Desde semana passada, o “Novelão”, quadro do “Video Show” que vem fazendo
muito sucesso entre os noveleiros de carteirinha, está exibindo a célebre “Cambalacho”, megassucesso de Sílvio de Abreu nos anos 80.
A novela permanece como uma de minhas favoritas e o melão já publicou um texto
sobre ela, que inclusive também faz parte da seleção de textos para o livro, lançado em março desse
ano.
Uma curiosidade é que a trilha sonora foi
composta especialmente para a novela. Com isso, ajudou a contar a história a a
revelar o perfil de alguns dos principais personagens da trama. Para comentar
as canções, uma a uma, melão convocou novamente Aladim
Miguel, o fã nº 0 de Lucélia Santos, noveleiro
inveterado e especialista em tudo o que diz respeito aos anos 80. Portanto,
preparem suas vitrolas e vamos relembrar todas as canções da trilha nacional de
“Cambalacho”.
SEGUINDO A
TRILHA: CAMBALACHO NACIONAL
Palavra muito popular
em 1986, quando a novela “Cambalacho” - um dos maiores sucessos audiência do
grande Sílvio de Abreu para o horário das 7 – foi ao ar. Cambalacho significa:
armação ou trambique, mas quase ninguém sabia da existência deste termo na
época, porém depois de uma semana da novela no ar não saiu mais da boca do
povão.
Vamos analisar a
trilha sonora nacional – produção musical de Zé Rodrix - mais que original
dessa novela que marcou demais a minha adolescência, quase furei o vinil, é
isso ai mesmo, só existia em discos ou fita cassete Som Livre he he he... de
tanto escutar, sabia todas as canções do inicio ao fim, essa semana com a volta
de “Cambalacho” no novelão do “Vídeo Show”, editado pelo nosso amigo Raphael
Machado, achei essa maravilhosa trilha sonora disponível para baixar na
internet e pude me reencontrar com essas músicas inspiradíssimas. Agora siga a
trilha de “Cambalacho” comigo e com o “Eu Prefiro Melão” – do querido amigo Vitor de Oliveira, que gentilmente cedeu esse espaço para esse post sobre uma de suas
novelas preferidas.
PERIGOSA
(Syndicatto) – O tema da perigosíssima Andréa Souza
e Silva (um inesquecível desempenho de Natália do Valle), a música foi feita
sob medida para as armações e vilanias dessa linda mulher, que como um trecho
da música falava era a própria “elegância e ação, secreta ambição”. Matou o
marido, seduziu cunhado, traiu a irmã e por ai foi...
Natália do Vale: diabólica como a vilã Andréa |
Armando
Eu Vou (Cida Moreira)
– Era o tema de ambientação para São Paulo, onde se desenvolvia toda a
trama. Os outdoors que mostravam as
passagens do tempo eram o máximo, com um toque de placar de jogos de futebol
diziam: “enquanto isso...” ou “amanheceu...” entre as cenas com essa música ao
fundo. Foi também a trilha sonora do musical que encerrou a novela, com vários
bailarinos vestidos com os figurinos de personagens da novela nas ruas de São
Paulo. Ainda por cima música citava o nome da novela em sua letra: “Tô com
ciúme de você. Cambalacho“. Um show!
Jerônimo
(Germano Mathias) – A letra dessa malandra música é a
própria narração da vida do armador Jerônimo Machado (o saudoso Gianfrancesco
Guarnieri), o Gegê, o grande parceiro de Leonarda Furtado, a Naná - uma criação
estupenda de Fernanda Montenegro - nos cambalachos.
Ótima dobradinha de Fernanda Montenegro e Giafrancesco Guarnieri |
Parece
Mais Não É (Carbono 14) – Essa música serviu de fundo
para uma das maiores criações da telenovela brasileira, a inacreditável
Albertina Pimenta ou Tina Pepper, como ela gostava de ser chamada (Regina Casé,
que deitou e rolou com o grande personagem à altura de sua pegada de humor),
uma espécie de clone paulista da cantora Tina Turner. A personagem odiava
pobreza e detestava a vila em que morava, e os vizinhos, sabendo disso, viviam
perturbando sua vida. Muito engraçada, a popular Tina roubou a cena geral e se
tornou uma figura emblemática da trama, tanto que foi parar até no “Cassino do Chacrinha”!
Regina Casé e sua inesquecível Tina Pepper. |
Estrela
de Bastidor (Ângela Maria) – Responsável por
momentos antológicos de humor na trama, a aspirante a cantora Lili Bolero (a
saudosa Consuelo Leandro), matinha uma inveja eterna da “sapoti” Ângela Maria
(responsável por seu tema na novela, aí está a grande sacada!), a quem acusava
ser a culpada por sua carreira nunca ter “decolado”. Uma das cenas mais bacanas
foi a reconciliação das duas cantando juntas essa música. Um show! Lili Bolero
precisava brilhar, nem que seja para ela, como dizia a canção.
Consuelo Leandro: impagável como Lili Bolero |
Vila
Curiosa (Passoca) - Um dos núcleos mais populares foi o da
Vila, onde os personagens pobres e mais divertidos da novela moravam. Toda
semana tinha baixarias clássicas como vizinhos se pegando aos tapas na rua,
discussões nas sacadas das janelas e outras situações inusitadas que o
subúrbio produz.
