorida, pra cima e muito divertida. A caricatura ali é proposital e cabe perfeitamente ao que a trama propõe. Claudia Abreu jã mostrou que vai roubar a cena; porém, Taís Araújo, Isabelle Drumond e Leandra Leal não ficam atrás. Um trio muito carismático. Ótimo texto, abração.

aladimiguel disse...

Amigo Vitor. O Trio principal de "CHEIAS DE CHARME" + O SHOW de talento e carisma da CLÁUDIA ABREU valem bem mais que R$ 1,99 kkkkkkkk

Anônimo disse...

Achei muito louca a narrativa da novela. Mas logo me acostumo. Eu tava com medo da Claudia Abreu no papel, pra mim ela sempre vai ser a Laura de "Celebridade" hehe... ótima atriz!
Lucas - www.cascudeando.zip.net

Rafael Barbosa dos Santos disse...

É um máximo, é a prova de que o antigo novelão esta de volta gente. Estou adorando torcer pelas Marias, e rindo muito com Chayene, ja sou fã daquela "fia de uma égua". Sucesso para novela.
http://brincdeescrever.blogspot.com.br/

Anônimo disse...

Oi, Vitor!

vi o primeiro capítulo de Cheias de Charme, mas não consegui ser fisgado... Claudia Abreu está ótima. Há boas interpretações, mas no geral algumas coisas não convencem. Gravei os primeiros caps e quero vê-los mais detidamente pra um post que pretendo fazer. Por ora, continuo pensando no que disse num post do meu blog http://operasdesabao.com/2012/03/29/nova-classe-c-nao-e-juizo-de-valor/

Abração do

Pedro

Diogo C. disse...

Cheias de Charme até agora não decepcionou. Tá sendo uma das melhores novelas das 19h dos últimos tempos.

Vale destacar que também até agora, ninguém ofuscou ninguém. Chayene, Penha, Cida e Rosário são destaques, mas sem "engolir" os outros como aconteceu em Morde & Assopra.

E claro, algo me diz que pode ser sucesso de vendas internacionais.

Parabéns pelo texto! e desculpa o atraso, pq só consegui comentar agora rs

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