Cidade cenográfica de "Ribeirão do Tempo"
Sempre gostei de novelas com cidades fictícias. Elas são sempre motivo pra se mostrar algo diferente, especial. Ultimamente, elas não têm aparecido nas novelas com muita freqüência, mas uma atual novela, “Ribeirão do tempo”, de Marcílio Moraes, está reeditando esse costume. A novela ainda está muito no comecinho, mas sua cidade já nos desperta uma certa nostalgia. Ribeirão do tempo é cheia de tipos pitorescos, situações inusitadas e um quê de ironia e deboche. Mesmo não sabendo ainda quais surpresas a novela nos reserva, mas já entrando no clima, vou falar um pouco de MINHAS cidades fictícias favoritas:
10) Já deixo esse espaço reservado para as lembranças de vocês das cidades que, porventura, esqueci de mencionar. Com quem fui terrivelmente injusto? Aqui vão algumas sugestões: Resplendor (PEDRA SOBRE PEDRA), Remanso (DESPEDIDA DE SOLTEIRO), Porto dos Milagres (PORTO DOS MILAGRES), Guará (CIDADÃO BRASILEIRO), TABACÓPOLIS (O fim do mundo), VENTURA (Chocolate com Pimenta), TANGARÁ (O salvador da pátria), ROSEIRAL (Alma gêmea), RIO NOVO (Fera Radical), DEUS ME LIVRE (Pé na Jaca), PONTAL D'AREIA (Mulheres de Areia), ESPLENDOR (Esplendor), SANTANA DE BOCAIÚVAS (Agora é que são elas), SÃO TOMÁS DE TRÁS (Meu bem querer).
9) Passaperto (DESEJO PROIBIDO - 2007)
Confesso que a trama central dessa novela de Walther Negrão não me interessava muito. Mas acompanhar as paripécias dos coadjuvantes moradores da deliciosa cidadezinha do interior de Minas era tão saboroso e singelo quanto um pãozinho de queijo saído do forno: a fofoqueira Guará (Jandira Martini), a sonhadora Florinha (Grazy Massafera), o verborrágco Viriato (Lima Duarte) e sua impaciente esposa Magnólia (Nívea Maria), que sempre “ataiava” seus discursos, o irreverente soldado Brasil (Nando Cunha) são apenas alguns dos tipos que faziam de Passaperto um lugar curioso e diferente.
8) Greenvile (A INDOMADA- 1997)
Uma cidade nordestina colonizada por ingleses em que todos os moradores misturavam os idiomas português e inglês só podia mesmo ter saído de uma mente inventiva como a de Aguinaldo Silva. Dessa mistura surgiram bordões impagáveis como “Oxente my god”. Não há como esquecer a diabólica Altiva (Eva Wilma), a sensual Scarlett (Luíza Thomé), os românticos Emanuel e Grampola (Selton Mello e Karla Muga), as “camélias” de Zenilda (Renata Sorrah ou os rigores da lei da Juíza Mirandinha (Betty Faria). O realismo fantástico também bateu ponto por lá quando o Delegado Motinha (José de Abreu) caiu no buraco feito na praça pelo prefeito Ipiranga Patiguari (Paulo Betti) e foi parar no Japão. Enfim, humor, ironia, deboche e crítica política, marcas registradas de Aguinaldo com sabor de um bom Five o’clock tea.
7) Saramandaia (SARAMANDAIA- 1976)
Essa não faz parte propriamente de minha memória afetiva, já que nem era nascido na época da novela, mas não há como não deixar de citar essa fantástica cidade criada por Dias Gomes em que uma mulher explode de tanto comer, um homem ganha asas e voa e outros acontecimentos inusitados. Só me resta dizer que gostaria muito de ter nascido alguns aninhos antes para ter acompanhado essa novela, que ainda povoa o imaginário de muita gente.
6) Sucupira (O BEM AMADO- 1973)
Confesso que minhas remotas lembranças são mais do seriado dos anos 80 do que da primeira novela em cores da TV brasileira. Mas seria quase impossível encontrar um brasileiro com mais de 25 anos que nunca tenha ouvido falar do prefeito Odorico Paraguaçu, vivido pelo inesquecível Paulo Gracindo; do matador Zeca Diabo, genial criação de Lima Duarte; do atrapalhado Dirceu Borboleta (Emiliano Queiroz) e das maravilhosas Irmãs Cajazeira (Ida Gomes, Dirce Migliaccio e Dorinha Duval). Personagens carismáticos e uma deliciosa sátira política: combinação de sucesso.
5) Albuquerque (Estúpido Cupido - 1976)
Ainda que exista de fato uma cidade com esse nome, a que ambientava a trama de Mário Prata deu o que falar. O irresistível clima do início dos anos 60 com todas aquelas canções inesquecíveis, aquele clima de namorinho no portão, amassos e picardias em geral com gostinho de coisa proibida, já que a sociedade daquela época era ainda mais conservadora. Mocinhas sapecas, velhinhas fofoqueiras e rebeldes sem causa fizeram Albuquerque cair nas graças do público.
4) Armação dos Anjos (VAMP - 1991)
Armação dos Anjos seria mais uma pacata e bucólica cidade litorânea se não fosse o fato de ter sido enfestada de vampiros que fizeram a alegria de muita gente e transformou a trama de Antonio Calmon em mania nacional. Tipos inesquecíveis como a sensual vampira Natasha (Claudia Ohana), o terrível e debochado Vlad (Ney Latorraca), a engraçadíssima família Matoso, liderada por Mary e Matoso (Patricia Travassos e Otávio Augusto), sem contar que tinha um falso padre garotão, um circo e dois adoráveis protagonistas, vividos por Reginaldo Faria e Joana Fomm, que juntaram suas já extensas famílias, aludindo a clássicos como “A noviça rebelde” e “Família Do-ré-mi”. O resultado desse “terrir” com comédia e romance foi uma das novelas mais bem sucedidas do horário das sete.
3) Tubiacanga (FERA FERIDA - 1993)
É uma de minhas cidades fictícias favoritas, pois desta vez Aguinaldo Silva acrescentou o lirismo e poesia da obra de Lima Barreto à sátira política e humor sempre presente nas cidades de suas novelas. Só em Tubiacanga, por exemplo, as lágrimas de uma sofrida mulher como Margarida Weber (Arlete Salles) inundavam a casa ou uma jovem como Camila (Claudia Ohana) dormia por meses a fio. E mais: transformação de ossos humanos em ouro em pó, casal (Demóstenes de José Wilker e Rubra Rosa de Susana Vieira), cuja transa era tão quente que pegava fogo no quarto, enfim... maravilhosas loucuras pra uma só novela.
2) Santana do Agreste (TIETA – 1989)
Além das belíssima paisagens de Mangue Seco, o público também se deleitava com os moradores pra lá de carismáticos de uma cidade nordestina parada no tempo, mas às portas do progresso trazido por uma de suas cabritas desgarradas. Impossível se esquecer das adoráveis beatas Cinira a Amorzinho (Rosane Goffman e Lília Cabral) fiéis escudeiras da terrível e engraçadíssima Perpétua (Joana Fomm), da sonhadora Carmosina (Arlete Salles) e sua esperta mãe Dona Milú (Miriam Pires), da hipocondríaca Dona Juraci (Ana Lúcia Torre), do lascivo Modesto Pires (Armando Bógus) e sua teúda e manteúda Carol (Luíza Thomé), só pra citar alguns. A galeria de tipos é extensa e marcante. Poucas cidades fictícias divertiram tanto quanto esta.
