quinta-feira, 26 de julho de 2012

A revanche – “Avenida Brasil” arrebata o país com o calvário de Carminha





Finalmente aconteceu o momento que todos esperavam em “Avenida Brasil”: a desforra da “branca de neve” Nina (Debora Falabella) contra a “madrasta má” Carminha (Adriana Esteves), que no passado a abandonou em um lixão e agora é submetida a serviços domésticos, com direito a toda sorte de humilhações. João Emanuel Carneiro está sabendo desenvolver com maestria essa virada na trama, provocando uma verdadeira catarse coletiva no horário de exibição da novela, deixando o twitter em polvorosa. Frases de efeito, caras e bocas, texto primoroso, direção precisa e um verdadeiro show de interpretação das duas atrizes são os fatores que contribuem para esse sucesso.

Já foi o tempo em que o público ficava satisfeito com a punição do vilão somente no final da novela. O espectador já se cansou de ver mocinhas sofredoras, que não reagem a todos os golpes de maldade sofridos, tanto é que Jorginho (Cauã Reymond), o “mocinho” de Nina, causa alguma irritação por sua fraqueza e passividade. Mas voltando ao assunto principal, o autor está colhendo os frutos de sua competência em construir de forma tão bem engendrada um momento de catarse absolutamente perfeito. E não foi à toa que Nina sugeriu a Tufão (Murilo Benício) a leitura de “O primo Basílio”, clássico dos clássicos de Eça de Queirós, no qual a empregada Juliana, após descobrir cartas de amor comprometedoras da patroa Luisa para seu primo Basílio, começa a chantageá-la invertendo os papéis de patroa e empregada.

A obra literária já ganhou uma adaptação televisiva pelas mãos de Gilberto Braga em 1988, só que em “Avenida Brasil” tem uma diferença fundamental: se em “O primo Basílio”, ficamos compadecidos com o sofrimento de Luísa, em “Avenida Brasil” o público vibra com o calvário de Carminha, exatamente pela engenhosidade de João Emanuel Carneiro, que apresentou Nina como uma criança indefesa (em ótima interpretação de Mel Maia), vítima da maldade e da ambição de sua madrasta má. Com isso, o público comprou a vingança desde o início e agora se deleita com a vitória parcial de Nina.
Mas de uma forma ou de outra, Gilberto Braga, volta e meia, já nos brindou com esses momentos de virada em suas tramas. Seguem os meus favoritos:

Ø  O PRIMO BASÍLIO (1988)



Tá certo que Luisa (Giulia Gam) nem era vilã, coitada, e por isso, mesmo a gente ficou morrendo de pena dela, mas como não amar a brilhante interpretação de Marilia Pêra como a sádica empregada Juliana, que usou e abusou da ironia, do cinismo e da maldade para se vingar de toda uma vida de servidão e humilhação? Na verdade, nem era nada pessoal contra a pobre Luisa, mas Juliana viu ali a oportunidade de ter uma velhice tranquila. E, claro, aproveitou pra ter seus dias de “patroete”, obrigando Luisa a realizar todas as tarefas domésticas e ainda lhe presentear com pratos especiais, roupas e joias. Adaptações literárias são sempre complicadas, mas aqui, Gilberto Braga soube dar o tom exato do livro e fomos transportados diretamente para o universo de Eça de Queirós. Uma maravilha!


Ø  VALE TUDO (1988)


Após ser flagrada pelo marido Afonso (Cassio Gabus Mendes) nos braços do amante César (Carlos Alberto Ricelli), a ambiciosa Maria de Fátima (Gloria Pires) teve seus dias de inferno astral. Ela não virou propriamente uma “empreguete”, mas perdeu todas as regalias a que gozava na mansão dos Roitmann. Quem aproveitou pra ir à forra de todas as humilhações sofridas foi o mordomo Eugênio (Sérgio Mamberti) com a total conivência da patroa Celina (Nathalia Timberg). Eugênio sempre tinha um comentário ácido para Fátima e a obrigou a limpar o chão do quarto quando ela derrubou a bandeja. Mesmo Fátima sendo vilã, ficamos com um pouco de pena dela, graças à humanidade que a personagem ganhou sob a pena do genial Gilberto Braga.

Ø  CELEBRIDADE (2003)


Depois de levar uma surra daquelas da arqui-inimiga Maria Clara (Malu Mader) a malvada Laura (Claudia Abreu) ainda teve muito sofrimento pela frente. Querendo dar o golpe do casamento no também vilão Renato Mendes (Fabio Assunção), a vida não foi fácil para nossa adorável cachorra. Crente que iria desfrutar de uma vida conjugal repleta de amor e sexo, Laura foi surpreendida pela ira do marido, que a obrigava a dormir no chão e a proibia de sair. O público, claro, vibrou.


Ø  INSENSATO CORAÇÃO (2010)



Na primeira metade da trama, a ingênua Norma (Gloria Pires) levava uma vida pacata e sem sobressaltos. Até cair nas garras do perigoso Léo (Gabriel Braga Nunes), que a seduziu, roubou o dinheiro do patrão dela e ainda a fez levar a culpa. E não foi só isso. Quando Norma foi tirar satisfações, o vilão tripudiou ainda mais, dizendo que nunca se apaixonaria por uma pessoa tão sem graça como ela. Resultado: Norma foi presa e ficou acalentando durante anos esse desejo de vingança, que foi realmente maligna. Rica, além de transformar Léo em seu empregado, com direito a toda sorte de humilhações, ele ainda virou seu escravo sexual. Dona Norma, como ordenou que fosse chamada por ele, quase fraquejou e acabou pagando com a própria vida, já que foi assassinada por Wanda (Natália do Vale) a mãe do rapaz. Mas os dias em que Leo foi constantemente humilhado e abusado foram um verdadeiro deleite para o espectador.

O melão agora quer saber: quais são seus momentos de virada favoritos?


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A catarse





quarta-feira, 11 de julho de 2012

Cheias de Charme transcende ao sucesso e vira fenômeno.



As "empreguetes" Cida (Isabelle Drummond), Rosário (Leandra Leal) e Penha (Taís Araújo) conquistaram  o público

Dia desses entrei em uma dessas lanchonetes fast food aqui perto de casa. Estava na hora da exibição de “Cheias de Charme” bem no momento de um show das Empreguetes. Fiquei surpreso com o que aconteceu ali: as máquinas simplesmente pararam! Hamburgeres deixaram de serem grelhados por um momento, atendentes paralisaram seus serviços no caixa e clientes simplesmente ignoraram o cardápio. Todos, inclusive eu, ficaram parados diante da tevê até o número musical chegar ao fim. E isso, claro, acompanhado de comentários de todos, que procuravam eleger sua empreguete favorita. Não tive dúvidas: estava diante de um fenômeno, não só de audiência, mas de popularidade e repercussão (embora pareça a mesma coisa, nem sempre esses três elementos caminham juntos). Mas a que se deve esse fenômeno?

A verdade é que ninguém sabe ao certo o que faz de uma novela um sucesso. Se tivesse uma fórmula pronta, tudo seria mais fácil (e também mais monótono). Embora não haja uma resposta exata para essa questão, podemos enumerar alguns fatores que contribuem pra isso. O primeiro deles é que “Cheias de Charme” não é uma novela acomodada, no sentido de utilizar clichês e soluções fáceis. É uma novela que parece ter sido pensada há muito tempo pelos autores, por isso todas as tramas caminham bem, dialogam entre si e progridem juntas. Podemos citar também o texto inspiradíssimo, cheio de referências pop e linguagem afiada e antenada com as gírias e jargões da atualidade. Os autores não economizam trama e já promoveram vários momentos catárticos para delírio do espectador, como o primeiro show das Empreguetes, a saída de Cida (Isabelle Drummond) da casa dos Sarmentos e, essa semana, o triunfo de Elano (Humberto Carrão) sobre Conrado (Jonatas Faro). Há também uma identidade visual que a torna única, uma direção ágil e um elenco afiadíssimo, que parece se divertir tanto quanto os espectadores.
Na primeira semana da novela, publiquei um texto que dizia que “Cheias de Charme” trazia o frescor da novidade e não estava errado. Claro que as três empreguetes e Chayene (Claudia Abreu) são os grandes destaques. Mas a novela tem dado a oportunidade de muita gente brilhar, como a estreante Titina Medeiros, que tem feito o Brasil gargalhar com a hilária e sem noção Socorro; e Lygia (Malu Galli), a “patroete” do bem, que enfrenta uma crise familiar, profissional e de saúde. Assim como uma orquestra afinada, a novela dá a oportunidade de todos os instrumentos musicais, no caso os personagens, se sobressaírem e terem seu momento durante o concerto. Isso faz com que a peteca não caia nunca e faça o espectador ficar sempre empolgado com alguma trama em evidência, enquanto outras tramas “descansam”.

