quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Melão Express: Rapidinhas, mas saborosas – ed. 17


Ø  A VIDA DA GENTE: “UMA AUTÊNTICA NOVELA DAS OITO”


Já com um certo atraso, venho render todos os elogios à Licia Manzo, Marcos Bernstein e toda a equipe de roteiristas pelo maravilhoso texto de “A vida da gente”. É um alívio constatar que o horário das seis, cujas tramas costumam ser bastante infantilizadas em virtude do público flutuante e variado do horário, também pode contar com uma trama séria e adulta. Um autêntico novelão, digno de horário nobre, com direção sensível de Jayme Monjardim e brilhantes atuações do jovem trio de protagonistas, sobretudo Rafael Cardoso, uma grata surpresa. Não posso deixar de mencionar a arrasadora atuação de Ana Beatriz Nogueira, visceral e entregue à loucura de sua personagem Eva. Nicete Bruno, Maria Eduarda, Stenio Garcia e Gisele Fróes também brilham intensamente. Os entrechos dramáticos não são nada óbvios e a autora sempre foge dos clichês, construindo personagens críveis e consistentes. Quem disse que não se pode fazer melodrama e ser surpreendente ao mesmo tempo? Nasce uma novelista de mão cheia. Parabéns, Lícia!

Ø  “AQUELE BEIJO” E “FINA ESTAMPA” CONFIRMAM O ATUAL BOM MOMENTO DA TELEDRAMATURGIA.


Além de “A vida da gente”, garantia de qualidade na atual safra de novelas globais, as outras duas representantes também garantem bons momentos. Em “Aquele beijo”, Miguel Falabella consegue se manter absolutamente fiel ao seu estilo kitsch, com humor altamente irônico e inteligente, mas não deixando de lado o tradicional romantismo, indispensável a qualquer folhetim. Sua narração, além de extremamente simpática, é inteligente e nunca nos descreve o óbvio.  A trama é redondinha e o elenco está super à vontade, já que seus personagens feitos sob medida permitem que sejam exploradas ao máximo suas potencialidades. E como é bom um texto de humor que não menospreza a inteligência do espectador. Garantia de diversão.


E apesar das críticas, “Fina Estampa” vem alcançando índices de audiência há muito tempo não vistos no horário. Qual o segredo? Tenho, pelo menos, três palpites: a trama da mãe coragem, que continua conquistando o espectador; a capacidade do autor Aguinaldo Silva de se comunicar com o público de maneira fácil e direta; e o enorme talento e carisma da camaleônica Lília Cabral, que em pouco tempo, já fez todo o país admirar e torcer por sua Griselda. Mais um gol de placa de Aguinaldo. “Fina Estampa” é, sem dúvida, um grande sucesso popular.

Ø  ENQUANTO ISSO, NAS REPRISES...


... também vamos muito bem com “Mulheres de Areia”, no “Vale a pena ver de novo”. A saga das gêmeas Ruth e Raquel, vividas magistralmente por Gloria Pires, mostra que não envelheceu e, apesar do entrecho rocambolesco, ainda tem fôlego para conquistar mais gerações de espectadores, graças à habilidade de Ivani Ribeiro em lidar com os ingredientes clássicos do folhetim como a questão da identidade e do duplo. A produção, de 1993 e o texto setentista apresentam alguns aspectos datados como o fato de Joel (Evandro Mesquita) ter vergonha de assumir o romance com Tonia (Andrea Beltrão) pelo fato dela falar palavrão (!) ou os comentários acerca do comportamento de Malu (Viviane Pasmanter), como por exemplo: “isso é que dá desobedecer”. No entanto, nada disso tira o brilho da novela, que ainda consegue prender o espectador para o capítulo seguinte. “Mulheres de Areia” é daquelas histórias atemporais que sempre agradam, não importa a época em que é exibida.


O mesmo não se pode dizer de “Vamp” (1991). Na minha adolescência fui um “vampmaníaco”. Acompanhei religiosamente, comprei todos os LP’s e também o álbum de figurinhas. “Vamp” foi uma verdadeira febre na época em que foi exibida pela primeira vez, afinal era a primeira vez que o humor besteirol e nonsense presente em “Armação Ilimitada” e “Tv Pirata” rompia os limites da tradicional telenovela. Personagens como Vlad (Ney Latorraca em estado de graça), Natasha (Claudia Ohana), Mary e Matoso (Patricia Travassos e Otavio Augusto) atingiram, na época, altos índices de popularidade e os efeitos especiais eram uma super novidade. Hoje em dia os efeitos são risíveis, a trama apresenta sérias fragilidades e o texto nem sempre bate um bolão. Tirando a curiosidade de rever atores novinhos em início de carreira como Fabio Assunção, Bel Kutner, Fernanda Rodrigues e o trio de atuais diretores Fred Mayrink, Amora Mautner e Pedro Vasconcellos, a trama não oferece grandes atrativos para o público atual e nem mesmo para o espectador daquela época. Confesso que recebi com grande entusiasmo quando o Viva anunciou a reprise, mas infelizmente “Vamp” envelheceu e, ao contrário de “Mulheres de Areia”, é uma novela datada.


Já “Labirinto”, deliciosa minissérie de 1998 de Gilberto Braga, mesmo em menor escala, herdou alguns espectadores que acompanhavam as tramas de “Vale Tudo” e “O astro” pelo twitter e garante a diversão do final de noite. O texto afiado e as ótimas atuações do elenco feminino (Malu Mader, Betty Faria, Alice Borges e Isabela Garcia, principalmente) são motivos de elogios constantes dos twitteiros. Mas o que chama mais atenção é que, nos tempos caretas de hoje, a minissérie soa absolutamente ousada com cenas quentíssima de sexo e palavrões o tempo todo. E pensar que muitos adolescentes consideravam o remake de “O astro” pesado demais. Esses moços, pobres moços...

Ø  THALITA CARAUTA: REVELAÇÃO DO ANO


Por fim, não posso deixar de dar meus efusivos parabéns à minha querida amiga Thalita Carauta pelo merecidíssimo prêmio de “Revelação Feminina do ano” pelo Jornal Extra. Pra mim, soa até meio absurdo considerar Thalita uma revelação, uma vez que seu talento já pode ser comprovado há anos nos palcos e nas telas. Mas sua Janete, juntamente com a hilariante Valéria de Rodrigo Sant’anna conseguiu o feito de se tornar uma unanimidade no ultrapopular “Zorra Total” que, pela primeira vez, consegue alcançar todas as classes sociais. O grande público está reconhecendo o enorme talento de Thalita, mas encho feliz a boca para dizer aos quatro ventos: EU JÁ SABIA! Parabéns, Thalita, você merece. Isso é só o começo!
  

2 comentários:

Anônimo disse...

Isso é o que dá desobedecer! hehehe... E o uso do cigarro em "Mulheres de areia"? Hoje em dia não é tão permitido assim... Sobre as novelas das seis, as últimas produções ficaram com uma cara mais nobre... "Cama de gato", "Cordel encantado", "A vida da gente". Novela das seis se aproxima um pouco de tramas do horário das 21h.
Lucas - www.cascudeando.zip.net

O Midiático disse...

Concordo com todas as observações. A Vida da Gente é um primor de novela. Aquele Beijo é super charmosa, embora precise de um escândalo para tomar fôlego. Já Fina Estampa, sim, um sucesso popular, mas eu passo longe. Mulheres de Areia é atemporal... um novelão dos ótimos. Enquanto Vamp foi uma decepção. Era criança e adora a novela. Agora vejo um texto frágil, bobo, produção capenga digna de Televisa, enfim... muito ruim. Uma pena!

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