domingo, 27 de maio de 2012

Top 10 - LIMA DUARTE




São tantos e tão maravilhosos os personagens de Ariclenes Venâncio Martins, nosso querido Lima Duarte, que mais merecia um TOP 100, afinal sua história se confunde com a própria história da televisão e seu talento gigante e seus múltiplos recursos foram capazes de dezenas de criações geniais e inesquecíveis.. Por isso o desafio de escolher apenas 10 se tornou tão difícil. Lembrando que os critérios são sempre baseados em minha MEMÓRIA AFETIVA, portanto SUBJETIVOS. Claro que muitos grandes personagens ficarão de fora, mas a brincadeira é essa mesmo. Uma lista pessoal e intransferível. Com vocês, os meus Limas Duartes favoritos:


10) Nikos Karabastos, de “Uga Uga” (2000)


Um personagem tanto engraçado quanto surpreendente e diferente dos personagens habituais do ator. Aqui, ele se mostrou super à vontade com o texto anárquico e irônico de Carlos Lombardi, na pele do milionário grego cercado de parentes serpentes por todos os lados e que vivia infeliz à procura do neto desaparecido até encontra-lo em uma tribo indígena. A improvável dupla com Claudio Henrich, no papel do neto, rendeu momentos hilariantes, bem como as cenas com a cunhada ambiciosa vivida por Vera Holtz.

9) Major Bentes, de “Fera Ferida” (1993)

Mais um de seus impagáveis “coronéis”. Este com uma particularidade: “suava na calva” toda vez que ficava nervoso. Criação genial de Aguinaldo Silva, esse major mandava e desmandava em Tubiacanga e tinha um fiel capataz a quem chamava “carinhosamente” de Animal (Augusto Júnior), que não conseguia dizer uma palavra. Abaixo segue uma cena em que ele contracena com José Wilker, que vivia o prefeito Demóstenes, e surpreende o austero major em uma situação, digamos, vulnerável. Fica a dica para o Canal Viva: uma reprise de “Fera Ferida” seria bem vinda, não acham?



8) Afonso Lambertini, de “Da Cor do Pecado” (2003)


Quem diria que o sisudo, austero e preconceituoso Afonso, que se opôs fortemente ao romance do filho Paco (Reynaldo Gianecchini) com Preta (Taís Araújo) fosse conquistar o Brasil? Só mesmo um ator do quilate de Lima Duarte para dar dimensão humana ao velho amargo e solitário que, após perder o filho, cai de amores pelo neto vivido por Sergio Malheiros. Um personagem cheio de nuances e contradições criado por João Emanuel Carneiro, que teve de enfrentar protestos do público quando foi decretada a morte de Afonso. Além de brilhar intensamente nas cenas com o neto e com a nora, o romance tardio de Afonso com a fiel governanta Germana, vivida por Aracy Balabanian, encantou e emocionou o público, que torceu para que Afonso não morresse e tivesse um final feliz. O autor foi irredutível e Afonso acabou morrendo na trama, mas entrou para o rol de personagens inesquecíveis de Lima Duarte.


7) Shankar, de “Caminho das Índias” (2009)


Diferente dos personagens de temperamento forte que costuma interpretar, aqui Lima era um sábio, um grande mentor espiritual. Mestre em emocionar, Lima protagonizou uma das cenas mais emocionantes das novelas nos últimos tempos quando seu antigo amor Laksmi (Laura Cardoso) revelou que seu arqui-inimigo Opash (Tony Ramos) eram na verdade, seu verdadeiro filho. O melodrama criado por Gloria Perez atingiu o seu ápice no último capítulo de “Caminho das Índias” quando pai e filho, finalmente, se abraçavam e se perdoavam sob o olhar emocionado da mãe. Os três atores deram um verdadeiro show e especialmente Lima Duarte mostrou, mais uma vez, que é capaz de interpretar qualquer personagem.


6) Murilo Pontes, de “Pedra sobre Pedra” (1992)


Murilo Pontes era um típico machão: tratava a mulher Hilda (Eva Wilma) como uma santa e despejava toda sua virilidade na amante, a prostituta Lola (Tania Alves). E tinha essas duas mulheres em suas mãos. O poderoso político de Resplendor só se rendia mesmo à sua grande inimiga política Pillar Batista (Renata Sorrah), que fora seu grande amor do passado. Eis mais um personagem de sentimentos e atitudes contraditórias que só um grande ator poderia interpretar. E Lima brilhou mais uma vez com um grande personagem de Aguinaldo Silva.


