São tantos e tão
maravilhosos os personagens de Ariclenes Venâncio Martins, nosso querido Lima Duarte, que
mais merecia um TOP 100, afinal sua história se confunde com a própria história
da televisão e seu talento gigante e seus múltiplos recursos foram capazes de
dezenas de criações geniais e inesquecíveis.. Por isso o desafio de escolher
apenas 10 se tornou tão difícil. Lembrando que os critérios são sempre baseados
em minha MEMÓRIA AFETIVA, portanto SUBJETIVOS. Claro que muitos grandes
personagens ficarão de fora, mas a brincadeira é essa mesmo. Uma lista pessoal
e intransferível. Com vocês, os meus Limas Duartes favoritos:
10) Nikos Karabastos, de
“Uga Uga” (2000)
Um personagem tanto engraçado quanto
surpreendente e diferente dos personagens habituais do ator. Aqui, ele se
mostrou super à vontade com o texto anárquico e irônico de Carlos Lombardi, na
pele do milionário grego cercado de parentes serpentes por todos os lados e que
vivia infeliz à procura do neto desaparecido até encontra-lo em uma tribo
indígena. A improvável dupla com Claudio Henrich, no papel do neto, rendeu
momentos hilariantes, bem como as cenas com a cunhada ambiciosa vivida por Vera
Holtz.
9) Major Bentes, de “Fera Ferida” (1993)
Mais um de seus
impagáveis “coronéis”. Este com uma particularidade: “suava na calva” toda vez
que ficava nervoso. Criação genial de Aguinaldo Silva, esse major mandava e
desmandava em Tubiacanga e tinha um fiel capataz a quem chamava
“carinhosamente” de Animal (Augusto Júnior), que não conseguia dizer uma
palavra. Abaixo segue uma cena em que ele contracena com José Wilker, que
vivia o prefeito Demóstenes, e surpreende o austero major em uma situação,
digamos, vulnerável. Fica a dica para o Canal Viva: uma reprise de “Fera
Ferida” seria bem vinda, não acham?
8) Afonso Lambertini, de “Da Cor do Pecado” (2003)
Quem diria que o
sisudo, austero e preconceituoso Afonso, que se opôs fortemente ao romance do
filho Paco (Reynaldo Gianecchini) com Preta (Taís Araújo) fosse conquistar o
Brasil? Só mesmo um ator do quilate de Lima Duarte para dar dimensão humana ao
velho amargo e solitário que, após perder o filho, cai de amores pelo neto
vivido por Sergio Malheiros. Um personagem cheio de nuances e contradições
criado por João Emanuel Carneiro, que teve de enfrentar protestos do público
quando foi decretada a morte de Afonso. Além de brilhar intensamente nas cenas
com o neto e com a nora, o romance tardio de Afonso com a fiel governanta
Germana, vivida por Aracy Balabanian, encantou e emocionou o público, que
torceu para que Afonso não morresse e tivesse um final feliz. O autor foi
irredutível e Afonso acabou morrendo na trama, mas entrou para o rol de
personagens inesquecíveis de Lima Duarte.
7) Shankar, de “Caminho das Índias” (2009)
Diferente dos
personagens de temperamento forte que costuma interpretar, aqui Lima era um
sábio, um grande mentor espiritual. Mestre em emocionar, Lima protagonizou uma
das cenas mais emocionantes das novelas nos últimos tempos quando seu antigo
amor Laksmi (Laura Cardoso) revelou que seu arqui-inimigo Opash (Tony Ramos)
eram na verdade, seu verdadeiro filho. O melodrama criado por Gloria Perez
atingiu o seu ápice no último capítulo de “Caminho das Índias” quando pai e
filho, finalmente, se abraçavam e se perdoavam sob o olhar emocionado da mãe.
Os três atores deram um verdadeiro show e especialmente Lima Duarte mostrou,
mais uma vez, que é capaz de interpretar qualquer personagem.