Apesar desse “frescor”, é inegável que a novela também nos remete às grandes e memoráveis comédias dos anos oitenta, sobretudo as de Sílvio de Abreu e Cassiano Gabus Mendes. Há tempos venho refletindo sobre isso e é sempre temeroso fazer comparações, mas depois do capítulo de ontem, no qual Elano desmascarou o esquema dos Sarmentos, arrisco a dizer que “Cheias de Charme” é minha novela das sete favorita desde “Cambalacho” (1986), de Sílvio de Abreu. E mais ainda: as duas novelas são da mesma família.

 Tina Pepper (Regina Casé) e Chayene (Claudia Abreu): fenômenos de popularidade

“Cambalacho” também teve uma personagem popularíssima ligada ao meio musical, cujo hit transcendeu aos capítulos da novela. Quem viveu os anos 80 não esquece os versos de “Você me incendeia”, megahit da espalhafatosa Tina Pepper (Regina Casé) que, a exemplo de Chayene, não valia nada, mas caiu nas graças do público e chegou a participar do “Cassino do Chacrinha”, o programa de auditório mais popular daquela época. E a exemplo de “Cambalacho”, cuja temática central era, através do humor, discutir honestidade, ética e o tal “jeitinho brasileiro” para vencer na vida, “Cheias de Charme” também se aproximou dessa temática e marcou mais um golaço. Num tempo em que as vilãs são cheias de frases de efeito, se tornando mais populares que as mocinhas, a discussão do capítulo de hoje em torno do assunto foi sensacional, sem ser chata, didática ou careta. No melhor estilo a la "Vale Tudo",  fomos brindados com atuações irrepreensíveis de Humberto Carrão, Leopoldo Pacheco, Taís Araújo, Tato Gabus e Alexandra Richter. 

Cena do sensacional embate entre Elano (Humberto Carrão) e Conrado (Jonatas Faro): ética e honestidade em jogo
A novela já era o máximo na comédia. Hoje, os autores mostraram que também são feras em dar aos personagens a dimensão humana necessária para arrasarem nas cenas dramáticas. E a sequência final do tão esperado beijo de Cida e Elano fechou o capítulo com chave de ouro, dando aquele gostinho de “quero mais”. Por essas e outras, essa novela é um pacote completo. Mais do que um sucesso que apenas garante bons índices de audiência e faturamento para a emissora, "Cheias de Charme" tem tudo para entrar pra galeria das grandes novelas e se tornar memorável! Vida longa para Filipe Miguez, Izabel de Oliveira e toda a equipe de roteiristas, que injetaram um fôlego invejável no horário das sete, sabendo reunir o melhor do passado, com inspiradas referências do presente e vislumbrando um promissor futuro para nossa teledramaturgia.

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sexta-feira, 6 de julho de 2012

Blogueiro convidado: Vinícius Sylvestre relembra "História de amor"



Maneco, o gênio e a vida
Por Vinícius Roberto Sylvestre


 As novelas dos anos 90 e seus enredos são o meu esteio cultural. A dramaturgia brasileira se construiu sobre uma dramaturgia maior, de origem dos grandes clássicos. O maior de todos os gênios, Manoel Carlos, criava seus textos sobre a sua observação do ser-humano, a psicologia-humana, tendo a capacidade de penetrar no subjetivo dos seus personagens que acabam se coincidindo com alguém que conhecemos, ou até mesmo nós e nossas histórias de vida.  

Se você quer ser culto e bem informado, veja novelas - dizia o subtexto de uma campanha publicitária da TV Globo. É o sinal verde para voltarmos a 17 anos atrás para relembrar o romântico e polêmico folhetim assinado por Manoel Carlos – “História de amor” (1995), que viria a tornar-se a minha novela favorita – posto que ainda não foi substituído por nenhuma outra obra na TV.


 
Minha mãe iniciou-me no universo das novelas, já que eu era péssimo no futebol e nunca acertei rodar um pião de ponteira. Ela sempre acompanhava as novelas globais, principalmente quando atores como Yoná Magalhães, Tony Ramos, Glória Pires, Antônio Fagundes, Regina Duarte e Edson Celulari estavam no elenco. Em “História de amor” não foi diferente, pois essa novela foi uma das primeiras de muitas outras que tive a oportunidade de acompanhar no seio de minha família. Na época a atriz Regina Duarte, que deu vida à batalhadora e romântica Helena Soares, fazia sua estréia em uma novela das 6, após 30 anos de carreira.
Recordo que o horário no qual a trama era exibida, minha irmã e eu já estávamos pontos para assistir, de banho tomado, barriguinha cheia, após o termino dos deveres escolares, no qual nunca fui muito fã. Apesar de ter 8 anos, o que mais me fascinava na novela era a abertura, na qual mostrava um casal feliz expressando o amor desfilando por vários pontos da Zona Sul carioca, ao som de Ivan Lins. Era uma abertura simples, boa de se ver, nada complicado. E até hoje esta gravada no meu imaginário.
 
 As personagens de Regina Duarte (Helena) e Carla Marins (Joyce), respectivamente mãe e filha. Enfrentavam juntas a gravidez prematura da rebelde Joyce, que mantinha um namoro conturbado com o inconsequente Caio, brilhantemente defendido por Ângelo Paes Leme. O maior problema era o pai da moça, Assunção, uma verdadeira fera. Ex-marido de Helena, o personagem de Nuno Leal Maia era um camarada boa praça, querido por todos, mas quando o assunto era sua filha Joyce, o esportista matinha rédeas curtas e uma forte vigilância.

Regina Duarte e Carla Marins em cena da novela: História de amor

 Lembro-me das cenas em que Assunção sempre tentava uma reaproximação amorosa com Helena, mesmo possuindo uma nova família. Helena, que não se deixava iludir, sempre recusava aprontando um tremendo escândalo, no qual rendiam muitas risadas lá em casa, principalmente do meu pai que até hoje é fã do personagem Assunção. Já minha mãe e as vizinhas xingavam o personagem até o pó!
Helena, a protagonista da novela, era um mulher única, batalhadora e romântica. Estava à espera de um novo amor, até conhecer o médico Carlos Moretti, interpretado por José Mayer, um homem refinado e bem sucedido que, apesar de já estar comprometido com a bela e mimada Paula (Carolina Ferraz), tinha uma vida solitária e não resistiu a essa nova paixão. Na época o personagem de José Mayer teve uma grande empatia com as mulheres, que se tornaram grandes aliadas do romance do casal Carlos e Helena.


O ator José Mayer em dois momentos da novela: com Regina Duarte e com Carolina Ferraz, no primeiro capítulo.  


Não posso me esquecer da magistral atuação de Lilia Cabral, com a sua inesquecível Sheila Bueno. A personagem era uma fisioterapeuta, ex-mulher de Carlos com quem viveu uma relação de 10 anos. Sheila mantinha uma paixão platônica pelo ex, sem ter superado a separação. No decorrer da novela, ela tenta de várias maneiras uma reaproximação com Carlos, que sempre a rejeita deixando-a frustrada e deprimida. Durante muitos momentos da novela, Sheila e Paula se alfinetavam até o ponto de partirem para memoráveis barracos, no quais podíamos ver a brilhante interpretação de Lilia em momentos que sua personagem se desiquilibrava e mostrava o seu lado maléfico. Sheila não era uma vilã, mais sim uma anti-heróina.

Lilia Cabral brilhou como a neurótica Sheila
Apesar de Paula ser uma personagem temperamental, seus pais Rômulo e Zuleika eram uma atração à parte. Os grãn-finos de araque interpretados por Cláudio Corrêa e Castro e Eva Wilma eram o alívio cômico da novela. Ele era o típico membro da aristocracia decadente carioca. Passava a vida jogando pôquer e fumando os seus falsos charutos cubanos, que provocavam divertidas brigas com sua esposa. Zuleika era uma mulher inteligente e requintada e considerada por muitos uma boa pessoa. Às vezes aparenta ser “louquinha”, mas se comporta dessa maneira apenas para se defender das maldades do mundo e da passagem do tempo. Rô e Zu eram os personagens que eu mais gostava, pois a relação de amor e ódio do casal veterano lembra muito a relação dos meus pais. Que brigam, brigam e brigam. Mas no fundo se amam.

