segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Blogueiro convidado: Ivan Gomes reverencia Ivani Ribeiro


Hoje está de volta às telinhas um avassalador sucesso: “Mulheres de Areia”, remake da lendária Ivani Ribeiro, que a Rede Globo exibiu originalmente em 1993. Para relembrar os principais momentos da carreira da autora, o melão convocou um de seus maiores fãs. Ivan Gomes abre seu baú de lembranças e divide conosco os momentos favoritos da obra da autora. Além de nos proporcionar um texto ricamente informativo sobre a trajetória televisiva de Ivani, ele também nos brinda com sua emoção em falar de novelas que lhe são tão preciosas. O melão orgulhosamente estende o tapete vermelho para uma de nossas mais criativas e cativantes novelistas: Ivani Ribeiro.


Ivani Ribeiro: Artesã de emoções
por Ivan Gomes


É com muita alegria e emoção que escrevo sobre minha autora favorita de todos os tempos: Ivani Ribeiro. Sempre me identifiquei com suas histórias leves , simples mas envolventes.

Meu primeiro contato com o trabalho de Ivani foi em sua estreia na TV Globo com FINAL FELIZ (1982). Nesta novela, eu conheci os tipos e perfis de personagens que a autora sabia tão bem criar e manipular como, por exemplo, o casal que se antipatiza no início da história, mas se descobre perdidamente apaixonado, recorrente em várias tramas suas.


Ivani foi a autora que mais escreveu novelas para televisão. Estudando sua obra e lendo suas sinopses, me deparei com várias histórias que gostaria de ter visto e que minha idade não permitiu, como por exemplo OS FANTOCHES (TV Excelsior, 1967) e AS BRUXAS (TV Tupi, 1970). Ivani também foi pioneira, ao abrasileirar as primeiras telenovelas diárias da televisão brasileira, alterando finais de originais importados. Nota-se também, analisando seu trabalho, a imensa variedade de temas. Ivani sabia como ninguém manipular seus típicos personagens e arquétipos em tramas diferentes entre si, o que não deixava no telespectador a sensação de estar sempre vendo a mesma novela.


Na TV Globo, apenas FINAL FELIZ, foi uma novela inédita. Graças ao resgate, com nova roupagem de tramas antigas suas, pude conhecer histórias como CAMOMILA E BEM ME QUER (Tv Tupi, 1972) que virou AMOR COM AMOR SE PAGA (1984) e deixou pro memorial de grandes personagens da dramaturgia brasileira o avarento NONÔ CORREIA vivido por Ary Fontoura e até hoje sinônimo de pão-durismo.

Em 1985, estreia A GATA COMEU (remake de A BARBA AZUL da TV Tupi de 1974), a minha novela do coração! Me apaixonei e sofri junto com a Jô Penteado (magnificamente interpretada por Christiane Torloni) na sua luta, desesperada e maluca para conquistar o Professor Fábio (Nuno Leal Maia); odiei  a vilã Glaucia (muito bem interpretada por Bia Seidl), ria com Tetê e Gugu (Marilu Bueno e Cláudio Correa e Castro) torcia pelos casais Baby e Zé Mário (Mayara Magri e Elcio Romar) e Lenita e Edson (Deborah Evelyn e José Mayer) e ansiava por ver descobertas as mentiras do Seu Oscar (Luiz Carlos Arutim). Foram muitos os personagens marcantes dessa novela, que se tornou cultuada por toda uma geração.



Mais simples e ingênuas foram as novelas seguintes: HIPERTENSÃO, de 1986 e O SEXO DOS ANJOS (1989), também baseadas em antigos sucessos seus: NOSSA FILHA GABRIELA (TV Tupi, 1971) e O TERCEIRO PECADO (TV Excelsior, 1968), respectivamente.

A decada de 90 mostra que a ingenuidade das tramas de Ivani era só aparente: MULHERES DE AREIA em 1993 , remake da novela homônima  da Tupi de 1973 mixada com a trama de O ESPANTALHO de 1977, da TV Record, trouxe personagens fortes e cenas mais ousadas também, e que hoje nem podem não ao ar devido à Classificação Indicativa, como a cena em que o mau caráter, Vírgilio (Raul Cortez), assombrado pelos ataques do Espantalho, pede a Clarita (Susana Vieira) o mate para que ele possa se livrar desse tormento. Vamos conferir nessa reprise.