6) Murilo Pontes, de “Pedra sobre Pedra” (1992)
Murilo Pontes era um
típico machão: tratava a mulher Hilda (Eva Wilma) como uma santa e despejava
toda sua virilidade na amante, a prostituta Lola (Tania Alves). E tinha essas
duas mulheres em suas mãos. O poderoso político de Resplendor só se rendia
mesmo à sua grande inimiga política Pillar Batista (Renata Sorrah), que fora
seu grande amor do passado. Eis mais um personagem de sentimentos e atitudes
contraditórias que só um grande ator poderia interpretar. E Lima brilhou mais
uma vez com um grande personagem de Aguinaldo Silva.
5) Salviano Lisboa, de “Pecado Capital” (1975)
Poderoso industrial
temido pelos funcionários. Viúvo triste e solitário que sofre com a ausência
dos filhos. Homem de meia idade que se encanta por uma jovem, tornando-a uma
grande modelo. Não se trata de três personagens diferentes, mas do riquíssimo
Salviano Lisboa, criado pela poderosa imaginagrande mestra Janete Clair. Lima,
mais uma vez, ganhou a simpatia do público e foi recompensado pelo amor de
Lucinha (Betty Faria) com quem se casou no final da novela. E nós vivemos
felizes para sempre.
4) Zeca Diabo, de “O bem amado” (1973)
Outro personagem
célebre da riquíssima galeria de personagens de Lima Duarte. Aqui em um embate
inesquecível com o grande Paulo Gracindo e seu antológico Odorico Paraguaçu. Um
verdadeiro duelo de gigantes. Coube ao matador Zeca Diabo selar o destino do
verborrágico prefeito de Sucupira. Fiel devoto de Padre Cícero, Zeca Diabo representa
esse quase paradoxo do matador profissional cheio de ética e religiosidade.
Mais um personagem complexo e humano da riquíssima galeria do grande Dias Gomes
que só um ator do porte de Lima seria capaz de interpretar e deixar sua marca
sempre indelével.
3) Sassá Mutema, de “O salvador da pátria” (1989)
Não só um dos
personagens mais populares de Lima Duarte, mas um dos mais populares da
história da teledramaturgia brasileira. Não há quem não se comova com a
história do simplório boia-fria, que é usado como massa de manobra pelos
políticos de Tangará, trilhando uma trajetória de suposto assassino a prefeito
da cidade. E não faltou sensibilidade, tanto por parte do texto de Lauro Cesar
Muniz, quanto pela brilhante interpretação de Lima na abordagem do amor quase
platônico de Sassá por sua bela professora Clotilde, vivida por Maitê Proença.
De matuto analfabeto a astuto prefeito, o ator foi genial em todas as fases do
personagem. Impossível ouvir “Lua e Flor” de Oswaldo Montenegro e não se
lembrar imediatamente do amor puro de Sassá por sua querida professorinha.
2) Dom Lázaro Venturini, de “Meu bem meu mal” (1990)
Se tem alguém que tem
o direito de amar esse personagem e considerá-lo uma das criações mais geniais
de Lima Duarte, esse alguém sou eu, por motivos óbvios (risos). Dom Lázaro é um
trabalho digno de um verdadeiro gênio. De poderoso patriarca que comandava a
família com pulso firme a um frágil e vulnerável senhor que não podia mais
falar, tampouco se locomover. Lima fez um trabalho primoroso, sobretudo após
Dom Lázaro sofrer o derrame, pois até ele proferir seu célebre “eu prefiro melão”, precisou passar
todos os sentimentos possíveis apenas com o olhar, sobretudo o olhar de ódio
pela nora Isadora (Silvia Pfeiffer), que garantiram momentos de puro deleite
para o espectador.
1) Sinhozinho Malta, de “Roque Santeiro” (1985)
Sinhozinho Malta era
um autoritário coronel (aliás, quem o chamasse de coronel assinava sua sentença
de morte) que mandava e desmandava em Asa Branca, mandou assassinar três
pessoas e tentou matar outras tantas, inclusive supeitíssimo da morte da própria esposa. Além disso, era racista, machista, corrupto, ou seja, características
dignas dos vilões mais odiados. Mas definitivamente, não foi isso o que
aconteceu, pois Sinhozinho era um adorável cafajeste, com tiradas ótimas,
bordões inesquecíveis, uma gargalhada indefectível e capaz de atitudes, muitas vezes, magnânimas. Dias Gomes
construiu um dos personagens mais ricos e fascinantes de nossa teledramaturgia
que só poderia ser feito por um ator de talento tão fascinante quanto. Mesmo
quem não acompanhou à primeira exibição de "Roque Santeiro” conhece
Sinhozinho Malta que, ao lado de Regina Duarte, também em estado de graça na
pele da viúva Porcina, protagonizou algumas das cenas mais marcantes de nossa
teledramaturgia. Como não amar Sinhozinho escolhendo uma peruca de sua vasta
coleção? Como não amar sua risada deliciosa? Como não amar sua devoção à
Porcina, lambendo sua mão e imitando cachorrinho? Sem dúvida, de toda a galeria
de tipos inesquecíveis de Lima Duarte, Sinhozinho Malta é o mais marcante. Tô
certo ou tô errado?