1) Asa Branca (ROQUE SANTEIRO – 1985)
Essa ganha de lavada. A trama de Dias Gomes escrita por Aguinaldo Silva, com colaboração de Marcílio Moraes e Joaquim Assis fez com que o Brasil voltasse suas atenções diariamente para a divertida e polêmica Asa Branca, que funcionava como uma espécie de metáfora e metonímia de nosso país. O Brasil parou por alguns meses para assistir a si mesmo através dessa antológica novela. Todas as nossas características estavam retratadas em Asa Branca: gaiatice, deboche, corrupção, sensualidade, hipocrisia, fanatismo, ambição.... mais humana e mais brasileira, impossível. Como esquecer da beata Pombinha (Eloísa Mafalda) às turras com as meninas da Boate Sexus? Da viúva que foi sem nunca ter sido, Porcina (Regina Duarte), a mais politicamente incorreta heroína de nossas novelas? Do poderoso Sinhozinho Malta (Lima Duarte), que mandava e desmandava, mas se transformava num dócil cãozinho diante de sua amada? Enfim, nunca uma cidade representou tão bem nosso povo como Asa Branca.
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E vocês? Concordam com minha lista? Quais as suas cidades fictícias inesquecíveis?
9 comentários:
A lista está ótima e Asa Branca é mesmo a cidade mais lembrada. Agora uma cidade que sempre me intrigou nas novelas foi Serro Azul, ela é sempre próxima de todas as fictícias famosas e a trama nunca acontece nela, hehe.
Asa Branca e Santana do Agreste são paradigmas, hors-concours! Rsrsrsrs. Afetivamente, fico com Albuquerque... sim, eu lembro da primeira exibição, rsrs.
Robério.
Acho que, pra minha geração, as cidades fictícias das novelas regionalistas de Aguinaldo Silva são as grandes referências. Sem contar também as cidadezinhas onde se passavam as histórias de Walter Negrão e Ivani Ribeiro.
Outra que eu gostei muito foi a Vila de Santana de "Força de um Desejo", palco onde se desenvolviam muitas das tramas e intrigas da novela.
As novelas regionais de Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares são mesmo referência, como bem disse o Dani. De todas, fico com a de Tubiacanga. Linda de morrer!
Outras que me agradaram:
- Porto do Céu, de Cara & Coroa
- Pontal d'Areia, de Mulheres de Areia
- Ouro Negro (ou Ouro Velho, não me recordo agora), de O Amor Está no Ar
- Marimbá, de Corpo Dourado
- Vila de Santana, de Força de um Desejo
Muito legal e completa a lista Vitin. Eu só acrescentaria a cidade Paraíso, que deu título à novela de BRB, e Porto dos Milagres, da novela de mesmo nome.
Abraços!
Cerqueira.
Vou fazer minha listinha
1- Asa Branca (Roque Santeiro)
2- Avilan (Que Rei Sou Eu?) Essa vale?
3- Santana do Agreste (Tieta)
4- Sucupira (O Bem-Amado)
5- Passa Perto (Desejo Proibido)
6- Resplendor (Pedra Sobre Pedra)
7- Greenville (A Indomada)
8- Rio Novo (Fera Radical)
9- Tubiacanga (Fera Ferida)
10- Albuquerque (Estúpido Cupido)
Impossível não ter vontade de morar em uma delas!
Ótimo post, Vitinho, como sempre!
Nossa, como pude me esquecer de Avilan!!!! Imperdoável!!! Obrigado por me lembrar, amigo! Espero que os leitores me perdoem por essa gafe..rs!
aDOGando isso daqui assunto tão corriqueiro e legal q poucas vezes é falado... mas uma salva de clap's pro melão;]]
vou tentar fazer um TOP 10
1-)Tubiacanga
2-)Greenville
3-)São Tomas de Tras
4-)Vila de Santana
5-)Armação dos anjos
6-)Maramores
7-)Porto dos milagres
8-)Ventura
9-)Guara
10-)Resplendor
É consegui!rs
Mas se talvez destacaria tbm Santana do Agreste, Tabacopolis, Santana de Bocaiuvas e Roseiral!!
O sétimo guardião hahaha �������� , Luz da Lua e Gabriel ������
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