A VIAGEM (1994, remake da trama da Tupi de 1975) também tocou fundo no coração dos espectadores, é sem dúvida a melhor e mas bem feita novela com temática espírita.
Com mais uma grande e inesquecível atuação de Christiane Torloni, ao lado de Antonio Fagundes, Guilherme Fontes, Laura Cardoso, Claudio Cavalcanti e Lucinha Lins, está ultima responsável por uma das mais tocantes cenas de nossa dramaturgia, quando Estela ‘’sente’’ a morte de Dinah e Dr. Alberto recebe um telefonema confirmando o fato. Impossível não se emocionar.



Falecida no ano de 1995, Ivani ainda deixou o argumento de uma novela, que foi ao ar em 1996 com o nome de QUEM É VOCÊ, porém mal desenvolvida em seu início, conseguindo algum interesse, apenas quando o autor Lauro Cesar Muniz, assumiu o texto até então escrita por Solange Castro Neves.

Fica até hoje a saudade de tramas que emocionavam, divertiam,  nos faziam torcer,  sabiamente criadas pelo coração, pela criatividade e pelas mãos da artesã das emoções, histórias que até hoje povoam a minha imaginação e com certeza a de muita gente que como eu, teve o privilegio de poder acompanhar algumas, de seu vasto arsenal de histórias. À Ivani Ribeiro, todo meu respeito e meus aplausos!
_____________________


 Ivan Gomes é DJ, pesquisador musical, blogueiro e um dos noveleiros mais apaixonados e com o maior nível de conhecimento que conheço.

Leia também outro texto de Ivan publicado aqui no melão: 

Blogueiro convidado: Ivan Gomes fala de "Guerra dos Sexos"


E mais Ivan no melão:

A Urca de “A gata comeu”.

__________________

7 comentários:

Daniel Pepe disse...

Ivan sempre nos brindando com textos carregados de emoção!

Ivani também fez parte da minha infância e adolescência. Tenho um carinho especial por Hipertensão. Vamos ver como é acompanhar uma novela dela tanto tempo depois.

DEIA SHINE disse...

Ivan,tu acertasse em cheio.nossa ivani,grades novelas,grande autora.Domingo ainda comentei com minha amiga que é escritora sobre ivani.beijos

FABIO DIAS disse...

Uma pena Ivani não estar mais entre nós!

Que venha Mulheres de Areia!

Adorei o texto do Ivan.
Emotivo como já constatou o Pepe!

Abraço queridões

Eddy Fernandes disse...

A coisa que mais me encanta na Ivani é a simplicidade. Os story-lines das novelas dela não truncam a cabeça do telespectador. Muito pelo contrário. Envolvem, atraem e cativam. Ótimo texto, Ivan!

Marcelo Rissato disse...

É isso ai meu garoto! É Ivan. Assim como vc eu tbm levo as histórias da Ivani no coração. Quando vi a primeira chamada de MULHERES DE AREIA meu coração bateu mais forte e a primeira pessoa que pensei foi em vc. A Ivani é nossa mestra e foi assistindo suas novelas desde FINAl FELIZ que tive o incentivo em escrever. Gde abraço e apareça hein!!! Agora que to em São Paulo quem some é vc. Hahahahahahaha.
POR. MARCELO RISSATO

Walter de Azevedo disse...

Ivani Ribeiro conseguia mesclar tão bem as várias fórmulas da teledramaturgia, que suas histórias são sempre atemporais e apaixonantes. Todas as novelas de Ivani são sempre lembradas com muito carinho pelo público. Bato cabeça para ela rsrs.
E mais um apaixonado texto do queridão Ivan, ainda mais quando se trata da mestra Ivani.

Anônimo disse...

Ivani emociona. Minha mãe lembra de "Quem é você" hehehe
@cascudeando
www.portalcascudeando.blog.com

Prefira também: