Há quem torça o nariz para “Caminho das Índias”. Eu, particularmente, gosto. A novela não tem o ritmo frenético e de tirar o fôlego de sua antecessora, “A Favorita”. Pode-se ficar umas três semanas sem assistir e voltar a acompanhá-la sem maiores prejuízos. O exotismo da Índia é apenas um cenário para um novelão tradicional que, se não é memorável, ao menos diverte e entretém. Todos os tradicionais ingredientes das novelas de Glória Perez estão ali: cultura diferente, viagens para o outro lado do mundo com o tempo de uma ponte-aérea, amor impossível, modernidade versus tradição, bordões estrangeiros engraçados, dança de salão, merchandising social e temas polêmicos. Tudo num enorme caldeirão muiticultural.
Confesso que não vejo maiores atrativos na protagonista Maya, vivida por Juliana Paes. Seu romance com Bahuan (Márcio Garcia) não emplacou desde o início e Raj (Rodrigo Lombardi), que seria o antagonista, assumiu o posto de mocinho e o romance dos dois empolgou por algum tempo (sobretudo pelo carisma do ator), mas parece estacionado. Talvez por uma falta de heroísmo dos protagonistas. Ambos são covardes e não tiveram coragem de desafiar os valores tradicionais para viverem suas respectivas paixões. E parecem conformados, aprisionados pelo medo e pela mentira. Nos capítulos atuais, Maya quase não tem tido destaque e suas brigas com Surya (Cléo Pires) parecem pequenas para sustentar o que seria a ação central.
Com isso, tramas paralelas ganham força e atraem o interesse do público, mas nenhum personagem vem ganhando tanta notoriedade quanto a fogosa Norminha, vivida pela excepcional Dira Paes. Musa absoluta do cinema nacional, Dira, há muito tempo não precisa dar provas para ninguém de seu talento, mas nunca conseguiu um papel à sua altura na TV. Nem por isso, deixa de brilhar. Sua Solineuza, de “A diarista”, já conseguiu em pouco tempo roubar todas as cenas. E agora com Norminha, ela também não parece se esforçar para isso. E olha que lá se vão cenas e mais cenas iguais: Norminha desfilando sensual e faceira pela Lapa cheia de trejeitos ao som de “Você não vale nada, mas eu gosto de você” dando um tchauzinho maroto para Indra (André Arteche), que assiste extasiado de sua janela. Mas nem por isso, Dira fica apagada. Como quem consegue tirar leite de pedra, a atriz é a sensação da novela e, apesar de suas escapadelas sexuais, o público a adora e torce por ela. Mesmo estando na contramão de qualquer convenção social, Norminha demonstra amor e cuidado pelo marido Abel (Anderson Müller, também ótimo). Nesse sentido, Norminha acaba sendo uma libertária, reinvindicando para si a liberdade sexual conferida apenas aos homens. Além disso, até já demonstrou atos de heroísmo ao salvar Suelen (Juliana Alves) de uma turma de pitboys.
As cenas de Norminha, por mais previsíveis que sejam, ainda são o ponto alto da novela. Tudo isso graças a Dira Paes, que soube fazer de seu pequeno papel (quase um tipo), um personagem de verdade. A expectativa agora é para o momento em que Norminha for desmascarada. Será uma ótima oportunidade para a atriz mostrar para milhões de brasileiros a faceta mais humana da adorável Norminha. Só nos resta a torcida para que a atriz tenha mais e melhores oportunidades na televisão que possam mostrar toda a dimensão de seu talento, já mostrado no cinema. Viva Dira Paes! Se eu fosse autor contratado da emissora, a disputaria a tapas com meus “colegas”...rs!
8 comentários:
Você tem toda razão. Com os protagonistas praticamente ausentes as tramas paralelas crescem e ganham espaço. Norminha é a minha preferida, não exatamente pelo personagem e sim pela atriz. Dira é ótima. Sou noveleiro, mas só das novelas que eu me identifico de alguma maneira. Gosto de Caminhos das Índias e me divirto com as "licenças poéticas".
Só para não perder a mania da implicância: amo Dira desde há muito... desde "Corisco e Dadá" (rsrsrs, estou ficando antiga), senão antes. Mas a grande cena da novela foi a mãe de Shivani dizendo, ao ser apresentada a Bahuan: "Um dhalit?". Caraca, valeu por todo o elenco feminino da novela!
Mesmo assim, todas as palmas do mundo para Dira e sua impagável Norminha.
Tb gostei da atriz, Degustador. Enfim, uma indiana de classe na novela! rs...
OLha o blog da atriz citada pelo Degustador: Jaqueline Dalabona, a mãe de Shivani...rs!
http://bloglog.globo.com/jacquelinedalabona/
2009 é o ano da Norminha, assim como 2008 da Rakelly, 2007 da Bebel e 2006 do Foguinho.
Norminha vai deixar marcas!
Dira Paes e Anderson Muller deram show no capítulo de hoje. Não sou Kogut, mas dou nota 10! rs...
realmente a cena do flagra foi bacana!
adoro a Dira, nunca pensei q a NININHA de Araponga fosse tão longe!
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