sábado, 12 de maio de 2012

Roteirista convidada: Evana Ribeiro e o “desgoverno” nos bastidores do poder.





 Evana Ribeiro, mais conhecida como Evinha para os íntimos, é uma talentosíssima jovem recifense que, além de noveleira inveterada, também é roteirista de mão cheia. Já eleita em seu texto anterior para o melão “Editora-Chefe da sucursal Recife”, Evinha, apesar da pouca idade, demonstra grande maturidade artística com uma cena muitíssimo bem escrita de sua instigante história chamada “Desgoverno”. É daqueles fragmentos de texto que nos desperta o desejo de ler a obra inteira e torcer para que a autora alcance grandes vôos para que possa nos brindar com sua criatividade.
Evinha, obrigadíssimo pela confiança e mil desculpas pela demora em publicar. Volte sempre. “Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim!”.
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Desgoverno é uma sinopse na qual estou trabalhando há algum tempo, coisa de dois anos, e gira em torno dos entreveros políticos e amorosos que abalam a presidência de Drava, um país fictício. No momento, o chefe de Estado é Roland Gehrard, cuja popularidade só faz cair a cada dia. Ele só é amado por três pessoas naquele lugar: sua esposa, Marie; sua única filha, Reny (que vem sendo preparada para suceder o pai na Presidência) e sua amante, a garçonete Isabelle.
No primeiro capítulo, enquanto o grupo de extrema oposição planeja um grande golpe para destituí-lo do poder, Roland fica viúvo e Isabelle sente que chegou o momento de ela se tornar a primeira dama, depois de anos sendo a outra. Nestas cenas, ela conversa com sua melhor amiga, a também garçonete Laura; que é mãe de Pedro, o jovem líder do grupo que quer acabar com o Presidente.

Enfim, sem mais delongas, vamos às cenas!

11. CASA DE ISABELLE. SALA. INT. DIA
Isabelle está sozinha, vendo TV. O aparelho está sintonizado no canal de notícias que exibe o velório de Marie. Roland aparece em primeiro plano na imagem mostrada pela TV, falando com os jornalistas. Enquanto assiste, Isabelle chora copiosamente e enxuga as lágrimas com um lencinho. A campainha toca; ela cruza a sala sem muita pressa, vai até a porta e respira fundo, contendo o choro. Abre a porta, encontrando Laura. Ao ver a amiga, começa a chorar outra vez e a abraça.

LAURA - O que foi, criatura?

Isabelle não responde, está soluçando. Laura entra com ela e a faz sentar no sofá. Então se vira e vê a TV ligada no velório.

LAURA - Nem sabia que você era chegada a ver esses negócios na TV.

ISABELLE - É ela, Laura. Ela. A Marie morreu...

LAURA - Sim, eu sinto muito pelo presidente, mas...

ISABELLE - Queria tanto ver o Roland nessa hora!

LAURA - Pode parar por aí que eu já sei onde é que a conversa acaba!

ISABELLE - Você não acredita, mas eu amo aquele homem mais que a minha própria vida. Aliás, a minha vida se resume a ele, a quando eu estou com ele, quando a gente se ama... E até hoje eu me espelhei na Marie porque sabia que um dia eu ia chegar a ocupar aquele posto.

LAURA - Isa, por favor/

ISABELLE - E graças a Deus, eu não precisei mover um dedo pra isso, eu só esperei! Quando tudo isso passar, quando o país sair do luto, você vai ver o que vai acontecer.

Laura se ajoelha diante de Isabelle e segura suas mãos.

LAURA - Minha amiga, tudo o que eu não quero é te visitar num manicômio.

Em Laura,

CORTE PARA

12. CASA DE ISABELLE. COZINHA. INT. DIA

Laura e Isabelle terminam de tomar sopa. Conversa a meio.

ISABELLE - Muito obrigada por cozinhar pra mim dessa vez!

LAURA - Que é isso, não foi nada. Agora que você está mais tranquila e devidamente alimentada, era bom ir pra cama e descansar um pouco.

ISABELLE - É, eu vou tomar um banho e deitar.

LAURA - E assim que puder, procura um psicólogo. Essa sua paixão pelo presidente não pode ser normal.

ISABELLE - Eu tava quieta e você vem puxar o assunto?

LAURA - Tá bom, esquece. Mas mesmo assim, faz isso que eu disse. Vai ser bom pra você. Agora vou pra minha casinha que a uma hora dessas o Pedrinho já deve ’tar se contorcendo de fome!

ISABELLE - Teu filho tá sozinho em casa?

LAURA - Sozinho, um homem que mal sabe ferver água; mas fala de política perto dele!

Laura suspira, resignada, e levanta da mesa.

ISABELLE - Qual o partido dele?

LAURA - Depois a gente conversa sobre isso.

Ela dá um beijo na cabeça de Isabelle e sai apressada. A outra ainda fica sentada, pensativa.

Evana, diva, sendo reverenciada por um fã enlouquecido


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4 comentários:

Anônimo disse...

o/o/o/o/
Palmas... DE PÉ!!!

Eddy Fernandes disse...

A Evinha é danada!

Adoro os textos dela, são personalíssimos. Ela é muito particular nas coisas que bota no papel. Faz com que a gente saboreie as palavras.

Parabéns :)

Walter de Azevedo disse...

Adoro os personagens da Evinha! São encorpados, tridimensionais. Ela sabe levar as tramas de um jeito muito particular, com leveza mas de forma bem firme. Sou fã declarado! Não que nem esse enlouquecido que abordou Evinha no shopping! Eu estava presente...gente sem noção... =P

O Midiático disse...

Que delícia, Evinha. Texto maravilhoso. Não poderia ser diferente vindo de você... Parabéns!!!

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