Cambalacho
(Walter Queiroz) – O que dizer dessa música?
Simplesmente demais! Tinha uma sincronia perfeita com a abertura, que mostrava
Fernanda Montenegro se passando por uma vidente com uma grande bola de cristal,
afinal toda a concepção da abertura era produzida através de objetos redondos. O
trecho da música “é tudo banana, olha eu acho que é tudo do mesmo cacho, é tudo
farinha, olha eu acho que é tudo mesmo saco”, é sensacional e super atual!
Flavio Galvão era o ambicioso Athos |
Filho
da Cidade (Sergio Dias) – Athos (Flávio Galvão), o sobrinho
mais canalha do Tio Biju (Emiliano Queiroz), foi o grande parceiro de Andréa
Souza e Silva em suas trapaças. A canção falava que o personagem tinha esse
comportamento por causa da sociedade injusta, o filho da cidade, era o que a
cidade tinha feito dele, uma pessoa sem caráter e oportunista, um boneco nas
mãos da vilã.
Só
Eu Sei (Gillard) – Essa linda canção romântica serviu
de pano de fundo para as incertezas da personagem Ana Machadão (Débora Bloch,
uma gracinha de macacão sujo de graxa), uma menina que sofria preconceito pela sua profissão de mecânica, dai seu apelido. Era a grande inversão de profissões discutida pela novela, uma vez que ela se apaixona justamente por
Tiago (Edson Celulari), que fazia balé e também sofria com esse tipo de
preconceito.
A mecânica Ana Machadão e o baiularino Tiago (Edson Celulari): improvável romance |
O
Ganso Que Dança (Zona Sul) – Acompanhava as cenas de balé
de Tiago (o excelente Edson Celulari). Nossa, como esse personagem aguentava
barras duras, como ser rejeitado e deserdado pelo próprio pai, o milionário
Antero Souza Filho (Mário Lago), por ser bailarino e não ser empresário como
era o sonho do pai. A música também seguia o tom do preconceito “vai jogar bola
amigo!” rs. rs. rs...
Jardins
(A Voz do Brasil) – Outro cenário importantíssimo da
novela era a academia e clinica de estética “Physical”, de propriedade da
empresária e advogada Amanda (Susana Vieira, em um dos seus personagens mais
simpáticos de sua carreira). Muito movimentado e frequentado por boa parte dos
personagens da novela. Ganhou esse tema com um arranjo de solo de sax e um
coral belíssimo. Super chique e estiloso como a academia, que tinha todas as
cores vibrantes dos anos 80, só para se ter uma noção dos exageros, o uniforme
dos funcionários era coral, uma cor super em alta nessa década.
Deus
Nos Acuda (Fundo de Quintal) – Interpretado pelo Fundo
de Quintal, um dos grupos mais tradicionais do samba carioca, o pagode de Naná
e Gegê era uma delícia, e a sua letra mostrava a complicada relação entre um
casal que brigava muito e mesmo assim não deixavam de ser parceiros, como em um
grande jogo de futebol, assim também era a relação de companheirismo dos
protagonistas da novela.
Rogério (Claudio Marzo) e Amanda (Susana Vieira): par romântico |
Alguém
Que Olhe Por Mim (Emílio Santiago) – Essa belíssima canção
(uma versão de “Someone to watch over me”, clássico de George e Ira Gershwin) que teve a
interpretação perfeita do grande Emílio, foi muito tocada na novela quando o
advogado Rogério (Claudio Marzo), deu uma grande mancada em sua vida e se
deixou envolver emocionalmente pela ardilosa cunhada Andréa e com isso jogou
fora seu casamento estável de anos com Amanda. Arrependido e tentando a todo
custo reconquistar a ex-mulher, depois de conhecer a verdadeira face de Andréa,
ele sofreu muito ao som dessa canção, assim como Amanda. No final eles conseguiram
se perdoar e reconstruir a relação de amor. Claudio, Susana e Natália formaram
um triângulo amoroso familiar muito complicado, mas sensacional, graças ao talento
do trio em cenas de tirar o fôlego.
“Cambalacho” esteve
no ar de 10 de Março a 04 de Outubro de 1986, com 174 capítulos, na TV Globo. A
direção ficou a cargo de Jorge Fernando.
Aladim Miguel
Setembro/
2012.
Melão, eu e Aladim em dia de festa! |
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4 comentários:
Obrigado amigão do coração. Adoro participar desse blog tão maneiro e dedicado ao nosso tema preferido: "As Tenovelas". Sucesso sempre !
Realmente sou mais internacional do que nacional, logo, prefiro a trilha internacional de Cambalacho que é cheia de hits maravilhosos dos anos 80 e vendeu muito bem.
Sempre tive conhecimento de temas nacionais das novelas, mas de Cambalacho realmente só conhecia Perigosa.
VITOR AMEI A POSTAGEM.PORQUE VOCE NÃO FAZ UM REMAKE DE CAMBALACHO?
LINDA REPORTAGEM VITOR.MUITO BOM.EU AMEI ESTA NOVELA
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