Bia Nunnes: grande destaque como a sofrida Marta
Já os personagens Marta (Bia Nunnes) e Assunção deram um grande exemplo de superação. Ela lutava contra um câncer de mama. Seu drama teve um efeito de alerta. Registrou-se o aumento no número de exames preventivos feitos por mulheres durante a exibição da trama. Já o personagem de Nuno Leal Maia sofreu um terrível acidente de automóvel, ficando preso a uma cadeira de rodas. Ele conseguiu se reerguer praticando esportes. Para falar sobre este tema o autor contou com a participação especial de Pelé, na época ministro dos esportes.
Nuno Leal Maia e Ingrid Fridmann: destaques da novela

 As interpretações que deixaram saudades foram as de Yara Cortes na pela da matriarca vovó Olga Moretti. Ela era uma senhora alegre, extrovertida e cheia de amor pela família, grande conselheira e amiga do neto Carlos; a outra era a pequena Ritinha vivida pela atriz Ingrid Fridmann que, mesmo sendo uma menina, vivia à procura de um grande amor. A pequena ainda fazia uma divertida dobradinha com o ator Ricardo Petraglia que deu vida a seu papai Xavier.

A saudosa Yara Cortes
 O que emergirá do meio dessa torrente de diálogos e personagens criados para a televisão? Não esperemos um Shakespeare, nem um Goldoni, nem um Molière. Discordo com alguns críticos que analisam as novelas de Maneco como inconsistentes. “História de amor” construiu na minha vida e na vida de todos que viram a reflexão de nossas próprias vidas e suas surpresas. Podemos considerar Manoel Carlos como um mestre da criação de seres-humanos e os seus laços de vida.

"A realidade nunca faz sentido"  (Manoel Carlos)

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VINÍCIUS ROBERTO SYLVESTRE é formado em Comunicação Social, Roteirista e noveleiro apaixonado.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

TEMAS E TRILHAS – MARIA BETHÂNIA





A aniversariante do dia dispensa qualquer apresentação. Há muitas décadas reina absoluta como nossa intérprete mais emocionante e emocionada. Coleciona adjetivos como rainha, diva, poderosa, soberana, deusa e muitos outros sempre superlativos. Desde sempre, minha cantora favorita. Graças à minha mãe, cresci ouvindo Maria Bethânia. Aos 4 anos, pra mim era muito comum ouvir discos como “Álibi”, “Mel” ou “Pássaro da Manhã”, ou seja, a presença de Bethânia em minha vida sempre foi constante, ainda mais pelo fato dela ser uma das recordistas de canções em trilhas sonoras de novelas. São tantas e tão boas que dobramos o eventual TOP 10 e muitas outras ainda ficaram de fora. Mas Bethânia merece e elegi abaixo meus 20 temas de novelas favoritos na voz da cantora:

20) PRECONCEITO (Por amor – 1997)
A sofrida gravação dos anos 60 caiu como uma luva para Márcia (Maria Ceiça), que sofria preconceito racial por parte do próprio marido Wilson (Paulo Cesar Grande), que era completamente apaixonado por ela, mas se recusava a ter um filho com medo que este nascesse negro como a mãe. Como muitos espectadores da novela de Manoel Carlos, morri de raiva de Wilson e fui solidário à dor de Márcia, que acabou perdoando-o no final e, por ironia, tiveram uma filha loira: Ritinha. A cada dramática de Márcia, surgia a voz e a interpretação intensa de Bethânia para embalar o sofrimento da personagem.

19) ALÉM DA ÚLTIMA ESTRELA (Renascer – 1993)
Depois de se decepcionar com Mariana (Adriana Esteves) por quem sentia uma paixão avassaladora, João Pedro (Marcos Palmeira) viveu um romance mais sereno e tranquilo com a delicada Sandra (Luciana Braga). E para embalar esse amor, nada como a voz de Bethânia, aqui doce e suave, combinando perfeitamente com o casal da novela de Benedito Rui Barbosa.

18) ONDE ESTARÁ O MEU AMOR? (A Indomada – 1997)
Uma das interpretações mais belas e emocionantes de Bethânia. A bonita canção de Chico César embalava o amor maduro e clandestino da cafetina Zenilda (Renata Sorrah) e do submisso Pedro Afonso (Claudio Marzo), personagens da trama de Aguinaldo Silva. Sinceramente, nunca achei que a canção, que exala pureza, combinasse muito com o casal, mas só pelo fato de ter Bethânia na trilha, vale a pena ouvir sempre.

