domingo, 18 de dezembro de 2011

Melão entrevista BEL KUTNER: “Nunca me imaginei fazendo um papel que minha mãe fez”.




Costumo dizer que tive muita sorte logo em meu primeiro trabalho como roteirista de tevê: “O astro” foi um sucesso por inúmeros motivos. Orgulhosamente, o melão entrevista um desses motivos. De que adiantaria um bom texto sem um ator inteligente e talentoso para interpretá-lo? Esses predicados, Bel Kutner tem de sobra. Ela soube dar à obsessiva secretária Sílvia uma dimensão humana incrível e formou com o igualmente talentoso Tato Gabus uma dupla deliciosa.

Além do talento e da inteligência cênica, Bel é dona de uma simpatia contagiante e de um humor delicioso. Filha da lendária Dina Sfat e do talentosíssimo Paulo José, Bel possui brilho próprio e garante que nunca pensou em interpretar um personagem vivido pela mãe. Ótimo papo, Bel nos concedeu uma deliciosa entrevista, falando de seu processo criativo, de sua estreia em novelas em “Vamp” e do prazer de trabalhar em família. Para essa entrevista contei com a colaboração de leitores mais que especiais e da fofa Fernandinha Rodrigues, em participação afetiva. A vocês, meu muito obrigado e, sem mais delongas, passo a palavra para a queridíssima Bel Kutner.

O que representou para você participar da nova versão de “O astro”? Você tem lembranças da primeira versão estrelada por sua mãe, Dina Sfat?
BEL KUTNERPrimeiro, "O astro" foi um trabalho importantíssimo pra mim. Acho que, por estar mais madura, ter uma visão mais aberta da minha profissão, pude brincar muito com a Sílvia, personagem cheio de cores, como muitos dos personagens da trama. Essa foi uma novela/série, onde a história fluiu muito rápido, sem maniqueísmo e com muita intensidade. Acho que Janete ficaria orgulhosa e minha mãe também!

Bel em cena de "O astro" (2011) como a obsessiva Sílvia

Ter nascido em uma família de atores com certeza a influenciou a seguir a carreira de atriz. Chegou a pensar em ter outra profissão?
BEL KUTNER - É claro que ser de uma família artística me colocou nessa vida. Se eu fosse filha do Jacques Cousteau eu faria Oceanografia ou Biologia Marinha... e seria feliz. Se o meu talento é genético ou é fruto do treino tanto faz. Só sei que amo esse ofício de atriz. Como cresci indo pra fazenda dos meus avós no Rio Grande do Sul, eu sonhava estudar Agronomia, Zootecnia ou Veterinária. Na verdade, mesmo indo pouco agora, penso naquele lugar como um paraíso, um plano B.

Bel ao lado do pai, o ator e diretor Paulo José

Como foi trabalhar no espetáculo “Histórias de amor líquido” ao lado do pai, Paulo José, e da irmã, Ana Kutner? Acredita que o espetáculo, que abordou a questão da efemeridade nas relações amorosas, caberia em um formato televisivo?
BEL KUTNER - A peça "Histórias de amor líquido" foi um projeto super familiar e uma delícia de fazer. Com certeza é um tema que serve tanto pra teatro como pra tv ou cinema: o transitório das relações humanas.

Bel com o elenco do espetáculo "Histórias do amor líquido"
Você é noveleira? Se sim, quais suas favoritas? Quem são os seus ídolos?
BEL KUTNER - Minhas novelas favoritas são: Saramandaia, Vamp, A Favorita, Ti Ti Ti, Feijão Maravilha, Guerra dos Sexos... Ai, são tantas...


Perguntas dos leitores:

Geralmente, o ator recebe o personagem com suas características principais na sinopse, seja de uma telenovela, peça ou filme. O que você, enquanto atriz leva para seus personagens, o que você acrescenta? Segue alguma linha de interpretação, algum método? Qual a sua contribuição criativa para seus personagens? (Ivan Gomes / SP – pesquisador musical e um dos idealizadores do blog “Agora é que são eles”)
BEL KUTNER - Ivan, claro que levo minha interpretação com o meu jeito, meu gosto para os trabalhos que faço. Quanto ao método depende muito do projeto e da direção. Na tv dificilmente vou pronta de casa...

No começo da carreira, como você lidava com a avaliação do público e da crítica? (Evana Ribeiro / Recife PE – criadora do blog “Roteirizando)
BEL KUTNER - Evana, quanto à crítica, continuo lidando da mesma forma de sempre, isto é, depende de quem critica. Sinceramente, em teatro isso é mais assustador, porque a gente fica mais exposto, mas numa novela não dá pra tentar agradar todo mundo. Aliás, agradar não é o único objetivo, mas também se arriscar, experimentar coisas novas.

Bel, já teve vontade de interpretar algum personagem vivido por Dina Sfat? (José Marques Neto / RJ - criador do canal “MOFO TV”)
BEL KUTNER - José, minha mãe fez muitos personagens incríveis e fez um estilo na tv. Nunca me imaginei fazendo um papel que ela fez. Seria engraçado, até pela semelhança física. Talvez ficasse meio bizarro, não é?

Bel Kutner e sua mãe, Dina Sfat.




Dina Sfat tricotando com Falabella ao lado das filhas Bel e Ana 
vídeo capturado por José Marques Neto - Mofo TV

A classificação indicativa tem funcionado como uma censura dentro da televisão. Qual é a sua posição sobre o tema e como a classe artística pode trabalhar para defender a liberdade de criação dentro da teledramaturgia? (Walter de Azevedo / SP - criador do blog “Tocou na Novela”)
BEL KUTNER - Censura é sempre um tema complicado. Claro que quero ter total liberdade de expressão, mas certos assuntos e cenas violentas não combinam com crianças. A indicação etária acho salutar. Censura, não. E com a internet, às vezes fico com meu filho vendo vídeos infantis, de repente aparecem coisas grotescas que nem eu gostaria de assistir.

Bel, sou muito sua fã! Amei estar com você depois de 20 anos! Você tem saudade de “Vamp”? Era divertido, né? (Fernanda Rodrigues – atriz)
BEL KUTNER - Fernandinha, minha irmã caçula! Amei te reencontrar, adoro seu trabalho e quero sua filhinha emprestada! Beijo!!!!

Bel e Fernanda Rodrigues, juntas em "Vamp" (1991)

Você conseguiu acompanhar a reprise de “Vamp” que está rolando no Canal Viva? Quais as melhores lembranças? Falando em reprises, há algum trabalho que você gostaria de rever? (Wesley Vieira / Conselheiro Lafaiete MG – Jornalista e criador do blog “E eu não sei?”).
BEL KUTNER - Wesley, tô vendo Vamp sim, quando consigo. Muito divertido. Mas não fico muito aficcionada em rever meus trabalhos. Tenho alguma coisa gravada. Tem o youtube, graças à Deus!

Bel em cena de "Vamp"

Sua ultima personagem, a Silvia em “O astro”, nutria um amor doentio por Amin (Tato Gabus) e quando rejeitada uma vez chegou ao ponto de tentar suicídio. De onde veio a sua inspiração para viver essa personagem tão intensa? (Danielle Ornelas / MG – Estudante de Biologia)
BEL KUTNER - Silvia era uma apaixonada, louca pelo amante. As cenas já traziam toda a intensidade, era só deixar fluir...  Adorava gravar no escritório do grupo Hayalla, me sentia em "Mad men", serie americana que se passa nos anos 50/60 (pra você ver como a cabeça da gente viaja...).

Tato Gabus e Bel Kutner em cena de "O astro" (2011)
Além de grande ator, seu pai, Paulo José, também é diretor e foi um dos responsáveis pelo êxito de "O Tempo e o Vento", um clássico da TV brasileira. Tem interesse em se aventurar por outras áreas? (Wesley Vieira / Conselheiro Lafaiete MG – Jornalista e criador do blog “E eu não sei?”)
BEL KUTNER - Fui assistente do meu pai em vários trabalho em teatro, até publicidade nós o acompanhávamos. Ele é um craque. Graças a isso, já me aventurei em direção de teatro e foi muito bom. Tenho outros projetos pro futuro.

Bel, querida, gostaria de manifestar publicamente o grande prazer que foi trabalhar com você em “O astro”. Foi um verdadeiro deleite conferir diariamente seu talento, inteligência cênica e o modo como você compreendia e valorizava o texto. Pra mim, que já era seu fã desde “Vamp” foi uma verdadeira realização! Parabéns, obrigado por tudo e espero nos encontrarmos em breve! Beijos mil! Vitor
BEL KUTNER - Vitor, até já! Vamos inventar uma moda nossa. Beijos, Bel.


8 comentários:

FABIO DIAS disse...

Que fofa!
Não sabia que ela era filha de quem é! #vergonha
Adoro a atriz.
Parabéns Vítor pela entrevista!

Brunno Duprat disse...

Uma atriz maravilhosa.
Sem afetações ou exageros em suas interpretações. Merecia receber papéis com mais prestígio!

Eddy Fernandes disse...

Outro gol de placa do Melão! Adoro a Bel, é uma atriz densa, nada óbvia. Torço por papéis de maior destaque para ela na telinha.

José Marques Neto disse...

Achei oportuno linkar aqui um video da Dina conversando com Miguel Falabella, no final ladeada das filhas Bel e Ana - http://www.youtube.com/watch?v=WMp_w2XW28c

Evana R. disse...

Ótima entrevista, Vitor! Que venham muitos outros sucessos para a Bel e que vocês possam trabalhar juntos em um futuro projeto! :)

Beijos

Anônimo disse...

Uma entrevista ótima! Leve e dinâmica, Bel Kutner respondeu com tamanha clareza e sinceridade parecia que ela estava conversando comigo!
=]

Fábio Costa disse...

Que maravilha essa presença da Bel aqui no Melão, ótima entrevista! Sou superfã dela, talentosa e linda, e me impressiono sempre com sua semelhança física com a mãe Dina Sfat - que ela já fez quando jovem, nos flash-backs de Dona Laura em Bebê a Bordo, último trabalho de Dina. Parabéns a todos!

Anônimo disse...

Gosto muito da Bel Kutner! Pena que ela comentou pouco alguns trabalhos...
Particularmente, me lembro de uma participação dela em Corpo Santo, bem antes de Vamp, na extinta Manchete. A personagem morria assassinada em circunstâncias que remetiam ao Caso Cláudia Lessin Rodrigues.
Abraços, caro Vitor!


Pedro/Pepa

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