sábado, 15 de setembro de 2012

O sexo, a cidade e nenhum glamour



As quatro protagonistas de "Girls", série sensação do momento.

Nem só de teledramaturgia nacional vive este melão que vos fala. Não posso dizer que sou tão seriemaníaco quanto noveleiro, mas também adoro uma boa série. As atuais estão utilizando cada vez mais os ingredientes das telenovelas como o bom melodrama (“Revenge” e “Brothers and Sisters”), bons ganchos (“Desperate Housewives”) e uma trama que não se encerra com o fim do episódio, indo até o final da temporada ou até mesmo ao final da série. Pelo fato de elas, geralmente, ficarem mais tempo no ar do que as novelas (“A Grande Família” e “Friends” que o digam), a gente acaba se apegando demais aos personagens e, de tempos em tempos, vamos substituindo nossas paixões e dando lugar a novos universos, novas tramas e novos “amigos”. Minha paixão maior continua sendo “Sex and the city”, mas desde o fim das aventuras de Carrie Bradshaw e suas amigas, tenho acompanhado um bocado de séries, dentre as quais cito minhas favoritas “Damages” e “Mad Men”, absolutamente sensacionais. Minha mais nova descoberta (não por acaso citei “Sex and the city”) é a já badaladíssima “Girls”, exibida atualmente na HBO que também narra a saga de quatro mulheres e suas aventuras em Nova Iorque, só que bem mais jovens, também com muito sexo, mas com muito menos glamour.

Hannah e Adam: é tudo somente sexo e amizade
A série é escrita, dirigida e interpretada por Lena Dunham, a mais nova queridinha do showbizz americano. Ela é a protagonista Hannah, jovem que vive o conflito da transição para a vida adulta. Recém-formada, ela agora precisa sobreviver na Big Apple sem a mesada dos pais e ainda lidar com os dilemas de um relacionamento complicado. Apesar de contornos bem mais dramáticos e realistas do que “Sex and the city”, a série explora os mesmos arquétipos femininos de sua antecessora, ainda que de modo menos óbvio. Mesmo assim, é possível fazer a correlação entre as personagens das duas séries. Assim como Carrie (Sarah Jessica Parker), Hannah também é escritora (pelo menos uma aspirante) e também tem o seu Mr. Big, o homem sentimentalmente inatingível do qual ela é dependente afetivamente. Nesse caso é o bizarro Adam (Adam Driver), que mantém com Hannah um relacionamento sem compromissos e com muito sexo. Isso é um diferencial na série: as cenas de sexo são pra lá de cruas, pouco românticas, muito mais realistas e (por que não dizer?) bem mais chocantes do que as da lendária série estrelada por Sarah Jessica Parker.

As lendárias e inesquecíveis protagonistas de "Sex and the city"

As outras garotas também guardam semelhanças com as novaiorquinas anteriores: a bela Marnie (Allison Williams), a exemplo de Miranda Hobbes (Cynthia Nixon) é prática, controladora e busca um relacionamento sem maiores sobressaltos; Jessa (Jemima Kirke) a sensual garota europeia, liberada sexualmente poderia perfeitamente ser uma sobrinha do furacão Samantha Jones (Kim Catrall); e completando o quarteto, a inocente e virgem Shooshanna (Zosia Mamet), tão romântica quanto a doce Charlotte York (Kristin Davis) e, na história, é justamente Shooshanna a fã inveretada de “Sex and the City”. Ainda que a referência soe como uma alfinetada, é inegável que o universo de “Sex and the city” serviu como inspiração para Lena, só que com bem menos açúcar, menos afeto e doses cavalares de realismo nu e cru.



Apesar de carregar altas doses de humor irônico e sarcástico, “Girls” é, essencialmente, uma série dramática que, em alguns momentos, chega a nos angustiar com situações, muitas vezes humilhantes, pelas quais passam as garotas, sobretudo a protagonista Hannah. Mesmo não sendo tão palatável e divertida como “Sex and the city”, vale muito a pena dar uma conferida no texto inteligente e nas interpretações corajosas de “Girls”, um retrato bastante realista e desglamourizado dos dilemas sofridos pela geração nascida na segunda metade dos anos 80. Garotas imperfeitas que já não sonham com o homem perfeito e que buscam afirmação afetiva e profissional em tempos de crise em ambos os aspectos.

Lena Dunham: autora, diretora e protagonista da série
“Girls” é exibida pelo canal HBO toda segunda às 22 horas com várias reprises durante a semana. Ainda dá tempo de conferir.
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4 comentários:

Fábio Leonardo disse...

Ah, mas Sex and the City é um clássico do gênero!

Não sou grande acompanhador de séries americanas (Glee é, de longe, a minha predileta), mas gosto de algumas coisas em especial, a maioria que vejo aqui e ali. No mais, acho um certo preconceito de algumas pessoas que a consideram "superiores" em relação à dramaturgia brasileira, quando são apenas formatos diferentes.

Abraços, Vitão!

renatocinema disse...

A mente aberta é que vale em nossa busca cultural.

Acompanho atualmente The Big Bang Theory, Dexter e estou terminando Dr. House, em dvd.

Sou fã número 2 de novela. kkk

Adorei seu site.


Abraços

Anônimo disse...

http://andremansur.com/blog/muricy-no-cruzeiro/

Eddy Fernandes disse...

Gostei da proposta. Não conhecia.

Ando sem tempo de acompanhar o que quer que seja, priorizando a vida e tal, mas assim que tiver oportunidade procurarei conhecer Shooshanna... hahaha!

Ótimo texto, como sempre. :)

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