Agora o melão
quer saber: quais são seus personagens favoritos de Lima Duarte? A palavra é de
vocês!
9 comentários:
Zeca Diabo, Sinhozinho Malta e Sassá Mutema.
Se fosse no cinema de Hollywood, teria levado o Oscar por cada um deles,
mesmo concorrendo com Jack Nicholson, Dustin Hoffman ou De Niro!
FIM.
Bem, como tenho apenas 19 anos, vi muito pouco da teledramaturgia, perdi o melhor KK. Mais sempre admirei o Lima Duarte, que é um dos maiores atores da teledramaturgia brasileira. Um dos papeis que me recordo, e que adorei ver foi Afonso Lambertine, me emocionei com a historia do homem autoritário e arrogante que se transforma diante do amor que sente pelo neto, uma criança que surge para mudar sua vida. Gostei tambem de Shankar e a cena dele com Tony Ramos, no ultimo capítulo, sem dúvidas foi emoção pura. Gostaria de ter visto personagens como Sassá Mutema, Zeca Diabo, Salviano Lisboa e claro Sinhozinho Malta, ainda bem que existe o youtube, onde posso conhecer esses personagens tão marcantes. Lima Duarte é fera e ainda tem muitos papeis bons para fazer.
http://brincdeescrever.blogspot.com.br/
O Lima é um verdadeiro referencial quando se trata de dramaturgia, né?
Adoro o trabalho dele. Meus personagens preferidos são Afonso Lambertini e Sassá Mutema.
Senti falta do turco Murat, de "Belíssima" na lista. Era ótima a dobradinha que ele fazia com Irene Ravache.
Meu ator favorito!!!
Lima Duarte é um dos ases da nossa teledramaturgia. Sua galeria de personagens é riquíssima. Acho que você enumerou bem os mais inesquecíveis. Contudo, eu trocaria o Shankar pelo Viriato Palhares, o condor das alterosas, de "Desejo Proibido". Abraço!
Lima Duarte é parte da TV brasileira. A relação do sisudo Afonso Lambertini com o neto Raí em Da Cor do Pecado foi comovente, me lembro de como o público se entristeceu com a morte do carismático personagem. Meu Bem Meu Mal infelizmente deixei passar na reprise de 1996, mas espero que futuramente o Viva relembre Dom Lázaro. Guardo ótimas lembranças de Murilo Pontes e Major Bentes, bem como morria de rir com Nikos (lembro de uma passagem em que ele criticava o nome verdadeiro de Tatuapu, Adriano, dizendo que preferia um nome melhor, como Xenofontes e outros nomes gregos e estranhos). Sassá Mutema também deixei passar na reprise de 1998 de O Salvador da Pátria, mas é um personagem emblemático que todos conhecem ou pelo menos ouviram falar, acho que pinta fácil no Viva futuramente. E Sinhozinho Malta é o grande personagem de Lima, meu preferido, por todas as razões que foram citadas no texto
Sassá Mutema, Sinhozinho Malta e Afonso são os meus preferidos. O Zeca Diabo não é da minha época. Lima é um baita ator e sua homenagem é mais que merecida, Vitor!
Estão todos aí. Lima Duarte é um ator especial. Impossível não se apaixonar pelos tipos que ele cria. Além dos citados, lembro de uma participação mais que especial em Paraíso (1982/1983) como João das Mortes. Menção honrosa para dois casos especiais: O Crime do Zé Bigorna (o pai de Sassá Mutema rsrs) e Negro Léo.
Você poderia fazer um top 10 da Regina Duarte
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