17) CHEIRO DE AMOR (Pé na Jaca – 2006)
Foi uma grata surpresa ouvir essa música setentista do célebre álbum “Mel” de volta às paradas em pleno 2006, ainda mais pra embalar o romance da moderninha e temperamental Maria Bo e do descamisado Lance (Marcos Pasquim) da trama de Carlos Lombardi. A interpretação de Bethânia é sensualíssima descrevendo a sensação de “apaixonamento” e a canção mostrou que não envelheceu.

16) DEPOIS DE TER VOCÊ (Desejos de Mulher – 2002)
Nessa mesma linha apaixonada, Bethânia arrebata corações ao interpretar a bela canção de Adriana Calcanhotto, que serviu de trilha para o romance de Andrea Vargas (Regina Duarte) e Diogo (Herson Capri). Confesso que a novela de Euclydes Marinho não me empolgava muito, mas torcia para chegar as cenas de amor do casal só pra ouvir a canção.

15) PRIMAVERA (As Filhas da Mãe – 2001)
Acho essa canção uma das mais lindas de toda a MPB. A composição de Vinícius de Moraes e Carlinhos Lyra é poesia pura. E na voz de Bethânia, a canção atinge um patamar ainda mais poético e triste e embalou o amor maduro de Lulu de Luxemburgo e Artur Brandão (Fernanda Montenegro e Raul Cortez) na divertida trama de Sílvio de Abreu. A novela era anarquia pura e cada vez que o casal aparecia na voz de Bethânia era um respiro poético.

14) A MAIS BONITA (Rainha da Sucata – 1990)

Uma canção pouco conhecida de Chico Buarque e que não teve muita repercussão na época por conta da contagiante trilha sonora da novela, cheia de lambadas, músicas pop e até um revival da jovem guarda na voz de Wanderléia. Mas com o passar do tempo, aprendi a valorizar a canção, sensível, delicada e teatral que combinava muitíssimo bem com a vilã cheia de classe Laurinha Figueiroa, vivida magistralmente por Gloria Menezes na trama de Sílvio de Abreu. Prestem atenção na letra: é uma delícia!



13) FALA BAIXINHO (Mulher – 1998/1999)
Essa canção não era tema de nenhum personagem específico e fez parte, principalmente da primeira temporada da série, e sempre era o tema dramático de algum personagem a cada episódio. Não conhecia a bela canção de Pixinguinha e simplesmente adorei e como não faz parte da discografia da cantora, comprei o CD da trilha só por causa dela. Mais uma interpretação arrebatadora e marcante de Bethânia.

12) LUA BRANCA (Sangue do meu sangue – 1995)
Outra pérola de nosso cancioneiro que foi uma grata surpresa na voz de Bethânia, que gravou ao vivo a canção de Chiquinha Gonzaga em seu álbum de 1995. Infelizmente o SBT não lançou a trilha sonora da novela, que utilizou a canção como tema da bela Pola Renon, interpretada por Bia Seidl. A interpretação emocionante e intensa de Bethânia nessa música é de arrepiar e casava perfeitamente com o clima da novela.

11) CORAÇÃO ATEU (Gabriela – 1975)


Outra canção que não faz parte da discografia da cantora, pois foi gravada especialmente para a novela. Era tema de Sinhazinha e Dr. Osmundo (Maria Fernanda e João Paulo Adour). Confesso que, apesar de adorar a canção, não tenho lembranças dela na novela, já que nem era nascido, mas só de ouví-la nas chamadas do remake que estreia hoje, já a incluo na lista por antecedência, pois amei o fato de voltarem a utilizar a música na trilha.

10) O LADO QUENTE DO SER (Baila Comigo -1981)
Também foi tema da série “Retrato de Mulher” (1993), mas ficou marcada mesmo por fazer parte da trilha da novela de Manoel Carlos. Era o tema da batalhadora Lucia (Natalia do Vale) e seu romance com Quinzinho (Tony Ramos), mas pela letra que sugere que a personagem quis ser bailarina e pelo estilo mais sensual sempre achei que combinava mais com outra personagem, Joana (Betty Faria), a professora da academia da novela.