5) Salviano Lisboa, de “Pecado Capital” (1975)


Poderoso industrial temido pelos funcionários. Viúvo triste e solitário que sofre com a ausência dos filhos. Homem de meia idade que se encanta por uma jovem, tornando-a uma grande modelo. Não se trata de três personagens diferentes, mas do riquíssimo Salviano Lisboa, criado pela poderosa imaginagrande mestra Janete Clair. Lima, mais uma vez, ganhou a simpatia do público e foi recompensado pelo amor de Lucinha (Betty Faria) com quem se casou no final da novela. E nós vivemos felizes para sempre.


4) Zeca Diabo, de “O bem amado” (1973)


Outro personagem célebre da riquíssima galeria de personagens de Lima Duarte. Aqui em um embate inesquecível com o grande Paulo Gracindo e seu antológico Odorico Paraguaçu. Um verdadeiro duelo de gigantes. Coube ao matador Zeca Diabo selar o destino do verborrágico prefeito de Sucupira. Fiel devoto de Padre Cícero, Zeca Diabo representa esse quase paradoxo do matador profissional cheio de ética e religiosidade. Mais um personagem complexo e humano da riquíssima galeria do grande Dias Gomes que só um ator do porte de Lima seria capaz de interpretar e deixar sua marca sempre indelével.

3) Sassá Mutema, de “O salvador da pátria” (1989)


Não só um dos personagens mais populares de Lima Duarte, mas um dos mais populares da história da teledramaturgia brasileira. Não há quem não se comova com a história do simplório boia-fria, que é usado como massa de manobra pelos políticos de Tangará, trilhando uma trajetória de suposto assassino a prefeito da cidade. E não faltou sensibilidade, tanto por parte do texto de Lauro Cesar Muniz, quanto pela brilhante interpretação de Lima na abordagem do amor quase platônico de Sassá por sua bela professora Clotilde, vivida por Maitê Proença. De matuto analfabeto a astuto prefeito, o ator foi genial em todas as fases do personagem. Impossível ouvir “Lua e Flor” de Oswaldo Montenegro e não se lembrar imediatamente do amor puro de Sassá por sua querida professorinha.


2) Dom Lázaro Venturini, de “Meu bem meu mal” (1990)


Se tem alguém que tem o direito de amar esse personagem e considerá-lo uma das criações mais geniais de Lima Duarte, esse alguém sou eu, por motivos óbvios (risos). Dom Lázaro é um trabalho digno de um verdadeiro gênio. De poderoso patriarca que comandava a família com pulso firme a um frágil e vulnerável senhor que não podia mais falar, tampouco se locomover. Lima fez um trabalho primoroso, sobretudo após Dom Lázaro sofrer o derrame, pois até ele proferir seu célebre “eu prefiro melão”, precisou passar todos os sentimentos possíveis apenas com o olhar, sobretudo o olhar de ódio pela nora Isadora (Silvia Pfeiffer), que garantiram momentos de puro deleite para o espectador.


1) Sinhozinho Malta, de “Roque Santeiro” (1985)


Sinhozinho Malta era um autoritário coronel (aliás, quem o chamasse de coronel assinava sua sentença de morte) que mandava e desmandava em Asa Branca, mandou assassinar três pessoas e tentou matar outras tantas, inclusive supeitíssimo da morte da própria esposa. Além disso, era racista, machista, corrupto, ou seja, características dignas dos vilões mais odiados. Mas definitivamente, não foi isso o que aconteceu, pois Sinhozinho era um adorável cafajeste, com tiradas ótimas, bordões inesquecíveis, uma gargalhada indefectível e capaz de atitudes, muitas vezes, magnânimas. Dias Gomes construiu um dos personagens mais ricos e fascinantes de nossa teledramaturgia que só poderia ser feito por um ator de talento tão fascinante quanto. Mesmo quem não acompanhou à primeira exibição de "Roque Santeiro” conhece Sinhozinho Malta que, ao lado de Regina Duarte, também em estado de graça na pele da viúva Porcina, protagonizou algumas das cenas mais marcantes de nossa teledramaturgia. Como não amar Sinhozinho escolhendo uma peruca de sua vasta coleção? Como não amar sua risada deliciosa? Como não amar sua devoção à Porcina, lambendo sua mão e imitando cachorrinho? Sem dúvida, de toda a galeria de tipos inesquecíveis de Lima Duarte, Sinhozinho Malta é o mais marcante. Tô certo ou tô errado?


Agora o melão quer saber: quais são seus personagens favoritos de Lima Duarte? A palavra é de vocês!
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9 comentários:

Nilson Xavier disse...

Zeca Diabo, Sinhozinho Malta e Sassá Mutema.

Se fosse no cinema de Hollywood, teria levado o Oscar por cada um deles,
mesmo concorrendo com Jack Nicholson, Dustin Hoffman ou De Niro!

FIM.

Rafael Barbosa dos Santos disse...

Bem, como tenho apenas 19 anos, vi muito pouco da teledramaturgia, perdi o melhor KK. Mais sempre admirei o Lima Duarte, que é um dos maiores atores da teledramaturgia brasileira. Um dos papeis que me recordo, e que adorei ver foi Afonso Lambertine, me emocionei com a historia do homem autoritário e arrogante que se transforma diante do amor que sente pelo neto, uma criança que surge para mudar sua vida. Gostei tambem de Shankar e a cena dele com Tony Ramos, no ultimo capítulo, sem dúvidas foi emoção pura. Gostaria de ter visto personagens como Sassá Mutema, Zeca Diabo, Salviano Lisboa e claro Sinhozinho Malta, ainda bem que existe o youtube, onde posso conhecer esses personagens tão marcantes. Lima Duarte é fera e ainda tem muitos papeis bons para fazer.

http://brincdeescrever.blogspot.com.br/

Eddy Fernandes disse...

O Lima é um verdadeiro referencial quando se trata de dramaturgia, né?

Adoro o trabalho dele. Meus personagens preferidos são Afonso Lambertini e Sassá Mutema.

Senti falta do turco Murat, de "Belíssima" na lista. Era ótima a dobradinha que ele fazia com Irene Ravache.

Ivan disse...

Meu ator favorito!!!

Gustavo Fiorini disse...

Lima Duarte é um dos ases da nossa teledramaturgia. Sua galeria de personagens é riquíssima. Acho que você enumerou bem os mais inesquecíveis. Contudo, eu trocaria o Shankar pelo Viriato Palhares, o condor das alterosas, de "Desejo Proibido". Abraço!

Efe disse...

Lima Duarte é parte da TV brasileira. A relação do sisudo Afonso Lambertini com o neto Raí em Da Cor do Pecado foi comovente, me lembro de como o público se entristeceu com a morte do carismático personagem. Meu Bem Meu Mal infelizmente deixei passar na reprise de 1996, mas espero que futuramente o Viva relembre Dom Lázaro. Guardo ótimas lembranças de Murilo Pontes e Major Bentes, bem como morria de rir com Nikos (lembro de uma passagem em que ele criticava o nome verdadeiro de Tatuapu, Adriano, dizendo que preferia um nome melhor, como Xenofontes e outros nomes gregos e estranhos). Sassá Mutema também deixei passar na reprise de 1998 de O Salvador da Pátria, mas é um personagem emblemático que todos conhecem ou pelo menos ouviram falar, acho que pinta fácil no Viva futuramente. E Sinhozinho Malta é o grande personagem de Lima, meu preferido, por todas as razões que foram citadas no texto

Sérgio Santos disse...

Sassá Mutema, Sinhozinho Malta e Afonso são os meus preferidos. O Zeca Diabo não é da minha época. Lima é um baita ator e sua homenagem é mais que merecida, Vitor!

Walter de Azevedo disse...

Estão todos aí. Lima Duarte é um ator especial. Impossível não se apaixonar pelos tipos que ele cria. Além dos citados, lembro de uma participação mais que especial em Paraíso (1982/1983) como João das Mortes. Menção honrosa para dois casos especiais: O Crime do Zé Bigorna (o pai de Sassá Mutema rsrs) e Negro Léo.

Hugo Torres disse...

Você poderia fazer um top 10 da Regina Duarte

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