9) VOCÊ (Pátria Minha – 1994)
A belíssima composição de Roberto e Erasmo Carlos ganhou em emoção e intensidade na interpretação de Bethânia. A canção narra as saudades e a tristeza com o fim de um grande amor e embalou as desventuras amorosas de Alice e Rodrigo (Claudia Abreu e Fabio Assunção) na novela de Gilberto Braga. “Você” dava a dimensão exata do amor e da saudade que os casal sentia um pelo outro e também fez parte da trilha sonora do romance de muita gente.

8) PRECISO APRENDER A SER SÓ (Mulheres Apaixonadas – 2003)
Integrante do songbook de Marcos Valle, essa gravação na voz de Bethânia tem um dos arranjos mais bonitos que conheço e era o tema da protagonista da novela de Manoel Carlos, Helena, vivida por Christiane Torloni, que vivia uma crise em seu casamento com Téo (Tony Ramos), enquanto se envolvia com um amor do passado vivido por José Mayer. Helena refletia sobre a vida ao som dessa canção. Confesso que torcia para que Helena pensasse na vida caminhando pela sala, pois era quase certeza que a música tocaria.

7) VERDADES E MENTIRAS (Fera Radical – 1988)
Um belo arranjo e uma interpretação amorosa e apaixonada de Bethânia, que serviu para embalar o romance da fera radical Claudia (Malu Mader) com o peão Fernando, filho dos inimigos da moça. De nada adiantou os personagens da novela de Walther Negrão lutarem contra esse amor. Eles terminaram juntos e nós ouvimos essa canção muitas vezes durante a trama.

6) EXPLODE CORAÇÃO (Pai Heroi – 1979 e Explode Coração – 1995)
Na novela de Gloria Perez que leva o mesmo nome da música, ela quase não tocou, mesmo sendo o tema da protagonista Dara (Tereza Seiblitz). Apesar de eu lembrar muito mais da canção através da vitrola de casa, vale destacar que era o tema de um dos casais mais marcantes da história da teledramaturgia, André (Tony Ramos) e Carina (Elizabeth Savalla) da novela de Janete Clair. Essa é uma das novelas que tenho mais curiosidade e com esse tema romântico então...

5) TENHA CALMA (Tieta – 1989)


Essa toca fundo em minha memória afetiva: era o tema do amor proibido de Tieta (Betty Faria) e seu sobrinho seminarista Ricardo (Cassio Gabus Mendes). A canção de Djavan na voz de Bethânia carrega esse misto de paixão e angústia que permeava a relação da sensual cabrona com seu cabritinho. E só mesmo uma intérprete à altura de Bethânia para saber combinar sentimentos como paixão e desespero na medida certa. As cenas do casal eram pra lá de calientes e, mesmo a letra não tendo nada a ver com a trama, a canção combinava perfeitamente com o romance.

4) TÁ COMBINADO (Vale Tudo – 1988)
Essa pérola de Caetano que Bethânia interpreta de maneira doce e apaixonada, mas fingindo não estar nem aí, é uma das preferidas dos noveleiros de plantão, afinal embalou o romance de Raquel e Ivan (Regina Duarte e Antonio Fagundes) da aclamada novela, recentemente reprisada pelo Canal Viva. Tocava praticamente em todos os capítulos, fazendo a alegria dos twitteiros que assistiam à novela. Fez sucesso em 88 e voltou a agradar na reprise. Assim como a novela, um clássico!


3) FERA FERIDA (Fera Ferida – 1993)



Há canções que só passamos a sentir o vigor e a força quando ganha uma releitura e foi isso o que aconteceu com “Fera Ferida”, tamanha força, vigor e paixão que Bethânia emprestou à música, que caiu como uma luva para ser tema de abertura da novela do mesmo nome. Confesso que já me identifiquei várias vezes com a letra (quem nunca?) e não canso de cantá-la alto até hoje.

2) SÁBADO EM COPACABANA (Paraíso Tropical – 2007)


Um sobrevôo a uma bela paisagem verde por trás de uma montanha que aos poucos vai revelando a praia de Copacabana, cenário de “Paraíso Tropical”, novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares. Essa era a abertura: simples, sem efeitos especiais, já que a paisagem do Rio de Janeiro dispensa qualquer artifício e a majestosa voz de Bethânia, deslumbrada com Copacabana e todos os seus encantos. Uma de minhas aberturas favoritas que eu esperava ansiosamente todos os dias.  

1)           GRITO DE ALERTA (Água Viva – 1980)
O primeiro lugar não podia ser outro, já que esse tema uniu minhas duas estrelas favoritas: Maria Bethânia e Betty Faria, que vivia a protagonista Lígia, da novela de Gilberto Braga e tinha a canção como seu tema. Além disso, a própria Bethânia fez uma participação especial na novela como ela mesma cantando a música durante um show. Nesse momento, Lígia vê seu ex-marido Heitor (Carlos Eduardo Dolabella) nos braços da amiga Selma (Tamara Taxman), que vai culminar na famosa cena da surra no banheiro. Mas antes temos essa deliciosa cena em que Lígia curte sua fossa ao som de Bethânia, ao vivo e a cores. Uma pérola!


Melão deseja à rainha Maria Bethânia um feliz aniversário e pergunta aos seus leitores: quais são seus temas de novelas favoritos na voz da cantora?


 LEIA TAMBÉM:

Temas e Trilhas: Elis Regina





terça-feira, 12 de junho de 2012

RESULTADO DA PROMOÇÃO “SOPRO DE VIDA”:





Os vencedores são:

Edison Eduardo Costa
Das duas atrizes, entre várias personagens magistrais escolho a divertida e engraçada Céci de "Cambalacho" de 1986 e a forte vilã Idalina de "Força de Um Desejo", 1999. 

A Céci e seus caprichos era quem dava o tom cômico, ao lado do marido Wanderley, ao núcleo sério da irmã Amanda. Situações divertidíssimas! Peça de teatro com a Rosa é sinônimo de bom entretenimento.

Dona Idalina, vilã que nunca deve ser esquecida, chegou ao ápice de cortar a própria mão com uma faca!
Brilhante e inesquecível trabalho desta atriz que é uma das maiores do teatro.
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Thávolo Romulo Pereira Henrique
Da Nathalia Timberg, a inesquecível "Tia Emília", da exitosa "Éramos Seis", de Silvio de Abreu e Rubens Edwald Filho, regravada em 1994 pelo SBT. Uma tia rica rancorosa, que se negava a ajudar financeiramente a família de sua sobrinha pobre, por conta de uma grande mágoa do passado. Uma mãe capaz de tudo para defender seus filhos. Mais uma belíssima interpretação da grande dama do teatro.

De Rosamaria Murtinho, a "Romana Ferreto", de "A Próxima Vítima". Dopada, foi jogada por Bruno na piscina da mansão onde morava. Essa morte tornou-se um clássico, e a interpretação de Rosamaria foi genial! Ela estava exuberante. Ímpar.
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Parabéns aos ganhadores!!!

Peço que enviem o número de suas identidades para o e-mail: vitor77@gmail.com e o dia em que querem assistir:
Dia 13/06 – Quarta-Feira, às 20 horas
Ou
Dia 14/06 – Quinta-Feira, às 17 horas.

Melão agradece os comentários e participações e conta com vocês nas próximas promoções!


sábado, 9 de junho de 2012

Melão leva você ao teatro: PROMOÇÃO "SOPRO DE VIDA"





Quer ir ao recém-inaugurado, mas já badaladíssimo THEATRO NET RIO conferir “Sopro de Vida”, espetáculo de David Hare, dirigido por Naum Alves de Souza e estrelado por duas de nossas maiores atrizes?

Basta deixar um comentário respondendo à seguinte pergunta:

QUAIS SÃO SEUS PERSONAGENS TELEVISIVOS FAVORITOS DE NATHALIA TIMBERG E ROSAMARIA MURTINHO E POR QUÊ?

Os autores das duas melhores respostas ganharão um par de ingressos para os dias 13 e 14 de junho.


O espetáculo está em cartaz às quartas às 20 horas e às quintas às 17 horas. Corra que é a última semana!

O resultado sairá nessa segunda, dia 11/06 após as 14 horas!
PARTICIPE!



REGULAMENTO:
1)    Ao postar o comentário, deixe seu nome completo;
2)    Os participantes só poderão concorrer com um comentário;
3)    O Theatro Net Rio se localiza no Shopping Cidade Copacabana, na Rua Siqueira Campos, 143 – 2º piso, no Rio de Janeiro. Portanto, o blog e o teatro não se responsabilizam por despesas de locomoção dos ganhadores.

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